Escravos
sofriam mutilações
Da
Redação
O
antropólogo Gilberto Freyre relatou em uma conferência
realizada em 1963 (''Os Escravos Nos Anúncios de Jornal
do Tempo do Império'') as consequências do trabalho
e de doenças aos escravos. Leia a seguir alguns trechos.
Por
excesso de trabalho:
''Deformações das pernas e da cabeça,
algumas das quais devem ser atribuídas ao hábito
das mães escravas trazerem os molequinhos de mama escanchados
às costas durante horas de trabalho.
Vários negrinhos, meninos de 10, 12 anos, já
aparecem de croa na cabeça (...), feita à força
pelo peso de carretos brutos: tabuleiro, tijolo, areia (...).''
Por
castigos:
''Numerosos os que apresentam, nas coxas ou nas costas, letras,
sinais ou carimbo de propriedade, como hoje o gado; (...)
uns manquejando, os quartos arreados em consequência
de surras tremendas; outros com cicatriz de relho pelas costas
ou nas nádegas; ou então cicatriz de anginho,
de tronco, de corrente no pescoço, de ferro nos pés,
de lubambo no tornozelo.''
FONTE
''Novos Estudos Afro-Brasileiros'', Fundação
Joaquim Nabuco,
ed. Massangana, Recife, 1988, vol. 7
"Para converter os escravos à religião
protestante:
Visto que os doutores cristãos opinam que o principal
fim de aquisição dos negros é o de trazê-los
ao conhecimento de Deus e à salvação,
deve-se, portanto, levá-los à igreja e instrui-los
na religião cristã, quando as circunstâncias
o permitirem, não importando de que religião
sejam os donos; essa condição deve ser imposta
na venda dos escravos. Também se devem nomear capitães
piedosos e caridosos que os façam ir à igreja.
Devem observar o preceito do descanso dominical, não
trabalhando nem para os senhores, nem para si mesmos.
Documento
do séc. 17, citado por Antônio Gonsalves de Mello
Neto, ''A Situação do Negro Sob o Domínio
Holandês'', in ''Novos Estudos Afro-Brasileiros'', Rio
de Janeiro, 1937.
"Ali, como em outros lugares, ouvi gerais queixas dos
senhores de engenho sobre a falta de negros (...). A maior
parte (...) queixa-se de que os negros que desembarcam são
comprados nos leilões pelos judeus do Recife, aos quais,
se quiserem comprá-los, têm que oferecer altos
preços, o que não lhes é possível
fazer. Dizem ainda que os judeus sabendo que os senhores de
engenho têm necessidade deles, valorizam-nos tanto que
lhes parece melhor não fazer trabalhar os engenhos
do que adquiri-los a tão altos preços."
Adriaen
van Bullestrate, ''Adriaen Verdonck e Adriaen van Bullestrate
- Dois Relatórios Holandeses'', tradução
de Antônio Gonsalves de Mello Neto, Arquivo Público
do Estado, Recife, 1949.
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