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África não é um concorrente para o Brasil na China, diz ministro da Agricultura em Pequim

O ministro brasileiro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, deu uma entrevista coletiva neste domingo (26) em Pequim, um dia após o cancelamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por motivos de saúde. O ministro confirmou que, apesar da ausência do chefe de Estado, a agenda de encontros empresariais está sendo mantida e que contratos serão anunciados antes do final da viagem. Ele também falou das boas relações entre Pequim e Brasília desde a chegada de Lula ao poder e frisou o potencial do Brasil como fornecedor de peso para o mercado chinês.

O ministro brasileiro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, no centro da imagem, durante uma entrevista coletiva de imprensa em Pequim.
O ministro brasileiro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, no centro da imagem, durante uma entrevista coletiva de imprensa em Pequim. © Silvano Mendes/RFI
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Silvano Mendes, enviado especial da RFI a Pequim

Fávaro se reuniu com jornalistas na embaixada do Brasil em Pequim. Ele é o único ministro do primeiro escalão atualmente na capital chinesa, já que os demais membros do governo que deveriam acompanhar Lula adiaram a visita após o anúncio de que o chefe de Estado não teria condições de viajar.

Durante a conversa com a imprensa, Fávaro explicou que todos os atos governamentais previstos em Pequim foram adiados, inclusive os que estavam programados para o ministério da Agricultura. No entanto, ele insistiu que não apenas a agenda empresarial que vai até quarta-feira (29) será mantida, como anúncios concretos devem ser feitos até lá. Segundo o ministro, contratos estão sendo negociados entre empresas privadas brasileiras e chinesas e assinaturas “em diferentes áreas” serão relevadas na quarta-feira.

Fávaro se mostrou otimista, apesar do balde de água fria que a ausência de Lula deu na delegação de mais de 200 representantes de empresas brasileiras que deveriam acompanhar o presidente. Alguns desistiram da viagem na última hora, enquanto outros preferiram manter a presença, de olho nas oportunidades que o mercado do gigante asiático representa, principalmente desde a chegada de Lula ao poder.

“No fundo, o principal objetivo de uma missão como essa é a ampliação das relações comerciais. Mas antes de mais nada, é a retomada das relações amistosas, fraternais. E ficou muito claro um clima muito mais amistoso por parte do governo chinês com a volta de Lula à Presidência”, disse o ministro. “A partir da eleição do presidente Lula, abriu-se um leque de oportunidades maior. É nítido e explicito”, martelou.

A China é, desde 2009, o principal parceiro comercial do Brasil. O país importou no ano passado mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional.

Mais gente de olho nos contratos assinados em yuan

No entanto, os brasileiros não são os únicos de olho no potencial dos contratos assinados em yuan. Como ressaltou o professor de direito internacional da Unicamp e da PUC/Campinas Luís Renato Vedovato em entrevista à RFI na semana passada, Pequim “é um grande parceiro econômico do Brasil, mas é também um grande parceiro de vários países”. O especialista lembrou ainda que os chineses investem cada vez mais no continente africano.

A China já é o principal parceiro comercial da África e o quarto maior investidor no continente. Mas será que os africanos poderiam ser um concorrente de peso para o Brasil na conquista do mercado chinês?  “Não, não e não”, respondeu Carlos Fávaro, sem titubear.

E ao ser questionado pela RFI quem poderia ser um rival direto do Brasil como parceiro comercial da China, o ministro disse apenas que “nós temos que ser competitivos, competentes, preservar o meio ambiente e abrir oportunidades. Só isso”.

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