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Brasil visto de fora: 30 anos de Cracolândia é destaque na imprensa internacional

A revista semanal do jornal francês Le Monde trouxe uma reportagem de oito páginas sobre os 30 anos da Cracolândia. Intitulado “Em São Paulo, os fantasmas do crack”, o texto relata a situação no bairro do centro paulistano.

Imagem de outubro de 2023 na região da Cracolândia, em São Paulo.
Imagem de outubro de 2023 na região da Cracolândia, em São Paulo. AP - Andre Penner
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A reportagem da revista M começa com uma foto de página dupla mostrando a rua dos Protestantes, no bairro da Santa Efigênia. Na imagem, feita em abril de 2024, não é possível distinguir imediatamente parte das pessoas entre montes de lixo, caixotes e restos de papel. O correspondente do Le Monde no Brasil, Bruno Meyerfeld, acompanhado do fotógrafo Luca Meola, tenta ilustrar o “fluxo”, termo usado para definir a massa cada vez maior de usuários de drogas que transitam pela região.

“Eles vagam silenciosamente, com um andar incerto”, descreve o repórter, tentando resumir o que apresenta como “um dos maiores locais a céu aberto de consumo de drogas no mundo”. O jornalista explica que esses “fantasmas urbanos”, que “estremecem a orgulhosa e rica São Paulo” gravitam pelo bairro há três décadas: “trinta anos entre terror, vergonha e fascinação, repressão furiosa, resiliência e resignação ... sem resultado diante de um flagelo, o crack, que de Paris a Vancouver, passando por Amsterdã e Nova York, atinge os grandes centros do planeta”.

O correspondente relata a evolução do bairro, que vê partir os barões de café na década de 1940 e começa a atrair uma população mais precária. Nos anos 1980, o crack surge na região e, em 2016, “a Cracolândia vive seu apogeu, reunindo quase quatro mil usuários de drogas em apenas uma rua, a Alameda Dino Bueno”, detalha o texto.

Cada prefeito tem um método diferente

O texto explica as iniciativas políticas para tentar conter a situação, entre a administração de Fernando Haddad, que propôs uma infraestrutura mínima para os usuários, em 2014, passando pela administração de João Doria que, em 2017, “desmantela o programa [de seu antecessor] e lança uma megaoperação contra a Cracolândia”. A revista M conta como, nesse momento, o fluxo de usuários se dispersou e migrou para outras ruas, até se concentrar, no final de 2023, na rua dos Protestantes.

A reportagem termina detalhando os projetos do atual prefeito, o conservador Ricardo Nunes, e do governador, o ex-capitão Tárcisio Freitas, que contam envia mais 2.500 policiais para o centro de São Paulo. Além disso, há um programa de expropriação de 230 imóveis para construir treze prédios. “Uma enorme operação de especulação imobiliária, que ignora o patrimônio e, principalmente o destino dos usuários de drogas”, sentencia. “Perseguidos e explorados, os migrantes do craque se dispersam pela cidade e mini-Cracolândias começam a surgir em outros bairros”, alerta a reportagem da revista M do jornal francês Le Monde.

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