RS tem risco de desabamento na região serrana e avanço das águas no sul do estado
O governo gaúcho analisará a necessidade de transferir comunidades inteiras para outros locais a fim de evitar eventuais tragédias no futuro. A força tarefa do governo federal quer estancar fake news que tentam desacreditar trabalho das equipes de resgate.
Publicado em:
Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília
O fim de semana será de chuva na maior parte do Rio Grande do Sul e a previsão da semana que vem acende um novo alerta ao estado, que pode ter temperaturas mais baixas, em alguns casos próximas a zero grau. Há risco de desabamentos na região serrana onde as chuvas dificultam a busca por desaparecidos. O volume do lago Guaíba baixou, mas não se sabe como ele se comportará nos próximos dias já que deve chover de forma intensa pelo menos até segunda-feira (13). Na parte sul do estado, rios e lagoas avançam sobre ruas e casas.
Como há previsão de temporal em algumas áreas, as autoridades gaúchas foram questionadas sobre a possível suspensão de buscas por vítimas e pessoas ilhadas, diante do risco para as equipes de salvamento. A informação do governo estadual e das equipes federais é de que a situação será monitorada e que, em princípio, o trabalho deve prosseguir, inclusive no convencimento de quem ainda resiste a deixar a casa diante de alertas da defesa civil.
Na fase de reconstrução, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que algumas áreas terão atenção especial e que não está descartada a transferência de localidades inteiras. “Teremos, a partir de dados, fotografias, satélites, um olhar específico sobre aquelas cidades que terão a necessidade de um planejamento excepcional de transferência de locais inteiros, o que vai envolver custo até para as necessidades de indenização e transferência para um novo lugar que deverá ser também urbanizado. Então, isso envolve um plano muito mais arrojado, que nós entendemos que é pertinente para algumas cidades, algumas localidades críticas.”
Em entrevista à imprensa, Leite foi perguntado se a tragédia climática vivida no estado poderia mudar rumos da política ambiental, uma vez que sua gestão é alvo de críticas por parte de ambientalistas, inclusive pela aprovação de mudanças legislativas vistas como afrouxamento nas regras e punições. O governador defendeu o texto votado em seu primeiro mandato e chegou a dizer que “nesse caso de construção de barragens em áreas de preservação não é um libera geral. É uma possibilidade para projetos de irrigação, mediante análise, e que pode servir também para conter a água.”
Arsenal de fake news
Em meio ao drama de tantas famílias, o país tem assistido à crueldade de quem desdenha da vida humana em meio a uma crise sem precedentes no estado e espalha um arsenal de mentiras nas redes sociais. Desde críticas às Forças Armadas e ao governo federal, que têm se apresentado desde o início como força de resgate e organização, até informações falsas envolvendo remédios e hospitais. Há também apuração sobre divulgação de números pix na internet por estelionatários atrás de doações.
Na sexta-feira (10) representantes do governo em Brasília se reuniram com grandes plataformas digitais como Google, Youtube, Meta, Tiktok, Linkedin, e pediram ajuda para combate essa chaga, especialmente quanto às informações envolvendo a crise gaúcha.
“Uma vez identificado o conteúdo falso, nós vamos apresentar imediatamente uma notificação às plataformas a partir de um canal próprio que vai ser criado para o atendimento a esta situação específica de calamidade pública do Rio Grande do Sul”, disse o advogado-geral da União, Jorge Messias.
A ideia, segundo ele, é que as plataformas deem uma resposta num prazo de 12 horas. "Essa é a nossa proposta inicial e vamos aguardar agora o retorno das plataformas. Em vez de atuarmos no varejo, nós vamos atuar no atacado. Toda vez que uma notícia falsa atrapalha com pista falsa, com informação inexata o trabalho dessas forças de segurança, isso é um desserviço ao trabalho do poder público, mas principalmente à população do Rio Grande do Sul”, criticou Messias.
R$ 187 milhões em recursos
A União cortou caminhos burocráticos para assegurar R$ 187 milhões a municípios do estado sem necessidade de apresentação de projeto pelas prefeituras. São recursos para atender situações emergenciais, como compra de água, comida e estrutura nos abrigos.
O governo federal diz que depois, com propostas analisadas e informações mais precisas de obras, entram recursos para ajudar na reconstrução. Uma reunião na segunda-feira vai discutir condições facilitadas para a dívida do Rio Grande do Sul com a União.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro