Energias renováveis
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Por Erivelto Tadeu — Para o Valor, de São Paulo


Mateus Lopes, da Raízen: geração de produtos com baixa pegada de carbono para setores industrial e de mobilidade — Foto: Divulgação
Mateus Lopes, da Raízen: geração de produtos com baixa pegada de carbono para setores industrial e de mobilidade — Foto: Divulgação

Um projeto inédito no mundo para produção de hidrogênio renovável a partir do etanol começa a se materializar no Brasil, por meio de uma parceria entre Shell Brasil, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP) e o braço de inovação em biossintéticos e fibras do Senai, o Cetiqt. A iniciativa, que tem como objetivo validar a tecnologia de reforma de etanol, envolve a construção de uma planta dimensionada para produzir 50 metros cúbicos por hora de hidrogênio. Posteriormente, será implantada uma segunda unidade, dez vezes maior.

A primeira planta, prevista para começar a operar ainda neste ano, inclui a instalação de uma estação de abastecimento veicular (HRS - Hydrogen Refuelling Station) no campus da USP, na cidade de São Paulo. Os ensaios para avaliar o biocombustível a partir do etanol serão realizados em três ônibus que circulam na Cidade Universitária, que deixarão de utilizar diesel e motores a combustão; eles serão adaptados com motores equipados com células a combustível (fuel cell) para operar com hidrogênio. Os testes incluirão ainda um Toyota Mirai, primeiro carro de série da montadora japonesa que será movido a hidrogênio.

O projeto é financiado pela Shell Brasil, que está injetando R$ 50 milhões para construção da planta, desenvolvimento da tecnologia e realização dos estudos de avaliação da eficiência do biocombustível e das emissões de CO2, por meio da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A tecnologia para conversão do etanol em hidrogênio vem sendo desenvolvida pela Hytron, empresa brasileira de Sumaré (SP) adquirida em 2020 pelo conglomerado alemão Neuman & Esser Group (NEA Group). Daniel Lopes, fundador e diretor comercial da Hytron/NEA Group, contou que a empresa fornecerá o reformador de etanol, equipamento que quebra a molécula do biocombustível para transformá-la em hidrogênio, e a NEA, o sistema de compressão, armazenamento e abastecimento do veículo. Segundo ele, é a primeira vez no mundo que se vai ter uma estação de abastecimento veicular a hidrogênio a partir do etanol.

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O Senai Cetiqt responderá pela modelagem computacional, utilizando o conceito de digital twin - gêmeo digital, a representação digital de um produto real. O biocombustível utilizado no projeto será fornecido pela Raízen, maior produtora de etanol de cana do mundo. Na avaliação do diretor de transição energética e investimentos da Raízen, Mateus Lopes, o projeto vai ampliar o know-how da companhia na produção de hidrogênio renovável. “Vai nos permitir avançar mais rapidamente na geração de outros produtos com baixa pegada de carbono que atendam aos setores industrial e de mobilidade”, diz.

Um aspecto importante do projeto é a contribuição para a descarbonização não apenas do setor de transportes, como também da siderurgia, da mineração e do agronegócio, podendo fazer com que o etanol produzido no Brasil tenha pegada de emissões de CO2 ligeiramente negativa, observa Julio Romano Meneghini, diretor-executivo e científico do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) da USP, responsável pela avaliação da eficiência dos veículos usando o biocombustível e da pegada de carbono para sua produção.

Para Meneghini, com o uso de tecnologias de emissões negativas como o Beccs, processo de extração de bioenergia da biomassa e captura e armazenamento do carbono, seria possível negativar as emissões. “Além de retirar o diesel da produção de etanol e o fertilizante fóssil, é possível capturar o carbono que é emitido na fabricação, que é o CO2 de origem de biomassa”, afirma.

A vantagem da produção de hidrogênio via conversão do etanol, apontada pelo gerente de tecnologia de baixo carbono da Shell Brasil, Alexandre Breda, é que o combustível feito a partir da cana-de-açúcar pode ser facilmente levado para as estações de abastecimento veicular, ao contrário do hidrogênio, cujo transporte é bem complicado, pois exige que o armazenamento seja feito em baixas temperaturas e alta pressão, dificultando a logística.

O executivo diz que o objetivo com essa primeira planta é obter informações e conhecimento e avaliar as especificações para projetar e instalar a planta de 500 m3 por hora, que ainda não têm um local definido. Já para a etapa de produção comercial, mais à frente, o plano é construir uma terceira planta de 5.000 m3 /hora.

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