Sonho e Sonhos
Sonho e Sonhos
Sonho e Sonhos
1 INTRODUÇÃO
O sono e os sonhos são misteriosos. A cada noite, abandonamos nossos companheiros,
nosso trabalho e nosso lazer e entramos no retiro do sono. Temos somente controle limitado
sobre a decisão; podemos adiar o sono por algum tempo, mas somos inevitavelmente
vencidos por ele. Gastamos aproximadamente um terço de nossas vidas dormindo, e a quarta
parte deste tempo sonhando ativamente.
O hábito de dormir é universal entre os vertebrados superiores, talvez entre todos os animais.
A privação prolongada de sono é devastadora, ao menos temporariamente, para um
funcionamento adequado e, em alguns animais (embora não em humanos), ela pode causar
até mesmo a morte. [1]
O sono é definido como um estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser despertada
por estímulo sensorial ou outro estímulo. Durante o sono, ao contrário do que faz parecer a
relativa imobilidade do corpo, o Sistema Nervoso Central é sede de intensa atividade. Existem
múltiplos estágios de sono, do sono muito leve ao sono muito profundo; o sono também é
dividido em dois tipos diferentes de acordo com suas características, e em fases de acordo
com a atividade elétrica cerebral.[2][5]
Sobretudo, o sono é essencial para as nossas vidas – quase tão importante como a
alimentação e a respiração. Mas por que dormimos? De que resulta o sono? Para que
propósito serve? Como se comporta? [1]
2 SONO E SONHOS
2.1 BASES NEUROBIOLÓGICAS
Durante cada noite, uma pessoa percorre estágios de dois tipos de sono que se alternam um
com o outro em ciclo. Eles são chamados de sono de ondas lentas, ou sono não-REM e sono
paradoxal ou sono REM. [2]
A tensão muscular está reduzida em todo o corpo e o movimento é mínimo. O corpo é capaz
de movimentos durante o sono não-REM, mas só o faz raramente, sob o comando encefálico,
geralmente para ajustar a posição corporal.
Embora não exista uma maneira de se saber com certeza o que as pessoas estão pensando
quando estão dormindo, os estudos indicam que os processos mentais também atingem seu
nível diário mais baixo durante o estágio não-REM.
Quando presentes, os relatos de sonhos na fase não-REM tendem a ser mais curtos, menos
nítidos, com menor conteúdo emocional e mais coerentes que os ocorridos durante o sono
REM. [6]
A fisiologia do sono REM também é especial. O consumo de oxigênio pelo encéfalo (uma
medida de sua utilização de energia) é mais elevado no sono REM do que quando estamos
acordados e concentrados. Há uma perda quase total do tônus muscular esquelético, ou
atonia. A maior parte do corpo está realmente incapaz de movimentação. Os músculos que
controlam o movimento dos olhos e os pequenos músculos do ouvido interno são exceções;
eles estão nitidamente ativos. Com as pálpebras fechadas, os olhos ocasionalmente movem-
se com rapidez de um lado para o outro. Estes surtos de movimentos rápidos dos olhos são
os melhores indícios dos sonhos vívidos, e 90 a 95% das pessoas acordadas durante ou após
estes momentos relatam sonhos.
Os sistemas fisiológicos de controle são dominados pela atividade simpática durante o sono
REM. A temperatura interna começa a ser direcionada para níveis mais baixos. As freqüências
cardíaca e respiratória aumentam, mas tornam-se irregulares. [1]
Durante o sono, o individuo passa, geralmente por ciclos repetitivos, começando pelo estágio
1 do sono não-REM, progredindo até o estágio 4, regride para o estágio 2, e entra em sono
REM. O ciclo se repete a cada 90-110 minutos, 4 a 6 vezes por noite. [8]
Esses estágios não-REM do sono são divididos de acordo com a atividade elétrica cerebral
em cada momento do sono, captada no EEG. O registro do EEG é um conjunto de muitos
traçados irregulares simultâneos, que indica alterações de voltagem nas correntes que fluem
durante a excitação sináptica dos dendritos de muitos neurônios do córtex cerebral. São
distintos 4 tipos de ondas no EEG, denominadas alfa, beta, teta e delta.
[1]
Habitualmente quando um adulto saudável torna-se sonolento e começa a dormir, ele entra
primeiramente no estágio 1 do sono não-REM. O estágio 1 é o sono transicional, quando os
ritmos alfa do EEG da vigília relaxada vão se tornando menos regulares e acabam
minguando, os olhos fazem movimentos de rotação lentos. Começa com uma sonolência e
depois de aproximadamente cinco minutos, a pessoa adormece. Trata-se de um estágio
passageiro, e também o estágio de sono mais leve, estando o indivíduo facilmente
despertável. Predominam sensações de vagueio, pensamentos incertos, mioclonias das mãos
e dos pés, lenta contração e dilatação pupilar. Nessa fase, a atividade onírica está sempre
relacionada com acontecimentos vividos recentemente. [1] [8]
O 4 é o estágio de sono mais profundo, com ritmos do EEG de grande amplitude. Durante o
primeiro ciclo de sono, o estágio 4 pode persistir por 20 a 40 minutos. Este estágio não-
REM do sono caracteriza-se pela secreção do hormônio do crescimento em grandes
quantidades, promovendo a síntese protéica, o crescimento e reparação tecidual, inibindo,
assim, o catabolismo.
Após o estágio 4, o sono começa a se tornar mais leve novamente, ascende até o estágio 3
por 5 minutos e ao 2 por 10 a 15 minutos e entra, repentinamente, em um breve período de
sono REM, com seus ritmos beta no EEG e movimentos nítidos e freqüentes dos olhos. [8]
Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1924