Prática ESG
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Por Naiara Bertão — De São Paulo


Rodolfo Viana, da Basf: tecnologias terão de proteger contra clima quente — Foto: Divulgação
Rodolfo Viana, da Basf: tecnologias terão de proteger contra clima quente — Foto: Divulgação

O impacto das mudanças do clima também abre oportunidades para empresas lançarem novos produtos, alguns com maior conteúdo reciclado, materiais menos poluentes ou ainda soluções para mitigação e adaptação aos impactos do aquecimento do planeta.

A fabricante de soluções e sistemas de tubos e conexões Amanco Wavin é uma das que vêm investindo para oferecer soluções a clientes que precisem diminuir as perdas de água, lidar com alagamentos e secas, entre outros desafios e riscos do clima instável nas cidades. A empresa acaba de lançar uma nova área de negócios chamada de “resiliência climática urbana”.

“Nossa estratégia é caminhar cada vez mais para soluções completas, que envolvem produtos, mas também serviços”, afirma Sergio Costa, presidente da Amanco Wavin no Brasil. O alvo é tanto setor público quanto privado, especialmente as áreas de construção civil, infraestrutura e saneamento. Para este ano, já foram anunciados investimentos de R$ 200 milhões no Brasil para aumento de capacidade produtiva, novos produtos, marketing, tecnologia e inovação, mesmo valor investido ano passado.

“Observamos uma demanda crescente por esses produtos. Por enquanto, eles ainda representam uma pequena parte do nosso faturamento, mas acredito que ela vai crescer nos próximos anos. Estamos plantando algo que tem demanda real e potencial”, afirma Costa.

A nova área vai focar, neste primeiro momento, em oferecer o sistema AquaCell, que, integrado a outra solução já disponível (QuickStream), funciona como um sistema de captação por calhas e armazenagem subterrânea de água de chuva. Os materiais do AquaCell são feitos de plástico de polipropileno 100% reciclado.

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“É uma tecnologia para evitar, por exemplo, que um volume grande de água da chuva transborde córregos nos centros urbanos”, afirma Fabiana Castro, diretora de desenvolvimento de novos negócios da Amanco. A executiva coordena outra frente de atuação da empresa no Brasil, que é a de recuperação de tubulações de galerias de água de chuva urbanas deterioradas ou assoreadas.

Alvaro Almeida, gerente responsável pela nova área de resiliência climática da Amanco, conta que está no radar trazer ao Brasil soluções para telhados verdes (com plantas) e azuis (com plantas e água). “Além de promover a biodiversidade, eles retêm água e atenuam o calor dos prédios, reduzindo gasto de energia”, conta. Outro produto que pode chegar em breve ao país é o de proteção de raízes de árvores, que evita o enfraquecimento e quedas, ao mesmo tempo em que preserva asfaltos e calçadas.

Em materiais, na Europa, a Amanco já usa PVC com base biológica (PVC biocircular), ao substituir o etileno por um bioetileno alternativo, feito a partir de óleo vegetal vindo de resíduos de biomassa. O material tem uma pegada de carbono até 75% menor, além de ser reciclável. Mas ainda sem previsão de chegar aqui.

“Da agricultura à pintura, os materiais terão que ser diferentes”, diz Rodolfo Walder Viana, gerente de sustentabilidade da Basf na América do Sul, grupo químico que vende produtos e insumos para construção, agricultura, indústria de calçados, cuidados com a casa e embalagens. O executivo avalia que o “novo” clima vai levar a mudanças no portfólio de diversas indústrias, inclusive a sua. “Serão necessárias tecnologias que protejam contra a ação climática e ajudem na eficiência energética. Químicos para a construção civil com isolamento térmico, por exemplo. Haverá uma demanda maior dos clientes”, diz, citando como exemplo o setor de tintas.

No portfólio de produtos, alguns já prometem eficiência energética e proteção climática, mas ainda não existem produtos ou soluções voltadas especificamente para lidar com variações mais extremas.

Outra frente é a de insumos. Em 2017, a Basf criou em parceria com o Grupo Boticário, cliente da área de cosméticos, um insumo feito a partir do óleo de palma certificado pela Roundtable on Sustainable Palm Oil, organização que atesta plantios com critérios socioambientais.

O produto emite 36% menos gases poluentes. O insumo já é utilizado em detergentes, outros produtos de limpeza e aplicações industriais.

Mas a inovação não está só na finalidade, mas também no processo. A Suvinil, por exemplo, marca pertencente à Basf, conseguiu, segundo Viana, diminuir de 25 para 15 o número de ingredientes usados na sua produção de tintas, com as mesmas matérias-primas. Foram removidos aditivos para dispersão e a estabilização da tinta, ao mesmo tempo em que a companhia redesenhou as etapas de produção, integrando algumas que eram feitas de maneira isolada. No final do processo de redesenho de formulações, houve redução no uso de água, energia e pegada de carbono. De mais de 1.200 quilos de gás carbônico equivalente (CO2 e) por tonelada em 2019, hoje está em 536, conforme dados da Fundação Eco+, parceira na iniciativa. Cerca de 90% do catálogo de tintas à base de água é feito com a tecnologia.

Substituição de matérias-primas ou de insumos para alternativas mais sustentáveis é, sem dúvida, o maior desafio de várias indústrias, mas, em especial, a de cimento. A Votorantim Cimentos testa há anos combinações que usam menos clínquer, seu principal insumo, produzido através da queima de calcário e argila.

Segundo Álvaro Lorenz, diretor global de sustentabilidade da companhia, entre 1990 e 2022, a empresa reduziu as emissões em 24%, em parte pelo uso de biomassa em substituição ao coque de petróleo nos fornos, mas também por experimentos na composição dos produtos. “Usamos argila calcinada, por exemplo, que diminui pela metade o consumo de energia térmica no forno”, cita. Na fábrica de Pecém (CE), conseguiu produzir um cimento com apenas 40% de clínquer ao misturar escória granulada de alto forno, um subproduto do aço, reduzindo em 60% o CO2 emitido.

Mas lembra que há obstáculos, como a própria disponibilidade próxima dos aditivos. “Tem que ter tecnologia, investimento, disponibilidade de matérias-primas”, diz Lorenz. Além disso, há limitação técnica de até quanto consegue baixar de clínquer de cada tipo de cimento. “O cimento de um prédio de 30 andares é diferente do de uma barragem de usina hidrelétrica e a calçada de casa. Eles exigem uma combinação de materiais diferentes”, explica o executivo, reforçando que também há normas técnicas brasileiras a serem seguidas.

A empresa agora testa também inovações do tipo em sua empresa de concreto, a Engemix. Um dos produtos, o Spectra, por exemplo, foi desenvolvido com uma série de características que permitem redução de 15% de CO2 em comparação ao tradicional, graças a uma combinação única de água, areia, brita e aditivos encontrada pela área de pesquisa e desenvolvimento. Também reduz custos para a construtora pois pode ser utilizado para diversas finalidades em um prédio.

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