O Românico em Portugal

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O ROMÂNICO EM PORTUGAL

2 N apresentação: Hoje vamos apresentar o tema do românico em Portugal.


Numa parte inicial, vamos analisar a sociedade medieval portuguesa e suas
influências culturais e políticas na arte românica nacional; explorar a definição e
a importância da arte românica na história da arte medieval; e vamos discutir as
características distintivas da arte românica em Portugal.

A No âmbito deste trabalho vamos, também, abordar os monumentos Sé de


Lisboa, Sé Velha de Coimbra e O Mosteiro de São Pedro de Rates, referindo uma
contextualização histórica e as suas características formais e plásticas.
3. M Após a viragem do milénio, houve alterações significativas na arte
medieval. Neste contexto, a arte românica correspondeu aos interesses da
Igreja e da Europa feudal.

Durante o período medieval, a sociedade que era essencialmente rural assistiu


ao desenvolvimento do monaquismo, cujas ordens religiosas estiveram
intimamente associadas à atividade cultural e artística e à uniformização deste
estilo: o Românico.

4. N O românico foi reconhecido como estilo arquitetónico que se desenvolveu


na Europa Ocidental durante os séculos XI e XII.

Durante este período podemos salientar dois fenómenos que nos permitem
entender a época românica: as peregrinações de Jerusalém, Roma e Santiago
de Compostela e as cruzadas, expedições militares para libertar a Terra Santa.

5. A Em Portugal no século XII, a instabilidade dos tempos durante os quais se


desenvolveu a arquitetura românica refletiu-se nas formas sóbrias dos edifícios
e as paredes sólidas e espessas.
Enquanto no Norte o tipo de rocha utilizado na construção dos edifícios era o
granito, no centro, como a região de Coimbra, predominou o calcário, rocha que
permitiu melhorar o nível decorativo.

6. M O românico português apresentou características comuns das quais se


destacam:
- robustez formal com grandes paredes grossas apoiadas em contrafortes;
- aplicação de pedra aparelhada;

- o arco de volta perfeita;


- decorações esculpidas em relevos com o objetivo de ensinar à população os
princípios doutrinários do Cristianismo, visto que grande parte da população era
analfabeta;

- aplicação de cachorrada nas cornijas. (elementos expostos que suportam os


beirais de um telhado ou qualquer outro corpo saliente de um edifício)

Sé de Lisboa

7/8 N A Sé de Lisboa, ou Catedral de Santa Maria Maior, localiza-se na cidade


de Lisboa, em Portugal. A sua construção teve início na segunda metade do
século XII, após a conquista da cidade aos Mouros por D. Afonso Henriques, e
apresenta-se hoje como um edifício de estilo românico.

A O local escolhido para a edificação da Sé foi o da antiga mesquita islâmica


destruída pelos Cristãos. Mas sabe-se que antes já lá existiria uma igreja
visigótica e, antes ainda, um templo romano.

Caracterização arquitetónica:
9 M A Sé de Lisboa foi traçada pelo mestre Roberto, ligado ao Românico do
Norte da Europa, seguindo a tradição das catedrais francesas: duas torres
imponentes flanqueando a entrada, um portal afundado num nártex e uma
exuberante rosácea central.
10 N O edifício passou por diversas intervenções ao longo dos séculos,
refletindo as necessidades e tendências de cada época. O claustro gótico,
iniciado no reinado de D. Dinis, e a cabeceira com deambulatório,
encomendada por D. Afonso IV, são exemplos marcantes de suas
transformações.

A Classificada como Monumento Nacional desde 1910, atualmente, a Sé de


Lisboa destaca-se como um dos principais ícones da cidade, sendo um
monumento de profundo valor histórico, arquitetónico, religioso e espiritual.
A Sé Velha de Coimbra (1139-1185)

11/12 M A Sé Velha de Coimbra, ou Catedral de Santa Maria de Coimbra,


localiza-se na freguesia de Almedina, na cidade de Coimbra, em Portugal.
Constitui um dos edifícios em estilo românico mais importantes do país.

12 N A sua construção começou depois da Batalha de Ourique (1139), quando


Afonso Henriques se declarou rei de Portugal e escolheu Coimbra como capital
do reino. O seu plano deve ser atribuído ao mestre roberto, arquiteto da Sé de
Lisboa.

13 A A Sé de Coimbra trata-se de um grande templo-fortaleza, com paredes


espessas e muralhas, topejado por ameias (ou seja, a presença de elementos
em forma de dentes ao longo do topo do edifício) e com um corpo avançado
como se fosse uma torre.

M O profundo portal é rasgado em quatro arquivoltas assentes em colunelos,


pilastras e capitéis, todos densamente decorados. O janelão superior ilumina o
interior, constituído por três naves e cinco tramos, transepto pouco acentuado e
cabeceira com abside e absidíolas.
14 N A cobertura foi executada numa abóbada de berço na nave central e
transepto e em abóbadas de aresta nas naves laterais. Além disso, o claustro já
pertence ao Gótico, apresentando modificações setecentistas.

A A Sé Velha de Coimbra encontra-se classificada como Monumento Nacional


desde 1910, sendo um tesouro histórico de Portugal.
São Pedro de Rates
15/16 O último monumento de que vamos falar é o Mosteiro de São Pedro de
Rates, localizado em Póvoa de Varzim e construído por volta de 1100, sobre um
santuário paleocristão datado do século VI.
M O Mosteiro de São Pedro de Rates foi a primeira construção da Ordem de
Cluny em Portugal, construído em pleno século XII, um tempo marcado pela
Reconquista dos territórios ocupados pelos muçulmanos na península Ibérica.
N Ao situar-se numa das rotas de peregrinação dos «Caminhos de Santiago», O
Mosteiro de São Pedro de Rates veio a assumir um papel muito relevante no
apoio logístico e espiritual aos peregrinos, constituindo ele próprio um ponto de
peregrinação, de romagem e de devoção ao Santo.

17 A A Igreja de São Pedro de Rates é um edifício de três naves e quatro tramos,


com um falso transepto.
Do seu traçado românico, dos séculos XII e XIII, persistem os seguintes aspetos:
• fachada assimétrica com um pórtico bem dimensionado e flanqueado por
dois robustos contrafortes;
• naves laterais com larguras diferentes;
• tramos com diferentes dimensões;
• pilares diferentes e desalinhados;
• elementos decorativos – portais, capitéis e modilhões – com influências
distintas.

18 M O portal românico é formado por cinco arquivoltas ornamentadas nas


aduelas por uma série de Apóstolos segurando os báculos, os símbolos dos
pastores do rebanho de Deus.
N Os arcos repousam em colunelos com capitéis decorados com motivos
zoomórficos, antropomórficos e naturalistas, surgindo também representações
do fantástico e do bestiário medieval.

A O tímpano apresenta uma figuração esquematizada de Cristo Pantocrator,


envolto na mandorla mística.
19 O Portal Sul apresenta uma dupla arcada, sendo a do fundo uma arcada
polilobada, assente em colunas com capiteis ornamentados com cenas
historiadas.
M O tímpano apresenta uma representação do Agnus Dei (uma figuração
simbólica de Cristo Imolado), ostentando a cruz com escudetes, uma
simbologia associada ao rei D. Sancho I.

N O Portal Norte apresenta uma arcada polilobada sem tratamento do tímpano


e os capitéis recebem uma decoração estilizada com motivos geométricos e
vegetalistas de tradição local.
20 A O interior está dividido em três naves, com quatro tramos marcados por
arcadas assentes em colunas robustas, onde os capitéis apresentam uma
decoração com motivos vegetalistas e figurativos, com temas do imaginário
fantástico medieval.

Conclusão:

M Em conclusão, este trabalho proporcionou uma visão abrangente e detalhada


do estilo românico em Portugal, desde a sua definição e contexto histórico até à
análise de monumentos emblemáticos, como a Sé de Lisboa, a Sé Velha de
Coimbra e a Igreja de São Pedro de Rates.

N Através dessa exploração, destacamos as características formais e plásticas


do românico, incluindo a sua robustez formal, aplicação de pedra aparelhada,
arcos de volta perfeita e decorações esculpidas em relevos.
A Além disso, a arte românica, correspondendo aos interesses da Igreja e da
Europa feudal, desempenhou um papel fundamental na expressão da
espiritualidade e identidade cultural da época. A Assim, o estilo românico
permanece como um elo importante entre o passado e o presente, lembrando-
nos da complexidade e beleza da arte e da cultura medievais em Portugal.

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