Arte Romana

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A

Arte Românica
Arte românica é o nome dado ao estilo artístico vigente na Europa entre o séc. XI e X III. O
estilo é visto principalmente nas igrejas católicas construídas após a expansão do cristianismo
pela Europa e foi o primeiro depois da queda do Império Romano a apresentar características
comuns em várias regiões. A palavra pretendia exprimir de maneira sintética dois conceitos: A
semelhança entre o processo de formação das línguas ROMÂNICO (espanhol, francês, italiano)
e o outro uso de elementos românicos e germânicos, assim como bizantinos, islâmicos e
germânicos.

Até então a arte tinha se fragmentado em vários estilos e o românico é o primeiro a trazer uma unidade
nesse panorama. Esta arte desenvolveu-se na alta idade média (476-1453) na Europa ocidental e era
estreitamente ligada à religião, numa altura em que a igreja era o centro das atenções da sociedade.

Surgiu pela fusão da arte romana com arte de outros povos invasores bárbaros nomeadamente:
Germânico, bizantinos, islâmicos, e arménios. Uma das características fundamentais da arte
românica é o papel da igreja que influenciou grandemente quase na sua totalidade o estilo românico
no que diz respeito a arquitectura, escultura e pintura.

A arte românica tal como as outras passadas (Egípcia, Grega e Romana) representam uma fase bastante
avançada da criação artística muito especificamente na arquitectura. De igual modo podemos servir dela
como fonte valiosa do conhecimento cultural.

Entre outros aspectos, esta arte retrata-nos o papel da igreja cristã e suas realizações quase em todos
domínios da arte românica.

No estudo desta arte, importa ainda destacar, as condições sociais que permitiram o aparecimento
histórico do movimento cultural artístico com uma influência regional e internacional

Para a compreensão dessa arte, optamos por indicar o período do seu desenvolvimento — século XI-XII;
conceituou-se de igual modo algumas estruturas arquitectónicas e formas de decoração de edifícios (as
igrejas) utilizando as técnicas de escultura e pintura
CONTEXTO HISTÓRICO

Depois de passar por muitas turbulências até o séc. XI, aproximadamente, a Europa medieval
vive um momento de estabilidade e crescimento. O comércio volta a florescer e as cidades
começam a prosperar, mesmo que timidamente.

Até então a arte era difusa e diferente entre os variados povos europeus. Isso mudaria com o
"crescente entusiasmo religioso", cujas causas são, entre outros factores, as peregrinações que
cresceram e as Cruzadas para libertar a Terra Santa. Com todas essas mudanças é plausível o
nome românico, visto que a Europa se romanizou como nunca desde o início da Idade Média. A
única coisa que faltava, a autoridade política central, foi, até certo ponto, ocupada pelo Papa.
Sem um poder nas mãos de um único rei, é a Igreja que centralizará o controle sobre o
pensamento e a vida da época e será a primeira responsável pela unificação da Europa desde a
queda do Império Romano.

A Idade Média caracterizou-se como época de muita fé, a vida terrena ao além estava ligada a
religião, Deus era o centro das atenções, tendo com base o cristianismo. A igreja na época
medieval tinha função de salvaguardar o ensino bíblico em toda região. O espaço da igreja não
servia somente para as cerimónias religiosa mas também para outras actividades como: ponto de
reuniões, recinto de diversões, jogos, leitura de poemas, refeitórios e mais.
Fig. 1 – Mapa de peregrinação a Santiago de Compostela

Ao longo do caminho a Santiago de Compostela, criou-se um desejo de construções que permitiu um


desenvolvimento arquitectónico importante, revelando os mosteiros, igrejas abadias, basílicas, colegiadas.
castelos, palácios, pontes e torres.
Fig. 2 – Pontes Românicas

Fig. 3 – Abadia Cisterciense de Fontefroide


Fig. 4 – Castelo de Peyrepertude

ARQUITECTURA
A expressão mais característica do românico foi a arquitectura com soluções estruturais e
decorativas comuns, cujas realizações foram bastante numerosas quase em toda a Europa, com
pequenas particularidades de região para região.

Características da Arquitectura Românica


A presença da igreja como edifício típico em geral, a cobertura do espaço em abóbada,
construções com estética favorável articuladas e macissas, com escassas e estreitas aberturas para
a penetração de luz, a arquitectura era a arte dominante em relação a escultura, pintura e
mosaico.

A igreja foi o edifício principal da época, pela sua grandeza e outros aspectos de carácter
religioso.

Nas construções românicas usaram a abóbada como o elemento fundamental da cobertura como
estilo típico estabelecido.
ELEMENTOS DA ARQUITECTURA
Abóbadas.
É um conjunto de sucessivos arcos formando uma superfície curva que recebe toda carga na sua
parte mais alta e a transmite à sua parte mais baixa fazendo-a seguir a curva que ela própria
descreve.

Fig. 5 – Saint Philbert, Tourros

Tramos
O tramo nasce da união da abóbada de aresta com seus suportes. Este segundo a sua forma e
funcionamento é a disposição de quatro pilares nos ângulos de um quadrado ligados uns aos
outros através de arcos semicirculares, primeiro seguindo os lados e depois asa diagonais.

Fig. 6 – Saint Philibert


Pilar Cruciforme
São pilares que seguram os tramo tomando particularmente o formato da cruz com um núcleo
central e quatro saliências.

Fig. 7 – Catedral de Durhan e Notre Dame La Grande


Aberturas escassas e estreitas usadas como janelas

Fig. 8 e 9 – Palácio Imperial, Goslar, Capela de Saint Ulrich


Fig. 10 – Saint-Sernin
Torres que aparecem no cruzamento das naves ou fachada:

Fig. 11 – Catedral de Spira

Fig. 12 – Saint-Sernin
Arcos de volta perfeita

Fig. 13 – Claustro de Santa Maria de Ripol

Fig. 14 – Basílica de Santo Ambrósio


OUTRAS CARACTERÍSTICAS
Utilização de diferentes tipos de abóbadas.
A abóbada mais comum, mais espalhada sobretudo na França é a abóbada de berço, ou seja
semicilíndrica. Mas a típica abóbada românica é a de arestas, que provem da intersecção em
ângulos rectos de duas abóbadas de berço.

A abóbada de arestas, pela sua composição é disposta de arcos e tem na sua estrutura os arcos
dobrados (os dois arcos que atravessam a nave), formeiros (os que ficam ao longo da nave) e os
cruzeiros (as duas arestas diagonais que dividem o tramo em quatro triângulos).

Abóbada de berço procurar um exemplo mais claro ou em forma esquematica

Fig. 15 – São Pedro de Roda


Abóbada de nervura citamos duas abobadas ‘ de Berco e das arestas

Fig. 16 – Esboço de uma abobada Fig. 17 – Abobada da Catedral de Durham

A planta da Igreja

A Igreja era constituída, na sua grande maioria, por uma serie de tramos (bem quadrados e
dispostos de maneira a formar uma cruz na planta – planta característica das igrejas românica),
para resolver três pontos fracos a que os tramos iam dar: a fachada, o topo e os lados do edifício.

Fig. 18 – Planta de Saint Pierre


Fig. 19 – Planta de Saint Etienne

Alternância de pilares.

Fig. 20 – Catedral de Durham Fig. 21 – Catedral de Worms

Elementos Decorativos

Rosácea
Fig. 22 – Catedral de Worms

Janelas de voamento

Fig. 23 – Sainte-Foy Conques

Mainel
Fig. 24 – Santiago de Compostela

Arco Triunfal Arcada

…….

Fig. 25 – Saint Gilles Du Gard Fig. 26 – Igreja de Trinité de Caen


VARIANTES DO ROMÂNICO
Na arte românica verificaram-se escolas que originaram algumas diferenças. Estas escolas eram:
a Toscana – localizada a sul da Itália; a Lombarda – norte da Itália; Normandia – a norte da
França e Inglaterra;

Fig. 27– Mapa das escolas Românicas

Soluções Estruturais
A pressão exercida pelas abóbadas sobre as paredes, os arquitectos românicos procurou para
resolver os problemas, de forma a criar equilíbrio na construção dos edifícios. Para além das
naves colaterais que sustentam a abobada da nave central, colocaram tribunas sobre as naves
colaterais, construíram pequenas capelas semicirculares, cobertas de abobadas de meia-laranja –
absidíolas, aumentaram a espessura das paredes estando fortemente grossas, ergueram
contrafortes na fachada de modo a não permitir desequilíbrio na construção.
Soluções Decorativas
Nas Igrejas Lombardas, mostra-se escassez de iluminação, sendo sombrias isto devido a
existência de estreitas e raríssimas janelas nos edifícios. Mas este problema, encontrou soluções
na sua maioria, nas construções Normandas, pela elevação da nave central em relação as naves
colaterais, para permitir a abertura de grandes janelas, de maneira a facilitar a penetração de luz e
criar um ambiente esplêndido no seio dos crentes.

Românico Lombardo
A característica fundamental do estilo lombardo notou-se pela sua influência nas igrejas onde
encontramos os seguintes elementos:
A primeira é a abóbada de aresta que divide a igreja em tramo.
Os pilares compostos, alternados em mais ou menos resistentes à pressão.
Os contrafortes.
Fraca iluminação.
O exemplo concreto do lombardo é a igreja de Santo Ambrósio.

Fig. 28 – Saint-Philbert, Tournus.

Românico Normando
Este estilo é equivalente ao do lombardo, a diferença está no lugar da tribuna onde estão
adorsados os pilares contrafortes permitindo o aparecimento do clerestórico.

A outra inovação é o surgimento da abóbada de cruzaria dividida não em quatro secções mais
sim em seis, com uma nervura transversal ás duas diagonais que pelo seu prolongamento ao chão
transforma-se em pilar composto.
Fig. 29 – Catedral de Durhan, Inglaterra

VARIANTES REGIONAIS
O românico apresenta diversas concepções conforme ás várias regiões onde se desenvolveu. O
românico é uma realidade, um estilo variadíssimo que ligou num espírito de unidade, uma
infinita série de diferenças de escolas e de manifestações locais.

França
Características da Arquitectura Francesa
Fachada de dupla torre.
Uso da abóbada de berço.
Igrejas com várias absides e absidiolas (a chamada igreja de capela radiante).
Os deambulatórios;
Cinco naves
……..
Fig. 30 – Igreja de Trinité em Caen Fig. 31 – Notre Dame La Grande

Alemanha
De entre os tipos característicos da Alemanha, um deles é o de coro duplo, o qual a parte central
da Igreja está entalada entre duas importantes massas absidais. A entrada para a Igreja, faz-se
lateralmente. Para além da preferência pelos edifícios de duplo coro, o românico alemão
evidencia o gosto na estruturação complicada dos edifícios, sobretudo nas torres. No mesmo
edifício, podemos encontrar torres de diferentes formas geométricas.

Outras características:
Estrutura complexa na parte da cabeceira;
Torres de formas diferentes (quadradas, octogonais e redondas);
Abóbadas de arestas com tramos quadripartidos;
Pilares compostos e alternados em fortes e fracos.
Fig. 32 – MARIA LEACH, em Nieder Mending, perto de Koblenz.

Inglaterra
Adaptaram-se soluções de origem francesa, construção das primeiras abóbadas de nervuras,
alternância de pilares (sucessão de pilares maiores e menores). A presença da cripta e igrejas
redondas.
Outras características
Duplo tamanho do transepto
Sobriedade dos volumes
Ausência de decoração escultórica

Fig. 33 – Catedral de Durham


Fig. 34 –

Itália
Esta variante manifestava uma nítida preferência pela separação física, isto é, em diversos
edifícios, das varias actividades de um centro religioso. O típico esquema do românico italiano é
o de um edifício para as funções de culto (a igreja) ladeado pelo campanile – o campanário,
defronte do qual se ergue quase com a mesma envergadura, um grande baptistério (em regra
geral costuma ser de forma octogonal.)

Outras características
Fachada triangular com telhado de duas águas
Campanário geralmente ao lado da fachada da igreja
Fachada de três dimensões de corpos interrompidos
Colaterais laterais mais baixas em relação a central
O portal precedido de um pórtico e encimado por respectivas tribunas abertas.
Preferência pela separação física, isto é, um edifício com funções de cultos labiado pelo campanário de
frente do qual se ergue um grande baptistério.
……….
Fig. 35 – Catedral de Parma e seu Bapsterio, Itália Fig. 36 – Baptistério da Catedral de Pisa

Fig. 37 – Sam Miato Monte Fig. 38 – Santo Ambrósio


ESCULTURA ROMÂNICA

A escultura românica renasceu depois de muitos anos ter sida esquecida. Desejava-se que ela
estivesse em pró de um bem comum, a ornamentação das Igrejas. Seu apogeu se dá no séc. XII,
quando inicia um estilo realista, mas simbólico, que antecipa o estilo gótico. A escultura é
sempre condicionada à arquitectura e todo trabalho é executado sem deixar espaços sem uso. As
figuras entalhadas têm o tamanho do elemento onde foram esculpidas, e os trabalhos de
superfície acomodam-se no lugar em que ocupam. Dessa característica parte também a ideia de
esquematização.

Outra importante característica é seu carácter simbólico e anti naturalista. Não havia a
preocupação com a representação fiel dos seres e objectos. Volume, cor, efeito de luz e sombra,
tudo era confuso e simbólico, representando muitas vezes coisas não terrenas, mas sim
provenientes da imaginação. Em algumas esculturas, nota-se a aparência clássica e influência da
Antiguidade. A escultura do românico insere-se, de um modo geral, dentro dos objectivos
artísticos do movimento, nomeadamente a comunicação entre a igreja católica e o fiel, naquele
que é o reino de Deus na Terra, o templo.
Deste modo, a escultura vai assumir uma íntima relação com a arquitectura, inserindo-se no seu
espaço como um elemento complementar, e dedicando-se, principalmente, ao ensinamento de
cenas bíblicas através de relevos em pedra compreensíveis ao crente leigo.
É no românico, a partir do século XI, que se dão a conhecer as primeiras obras de escultura
monumental a surgir desde o século V, período em que deixam de existir peças de vulto redondo
(peças tridimensionais) e se observa uma maior produção de pequena estatuária e trabalhos em
metal, desenvolvidos durante o período pré-românico.
O factor de impulso da nova produção escultórica vai ser o caminho de peregrinação em
direcção a Santiago de Compostela, ao longo do qual vão ser erigidas novas igrejas. Estes
templos, construídos em locais de passagem neste período de fervor religioso, são virados para o
acolhimento espiritual do peregrino e para a exposição de relíquias. A França e o norte de
Espanha são assim os locais onde se podem observar os primeiros exemplos da produção
escultórica românica aplicados à arquitectura.

Leis da escultura
A escultura românica depende da arquitectura, ou seja, contribui para a ornamentação da arte
principal, onde o objectivo principal era de narrar as histórias da Bíblia e os valores religiosos
aos iletrados. A escultura na sociedade medieval tendo uma função sártida, isto é, doutrineira,
seguiam algumas leis que são:

1ª Lei. O Primado da Arquitectura


A escultura localiza-se nos pontos sensíveis submetendo-se à arquitectura, estando esta
localizada nos pontos sensíveis.
Fig. 39 – Portal da Igreja da Madalena

2ª Lei. Do Enquadramento
É condicionado a um espaço com uma certa estrutura onde deve-se inserir nela uma figura com
mesma estrutura.

Fig. 40 – Museu do Castelo Sforzesdo

3ª Lei do maior número de contactos


Se numa figura e em volta restar espaço, deve-se completar o resto com outras com figuras.
Fig. 41 – Baixo-Relevo do Claustro do Mosteiro de Santo Domingos

Fig. 42 – Tímpano de Santa Madalena

4ª: Lei do Formalismo


A figura principal pode gerar outras figuras análogas à primeira.
Fig. 43 – Tímpano do portal da Catedral de Saint Lazare, França, representando o juízo final

Algumas marcas da escultura românica

1. A Mandorla1 e as Faixas

Fig. 44 – Tímpano do portal da Abadia de São Pedro.


Na zona superior, esta esculpido Cristo entronizado, dentro da mandorla, a parte inferior é uma
faixa horizontal com figuras esculpidas e a arquitrave é esculpida com florais geométricos.
No interior do tímpano (o semicírculo superior do portal), o lugar central é sempre determinado à
figura do redentor, que faz eixo de toda a composição e é representado em gloria.
Neste tipo de representação a mandorla permite identificar Cristo inequivocadamente e destacar
a sua figura.
O Juízo final é uma das cenas de eleição para o tímpano românico. Cristo entronizado ao centro
de uma mandorla (forma em amêndoa, símbolo da glória), indica com a mão direita os eleitos
para o Paraíso e com a esquerda sentencia os condenados ao Inferno.
1
Circulo luminoso que envolve a cageça da figura de Deus, de Cristo, da virgem eram chamadas de Glória. Quando
envolve toda a figura passa a ser chamada de Mandorla.
2. Estilizações e Repetições
A estilização das figuras e a sua repetição, com variantes mínimas, são um elemento
característico da técnica escultórica românica. Este motivo encontra a sua perfeita expressão
numa composição em banda, isto é, inserida entre duas réguas paralelas e em relevo, as quais
delimitam visualmente o seu sentido horizontal.

Os Esquemas Arquitectónicos
A escultura românica denuncia a sua estreita correlação com a arquitectura de varias formas:
uma delas, é bem ilustrada com as imagens que se seguem.
Trata-se da apresentação de um personagem enquadrado por elementos arquitectónicos que
servem para destacar nitidamente a figura esculpida.

Fig. 47 – Poço de Otão III, em São Bartolomeu de Isola.

A partir de certa altura, espalhou-se o uso deste tipo de parapeito, geralmente circular, posto a
volta da boca de um poço com decoração em baixo-relevo a que os espanhóis chamam “Brocal”.
Fig. 48 – Santo Ambrósio.
A figura do Bispo protector da Cidade de Milão esta enquadrada numa moldura inspirada na arquitectura,
ou antes, na mais clássica das decorações arquitectónicas românicas, o arco de volta perfeita. É uma
composição que se repete com muita frequência.

O Capitel2 Românico
A época românica abandona, ou transforma de uma maneira que lhe é muito própria, os
pormenores das ordens clássicas da Grécia e da Roma. Ao mesmo tempo, cria um tipo de capitel
que se torna único do estilo românico: o chamado Capitel Cúbico, obtido pelo arredondamento,
na sua zona inferior, dos ângulos de um paralelepípedo de pedra, esta forma adapta-se muito mas
do que em qualquer outra ao uso muito particular que os escultores fazem de capitel, como
suporte para cenas esculpidas.

Fig. 49 – Capitel da catedral de Cantuária, contem cenas religiosas formando um X.

2
Elemento superior da coluna ou da pilastra acima do fuste e imediatamente abaixo da arquitrave
Fig. 50 – Capitel da Igreja de Saint Madeleine, séc. XII, Vézelay, França
Esta aplicação à arquitectura vai incidir na fachada, principalmente no portal, local de
entrada do crente e que, por isso, deverá ter o maior impacto visual. Aqui o relevo assume-se
como a melhor ferramenta para a narração de cenas impressionantes, onde a volumetria
ajuda a uma maior sensação de realismo que a simples superfície pintada. Para este
objectivo, o tímpano, semi-circunferência sobre a entrada, vai ter uma função primordial, e
vai apresentar cenas como a Visão do Apocalipse3 ou o Juízo Final. Estas cenas, dentro
do espírito do conceito do Deus vingativo presente no Antigo Testamento, vão ser
povoadas não só por figuras bíblicas (evangelistas, apóstolos) e anjos, como também por
uma série de criaturas monstruosas, que deverão ser vistas e não mais esquecidas: demónios
e criaturas compósitas com corpos desproporcionais e assustadores que dão asas às suas
acções de tortura no Inferno.

Relativamente ao modo de representação, o objectivo não é representar a realidade visível,


mas sim o invisível e o intocável, tomando-se muito partido da mímica das figuras como
meio de comunicação. O tratamento volumétrico não é o valor principal, mas sim o valor
simbólico das figuras e o conteúdo da sua mensagem.

O crucifixo
A representação de Cristo crucificado é bastante frequente na arte românica e assume
características diferentes segundo os vários países:
Tinha forte expressão na Alemanha, era estilizada em Espanha, onde surge Jesus, em muitos
casos vestido por completo, com vestes de pregas largas e fluentes, por vezes pintadas de
cores vivas.
Eram conhecidos os crucifixos por Majestades pelos Espanhóis e por Maesta pelos Italianos,
por a figura Divina se apresentar mais como Deus em glória do que como mísero
crucificado.
Os escultores encontravam no tema do crucifixo, que era feito em várias materiais, um
motivo especial de adoração, não só pelas cores vivas da sua ornamentação ou pelo amor aos
efeitos cheios de vivacidade, mais também e principalmente porque a Imagem de Cristo
aparecia sempre no centro.

3
Um dos livros da Bíblia Sagrada
Fig. 51 – Crucifixo de Marfim.

As Portas de Bronze
Durante o românico medieval, refloresce a técnica de fundição do bronze em elementos artísticos, já
não, agora, de grandes estatuas, mas apenas de quadros de relevo, aplicados em portais de madeira.
Com um pequeno esquema em que pequenos quadros para os dois batentes das grandes portas
mascadas por molduras geométricas e, eventualmente, como neste caso, valorizados nos seus ângulos
por cabeças de leões, com uma historia por quadro.

Fig. 52 – Portal da Igreja de São Zenão Maior, em Verona.


Fig. 53 – Portas em bronze na Catedral de Hildesheim, Alemanha.
Portais deste tipo, caracterizadas por subdivisões em quadradinhos e decorados com
vividas historias, encontra amplo campo para a sua realização na Itália, Alemanha e
nos países Eslavos.

Diferenças regionais e exemplos mais significativos


Os caminhos de peregrinação levam à internacionalização do românico e,
consequentemente, ao surgimento de diferentes escolas e centros produtivos com estilos
diferentes. Em geral os artistas do românico permanecem anónimos, mas são conhecidas
algumas assinaturas que permitem falar de estilos individuais. A título de exemplo, no
capitel do deambulatório4 da Igreja de Saint Pierre de Chauvigny, da segunda metade do
século XII, pode-se ler: "GODFRIDUS ME FECIT (Godfridus fêz-me)", o que pode, no
entanto, indicar tanto o escultor como o autor da encomenda.

França
A escultura românica no sul de França inicia o seu desenvolvimento associado à arquitectura a partir
do século XI. Em trabalhos iniciais é notória a influência das iluminuras e trabalhos em metal da
Antiguidade.
Igreja de Saint Sernin, século XI, em Toulouse.
Abadia de Moissac, século XI, perto de Toulouse.
Catedral de Autun, século XII, em Autun.
Igreja de Sainte Madeleine, século XII, Vézelay.
Igreja de Saint Pierre, em Angoulême e Igreja de Notre-Dame-la-Grande, em Poitiers, onde,
excepcionalmente, a decoração se alastra por toda a fachada e não só no portal.

4
Nas Igrejas, o corredor semi-sircular em torno da abside
Provença e Itália
Nestas regiões é mais forte a influência das construções da Antiguidade Clássica e a escultura
desprende-se mais da estrutura arquitectónica que em França.
Igreja de Saint Gilles-du-Gard, Provença.
Catedral de Fidenza, em Fidenza.

Espanha
Catedral de Santiago de Compostela.
Igreja de S. Martín, em Frómista.
Claustro de Sto. Domingo de Silos, Burgos.

Alemanha
Na Alemanha não se observa o mesmo tipo de evolução da Espanha ou da França relativamente à
escultura. Nesta região tem mais impacto a produção de peças em metal, especialmente com origem
na oficina de bronzes de Hildesheim do início do século XI, de tradição otoniana. O bispo
Bernward, que controla essa produção, vai cunhar o nome de um estilo próprio de peças relacionadas
com as cerimónias litúrgicas.
As peças em bronze ou ouro (vasos para lavagem ritual das mãos, cofres para relíquias, etc.),
encomendadas por reis e bispos, representam não só o gosto artístico da época, mas acima de tudo o
poder da classe religiosa.
Os Tímpanos Românicos

Fig. 54 – Tímpano do portal meridional da Catedral de Santiago de Compostela, Espanha.

Fig. 55 – Tímpano do portal


ocidental da Abadias de Ste-Foy, França.
OS CAPITÉIS ROMÂNICOS

Fig. 56 – Capitel inicial com folhagens do séc. XI, Igreja de Saint Sernin, Toulouse.

Fig. 57 – Capitel na Abadia de Moissac, séc. XI, Toulouse.

Fig. 58 – Capitel na Igreja de Sainte Madeleine, séc. XII, Vézelay.


PINTURA ROMÂNICA
A Pintura é considerada uma das primeiras formas de expressão artística do Homem, reflectindo
sempre as preocupações do Homem. Teve um carácter mágico, relatou os feitos de faraós, reis e
deuses e embelezou palácios, túmulos e templos.

Através dela o Homem contou a vida de Deus, dos santos e de homens e mulheres importantes,
exprimiu o que lhe ia na alma e expressou o que sentia em relação ao Mundo. A sua evolução e
por consequência o testemunho vivo dos homens e das sociedades.

Como todas as formas de expressão artística, a pintura, tem variadas técnicas que nos permitem
fazer a opção correcta pela que melhor satisfaz as exigências do trabalho a realizar.

A semelhança da escultura a pintura românica, também estava subordinada à arquitectura. De


um modo geral na pintura produziu–se, frescos, painéis, ilustrações de livros e pergaminhos.
Infelizmente perdeu–se muito do que se produziu, todavia ainda existe o bastante para se poder
dizer com certa segurança que a pintura românica funcionou a todas escalas possíveis nesta arte‫׃‬
não só em painéis, como também na decoração mural dos edifícios e na ilustração do muito
pequeno, as letras e as páginas do códices.

No primeiro caso, a pintura está patente nos frescos, ou seja, vastas pinturas, água sobre reboco
fresco, que absorve as tintas, nos mosaicos, estes quase exclusivos da Itália. Em segundo caso,
temos uma verdadeira arte de pequenas dimensões–miniaturas.

Temática e Técnica
Os desenhos e as técnicas variam, naturalmente. Mas não tanto como pode parecer a primeira
vista. Primeiro que tudo, os temas são, em grande parte, iguais, também comuns aos da escultura
da época e obedecendo aos mesmos conceitos de divulgação da fé e da história através das
imagens‫ ׃‬episódios do Velho e do Novo testamento, vidas de santos, ilustrações sobre as
actividades humanas, acontecimentos lendários ou de glórias passadas.
Em segundo lugar, os meios expressivos são, iguais. A pintura românica, tal como toda a arte
deste período, cuida mais do efeito que da elegância.
Da maior atenção no relato do que na decoração, usa muito as cores vivas, frequentemente
violentas, e figuras por vezes desajeitadas, mas sempre de uma eficaz expressividade.
Os artistas não se esforçavam já por dar de maneira realística o fundo sobre o qual se moviam as
suas personagens.
Quando tinham que dar o ambiente natural ou citadino em que se desenrolavam as suas histórias,
faziam no de maneira simbólica‫ ׃‬uma planta para significar o Paraíso terrestre, uma serie de
riscas para simbolizar o mar, e assim por diante. E também não se preocupavam com a manifesta
irrealidade daquilo que desenhavam. Pelo contrário, não só deformavam as figuras, como
utilizavam essas deformações de modo a acentuarem a expressividade do conjunto, chamando
atenção para os pormenores mais significativos, exagerando os gestos para tornar mais evidentes
as situações.
Na pintura românica geralmente são abertas na sua composição, mas estilizada, ou, pelo menos,
poderosamente simplificada quanto as figuras. Este é um dos elementos mais comum e
característicos das obras românicas.
As igrejas românicas chegaram ate nós, nos melhores casos, com as paredes nuas e em pedra
viva. Mas nem sempre foram projectadas desse modo Eram frequente prever–se recobrir todo o
edifício, ou pelo menos as suas partes principais, com pinturas. Era sobretudo a abside que elas
se destinavam, bem como as paredes superiores da nave principal. O tema quase obrigatório para
a decoração da abside era o de Cristo entronizado, inscrito na sua canónica mandorla o
Pantocrator. E, a volta do redentor, um quase multidão simétrica, de santos, e de pessoas e forcas
infernais, expulsas por Cristo. Tema este frequentemente tratado em diversos registos, cada um
do qual abrangia um capitulo da narrativa. Ao longo das paredes da nave, por sua vez, corre a
procissão dos santos ou de personagens da Bíblia, dominada por grandes figuras em fila ou por
imagens mais pequenas, compondo registos sobrepostos.
Finalmente, surgem nas igrejas românicas os primeiros vitrais coloridos, um motivo que se
tornara fundamental no gótico. A vivacidade de colorido, fantasia, habilidade na condensação
num pequeno espaço de grandes e movimentos episódios, destreza de execução, demonstrando
deste modo como o mundo do românico foi capaz de coerente e frequentemente genial.

Estilização
A pintura românica é, em grande parte, um complemento da arquitectura que lhe serve de suporte,
articulando-se com outros discursos figurativos, nomeadamente, com a escultura, visando a eficácia da
narrativa religiosa.
Fig. 59 – Nossa Senhora e o Menino Fig. 60 – Entrada de Jesus em Jerusalém

Os artistas românicos tinham um altíssimo sentido de estilização que ajudou nas representações
não reais que executavam. Assim a composição era ritmada segundo esquemas repetitivos, umas
quantas figuras dispostas da mesma maneira regra geral numa sequência horizontal ou então
simetricamente dispostas em torno de um ponto de interesse central.

Fig. 61 – Cristo Majestade

A representação da figura humana não é, para o pintor românico, o objectivo final. Na verdade, o
corpo não passa de um mero suporte para as vestes. É a posição sempre expressiva, umas vezes
com movimento, outras hierática, nunca é, natural, prevalecem a angulosidade, as linhas rígidas‫׃‬
o suporte adequado para as figuras quase sempre estilizadas.
Colocada ao serviço do Cristianismo, a pintura mostra, tematicamente, uma tendência
enciclopédica, condensando os temas e as cenas essenciais de uma religião em expansão. Esta
tendência alarga-se à produção de livros sagrados, onde a iluminura mostra visualmente, de
modo sintético, a complexidade do texto escrito

Fig. 62 – Apocalipse do Mosteiro do Lorvão Fig. 63 – Iluminura do Missal de São Dinis


Fig. 64 – Iluminura da Bíblia de Alcobaça

Cristo entronizado ou Pantacrator. É característica da arte catalã esta técnica, de traços


sóbrios e essenciais, algo rude, com grande predominância dos azuis O local ideal para pintar
Jesus Cristo dentro da sua mandorla era intradorso da abside, ou seja, a face interior da abobada
em concha da cobertura.

Fig. 65 –
A posição da figura e, conceptualmente, a mesma já observada na escultura. Mas a pintura
românica acrescenta–lhe um sentido da cor, uma precisão de miniatura e uma vivacidade que
estão, como e obvio, ausentes da representação de pedra.
Fig. 66 –
Dificilmente se encontra na arte românica, tão rica de convenções no que respeita as situações a
representar, uma única e generalizada maneira de representação do corpo humano e das
expressões dos rostos. Existem aspectos comuns tais como nos seus traços principais, são dadas
principalmente por linhas, estas também segundo uma serie convencional. Assim, temos um
rectângulo mais ou menos arredondado para a face, uma linha única para as sobrancelhas e o
nariz, uma dupla linha para boca, e assim por diante trata se de uma esquematização”.

Mosaico
Dentro da pintura encontramos o mosaico – técnica de decoração em pequenos formatos,
servindo para decoração de arquitectura, o mosaico tinha um típico fundo dourado de origem
oriental, nas paredes dos edifícios com grandes desenhos geométricos.

Fig. 67 – Mosaico de São Marcos

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