Educacao Steam
Educacao Steam
Educacao Steam
STEAM
INSUMOS PARA A
CONSTRUÇÃO DE UMA
AGENDA PARA O BRASIL
EDUCAÇÃO
STEAM
INSUMOS PARA A
CONSTRUÇÃO DE UMA
AGENDA PARA O BRASIL
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Gabinete da Presidência
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Brasília, 2021
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LISTA DE
FIGURAS
Figura 1 – Habilidades requeridas de estudantes no século XXI...................................................16
Figura 2 – Sistema australiano de políticas STEM..........................................................................39
LISTA DE
TABELAS
Tabela 1 – Principais elementos presentes em escolas alinhadas ao movimento STEM..............27
Tabela 2 – Objetivos da Educação STEM nos Estados Unidos......................................................35
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................ 9
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 13
2 O MOVIMENTO STEAM............................................................................................................. 21
2.1 Ponto de partida do movimento...........................................................................................21
2.2 D
isseminação do debate e caracterização do movimento.................................................23
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM.......... 31
3.1 Estados Unidos....................................................................................................................32
3.2 Austrália................................................................................................................................38
3.3 Alemanha..............................................................................................................................41
3.4 América Latina......................................................................................................................45
4 MOVIMENTO STEAM NO BRASIL............................................................................................ 51
4.1 Experiências nacionais em STEAM......................................................................................53
4.2 Necessidade de capacitação do professor.........................................................................63
5U
MA JANELA DE OPORTUNIDADE PARA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO STEAM NO PAÍS.. 67
5.1 BNCC e Reforma do Ensino Médio......................................................................................67
5.2 Considerações finais e recomendações..............................................................................71
APRESENTAÇÃO 9
APRESENTAÇÃO
Uma economia é competitiva quando suas empresas são competitivas. Entre os diversos
fatores determinantes para destaque nessa área, está a capacidade dos recursos humanos
para a inovação – que, afinal, é feita por pessoas. Por esse motivo, a preocupação com
a educação não pode se restringir à esfera governamental, devendo ser compartilhada
também pelo setor privado.
A educação STEAM tem como um de seus principais objetivos preparar os estudantes para
os desafios do século 21. A abordagem pressupõe um projeto educacional interdisciplinar,
dinâmico, que valoriza experimentação, criatividade, autonomia, pensamento crítico e
outras habilidades importantes, seja para o progresso de jovens e adultos nas carreiras
científicas e tecnológicas, seja para o desenvolvimento individual. Em outras palavras,
trata-se de melhorar o nível de formação das pessoas para o mundo do trabalho e para
a vida em sociedade.
Internacionalmente, essa agenda tem evoluído de forma exitosa e consistente por meio de
ações que integram governo, empresas e comunidade escolar como partes interessadas
e responsáveis por alcançar resultados positivos na educação. Dada sua relevância, esse
debate precisa conquistar mais adeptos também no Brasil. Embora o país tenha dado
passos nesse sentido, é necessário avançar.
Pelo menos dois fatos contam a favor. De um lado, há o Novo Ensino Médio, que abriu as
portas para novas abordagens, mesmo sem fazer referência direta ao STEAM. A regula-
mentação prevê, por exemplo, a aprendizagem baseada em projetos interdisciplinares e
voltados à solução de problemas reais, assim como os itinerários formativos, que podem
ser a ponte para o STEAM. De outro lado, estão as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação em Engenharia, em vigor desde 2019, que também trazem, em seu cerne,
os princípios do movimento.
10
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Esses novos marcos, especialmente o do Novo Ensino Médio, podem ser pontos de par-
tida para construir ações estratégicas, de alto impacto para o país. Não é aceitável que
se acumulem, ano após ano, resultados insatisfatórios em avaliações como o Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). A baixa qualidade da educação é um entrave ao
desenvolvimento econômico e social do Brasil. Essa difícil realidade precisa ser enfrentada,
e o movimento STEAM traz contribuições importantes nessa direção.
O presente estudo visa a estimular essas reflexões e apontar alguns caminhos possíveis.
É fruto do trabalho realizado pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), coordenada
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mais precisamente, a iniciativa é parte das
ações do Grupo de Trabalho de Engenharia/STEAM da MEI, fórum que reúne empresas e
universidades para discutir e propor ações com vistas ao avanço da formação de recursos
humanos para a inovação no país.
1 INTRODUÇÃO
A Agenda 2030 das Nações Unidas estabelece 17 Objeti-
vos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)1 para o mundo.
Os ODS cobrem desde a erradicação da pobreza até a igualdade
de gênero e cidades mais inclusivas, seguras e sustentáveis.
Têm em comum o fato de tratarem de questões comple-
xas, cujas respostas dependem do conhecimento oriundo
de diferentes áreas, bem como da união de competências
e habilidades de profissionais variados, desde engenheiros,
físicos, biólogos, matemáticos, até geógrafos, economistas,
cientistas sociais, designers e muitos outros. Ao sintetizar os
maiores objetivos do desenvolvimento numa única agenda
global, expressam o entendimento de que as soluções para os
desafios da humanidade são construídas colaborativamente,
por equipes multidisciplinares.
Partindo dessa visão, o Grupo contribuiu para a revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) do Curso de Graduação em Engenharia, homologadas em 2019, e, desde então,
apoia a implantação do novo regulamento pelas instituições de ensino superior.
Tendo em vista que os avanços na agenda educacional advêm, em larga medida, da melho-
ria da qualidade da Educação Básica, coloca-se também a necessidade de se discutir os
desafios e oportunidades para que sejam superadas as fragilidades nesse campo. Visto
sob essa perspectiva, os resultados obtidos no Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
deixam claro a importância de atuar com urgência nos primeiros ciclos de aprendizagem,
como condição para o Brasil diminuir as taxas de evasão escolar, aumentar o contingente
de concluintes no ensino superior e produzir uma agenda robusta de competitividade,
produtividade e inovação no Brasil.
2 OECD – ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Programme for International Student Assessment (Pisa).
2018. Disponível em: http://www.oecd.org/pisa/publications/pisa-2018-results.htm. Acesso em: 28 set. 2020.
1 INTRODUÇÃO 15
3 HANUSHEK, Eric A.; WOESSMANN, Ludger. Do better schools lead to more growth? cognitive skills, economic outcomes and causation.
In: Journal of Economic Growth, v. 17, p. 267-321, 2012. Disponível em: http://hanushek.stanford.edu/sites/default/files/publications/
Hanushek%2BWoessmann%202012%20JEconGrowth%2017(4).pdf. Acesso em: 28 set. 2020.
4 WORLD ECONOMIC FORUM. New vision for education: fostering social and emotional learning through technology, 2016. Disponível
em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_New_Vision_for_Education.pdf. Acesso em: 28 set. 2020.
16
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
FORMAÇÃO CONTÍNUA
Fonte: WORLD ECONOMIC FORUM. New vision for education: fostering social and emotional learning through technology, 2016. Disponível em: http://
www3.weforum.org/docs/WEF_New_Vision_for_Education.pdf. Acesso em: 28 set. 2020. p. 4. (Tradução livre).
O modelo aponta para uma educação contextualizada e integrada entre áreas do saber,
com promoção da interdisciplinaridade, do trabalho em grupo, da reflexão crítica e da
capacidade de mudança e adaptação a novos conhecimentos, modos de produção e
culturas, nos quais conteúdos específicos se tornam obsoletos rapidamente.
Em larga medida, essa percepção é reforçada em Future of Jobs Report 5, também do Fórum
Econômico Mundial, segundo o qual 65% das crianças que entraram na escola em 2018
atuariam, quando adultos, em empregos hoje inexistentes. Logo, cabe aos segmentos de
educação incorporar o perfil e tendências de oportunidades futuras de estudo e trabalho
para responder aos cenários que se desenham.
Um dos caminhos para alinhar a formação dos estudantes a essas tendências tem sido
adotado em diversos países desde 2000, por meio de um movimento STEM, represen-
tando as primeiras letras em inglês de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, que
posteriormente passou a integrar também as Artes, levando ao termo STEAM6.
5 WORLD ECONOMIC FORUM. Chapter 1: the future of jobs and skills. In: Future of Jobs. 2018. Disponível em: https://reports.weforum.org/
future-of-jobs-2016/chapter-1-the-future-of-jobs-and-skills/ Acesso em: 01 maio 2021.
6 John Maeda, ex-presidente da Rhode Island School of Design, foi um dos grandes defensores do conceito STEAM.
1 INTRODUÇÃO 17
Esse debate é nascente no Brasil. Observam-se iniciativas em curso, mas ainda sem a
mesma abrangência e capacidade estruturante de produzir impacto no desenvolvimento
nacional. O país encontra-se, todavia, diante de uma grande oportunidade de alcançar
efeitos sistêmicos significativos, em tempo relativamente curto, devido à possibilidade de
introdução da agenda STEAM no bojo do processo de efetivação das inovações trazidas pela
Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e pela Reforma do Ensino Médio. Os itinerários
formativos do Ensino Médio, em particular em construção nos estados, podem ser uma
porta de entrada para a disseminação dessa abordagem educacional.
18
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
O texto está estruturado em seis seções, além desta introdução. A segunda, trata de
definições e conceitos de STEAM, recuperando brevemente a história do movimento.
A terceira apresenta referências de políticas em países pioneiros nesse debate, seguidos
de estudo de caso na América Latina. A quarta traça o contexto brasileiro, chamando
a atenção para experiências em curso no Brasil e o imprescindível trabalho junto aos
docentes. A quinta e última seção é dedicada a uma proposta de agenda de STEAM,
a partir da oportunidade da efetivação da BNCC e da Reforma, no Ensino Médio, prioridade
dos sistemas estaduais de educação em 2021.
2 O MOVIMENTO STEAM 21
2 O MOVIMENTO STEAM
O “Center for Occupational Research and Development” (CORD)7, por exemplo, criado
por engenheiros no Texas e uma das instituições mais antigas nesse tema nos EUA,
começou a trabalhar nessa época no nível do Ensino Médio e dos Colleges. Tentavam
promover uma educação mais contextualizada, motivadora e interessante para os
alunos, com a finalidade de atraí-los para carreiras nas áreas científicas e tecnológicas,
buscando ainda tornar mais claras as demandas da indústria em termos de formação
de recursos humanos.
Nos anos 90, a CORD realizou muitas mesas de trabalho e discussão, com financiamento
do Congresso norte-americano executado pelos estados por meio de editais de projeto.
As mesas reuniam indústria, gestores educacionais, sindicatos de trabalhadores, professo-
res e governos locais para fazerem um diagnóstico de base sobre a formação de pessoal.
A partir desse retrato inicial sobre os problemas e as prioridades, repensavam currículos,
metodologias de ensino e possibilidades de parceria entre atores públicos e privados,
buscando alinhar padrões acadêmicos e de empregabilidade com o perfil dos egressos
do sistema8.
8 Com base em entrevista realizada com o especialista da CORD, Augustin Navarra, em 17/08/2020.
2.2 D
ISSEMINAÇÃO DO DEBATE E CARACTERIZAÇÃO
DO MOVIMENTO
Foi a partir dos resultados da primeira rodada de avaliação do “Programa Internacional
de Avaliação de Aluno” (Pisa), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico (OCDE), que o acrônimo ganhou efetivamente mais força. O exame representou
um divisor de águas nas políticas educacionais10, trazendo evidências do descolamento
entre a educação ofertada e as demandas de uma economia baseada em tecnologia,
bem como de uma sociedade sustentável do ponto de vista social e ambiental.
Muitos países desenvolvidos, cujos anos de escolaridade média da população são altos
há décadas devido ao acesso universal à Educação Básica, entre eles os Estados Unidos,
foram sacudidos pelos resultados e passaram pelo chamado “Pisa shock”. Sobreveio
uma sensação generalizada de crise sistêmica e econômica iminente em função da baixa
qualidade da educação, mobilizando o Estado a promover reformas na área.
A partir de então, países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Austrália,
entre outros, estabeleceram prioridades de investimento e colocaram muitos recur-
sos em iniciativas de reforma do ensino com foco exclusivo em Ciências e Matemática,
batizando o movimento global pelo acrônimo STEM.
10 VOLANTE, Louis. The PISA effect on global educational governance. New York: Routledge, 2017.
24
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Assim, o presente estudo defende a adoção do conceito STEAM no Brasil por entendê-lo
como mais representativo de uma perspectiva interdisciplinar, que alia conhecimentos
científicos (no campo da física, química, biologia, engenharia e matemática) àqueles ligados
à estética, às humanidades, ao design, à criatividade, ao pensamento crítico e sistêmico,
à linguagem (comunicação), todos eles indispensáveis ao método científico de investigação
e ao enfrentamento dos desafios atuais e futuros da sociedade.
Como visão geral, adota-se a definição extraída do projeto EuroSTEAM da União Europeia12,
que se baseia em uma “abordagem integrada entre as disciplinas de Ciência, Tecnologia,
Engenharia, Artes, Matemática, Humanidades e consciência ambiental, tendo a interação
entre as disciplinas como ponto central”.
11 CALIL, Beatriz M.; PUGLIESE, Gustavo. STEM ou STEAM: Para que serve o ensino de arte?. 27 maio 2019. Disponível em: https://porvir.org/
stem-ou-steam-para-que-serve-o-ensino-de-arte/. Acesso em 01 set. 2020.
12 HAESEN, Stefan; VAN DE PUT, Erwin. STEAM Education in Europe: a comparative analysis report. set. 2018. p. 11. Disponível em:
http://www.eurosteamproject.eu/res/Comparative_analysis_report_vlatest.pdf. Acesso em 24 ago. 2020.
2 O MOVIMENTO STEAM 25
13 No original: “STEAM is presented almost exclusively in the form of problems to the learners. The discipline is problem-centered which
means that subject-matter content and attitudes are learned through the solution of real-world problems. This already includes a
radical choice in pedagogy.... STEAM is considered to be an excellent vehicle to introduce the 21st century skills in education. Because
art work is more about questioning and understanding concepts than finding answers to a given problem, it is in essence inquiry-based
and as such is analogous with principles of critical thinking.”
14 HAESEN, Stefan; VAN DE PUT, Erwin. STEAM Education in Europe: a comparative analysis report. set. 2018. p. 11. Disponível em:
http://www.eurosteamproject.eu/res/Comparative_analysis_report_vlatest.pdf. Acesso em 24 ago. 2020.
26
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Assim, o próximo passo é compreender os princípios comuns do que seja STEAM, como
norte amplo para a formação dos estudantes pelos sistemas educacionais, tendo em vista
o contexto econômico, social e cultural específico de cada país e localidade. Tomando
como referência a sistematização de Gustavo Pugliese15, podemos considerar que o STEM
ou STEAM possui em seu DNA características vinculadas a três elementos pedagógicos
principais – metodologia de ensino-aprendizagem, currículo e visão sobre o papel da escola
na sociedade – os quais podem ser aplicados também. Assim, temos:
Estudo qualitativo em escolas norte-americanas traz insumos que dão mais clareza sobre
possibilidades de traduzir o STEM em práticas educacionais16. A partir de pesquisa junto a 20
escolas inclusivas de Ensino Médio nos Estados Unidos, foram identificados componentes
críticos e traços comuns entre elas, chegando a oito elementos-chave de identidade STEM
das escolas. Embora alguns dos componentes tenham sido encontrados em apenas alguns
modelos, acabaram incluídos entre os oito principais pelo fato de serem considerados
essenciais onde se fizeram presentes, como pilares da identidade desse movimento
educacional. O conjunto de fatores é reproduzido na tabela a seguir. O arcabouço pode
ser útil para embasar futuros estudos e sugerir alvos a serem perseguidos pelas escolas,
inclusive aquelas mais aderentes ao STEAM, fornecendo uma base comum para colaboração
e o diálogo entre gestores e profissionais de educação interessados no tema17.
15 PUGLIESE, Gustavo. STEM EDUCATION: um panorama e sua relação com a educação brasileira. Currículo sem Fronteiras, v. 20, n. 1,
p. 209-232, jan./abr. 2020. Disponível em: www.curriculosemfronteiras.org/vol20iss1articles/pugliese.pdf. Acesso em 24 ago. 2020.
16 LAFORCE, Melanie et al. The eight essential elements of inclusive STEM high schools. International Journal of STEM Education,
v. 3, n. 21, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40594-016-0054-z. Acesso em 24 ago. 2020.
17 Todas as escolas participantes do estudo são consideradas inclusivas, por terem a questão da equidade como uma das preocupações
do projeto pedagógico em STEAM.
2 O MOVIMENTO STEAM 27
Elemento Características
Alunos resolvam problemas para atingir objetivos de aprendizagem. Podem ser projetos
Aprendizagem mais extensos ou desenvolvidos em uma única aula. Algumas atividades ou projetos são
baseada em proble- problemas fabricados, enquanto outros são trazidos do mundo real e induzem o estudante
mas (PBL, na sigla a fazer conexões interdisciplinares, abrangendo ainda o suporte de parceiros externos à
em inglês) escola na instrução dos alunos e na facilitação por parte dos professores para o engajamen-
to dos estudantes em questões do mundo real.
Ideia de aprendizado adequado às características individuais, habilidades e interesses de
Personalização
cada aluno. Elementos associados a esse componente são a diferenciação da instrução
do aprendizado
dos alunos com base em suas necessidades, a autonomia e até mesmo horários flexíveis.
Diz respeito à instrução focada em processos e conteúdos desafiadores e de alta demanda
Aprendizado cognitiva para os alunos. Exemplos de componentes nesta área incluem a facilitação por
rigoroso parte dos professores para que os alunos se engajem em assuntos do mundo real, além de
participarem de trabalho de alto nível de exigência cognitiva.
Abarca instrução e experiências de aprendizagem voltadas a proficiências que os estu-
dantes usarão em suas carreiras futuras, nos próximos níveis de ensino ou ao longo da
vida. Esses componentes podem estar focados no desenvolvimento de conhecimentos
Carreira, tecnologias e habilidades nec essários a profissionais em carreiras STEM e/ou incluir habilidades úteis
e habilidades para em qualquer local de trabalho futuro, tais como comunicação e gestão do próprio tempo.
a vida Estão incluídos aqui o uso de recursos diversos pelos estudantes, participação dos alunos
em atividades de planejamento ou orientação de carreira, bem como estágios e mentorias
externas, e iniciativas lideradas por alunos como demonstração da incorporação de objeti-
vos de aprendizagem.
Diz respeito à cultura escolar e ao apoio às necessidades emocionais dos alunos. Muitas
Pertencimento à escolas descrevem sua própria cultura como parte essencial do sucesso dos estudantes.
comunidade escolar Alguns tratam esse ambiente escolar como familiar, outros exaltam o
seu profissionalismo.
Representa o esforço da escola e seu compromisso em estabelecer e manter relações com
os membros e instituições comunitárias ao redor. Em alguns casos, a escola pode ter uma
orientação acentuada para devolver algo à comunidade, em retorno ao suporte à educa-
ção. Em outros, pode se concentrar em ter presença na comunidade externa na forma de
Comunidade
feiras, olimpíadas do conhecimento e outros projetos semelhantes, destacando o com-
externa
partilhamento de suas melhores práticas com outras escolas como chave para o próprio
sucesso. Componentes nessa linha incluem: presença da escola na comunidade ao redor,
professores atuando como multiplicadores de boas práticas fora da escola e participação
dos alunos no aprendizado de serviços comunitários e de outra natureza.
Está centrado nas atividades intencionais previstas no modelo da escola para permitir aos
professores adotarem comportamentos alinhados aos componentes descritos anterior-
Fundamentos do mente. Seriam as fundações do modelo, segundo os entrevistados, que viabilizam todo o
trabalho em equipe resto. Inclui a colaboração entre as pessoas da equipe, suporte da escola ao crescimento e
desenvolvimento das lideranças, participação de professores e funcionários nas decisões
escolares e tempo regular dedicado ao planejamento em conjunto.
Alguns contextos e condições foram identificados também como chave para o sucesso. Em
geral, são fatores externos que podem contribuir ou inibir a implementação do projeto pe-
dagógico. Podem ser relacionados à natureza da organização ou mesmo um clima político
na comunidade. A participação familiar foi apontada por algumas escolas como fundamen-
tal. Outros falam de atitudes-chave da parte dos professores, tais como o reconhecimento
Fatores externos
de que todos os alunos podem aprender. Tanto o envolvimento da família quanto a atitude
dos professores, embora não sejam tecnicamente parte do modelo das escolas STEAM,
possuem grande impacto na sua efetivação. Nessa categoria encontram-se ainda uma
atitude flexível e aberta por parte dos professores para a mudança, bem como a percepção
da escola como sendo ligada à comunidade em seu entorno.
Fonte: Baseado em LAFORCE, Melanie et al. The eight essential elements of inclusive STEM high schools. International Journal of STEM Education,
v. 3, n. 21, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40594-016-0054-z. Acesso em 24 ago. 2020.
28
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Extrai-se dessa discussão que uma abordagem ampla de educação STEAM implica em
considerar estratégias pedagógicas que combinem teoria e prática e promovam um
trabalho e um olhar interdisciplinar das equipes, em especial dos professores. Mas inclui
também como pilar a interação da escola com o meio externo, a partir da presença da escola
na comunidade, assim como de agentes externos, como empresas e universidades, nos
processos educacionais. A necessidade de suporte permanente a gestores e professores
na condução das mudanças também aparece claramente.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM
OU STEAM
As narrativas utilizadas para iniciar o movimento STEAM variam
de acordo com o contexto político e cultural no qual o debate
se insere na agenda nacional. Existem, entretanto, alguns
desafios comuns observados que levam à decisão: escassez de
talentos em áreas científicas e de engenharia, ameaça de perda
de competitividade internacional e busca por manutenção da
liderança em áreas portadoras de futuro (tais como nanotec-
nologia, biotecnologia, energia e tecnologias de informação
e comunicação)18, entre outras. Ademais, nota-se em quase
todos os países desenvolvidos forte protagonismo e pressão
da indústria para introdução de reformas educacionais em
favor da abordagem STEAM.
18 BLACKLEY, Susan; HOWELL, Jennifer. A STEM narrative: 15 years in the Making. Australian
Journal of Teacher Education, v. 40, n. 7, 2015. Disponível em: https://ro.ecu.edu.au/ajte/
vol40/iss7/8/. Acesso em 25 ago. 2020.
32
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
(STEM) Education 5-Year Strategic Plan”, em 2013, exemplifica a diferença entre os con-
textos de base para a agenda nos EUA e na China. Ao comparar a formação em STEM nos
dois países o documento mostra que apenas 19% dos diplomas de graduação em nível
de bacharelado dos EUA, na época, eram em áreas STEM, contra um percentual acima
de 50% na China. Além disso, somente um em cada cinco egressos do Ensino Médio nos
Estados Unidos, com desempenho no percentil superior em Matemática nas avaliações
internacionais, escolhia carreira em STEM.
A Austrália, por sua vez, tem concentrado a atenção nos primeiros anos da escola,
devido à percepção de que é nessa faixa etária que se perde grande parte dos poten-
ciais talentos por falta de exposição e incentivos adequados. Desse ponto de vista,
o processo australiano mostra-se consistente com o histórico dos países analisados, que
começaram investindo mais na saída da Educação Básica, em articulação com o Ensino
Superior, incluindo possibilidades de formação técnica subsequente ao Ensino Médio,
movendo-se, em seguida, para o nível Fundamental até chegar, no último estágio de
política observado hoje na Austrália, ao Ensino Infantil. O caminho justifica-se pelo
papel indutor do resultado de avaliações internacionais de estudantes, como o Pisa, que
analisa o desempenho de alunos de 15 anos, faixa etária padrão de conclusão do ciclo
fundamental e entrada no Ensino Médio.
19 HOEG, Darren G.; BENZCE, John Lawrence. Values underpinning STEM Education in the USA: an analysis of the Next Generation Science
Standards. In: Science Education Policy, Jan. 2017. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/sce.21260. Acesso
em 14 set. 2020.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 33
O National Science and Technology Council (NSTC), criado em 1993 e coordenado pelo Presi-
dente, inclui ministros das áreas de ciência e tecnologia responsáveis pelas várias políticas
das agências federais. Esse grupo é, em última análise, o responsável pela definição dos
investimentos e prioridades. Subordinados ao NSTC funcionam cinco comitês temáticos
que assessoram a tomada de decisão em temas específicos, um deles é o CoSTEM.
Muito embora o Congresso norte-americano destine recursos anuais ao tema desde 1990,
e vários presidentes tenham criado pacotes específicos de prioridade para a agenda,
os resultados alcançados na educação pública até o momento mostraram-se inconclusivos.
De acordo com o “National Science Board’s Science and Engineering Indicators”, as habilidades
de STEM haviam melhorado de forma modesta no país nas primeiras décadas de 2000,
abaixo de outras nações. Segundo os dados, entre 2006 e 2015, alunos norte-americanos
de 15 anos ainda tendiam a desempenhar abaixo da média internacional da OCDE em
Matemática e apenas um pouco acima em Ciências.
20 EXECUTIVE OFFICE OF THE PRESIDENT OF THE UNITED STATES. Federal Science, technology, engineering, and mathematics
(STEM) education 5-year strategic plan. maio 2013. Disponível em: https://www.whitehouse.gov/sites/whitehouse.gov/files/ostp/
Federal_STEM_Strategic_Plan.pdf. Acesso em 25 ago. 2020.
34
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Assim, observa-se que agenda STEM norte-americana é executada por uma série de orga-
nizações públicas e privadas provedoras de educação e treinamentos diversos, além de
pesquisadores. Embora o sistema educacional do nível Infantil ao Médio seja primariamente
responsabilidade estadual ou municipal, o governo federal assume papel preponderante no
financiamento de pesquisa por meio da NSF, disseminando melhores práticas de ensino-apren-
dizagem a partir delas e usando diversos indicadores de financiamento e outros incentivos
concedidos aos estados para induzir a aplicação de modelos considerados bem-sucedidos.
Outra inovação foi a alocação de recursos em materiais não escolares de Educação STEM,
com o objetivo de garantir alinhamento com os currículos em atividades extraclasse
desenvolvidas por professores e alunos, como visitas a museus e outras atividades nessa
linha. Para isso, o “Smithsonian Institute” passou a gerir US$ 25 milhões anuais para,
em articulação com outras agências do CoSTEM que possuem centros de visitação pública
ligados a Ciências e Matemática, frequentados pelos alunos e professores (como a National
Aeronautics and Space Administration – NASA, por exemplo), produzir materiais em meio
físico e on-line, integrando as atividades extraclasse ao currículo regular em STEM.
O quadro a seguir, extraído do último plano quinquenal, Charting a Course for Success:
America’s Strategy for STEM Education (2018), dá uma medida da abrangência das metas e
da multiplicidade de atores mobilizados na agenda. O documento, produto de contribuições
de instituições públicas e privadas do nível local e nacional, define o papel da estratégia
nacional no contexto STEM norte-americano: de um lado, “orientar as ações do governo
federal ao longo dos próximos cinco anos” e, de outro, “servir como uma ‘estrela guia’
para a comunidade STEM, pois traça um curso para o sucesso coletivo”. Dessa forma,
“[o] governo federal incentiva as partes interessadas em educação STEM de toda a nação
a apoiarem os objetivos deste plano por meio de suas próprias ações.”21 22
21 No original: “Beyond guiding the Federal agency actions over the next five years, it is intended to serve as a “North Star” for the STEM
community as it charts a course for collective success. The Federal Government encourages STEM education stakeholders from across
the Nation to support the goals of this plan through their own actions”.
22 NATIONAL SCIENCE & TECHNOLOGY COUNCIL. Charting a course for success: America’s strategy for STEM education. 2018. p. 3.
Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED590474.pdf. Acesso em: 28 ago. 2020.
TABELA 2 – Objetivos da Educação STEM nos Estados Unidos
Rotas Objetivos DOC DoD DOE DHS DOI DOL DOS DOT ED EPA HHS NASA NSF SI USDA
Fonte: NATIONAL SCIENCE & TECHNOLOGY COUNCIL. Charting a course for success: America’s strategy for STEM education. 2018. p. 3. Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED590474.pdf. Acesso em: 28 ago. 2020.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM
35
36
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
24 EXECUTIVE OFFICE OF THE PRESIDENT OF THE UNITED STATES. Federal Science, technology, engineering, and mathematics
(STEM) education 5-year strategic plan. maio 2013. Disponível em: https://www.whitehouse.gov/sites/whitehouse.gov/files/ostp/
Federal_STEM_Strategic_Plan.pdf. Acesso em 25 ago. 2020.
25 Com base em entrevista realizada com James Dorsey, ativista no tema desde 1983 e diretor do MESA no Estado de Washington,
e Phyllis Harvey, coordenadora de projetos, em 24/07/2020.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 37
Para o diretor do programa, James Dorsey, um dos principais avanços ao longo do tempo
foi conseguir disseminar a visão, especialmente junto ao setor produtivo, de que uma
comunidade diversificada é melhor para os negócios e atividades de inovação. Esse
entendimento contribui para o esforço integrado e investimento significativo das empresas
em torno da promoção de mais equidade no sistema educacional, por meio das carreiras
científicas e tecnológicas.
A título de exemplo, alguns alvos das ações promovidas pelo MESA são:
• College Prep Program: visa a despertar o interesse dos jovens em STEM ao unir
os conceitos de sala de aula à prática do mundo real e inspirar os jovens em sua
jornada STEM para o ensino superior e seu sucesso futuro;
• Transfer Prep Program: programa de formação oferecido aos alunos nos Community
Colleges (instituições que oferecem cursos com duração de dois anos) para que
avancem em suas jornadas educacionais STEM em programas universitários de
quatro anos;
• University Program: apoia alunos carentes e sub-representados em universidades
públicas e privadas, fornecendo as ferramentas, recursos e suporte de que precisam
para obter diplomas STEM, especialmente em engenharia e ciências da computação.
38
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Desde 1988, o programa investe também na capacitação de professores por meio do que
hoje se chama MESA Academy for Science and Mathematics Educators (MASME). Ao longo
das cinco décadas de existência, o MESA já recebeu diversos prêmios em reconhecimento
ao trabalho de promoção de minorias nas áreas de STEM no país.
3.2 AUSTRÁLIA26
A Austrália tem uma abordagem educacional reconhecida por estruturar a formação dos
jovens com vistas ao futuro. Nos últimos 20 anos, criou um sistema nacional de Ensino
Técnico e Profissional articulado entre o setor produtivo e os provedores de educação,
de modo a acompanhar as tendências tecnológicas e de mercado, estabelecendo padrões
nacionais e desenhando as unidades de competência de sua “Matriz Nacional de Certifi-
cações”. A partir da Matriz, promove maior alinhamento entre currículos nas diferentes
trilhas de formação pós-secundária, muito diversificadas na Austrália, com as demandas
do mercado de trabalho. Isso resulta em maior empregabilidade e disponibilidade
de capital humano para sustentar as metas de produtividade da economia.
O país iniciou sua agenda em STEM na mesma época de países como a Alemanha,
sacudido também pelo “Pisa Shock”. O principal objetivo das estratégias adotadas nas
últimas décadas é trazer o setor produtivo para dentro das unidades educacionais,
a partir do Ensino e da responsabilidade compartilhada pelo planejamento de carreira
dos estudantes.
26 Com base em entrevistas com Cristina Elsner de Faria, gerente de Educação da Embaixada da Austrália no Brasil, em agosto de 2020.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 39
AUSTRÁLIA
Sistema nacional das políticas STEM
NISA e a Estratégia STEM Nacional são concebidas
em conjunto, com metas e objetivos complementares
Avaliação das iniciativas financeiras alimenta revisão da NISA e da Estratégia em STEM, periodica-
mente. O Ministério da Educação (DESE) avalia as atividades de STEM relacionadas às duas políticas
Fonte: Elaborado com base em AUSTRALIA. Department of Education. Support for science, technology, engineering and mathematics (STEM).
Disponível em: https://www.education.gov.au/support-science-technology-engineering-and-mathematics. Acesso em 25 ago. 2020.
27 AUSTRALIA. Department of Education. Evaluation of early learning and schools initiatives in the National Innovation and Science
agenda. jan. 2020. Disponível em: https://docs.education.gov.au/documents/evaluation-early-learning-and-schools-initiatives-national-
innovation-and-science-agenda. Acesso em 25 ago. 2020.
40
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Os estados também elaboram suas próprias estratégias com metas e objetivos regionali-
zados, alinhados às políticas nacionais. Cabe ressaltar que na Austrália a Commonwealth
exerce um papel de concertação do diálogo e de convergência de posições entre estados
na formulação de políticas nacionais. Os estados e territórios têm a responsabilidade legal
pela efetiva aplicação das políticas e por seus resultados. Daí a importância estratégica
de políticas de coordenação.
No ciclo atual, a opção da Austrália está sendo investir mais nos primeiros anos da
educação, sem reduzir os níveis de recursos colocados no Ensino Vocacional e no
Superior, subsequentes ao Ensino Médio. Houve ainda a escolha por priorizar inicial-
mente o engajamento e interesse dos alunos em STEM para, numa etapa posterior,
focar em questões de desempenho e proficiência. Segundo dados disponíveis no site
oficial do governo Australiano28, o investimento em STEM nos primeiros anos da escola
no ciclo 2016-2026 da Estratégia Nacional é de $ 64 milhões de dólares australianos
(cerca de US$ 46,5 milhões) anuais, e mais $ 1,1 bilhão de dólares australianos
(em torno de US$ 800 milhões) investidos na Estratégia de Ciência, Tecnologia e
Inovação, que inclui ações de STEM.
• Garantir que os alunos concluam a Educação Básica com uma fundação sólida de
competências e habilidades relacionadas às áreas de STEM;
• Inspirar um número cada vez maior de alunos a buscarem desafios crescentes em
disciplinas e formações relacionadas a STEM, com foco em trajetórias ou trilhas
profissionais (career pathways) diversificadas nessas áreas.
30 São escolas que oferecem cursos de especialização técnica de dois anos frequentados por alunos entre 16 e 18 anos antes do ingresso
no ensino superior. Neles, são desenvolvidas capacidades e competências profissionais que são ao aluno o Senior Secondary Certificate
of Education (SSCE).
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 41
3.3 ALEMANHA
O país iniciou um grande programa de melhoria do ensino em Matemática e Ciências em
1998, no Ensino Médio. A iniciativa veio em resposta ao “Trends in International Mathematics
and Science Study” (TIMSS), iniciado em 1995, precursor dos padrões do Pisa. O exame da
“International Association for the Evaluation of Educational Achievement” (IEA), baseada no
Boston College, nos EUA, e em aplicação contínua desde então, testou mais de meio milhão
de estudantes no mundo inteiro, administrando também questionários para milhares de
professores e diretores de escolas. Investigou ainda os currículos de Matemática e Ciências
dos países participantes, analisando guias, livros de texto e outros materiais didáticos.
Os primeiros resultados foram divulgados em 1996 e 1997, com informações detalhadas
tanto sobre os sistemas de ensino quanto sobre o desempenho dos estudantes.
como República Tcheca, Bulgária, Hungria, Eslovênia e a Federação Russa31. Tendo ficado
atrás também de outras economias europeias como a Suíça, Bélgica e os Países Baixos32.
Em termos gerais, o país ficou pouco acima do nível mínimo de proficiência da prova, com
desempenho semelhante ao registrado para a Austrália.
A ideia era ir além de mostrar novidades pedagógicas aos professores, mas prover as
ferramentas e o suporte necessários para viabilizar sua aplicação imediata em sala de
aula. O projeto estimulava ainda a cooperação entre professores e escolas, formando
comunidades formais e informais de troca e apoio mútuo sobre novas práticas de ensino
nessas disciplinas. A linha do tempo abaixo oferece um panorama geral do projeto:
33 MENK, Marleen. The implementation of Educational Standards in Mathematics in SINUS for Primary Schools. IPN Journal, n. 4, mar.
2019. Disponível em: https://www.ipn.uni-kiel.de/en/the-ipn/archive/the-implementation-of-educational-standards-in-mathematics-
in-sinus-for-primary-schools. Acesso em 27 ago. 2020.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 43
O sucesso do modelo fez com que fosse recomendado para projetos europeus em larga
escala visando à melhoria da educação em ciências e matemática.
O chamado Sistema Dual Alemão, apesar de referência mundial e de sua adoção em outros
países, como a Áustria e a Suécia, por exemplo, tem sofrido críticas com relação à baixa
mobilidade entre suas distintas trilhas formativas. Apesar disso, as duas trilhas oferecem
retornos positivos e bastante semelhantes aos egressos. Segundo dados da OCDE,
as taxas de empregabilidade da população entre 25 e 34 anos com formação técnica são
de 86%, comparadas com 87% para egressos do ensino superior, na mesma faixa etária34.
No modelo técnico, os alunos frequentam programas com mais ou menos três anos de
duração, sendo metade da carga horária realizada em instituições educacionais e a outra
cumprida integralmente dentro das empresas sob a supervisão e avaliação direta de
mentores. Uma grande parte dos estudantes, depois de três anos de formação, nos quais
recebem salário de aprendiz, acabam incorporados pelas empresas.
Essa característica particular do modelo educacional torna o setor produtivo muito próximo
e integrado a questões de formação na Educação Básica, tendo levado o empresariado
a pressionar e participar ativamente de iniciativas STEM, ou MINT, na sigla em alemão.
34 NEHER, Clarissa. Por que a Alemanha decidiu investir 42 bilhões de euros em universidades. jun. 2019. Disponível em:
https://bit.ly/2XiL5oS. Acesso em 01 set. 2020.
44
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Assim, por meio do Fórum, oferecem de forma coordenada e clara a visão da sociedade
civil com relação a compromissos e capacidades de contribuição na efetivação de uma
agenda para o país. O Fórum nacional se desdobra também em estruturas locais e regionais,
que replicam localmente a iniciativa.
Trata-se de espaço privilegiado e neutro para discussão e troca, suportada pelo trabalho
de um grupo de especialistas (think tank) independentes, mantido pelo Fórum. Tal orga-
nização realiza trabalho de pesquisa, monitoramento, avaliação e revisão de políticas
subsidiando as discussões e ajudando a construir uma base comum de propostas e projetos
recomendados pelo Fórum, que atua influenciando a tomada de decisões no mais alto
nível político e empresarial do país.
O Fórum age também por meio de sua estrutura própria para garantir visibilidade na mídia
para a importância de ações nesse campo, como parte da estratégia. O ponto alto do
trabalho é a realização de um Congresso (Summit) anual, com a participação do alto escalão
do governo, inclusive da atual primeira-ministra, bem como de lideranças empresariais,
educacionais, de pesquisa, entre outros. A partir da visão comum construída no debate,
informado por resultados, avaliações e pesquisas sobre STEM na Alemanha e no mundo,
o Fórum propõe projetos, sugere prioridades de investimento, bem como necessidades
de ajuste. Desse ponto de vista, reflete o trabalho integrado para o desenho e a adoção
de políticas em STEM, uma vez que se vale da forte articulação entre a sociedade civil,
empresas e governo para gerar maior conscientização nas esferas pública e privada em
torno da importância do tema e propor estratégias de ação.
O STEAM entrou no currículo para fazer a ponte entre a formação e o objetivo de promover
a inovação. A função do STEAM seria produzir “um currículo integrador de disciplinas
nas quais os estudantes desenvolvam atitudes e hábitos de trabalho e colaboração, para
desenhar e construir soluções conectando Ciências, Matemática, Tecnologia e Práticas
Gerenciais”, conforme mencionado no portal do Ministério da Educação que apresenta
o currículo nacional.36
Em função da baixa articulação em torno da agenda que ainda prevalece nos países da
região, muitas organizações não governamentais internacionais, bem como fundações
Um dos principais desafios, entretanto, é efetivar as ações em cada escola, que possui
especificidades, características e dinâmicas próprias. Chegar a todos os pontos de oferta
de Educação de um país, respeitando e tirando proveito dessa diversidade, se constitui
em tarefa complexa e, ao mesmo tempo, vital para uma efetiva transformação do ensino.
O projeto STEAM Territory, apoiado pela Fundação Siemens (Siemens Stiftung, Alemanha),
ilustra bem as possibilidades de um modelo dessa natureza, que se organiza a partir dos
atores no entorno direto da escola. O objetivo é constituir redes regionais (ou clusters)
para endereçar desafios atuais na educação e no mundo do trabalho, assim como facilitar
o desenvolvimento social sustentável, tendo como eixo a abordagem STEAM.
A iniciativa está centrada na definição de território de ação, com base na qual se forma
um consórcio mínimo de representantes da sociedade local, coordenado por um dos
participantes. A proposta de uma “educação STEAM” pode ser aplicada de forma isolada
ou integrada a outros projetos mais amplos de desenvolvimento sustentável, como é o
caso da experiência colombiana descrita adiante.
37 Conforme apontado por Ulrike Wahl, responsável na Siemens Stiftung pelo Territory no Chile, em entrevista para Siemens Stiftung,
em dezembro de 2018. Disponível em: https://www.siemens-stiftung.org/en/media/background-stories-and-interviews/steamregions-
in-latin-america/. Acesso em 8 jan. 2020.
38 Com base em entrevista com Badin Borde, gestor de projetos na área de educação na Siemens Stiftung, e Ulrike Wahl, em 31 jul. 2020
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 47
O eixo do processo é a articulação na região geográfica alvo que pode ser uma cidade,
vários municípios, um estado ou apenas um grupo de escolas de bairros próximos.
Os projetos em operação na América Latina costumam reunir: universidades, autorida-
des locais de diversas áreas (não apenas da educação), fundações, empresas, gestores
escolares, professores, entre outros. Ulrike Wahl, responsável na Fundação Siemens pelo
Territory no Chile, enfatiza a necessidade de estabelecer um coletivo mínimo, que seja
plural o suficiente para colocar em prática uma agenda comum, contemple as diferentes
perspectivas e contribua para a sustentabilidade do projeto ao longo do tempo.
A Educação STEAM e o projeto Territory, nesse caso, integram um leque maior de iniciativas
voltadas para a sustentabilidade econômica, ambiental e financeira da região. Assim,
a formação STEAM funciona como um dos vetores da proposta de desenvolvimento
perseguida pela comunidade, integrando uma ampla plataforma. Cada um dos partici-
pantes entra na rede com seus potenciais, estruturas e problemas próprios, somando-se
na construção de soluções coletivas.
Universidade e desenvolvimento39
A importância de a universidade assumir a missão de cocriar soluções para a comunidade,
vinculando a formação dos alunos a partir da abordagem STEAM para o enfrentamento
de problemas concretos em seu entorno, inclusive como meio de garantir sua susten-
tabilidade, é reconhecida pela Universidade La Sabana, segundo Juan Carlos Camelo,
diretor da instituição de porte médio, com cerca de 15 mil pessoas entre alunos,
professores e funcionários.
Com apoio da Fundação Siemens, o projeto Territory, então coordenado pela La Sabana,
oferece material de capacitação, entre outros insumos, para formação de professores da
rede pública. O projeto de formação das Licenciaturas na Educação Básica acontece em
parceria com a “Sociedade Colombiana para a Ciência”.
39 Entrevista com Juan Carlos Camelo, diretor da Universidad La Sabana, e Carlos Humberto Barreto, da Licenciatura em Ciências da
Faculdade de Educação La Sabana e coordenador da Iniciativa STEAM na região, em 14/08/2020.
3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COM FOCO NA EDUCAÇÃO STEM OU STEAM 49
visão de STEAM em resposta a desafios, sem restrição com relação a áreas específicas de
conhecimento ou disciplinas.
Outro ponto fundamental tem sido a eficiência da divulgação científica. Um exemplo desse
esforço é a organização de Festival Astronômico periódico, que atrai toda a comunidade,
inclusive quem vive em áreas rurais afastadas, a fim de mostrar os frutos concretos das
iniciativas, que dependem do suporte permanente da população ao projeto.
De um modo geral, o setor empresarial pode contribuir de várias maneiras para a ini-
ciativa, tais como: participando cursos de formação de professores, envolvendo-se com
a orientação e formação de alunos, organizando visitas técnicas, viabilizando espaços e
laboratórios para atividades maker, ministrando palestras e concedendo bolsas de estudo.
As formas de interação dependem dos atores e arranjos dos respectivos territórios, mas
é fundamental construir essa integração entre os diferentes agentes pois são chave para
o sucesso do programa.
4 MOVIMENTO STEAM NO BRASIL 51
4 MOVIMENTO STEAM
NO BRASIL
Na seção anterior, procurou-se apontar que o cerne do debate
sobre STEAM é a transformação da cultura pedagógica, que
passa por incorporar potencialidades, conhecimentos e expe-
riências dos professores como eixo condutor do processo,
provendo os recursos financeiros e materiais necessários à
efetivação das mudanças. Já no Brasil, seguindo o padrão
latino-americano, o movimento STEAM não possui a mesma
dimensão apresentada em países avançados. As iniciativas
concentram-se em três frentes principais40:
40 PUGLIESE, Gustavo. STEM: O movimento, as críticas e o que está por vir. 23 abr. 2018.
Disponível em: https://porvir.org/stem-o-movimento-as-criticas-e-o-que-esta-em-jogo/.
Acesso em 01 set. 2020.
52
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Do ponto de vista das políticas públicas, existem ainda ações da parte do governo federal
para financiamento de programas de letramento científico e melhoria do ensino de Ciên-
cias (abordados no “Programa Ciência na Escola”, adiante), bem como editais e projetos
ligados a temas específicos, como gênero, por exemplo.
O “II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres” (2007) incluiu orientações para promoção
de maior inserção de meninas em carreiras científicas como parte das ações do governo
para correção da desigualdade de gênero. A decisão, tomada durante a II Conferência
Nacional de Políticas para as Mulheres, foi fruto da experiência interministerial iniciada
com o “Programa Mulher e Ciência”, lançado em 2005, por grupo composto pela Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da
Educação (MEC), entre outros. Tinha como objetivo estimular a produção científica e a
reflexão acerca das relações de gênero, mulheres e feminismo no País, bem como promover
a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas41.
A seguir, são apresentadas diversas vertentes do STEAM no Brasil. Parte delas, sobretudo
as localizadas no governo federal (CNPq, Capes, MEC e Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovações – MCTI), estão voltadas à “alfabetização científica” da população, definida pela
OCDE como “a capacidade de usar conhecimento científico, de identificar questões e extrair
consequências a partir de evidências, para que o cidadão possa compreender e tomar decisões
a respeito do mundo natural e das mudanças nele introduzidas pela atividade humana”43.
42 Entrevista com José Ricardo Santana, Superintendente Executivo da Secretaria Estadual de Educação de Sergipe, em 13/10/2020.
43 SCHWARTZMAN, Simon; CHRISTOPHE, Micheline. A educação em ciências no Brasil. In: SEMINÁRIO NACIONAL DO PROGRAMA
ABC NA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA – MÃO NA MASSA, 5. 2009. Disponível em: http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-210.pdf. Acesso em
01 set. 2020.
4 MOVIMENTO STEAM NO BRASIL 53
Como será possível perceber, há inúmeras experiências interessantes que contribuem para
a construção de uma cultura STEAM entre professores e para despertar o interesse dos
jovens nas áreas científicas e tecnológicas. Porém prevalecem iniciativas ainda pontuais,
com baixa ou nenhuma integração no país, o que tende a diminuir seu impacto no sistema
educacional como um todo. Além disso, em grande parte não se fundamentam na visão
STEAM enquanto uma abordagem integrada de educação que prepare para as carreiras
profissionais e para a vida. Contudo, as diversas experiências representam uma base
cultural relevante, que pode ser fortalecida a partir de mais investimentos e esforços por
maior integração, podendo dar origem a iniciativas mais robustas e em maior escala em
linha com o que se vê de mais atual e relevante no cenário internacional.
Nos últimos 18 anos, o programa da Febrace, que inclui a feira de ciências e diversos
ramos de atividades, incluindo workshops, treinamentos, cursos on-line, publicações e
iniciativas de comunicação, já atingiu mais de 13 mil alunos e 4 mil professores de mais
de 1.100 cidades de todos os estados brasileiros. Finalistas já foram classificados para
competições internacionais, como a Intel International Science and Engineering Fair (ISEF),
nos Estados Unidos. Na edição de 2017, três jovens brasileiros, destaque na Febrace,
foram premiados por suas criações, entre as quais um sistema que faz leitura cerebral
para diagnóstico de estado vegetativo de pacientes.
Todo o trabalho da Feira junto às escolas, e na seleção dos projetos, baseia-se na dissemina-
ção da abordagem investigativa e da metodologia das pesquisas científicas e tecnológicas.
A coordenadora geral da Febrace comenta que a origem de bons projetos de Ciências e de
Engenharia está em boas perguntas iniciais de pesquisa feitas pelos estudantes. Na sua
visão, dessa liberdade de observar e questionar o mundo ao redor, sem tabus ou restrições,
que precisa ser instigada nos jovens e acolhida pelos professores, nasce todo o resto:
inovação, tecnologia e a solução de questões relevantes para a sociedade. A experiência
tem mostrado que alunos expostos a essa abordagem trazem questões complexas e se
arriscam no desenvolvimento de soluções inovadoras46. Por isso é tão relevante apoiar os
docentes e gestores de educação, pois eles são os mentores desse processo criativo nas
escolas. A iniciativa relatada a seguir é uma resposta a essa preocupação.
Os participantes são selecionados por meio de chamada pública, sendo metade deles
gestores indicados pelas Secretarias de Educação estaduais e a outra metade professo-
res dessas disciplinas, com o objetivo de viabilizar a efetiva multiplicação das ações na
rede. Os 180 profissionais selecionados em cada edição precisam desenvolver em seus
estados de origem, após o encontro inicial de imersão, e com o acompanhamento da
equipe do projeto, projetos piloto, que recebem valores alocados pelo STEAM TechCamp
Brasil para esse fim.
– Escola do Inventor
O empreendimento nasceu da área de inovação da Watanabe Tecnologia Aplicada (WTA),
empresa de base tecnológica em reprodução animal, de Cravinhos, no interior de São
Paulo. João Guilherme Camargo dos Santos, atual coordenador da escola e seu fundador,
conta que tudo começou em 2013, quando começou a sofrer com a falta de pessoal para
desenvolver projetos de pesquisa. “Tínhamos dinheiro e descobrimos que faltava gente
para tocar o processo e fazer as coisas acontecerem”, lembra Santos50. Essa constatação
o levou a pesquisar processos de interação entre universidade e empresa no Brasil e em
Portugal, fazendo-o perceber que “tanto lá quanto aqui o problema que enfrentávamos
tinha origem muito antes, no Ensino Básico”.
Para começar a atacar o problema, criou a Escola do Inventor, que começou ministrando
oficinas em STEAM para os filhos dos funcionários da empresa, em cursos de férias, com
uma semana de duração, ou extracurriculares, com 86 horas de carga horária. A partir do
trabalho na empresa e do retorno dos alunos e das famílias, foram aparecendo outros
clientes interessados em oficinas de STEAM para a indústria ou grupos de professo-
res. “Por estranho que pareça, percebemos que tínhamos pessoas no nível gerencial,
em grandes empresas, que careciam de uma formação em STEAM para trabalhar melhor
diversos aspectos, como a gestão da inovação, entre outras questões de trabalho em
equipe”, comenta Santos.
A Escola do Inventor virou então uma empresa à parte, da qual a WTA é investidora, tendo
também cedido um de seus galpões em Ribeirão Preto para ser um espaço aberto de
experimentação e sede do novo empreendimento. A Escola do Inventor passou a desen-
volver materiais e oficinas de formação STEAM em diferentes formatos, todas baseadas
no método científico de investigação. As ideias e conceitos-chave são os mesmos, o que
muda é a linguagem e as atividades, adaptadas aos diferentes públicos, desde crianças,
passando por adolescentes, até chegar a executivos de empresas.
A Escola realizou a formação de 500 professores por todo o Brasil, inclusive nas comuni-
dades da Rocinha e da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, a partir do financiamento de
pessoas físicas e de empresas. Um dos objetivos da Escola é ser vetor da capacitação em
STEAM na rede pública, a partir do apoio da indústria.
52 A cultura maker está voltada para a formação crítica do aluno em todas as áreas do conhecimento a partir do fazer. Ao menos duas
premissas sustentam a cultura maker: a construção de um artefato, digital ou físico, e o compartilhamento do processo de fabricação
e/ou produto. (Conforme STELLA, Ana Lúcia et al. “BNCC e a cultura maker: uma aproximação na área da matemática para o ensino
fundamental”, Revista Inova Educ, n. 4, 2018. Disponível em: https://www.lantec.fe.unicamp.br/revista-inovaeduc/edicao-atual. Acesso
em 05/01/2021.). Nesse sentido, a cultura maker não é sinônimo do movimento STEAM, mas pode ser considerada complementar a ele,
já que os espaços makers são um meio de engajar os alunos e permitir que aprendam e apliquem os conhecimentos das áreas STEAM.
58
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
gratuito, em período integral, para alunos egressos da rede pública de Ensino Fundamental
desses municípios 53. Além da bolsa integral de estudo, são oferecidos uniformes, materiais
didáticos, alimentação e transporte aos estudantes. Desde 2019, os colégios passaram a
aceitar alunos pagantes (que somam cerca de 20% do total).
O objetivo principal é preparar melhor os alunos de baixa renda para a vida profissional e
ampliar o acesso dos mesmos ao Ensino Superior. Para isso, foi desenvolvido um Programa
de Preparação para a Universidade (PPU) dividido em três grandes áreas: Pré-Engenharia,
Pré-Ciências Sociais e Administração e Pré-Ciências Biomédicas. Todo o projeto pedagógico
foi pensado de forma integrada a partir de parcerias com especialistas internacionais,
entre eles a CORD (EUA), mencionada anteriormente.
Para atingir as metas, os programas preparatórios, em cada uma das áreas, se estruturam
em três fases, que refletem princípios STEAM. Na primeira, trabalham competências
gerais como resolução de problemas, pensamento crítico, trabalho em equipe, comu-
nicação e liderança, junto com uma orientação próxima e individualizada do aluno
com relação às diferentes carreiras e suas possibilidades. Na segunda fase, trabalham
com competências mais específicas de cada uma das grandes áreas de conhecimento,
terminando com um projeto final de curso no qual os alunos aplicam as habilidades e
competências adquiridas.
O curso exige dedicação integral e possui carga horária de 6.000 horas, o dobro do estabe-
lecido pela nova Reforma do Ensino Médio. Atende 960 alunos por ano e conta atualmente
com 3 mil egressos das duas unidades. Especificamente no PPU de pré-Engenharia, entre
2010 e 2014, 80% dos participantes ingressaram nas melhores universidades do país,
sendo 70% deles em cursos de Engenharia54.
54 LOURENÇÃO, Paulo et al. Embraer high school: engineering in the preparation for college program. CDIO CONFERENCE. Barcelona:
Universitat Politècnica de Catalunya, 2014. Disponível em: http://www.cdio.org/node/6141. Acesso em 05 jan. 2021.
4 MOVIMENTO STEAM NO BRASIL 59
A partir de 2019, a escola aboliu a carga horária fixa por disciplina. Cada um dos 160 alunos
da escola tem uma divisão de tempo própria, por área, definida especialmente para suas
necessidades e potencialidades.
55 O método foi inspirado no trabalho realizado há mais de duas décadas pelo educador canadense Thomas Rudmik. Mais informações
em: http://www.fsnt.com.br/noticias/fabricante-de-maquinas-jacto-tem-escola-modelo-de-inovacao-em-sp/
60
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Segundo Tsen Kang, diretor de pesquisa de novos negócios do Grupo, o modelo tradi-
cional de educação responde bem às empresas hierárquicas, organizadas sob a lógica
de “comanda e controle”. Porém, essa abordagem não se aplica bem aos processos de
inovação, que exigem criatividade, flexibilidade, proatividade, liderança das pessoas. Logo,
para se tornar um grupo empresarial cada vez mais inovador e ágil, a Jacto percebeu que
era preciso mudar na origem, ou seja, aprimorar a formação dos alunos que no futuro
poderiam ser profissionais da empresa. Daí os investimentos na adoção do modelo de
aprendizagem mais autônomo, baseado em projetos, que avaliam como exitoso para
preparar os jovens para o ingresso no mercado de trabalho ou para continuar a formação
no nível superior.
58 Entrevistas realizadas com Eduardo Magrone, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 11/08/2020, José Fernandes Lima,
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 13/08/2020, Ricardo Fasti, Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP),
em 13/08/2020, e Cassiano Zeferino de Carvalho Neto, Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 11/08/2020.
62
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
O fato de estar na região do ABC paulista, muito industrializada, também permitiu usar
problemas enfrentados pelo setor produtivo local como fonte de projetos nos quais se
baseia o aprendizado, desde o início do curso. Assim, a comunidade no entorno se apro-
ximou da instituição, vendo um retorno imediato da presença da UFABC, dando origem
a projetos múltiplos também na vertente de Pesquisa e Extensão59.
O Brasil chegou a contar com mais de 30 bacharelados desse tipo (BI) após o marco
da inauguração da UFABC. Eduardo Magrone, da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), especialista no assunto e participante de comissão do MEC que avaliou os BIs,
em 2017, lamenta que a maior parte deles fracassou, sufocada pelo modelo de organização
tradicional das universidades, cujos departamentos das escolas, em geral, mostram-se
refratários à articulação entre as disciplinas.
59 Mais informações em https://www.ufabc.edu.br/; Episódio 13 da série “Sementes da Educação – UFABC”. Disponível em:
https://www.videocamp.com/pt/campaigns/quarentena-oz-sementes13/player?special_id=95753. Acesso em 02/09/2020.
Neste caso, o advento da BNCC, ao trazer exigências de ajuste nos cursos de Licenciatura,
responsáveis pela formação em nível superior dos professores do Ensino Médio, é um
ponto relevante. Ela vem se somar à Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que exige formação
em Licenciatura em área específica para poder lecionar nesse nível de ensino.
Essa demanda coloca para as Instituições de Ensino Superior o desafio de iniciar a revisão
da estrutura curricular e dos projetos pedagógicos das Licenciaturas, no sentido de aumen-
tar sua interdisciplinaridade, preparando os egressos para uma relação de construção
do conhecimento mais horizontal entre professor e aluno, incluindo a experimentação
como um dos pilares do ensino. Nesse aspecto, a Resolução CNE/CP número 2 de julho de
201562, que estabeleceu novas diretrizes para a área, ainda pouco efetivada nas escolas,
poderia servir de ponto de partida e suporte a esse processo.
61 Foi elaborado um documento de apoio à implantação das novas diretrizes, disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/
publicacoes/2020/6/documento-de-apoio-implantacao-das-dcns-do-curso-de-graduacao-em-engenharia/
O programa visa preparar as escolas do ensino regular e técnico para que ofereçam
atividades STEAM integradas ao currículo escolar. A porta de entrada da Educando no
sistema costuma ser as Secretarias Estaduais de Educação, em que se inicia o planejamento
conjunto das atividades, adaptadas ao currículo local. O trabalho pode ser financiado pelo
próprio fundo mantenedor da organização ou por um parceiro local da iniciativa.
63 O mapeamento torna possível o debate mais preciso em torno do assunto. O trabalho começou nas Instituições Federais de Ensino
Superior (IFES) e nos Institutos Federais (IFs) pelo fato de concentrarem 90% da oferta de Licenciaturas e espera estar concluído em 2021.
A USP mantém um fórum de Licenciaturas no qual vem tratando o assunto. A Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) também têm se debruçado sobre o tema.
64 Existem diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE), de 2015, exigindo que as Licenciaturas tenham identidade própria, e não
sejam meros apêndices do Bacharelado desta ou daquela área, contudo, Bernadete Gatti vê pouca evolução desde então. Entrevista
realizada em 07/08/2020.
65 Uma observação interessante do projeto, colhida a partir de conversas com os professores, está no maior engajamento de alunos por
vezes apáticos ou mesmo “rebeldes” em atividades escolares, a partir de uma abordagem STEAM. A partir de entrevista com Kelly
Maurice, coordenadora da Educando no Brasil, em 31/07/2020.
Desde 2009, o programa atendeu 768 escolas em 17 estados. Mais de 6.500 professores
foram treinados, com potencial de beneficiarem 574 mil estudantes. Além disso, as ava-
liações apontam que 84% das escolas participantes mostraram um crescimento de 20%
no rendimento dos alunos em matemática e 74% registram aumento na motivação dos
professores para a implementação de atividades “mão na massa” 67.
A chamada “Reforma do Ensino Médio” foi instituída primeiro por Medida Provisória em
2016. Tendo passado, posteriormente, por ampla discussão, chegando à sua versão final,
aprovada na forma da lei 13.415/2017. Veio alterar a LDB, estabelecendo duas partes
distintas para o currículo: uma comum e obrigatória, orientada pelas competências da
BNCC, e outra eletiva, formada pelos chamados itinerários formativos, em que os alunos
deverão escolher o que estudar para completar a carga horária total, de acordo com as
grandes áreas do conhecimento definidas pela BNCC. Houve ainda ampliação da carga
horária obrigatória do Ensino Médio de 2.400 horas para 3.000, sendo 1.800 destinadas
à parte comum e 1.200 aos itinerários formativos.
Assim, enquanto a BNCC traz a possibilidade de inserção do STEAM na parte comum do cur-
rículo, o novo Ensino Médio permite sua entrada por meio da definição dos novos itinerários
formativos, permitindo parcerias na oferta entre redes públicas e privadas de educação,
setor produtivo, universidades e outros atores habilitados a ofertarem cursos que podem
ser incluídos na carga horária do Ensino Médio como parte dos itinerários formativos.
É importante lembrar que a Educação no Brasil sempre foi muito regulada, e a flexibilidade
trazida pela LDB, de 1996, na esteira da Constituição de 1988, foi sendo incorporada
ao sistema aos poucos, a partir de orientações e regulamentos específicos, construídos
5 UMA JANELA DE OPORTUNIDADE PARA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO STEAM NO PAÍS 69
em amplo debate, nas últimas décadas. O início desse processo foram os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) para os diferentes níveis de ensino, trabalhados ao longo
dos anos 90 e início de 2000.
Todo esse esforço veio culminar na edição da BNCC, que traz as bases legais necessárias
para a efetivação da liberdade preconizada pela LDB nas salas de aula da Educação Básica,
sendo a etapa do Ensino Médio a última a concluir seu marco regulatório, justamente por
encerrar a formação básica.
Os estados têm até 2021 para se adaptarem ao novo regulamento. Portanto estão traba-
lhando na reformulação de currículos para submeterem aos Conselhos Estaduais de Educação
(CEE), que têm a palavra final na validação das mudanças, verificando sua consonância com
as diretrizes da BNCC e da Reforma do Ensino Médio, antes que comecem a valer em sala
de aula. O próximo passo será a revisão dos projetos pedagógicos das escolas.
Pela dimensão e extensão das mudanças em jogo, o Conselho Estadual dos Secretários
de Educação (Consed) organizou e lidera a “Frente de Currículo e Novo Ensino Médio”
integrada à “Agenda de Aprendizagem” prioritária de estados e municípios. A ideia é pro-
mover uma grande articulação com o maior número possível de atores, com configurações
distintas por estado, para tornar efetiva a mudança prevista na nova regulação, entre elas
o desenho dos novos itinerários formativos até o final de 2021.
Existe um enorme potencial para melhor preparar o aluno que sai do Ensino Médio para
sua entrada no Ensino Superior, bem como no pós-secundário subsequente. Para isso é
preciso diálogo intenso entre os atores tanto no desenho da arquitetura da oferta de
cursos, quanto do currículo. Na visão de Carlos Lordelo, coordenador do “Movimento
pela Base”69, assim como de José Ricardo Santana, professor da Universidade Federal de
Sergipe e diretor presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa e à inovação Tecnológica
do estado de Sergipe70, em um primeiro momento, as abordagens de STEAM podem ser
integradas aos itinerários formativos, especialmente à grande área de Ensino Técnico e
Profissional, no qual existe uma boa rede de infraestrutura instalada no país. Nesse caso,
a articulação com o sistema privado mantido pelo Sistema Indústria (Escolas do Senai
e Sesi, em especial) seria bem-vinda, havendo condições orçamentárias e operacionais.
69 Grupo que reúne representantes do setor privado e da sociedade civil dedicados à construção e implementação da BNCC e do Novo
Ensino Médio. Atua junto à “Frente de Currículo e Novo Ensino Médio” do Consed. Entrevista realizada em 20/08/2020.
Trata-se de uma agenda que exige, no entanto, rapidez para sua efetivação sob pena
de perdermos a janela de oportunidade única representada pelos novos itinerários for-
mativos, a Reforma do Ensino Médio e a BNCC. Embora exista uma variedade de atores
e instituições necessárias nesse processo que pode variar de acordo com a realidade
regional, destacam-se aqueles considerados essenciais para dar início à agenda proposta:
• Modelos de políticas “de cima para baixo” (estilo top-down) descritos neste estu-
do, com forte protagonismo governamental, normalmente contam com elevado
investimento de recursos financeiros e estruturas de incentivos em nível nacional.
São muito utilizados em países avançados como meio de induzir mudanças abran-
gentes nos sistemas educacionais;
• Modelos “de baixo para cima” (estilo bottom-up), ao contrário, nascem a partir
de processos de articulação local em torno de um modelo de desenvolvimento
específico. Ao longo do tempo, e a partir dos resultados alcançados pela ex-
periência, podem provocar a mobilização de instâncias mais abrangentes de
governo, inclusive no nível nacional. Apresentam a vantagem de salvaguardar o
modelo educacional de eventuais instabilidades ou mudanças políticas, além de
representarem uma alternativa de ação comunitária com retornos diretos para
todos os envolvidos;
• Os dois modelos podem conviver e se retroalimentar. Além disso, ambos pres-
supõem atuação empresarial forte e articulada para pressionar e mobilizar pela
adoção de ações seja no nível nacional, como parte de agenda ampla de compe-
titividade e inovação, ou no nível local, movendo diferentes atores a construírem
soluções e desenvolvimento para a comunidade;
• As empresas têm ainda papel fundamental na mudança da cultura pedagógica
porque possuem a capacidade de tornar a educação mais contextualizada e ali-
nhada às demandas sociais e de mercado, a partir do seu engajamento direto nos
sistemas educacionais;
• As universidades possuem capacidade única em termos de infraestrutura, for-
mação profissional, pesquisa em Educação e capacidade de articulação externa,
sobretudo em regiões onde existem níveis muito diferentes de densidade in-
dustrial, nas quais se colocam como ainda mais relevantes para a mudança da
realidade econômica. Isso torna o seu engajamento ativo no movimento STEAM
chave para produzir as mudanças de qualidade pretendidas, que se iniciam na
Educação Básica;
72
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Esse movimento nacional, que requer uma maior aproximação entre o mundo da escola
e do trabalho, pode ter lastro na articulação entre o setor empresarial e as Secretarias
Estaduais de Educação. Nesse sentido, a “Frente de Currículo e Novo Ensino Médio”,
liderada pelo Consed, pode ser uma porta de entrada, posto que se constitui em relevante,
senão o principal, fórum de discussão e articulação tanto da efetivação dos itinerários
formativos quanto das demais inovações trazidas pela BNCC e a Reforma, no nível do
Ensino Médio.
5 UMA JANELA DE OPORTUNIDADE PARA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO STEAM NO PAÍS 73
Para repensar e reorganizar as redes de ensino Médio e Técnico com o apoio efetivo do
setor empresarial, é importante que as Secretarias de Educação busquem definir com
clareza as demandas existentes, possibilidades de parceria, problemas e prioridades de
sua área de atuação, dando início à agenda STEAM em seus respectivos estados.
71 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação
inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura)
e para a formação continuada. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=136731-
rcp002-15-1&category_slug=dezembro-2019-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 28 ago. 2020.
74
EDUCAÇÃO STEAM – INSUMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA AGENDA PARA O BRASIL
Para além disso, a estrutura de Pesquisa e Extensão das IES pode aportar muito conheci-
mento, formação e inovação na cultura pedagógica das redes da Educação Básica, em geral,
tornando o processo sustentável, sistêmico e cada vez mais qualificado no tempo.
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