Empreendedorismo Modulo I

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Prof. Esp.

Nosser Igor Lima Cavalcante


PALAVRA DO PROFESSOR-AUTOR

Caros alunos,

O desenvolvimento do empreendedorismo é cada vez mais nítido quando


observamos a quantidade de organizações que são abertas a cada ano no Brasil, sejam
empresas fornecedoras de bens duráveis ou de consumo, ou empresas prestadoras de
serviço.
O problema consiste na falta de informação que, muitas vezes, se torna o grande
vilão e contribui para o fracasso dessas organizações.
Este material foi desenvolvido com o intuito de promover o conhecimento sobre
a origem do empreendedorismo, sua importância, bem como as habilidades necessárias
em um empreendedor. Assim, você no futuro poderá possuir o seu próprio
empreendimento e estará contribuindo com o futuro da nação através da geração de
emprego.
Ao ler este material de apoio, você, caro aluno, contará com o subsídio que
aperfeiçoará o seu conhecimento. Como complemento à sua formação, você deverá
participar on-line, através de atividades como fóruns de discussão, chats, wikis,
visualização de vídeos, etc.
Um grande abraço e bom estudo!

Nosser Igor Lima Cavalcante


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A cada dia, um número muito grande de organizações são fundadas. É possível


perceber esse fenômeno quando damos uma volta em nosso bairro e visualizamos uma
padaria que antes não existia, um mercantil onde é possível encontrar quase tudo, uma
loja de material de construção ou mesmo uma academia ou uma oficina mecânica que
surgiu devido à demanda dos moradores da área.
Muitos desses empreendimentos surgem de uma demanda latente das pessoas da
região, ou mesmo porque alguém resolveu arriscar a sorte em um negócio que conhece,
ou não. O fato é que a probabilidade de sucesso é maior quando existe conhecimento
sobre o investimento; quando quem coloca o negócio acredita que dará certo e luta para
que isso aconteça, quando há poder de liderança para convencer os colaboradores de
que sua ideia dará certo e que o sucesso depende de todos que compõem a organização,
desde o fornecedor até chegar ao cliente final, aí sim a possibilidade de sucesso
aumenta.
O empreendedorismo nasceu de um risco que Marco Polo, viajante mercador,
resolveu correr ao associar-se a um capitalista e negociar suas mercadorias. Hoje,
embora num contexto de globalização onde as trocas são muito rápidas, os riscos ainda
existem.
No curso de Administração de Empresa, a disciplina de Empreendedorismo tem
o intuito de apresentar um pouco mais sobre a origem, conceitos, habilidades, liderança,
motivação e etapas para a elaboração de um plano de negócios.
Os objetivos gerais dessa disciplina é permitir que os alunos possam adquirir
conhecimentos sobre os fundamentos do empreendedorismo, assim como das principais
práticas de gestão aplicadas pelas organizações (com ou sem fins lucrativos), tendo em
vista a busca da excelência de desempenho.
Caberá à disciplina Empreendedorismo, fazer com que os alunos possam
produzir, a partir das informações, os conhecimentos necessários para o
desenvolvimento das seguintes competências:
• senso de empreendedorismo;
• senso de responsabilidade social como um futuro empreendedor;
• senso crítico e capacidade de contextualização;
• capacidade de identificar, analisar e solucionar problemas;
• comunicação e expressão;
• desenvolvimento ético e pessoal;
• trabalho em equipe.
Busca também:
• o desenvolvimento da visão sistêmica da gestão a partir dos fundamentos de
excelência adotados nos modelos nacionais para avaliação da gestão nas organizações;
• a exploração e o conhecimento das principais práticas de gestão - bem como os
respectivos resultados - aplicadas em organizações reconhecidas como “classe
mundial”;
• o desenvolvimento da capacidade de transferir conhecimentos obtidos para o
ambiente de trabalho e seu campo de atuação profissional a partir de diferentes modelos
organizacionais;
• o estímulo à busca por autoconhecimento e percepção de si mesmo, por meio
de questionamentos colhidos da experiência concreta individual e coletiva;
• o conhecimento dos principais comportamentos e atitudes normalmente
observados em empreendedores de sucesso;
• o conhecimento do processo de criação de um novo empreendimento e do
desenvolvimento do plano de negócio como apoio;
• o conhecimento dos comportamentos e atitudes frequentemente encontrados
em empreendedores corporativos;
• a conscientização da importância de praticar, na vida, os conteúdos adquiridos
no curso, para que as competências mencionadas nos objetivos gerais deste plano sejam
plenamente desenvolvidas,
• o estímulo ao desenvolvimento de comportamentos e atitudes empreendedoras
nos alunos.
INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI


mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX (TIMMONS, 1990).
Como você definiria empreendedorismo?
O empreendedorismo, termo bastante usado atualmente em artigos, seminários e
palestras (talvez pela evolução da sociedade, da tecnologia e da globalização), se tornou
o foco de nossa curiosidade, pois sabe-se que ele é um grande aliado do
desenvolvimento econômico e das inovações.
Existem muitas pesquisas sobre o tema e a maioria acredita que o
empreendedorismo seja um dom-nato da pessoa, fruto de hábitos, costumes valores,
práticas e convivência com outras pessoas com a mesma habilidade.
Empreender é mais complexo do que se subestima. Ao futuro empreendedor, são
estabelecidas regras e meios que, se seguidos, minimizarão erros comuns cometidos por
jovens empreendedores.
O empreendedor é muito importante na sociedade. Ele acredita em seus sonhos
e, na busca de sua realização, abre novas frentes de trabalho e faz a economia andar e
impulsionar um pequeno bairro, uma cidade e assim por diante. Dolabela (2000)
ressalta que o empreendedor pode ser considerado como o motor da economia, pois ele
é quem faz a economia girar.
A busca por transformar um sonho em realidade faz com que cada vez mais
pessoas se lancem em um novo negócio, muitas vezes sem conhecer a realidade do
mercado, estando assim mais sujeitos ao fracasso. Do desejo de não se interromper um
sonho, surge a necessidade de se fazer um documento em que serão descritas as
características e aquilo que a empresa pretende ser. Esse documento recebe o nome de
plano de negócios.
O plano de negócios ainda não é muito utilizado no Brasil por questões culturais,
mas em outros países, principalmente da Europa, ele é muito utilizado e aprovado pelos
seus usuários. A divulgação do plano de negócios entre a sociedade é primordial para
um país como o Brasil, onde pessoas com espírito inovador estão constantemente
buscando realizar seus sonhos.
O plano de negócio é um “caminho das pedras” entre tantas possibilidades ao
futuro empresário.
Elaborar um documento como esse é visualizar previamente a empresa pronta,
como serão seus recursos financeiros, tecnológicos, sua estimativa média de produção,
futuras vendas, entre outros.
Neste trabalho apresentado, demonstraremos passo a passo, o que é ser
empreendedor e o desenvolvimento de um plano de negócio.

Material de Apoio
É de extrema importância que o aluno consulte os sites a seguir para poder se atualizar
com os conceitos do empreendedorismo:

<www.empreenderparatodos.adm.br>;
<www.dolabela.com.br>;
<www.sebrae.com.br>;
<www.redeincubar.org.br>;
<www.planodenegocios.com.br>;
<www.seusnegocios.com.br>;
<www.geranegocio.com.br>.
EMPREENDEDORISMO

MÓDULO 1 – PERFIL DO EMPREENDEDOR


O sucesso de um empreendimento inovador não depende de “mágica” e sim de uma
série de fatores e condições – tanto pessoais, como do negócio – que o empreendedor
deve levar em consideração antes de iniciá-lo.

Você sabe o que caracteriza uma pessoa empreendedora?

Você é um empreendedor?

Estas são perguntas que você poderá responder a partir do estudo deste módulo.
Você conhecerá melhor seu comportamento empreendedor.

Este módulo é composto de três capítulos:


 O PERFIL DO PROFISSIONAL EMPREENDEDOR
 O CENÁRIO ECONÔMICO E O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
 CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR
CAPÍTULO 01 – O PERFIL DO PROFISSIONAL EMPREENDEDOR

1.1. CONCEITO DE EMPREENDEDOR E EMPREENDEDORISMO

O termo empreendedor (entrepeneur) é de origem francesa e significa “assumir


riscos e começar algo novo”. Já o termo empreendedorismo tem sua criação atribuída ao
escritor e economista Richard Cantillon (séc. XVII), pois foi um dos primeiros a
distinguir o empreendedor (pessoa que assume riscos) do capitalista (fornecedor de
capital).
Em 1814, o economista francês Jean-Baptiste Say usou o termo “empreendedor”
para identificar o indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor de baixa
produtividade para um setor de produtividade mais elevada. O autor enfatizou ainda a
importância do empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico.
Schumpeter (1984), economista austríaco, defendeu o papel do empreendedor e
seu impacto sobre a economia. Ele definiu o termo como alguém com desejo e potencial
de converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem sucedida, tendo como
principal tarefa a “destruição criativa”. Para o autor, o empreendedor é capaz de
modificar a economia introduzindo novos produtos ou serviços no mercado.
Um empreendedor é capaz de conceder a algo já existente uma nova
funcionalidade. Constantemente empenha-se em descobrir oportunidades para inovar,
sem medo de assumir riscos. Aquele que empreende, além de ser capaz de detectar
oportunidades rentáveis, também busca informações e conhecimentos, pois entende que
esse é o caminho para o êxito do seu negócio.
Para Chiavenato (2005), ser empreendedor é ser uma pessoa com sensibilidade e
“tino” financeiro para os negócios; é ser dinâmico e realizador de propostas; é alguém
que inicia e opera um negócio para realização de uma ideia ou um projeto pessoal,
assumindo riscos, responsabilidades e, enfim, inovando em sua área de atuação.
Segundo Carvalho (1996, p.79-82),
[...] os empreendedores são indivíduos que têm a capacidade de criar algo
novo, assumindo responsabilidades em função de um sonho, o de obter
sucesso em seu negócio, estas pessoas são ousadas, aprendem com os erros e
encaram seu negócio como um desafio a ser superado; têm facilidade para
resolverem problemas que podem influenciar em seu empreendimento, e
mais, identificam oportunidades que possibilitam melhores resultados; são
pessoas incansáveis na procura de informações interessadas em melhorias
para o seu setor ou ramo de atividade, elevando ao máximo sua gestão.
De acordo com Bernardi (2010), a ideia de um empreendimento surge da
observação, da percepção e da análise de atividades, tendências e desenvolvimentos, na
cultura, na sociedade, nos hábitos sociais e de consumo. Assim também as
oportunidades detectadas, racional ou intuitivamente, nas necessidades e nas demandas
prováveis (atuais e futuras), bem como nas necessidades não atendidas, para o autor,
definem o conceito de empreendimento.
No Quadro 1.1 apresentamos um quadro-resumo, onde se destaca a definição de
empreendedor por diversos autores ao longo do tempo.
Quadro 1.1: Conceitos de empreendedor ao longo do tempo
Origina-se do francês significa “aquele que está entre” ou “estar entre”.
Idade Média Participante e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala.
Século XVII Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato de valor fixo com o
governo.
1725 Richard Cantillon – a pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital.
1803 Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separado dos lucros do capital.
1876 Francis Walker – distingue entre os que forneciam fundos e recebiam juros, e aqueles que
obtinham lucro com habilidades administrativas.
1934 Joseph Shumpeter – o empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda
não foi testada
1961 David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados
1964 Peter Drucker – o empreendedor maximiza oportunidades.
1975 Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e
econômicos, e aceita riscos de fracasso
1980 Karl Vésper – o papel do empreendedor pode ser delineado de diversas formas e tende a
apresentar-se diferente sob diversas perspectivas. Para um economista, um empreendedor
é aquele que junta recursos, trabalho, materiais e outros ativos em uma combinação
que aumenta seu valor, e também aquele que introduz mudanças, inovações e uma
“nova ordem”. Para um psicólogo, é uma pessoa tipicamente guiada por algumas forças:
necessidade de obter algo, experimentar, realizar, insubordinar-se. Um político contrário
pode ver o empreendedor como um subversivo difícil de controlar, enquanto um político
favorável pode vê-lo como uma pessoa que encontra meios efetivos de realizar coisas. Para
um homem de negócios, o empreendedor pode se revelar uma ameaça, um competidor
agressivo, enquanto para outro pode ser visto como um aliado, uma fonte de suprimento,
um consumidor ou alguém digno de receber investimentos
1983 Gofford Pinchot – o intraempreendedor é um indivíduo que atua dentro de uma
organização já estabelecida.
1985 Robert Hisrich – o empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor,
dedicando o tempo e os esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos
e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação
econômica e pessoal.
Fonte: Adaptado de Hisrich, 2009

Até o presente momento, não há uma definição única sobre


“empreendedorismo”. Há, no entanto, um consenso nos diversos idiomas em que é
empregado, onde o termo sugere inovação, risco, criatividade, organização e riqueza.
É importante lembrar que o fato de conhecermos acerca do empreendedorismo
não nos garante a posição de empresários geniais, como Steve Jobs ou Bill Gattes,
porém nos possibilita a noção de como ter melhores empresas e sermos melhores
empresários.
Os empreendedores são os heróis populares da moderna vida empresarial, a qual
depende deles para progredir. Atualmente, empreendedores já não são vistos apenas
como provedores de mercadorias que não interessam e que são movidos unicamente por
lucro em curto prazo. Ao contrário, são compreendidos como energizadores que
assumem riscos necessários em uma economia em desenvolvimento e produtiva.
São eles os que geram empregos, que introduzem novidades e incitam o
crescimento econômico. Os empreendedores são os agentes do processo criativo que
impulsionam e alavancam o mercado constantemente, criando novos produtos e
serviços, sobrepondo aos antigos métodos outros mais eficientes e de menor custo.
Embora alguns autores utilizem o termo empreendedor para caracterizar somente
os fundadores de empresas, Maximinano (2006) adora uma definição mais abrangente,
que inclui todos os sócios-proprietários ativos que gerenciam empresas. Desta maneira,
insere membros da segunda geração de empresas familiares e proprietários que
compraram empresas já existentes de seus fundadores.
Existem várias definições de empreendedorismo, mas todos os autores
concordam que empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em
conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. E a perfeita
implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso.
A ideia de espírito empreendedor está de fato associada a pessoas realizadoras,
que mobilizam recursos e correm riscos para iniciar organizações de negócios. Embora
existam empreendedores em todas as áreas da atividade humana, em seu sentido restrito,
a palavra designa a pessoa que cria uma empresa.
Segundo Ragonezi (2004, p. 14), empreendedorismo pode dizer pelo menos três
coisas:
1) A capacidade individual de empreender - a capacidade de tomar a
iniciativa, buscar soluções inovadoras e agir no sentido de encontrar a solução para
problemas econômicos ou sociais, pessoais ou de outros, por meio de empreendimentos.
2) O processo de iniciar e gerir empreendimentos - o conjunto de conceitos,
métodos, instrumentos e práticas relacionadas com a criação, implantação e gestão de
novas empresas ou organizações.
3) O movimento social de desenvolvimento do espírito empreendedor - é o
movimento social para a criação de emprego e renda, que recebe o incentivo dos
governos e instituições de diferentes tipos.
A partir dessa compreensão, Silva (2002, p. 22) apresenta alguns conceitos
divididos em duas categorias: aspectos individuais e aspectos sociais.
Conceitos que destacam o aspecto individual:
 Empreendedorismo é um comportamento e não um traço da
personalidade (DRUCKER, 2001, apud SILVA, 2002).
 Tem uma conotação prática, mas também implica atitudes e ideias.
 Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes
de fazer as coisas (INEMPRE-FEJAL, 2000, apud SILVA, 2002).
 Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza
visões (FILlON, 1991, apud
 SILVA, 2002).
 Empreendedor é alguém que possui a capacidade de sonhar e de
transformar esses sonhos em realidade (NASCIMENTO, 2000, apud
SILVA, 2002).
Conceitos que destacam o aspecto social:
 Um empreendedor, para ter sucesso, deve ter capacidade para julgar,
perseverança e um conhecimento do mundo tanto quanto do negócio.
Ele deve possuir a arte de superintendência e administração (SAY, 1803,
apud SILVA, 2002).
 Empreendedores são pessoas que têm a habilidade de ver e avaliar
oportunidades de negócios, prover recursos necessários para pô-las em
vantagens, e iniciar ação apropriada para assegurar o sucesso
(MEREDITH e NELSON, 1982, apud SILVA, 2002).
 Associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao
aproveitamento de oportunidades em negócios (SCHUMPETER, 1934,
apud SILVA, 2002).

1.2. HISTÓRICO DE EMPREENDEDORISMO E ESPÍRITO


EMPREENDEDOR

Quem é um empreendedor? O que é empreendedorismo? O que é uma trajetória


empreendedora?
Essas perguntas, que são feitas com frequência, refletem o crescente interesse
nacional e internacional nos empreendedores, em quem eles são e em como causam
impacto em uma economia. Apesar de todo esse interesse, uma definição concisa e
internacionalmente aceita ainda não surgiu. O desenvolvimento da teoria do
empreendedorismo é paralelo, em grande parte, ao próprio desenvolvimento do termo.
De acordo com Hashimoto (2006) o primeiro uso do termo “empreendedorismo”
foi registrado por Richard Cantillon, em 1755, para explicar a receptividade ao risco de
comprar algo por um determinado preço e vendê-lo em um regime de incerteza. Jean
Baptiste Say, em 1803, ampliou essa definição – para ele, empreendedorismo é aquele
que transfere recursos econômicos de um setor que produz menos para um setor que
tenha produtividade mais elevada e com maior rendimento, ficando, portanto,
convencionado que quem abre seu próprio negócio é um empreendedor.
A palavra entrepreneur é francesa e quer dizer aquele que assume riscos e
começa algo novo. Hisrish (1986) apud Dornelas (2005) faz uma análise histórica do
desenvolvimento da teoria do empreendedor.
Para ser um empreendedor, é muito importante saber que por trás de novas
ideias que vêm revolucionando a sociedade, existe muito mais do que visão de futuro e
talento. Também é necessário fazer uma análise, um planejamento estratégico-
operacional e ter capacidade de implementação, elementos essenciais no sucesso de
empreendimentos inovadores. Empreender tem uma natureza prática incontestável e,
sem dúvida, existem pessoas com um talento nato para isso.
Segundo Dornelas (2005, p. 15), “o empreendedor é aquele que faz as coisas
acontecerem, se antecipa os fatos e tem uma visão futura da organização”.
Durante o século XX, surgiu a maioria das invenções que revolucionaram o
estilo de vida das pessoas. Elas eram frutos de algo inédito ou uma nova forma de
utilização das coisas que já existiam, mas que ainda não haviam sido pensadas. E é claro
que, por trás dessas invenções, existiam pessoas com características especiais e que
queriam algo diferente.
Empreendedores são pessoas motivadas e apaixonadas pelo que fazem, que
querem ser reconhecidas e admiradas. Esses empreendedores estão revolucionando o
mundo, eliminando barreiras tanto comerciais quanto culturais, globalizando e
renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho, quebrando
paradigmas e gerando riqueza para a sociedade.
O fato é que o empreendedorismo finalmente começa a ser tratado no Brasil com
certa importância, seguindo o exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, onde os
empreendedores são os grandes responsáveis pela economia do país.
O dinamismo empresarial, o rápido crescimento econômico, o alto índice de
desemprego e as baixas taxas de inflação nos levam à conclusão de que o
empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando emprego e
prosperidade.
O empreendedorismo no Brasil começou na década de 1990, e seus principais
responsáveis foram o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e a Sociedade Brasileira para Exportação de Software (Softex). O ambiente
político-econômico do país não era propício, e o empreendedor praticamente não tinha
informações que lhe auxiliassem na jornada empreendedora.
Na Idade Média, o termo empreender foi utilizado para definir a pessoa que
gerenciava grandes projetos de produção usando os recursos disponíveis, geralmente do
governo do país.
Século XVII
O empreendedor estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar
algum serviço, fornecer produtos e, como geralmente os preços eram prefixados,
qualquer lucro ou prejuízo era só do empreendedor. Richard Cantilon (escritor e
economista) é considerado um dos criadores do termo empreendedorismo.
Século XVIII
Nesse século, o capitalista e o empreendedor foram diferenciados, devido ao
início da industrialização que ocorria no mundo.
Séculos XIX - XX
Os empreendedores foram confundidos com os gerentes ou administradores (o
que ainda hoje acontece). São analisados somente pelo ponto de vista econômico, como
pessoas que organizam a empresa, planejam, dirigem e controlam as ações
desenvolvidas na organização.

1.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO EMPREENDEDORISMO


O empreendedorismo pode apresentar vantagens e desvantagens para aquele que
for empreender.

Entre as principais VANTAGENS temos:


a) Geração de enorme ganho financeiro pessoal, o que pode ser verdade se o
empreendedor for, de fato, uma pessoa preparada e ciente de suas reais capacidades e
limitações.
b) Capacidade de geração de emprego e aumento do crescimento econômico.
c) Encorajamento do processamento de materiais locais em bens acabados para
consumo doméstico, bem como para exportação.
d) Capacidade de estimular uma competição saudável, que gera a criação de
produtos de maior qualidade.
e) Estímulo ao desenvolvimento de novos mercados.
f) Promoção do uso de tecnologia moderna em pequena escala.
g) Fabricação para estimular o aumento de produtividade.
h) Encorajamento de pesquisas e estudos, bem como o desenvolvimento de
máquinas e equipamentos modernos para consumo doméstico.
i) Desenvolvimento de qualidades e atitudes empreendedoras entre potenciais
empreendedores, os quais podem contribuir para mudanças significativas em áreas
distantes.
j) Liberdade em relação à dependência do emprego oferecido por outros.
k) Redução da economia informal.

Entre as principais DESVANTAGENS temos:


a) Requer muito trabalho, horas de dedicação e energia emocional.
b) Tensão inerente ao se dirigir um negócio próprio.
c) Ameaça constante de possibilidade de fracasso.
d) Os empreendedores precisam assumir os riscos relacionados ao fracasso.

Atividades de aprendizagem
1. Pesquise casos de empreendedores que foram bem sucedidos no mundo com ideias
simples e de baixo custo. É importante que você cite quais foram as suas invenções e
qual foi o material utilizado.
2. Aproveite também para realizar uma pesquisa e citar os casos mais recentes de
empreendedorismo no Brasil.

Material de Apoio
É de extrema importância que o aluno consulte o site a seguir para poder se atualizar e
ampliar seu conhecimento com os conceitos do empreendedorismo:

LINK: https://seer.imed.edu.br/index.php/revistasi/article/viewFile/612/522
CAPÍTULO 02 – O CENÁRIO ECONÔMICO E O EMPREENDEDORISMO NO
BRASIL

O empreendedorismo no Brasil teve


CURIOSIDADES
início com a chegada dos portugueses, a Em 17 de julho de 1972,
por iniciativa do BNDE e do
partir do século XVII, época em que foram Ministério do Planejamento foi
criado o Centro Brasileiro de
realizados os mais diversos Assistência Gerencial à Pequena
Empresa (Cebrae). Nos governos
empreendimentos, como os executados por Sarney e Collor (1985-1990), o
Cebrae enfrentou uma série de
Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de crises que o enfraqueceu como
instituição. Em 9 de outubro de
Mauá. Até hoje, ele ainda é reconhecido 1990, o Cebrae foi transformado
em Sebrae pelo decreto
como uns dos primeiros grandes nº 99.570, que complementa a
Lei nº 8029, de 12 de abril.
empreendedores do Brasil.
A seguir, você poderá conferir Para conhecer a história do
SEBRAE, acesse:
algumas ações que elucidam a importância do http://www.sebrae.com.
br/customizado/sebrae/
Barão de Mauá neste contexto: institucional/quem-somos/
historico/
a) Organização de companhias de
navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no
Amazonas.
b) Implantação, em 1852, da primeira ferrovia brasileira entre Petrópolis e Rio
de Janeiro.
c) Implantação de uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio de
Janeiro, em 1854.
d) Inauguração do trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia
pavimentada do país, entre Petrópolis e Juiz de Fora, em 1856.
O empreendedorismo no Brasil teve início na década de 1920, com o
desenvolvimento de mais de 4.000 indústrias subsidiadas, protegidas e que possuíam
autorização do governo contra a concorrência internacional. No ano de 1936, o então
presidente Getúlio Vargas constituiu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a
primeira estatal no Brasil e, em 1960, no seu segundo mandato, criou o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e a Petrobras, estabelecendo assim o
incentivo à iniciativa privada.
No governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), o Plano de Metas permitiu a
abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro (isentando o pagamento de
tributos para a importação de máquinas e equipamentos), implantação da indústria
automobilística no ABC paulista e o desenvolvimento da indústria naval. Foi um
período bastante marcante para o empreendedorismo no Brasil.
Em 1972 foi criado o CEBRAE que, em outubro de 1990, passou a ser chamado
de Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Na década
de 80 surgiu a primeira iniciativa quanto ao ensino de empreendedorismo, através da
Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, com a
disciplina “Novos Negócios”. Outra grande contribuição foi dada pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, a qual inseriu a disciplina “Criação de Novas Empresas”
no curso de Ciência da Computação.
A partir da década de 1990, o empreendedorismo no Brasil ganhou destaque
com a abertura da economia. A partir da criação do SEBRAE (antes CEBRAE e agora
melhor organizado) e do SOFTEX (Sociedade Brasileira de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), o empreendedorismo foi alavancado. A crise econômica do final do século
passado, a desestabilização empregatícia e a abertura dos mercados iniciaram esse
movimento revolucionário no nosso país.
Ao longo do século XX outros empreendedores também deixaram sua marca na
história do empreendedorismo brasileiro:
Attílio Francisco Xavier Fontana – criou o Grupo Sadia (atual Brasil Foods,
resultado da fusão entre Sadia e Perdigão).
Valentim dos Santos Diniz – fundador da rede de supermercados Pão de
Açúcar, revolucionou o varejo com novas formas de atendimento ao cliente, alterações
nos sistemas de embalagem, refrigeração, técnicas de venda, publicidade e
administração, influenciando padrões de consumo e comportamento. Ele transformou o
que era apenas uma doceria no ano de 1948, em um grande grupo. É dono das marcas
Pão de Açúcar, Extra, Compre Bem, Sendas, Assai e Ponto Frio.
José Ermírio de Moraes – responsável pela transformação da Sociedade
Anônima Votorantim em um grande conglomerado, que atua em diversos segmentos,
tais como: têxtil, siderúrgico, metalúrgico, produtos químicos e cimento.
De acordo com pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor
(GEM) e divulgada pelo SEBRAE, em 2010, o Brasil apresentou a maior taxa de
empreendedorismo dos países que compõem o G20, grupo das maiores economias do
mundo e o BRIC (grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia,Índia e China).
Em 2010, o Brasil atingiu a taxa de empreendedorismo de 17,5% para
empreendimentos
de até 3,5 anos, contra 15,3% verificados em 2009. Constata-se, então, que a
cada 100 brasileiros, aproximadamente 17 empreenderam no ano passado.
É importante ressaltar que a TEA (Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial)
brasileira também foi maior do que a de países como Austrália (7,8%) e Estados Unidos
(7,6%).

Atividades de aprendizagem
1. Agora que você já sabe um pouco mais sobre as mudanças que vêm ocorrendo
nesse nosso mundo “globalizado”, procure pesquisar, na internet, ou ainda através dos
materiais disponíveis nas outras disciplinas do Curso, qual a situação atual do setor de
alimentos nos cenários mundial, nacional e também na sua região? Esse setor está
estagnado? Está em crescimento?
2. Você, como empreendedor, conseguiria identificar alguma oportunidade de negócio
nesse segmento? O que pode ser feito melhor, de forma mais rápida ou mais barata,
comparado às técnicas atualmente utilizadas nos processos de produção,
armazenamento, transporte, embalagem e comercialização desses produtos? Visite o
mercado de peixe do seu município e procure encontrar o “seu” produto. Boa sorte,
empreendedor!

Material de Apoio
É de extrema importância que o aluno consulte o site a seguir para poder se atualizar e
ampliar seu conhecimento com os conceitos do empreendedorismo:

LINK:
http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/mostraucsppga/mostrappga2014/paper/vi
ewFile/3735/1208
CAPÍTULO 03 - CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO
EMPREENDEDOR
O empreendedor de sucesso leva consigo uma característica singular, que é o
fato de conhecer, como poucos, o negócio em que atua, o que demanda tempo e requer
experiência. Talvez esse seja um dos motivos que levam à falência empresas criadas por
jovens entusiasmados, mas sem o devido preparo.
Outro fator que diferencia o empreendedor de sucesso do administrador comum,
para Dornelas (2005), é o constante planejamento a partir de uma visão de futuro. Esse
talvez seja o grande paradoxo a ser analisado, já que o ato de planejar é considerado
uma das funções básicas do administrador desde os tempos de Fayol. Então, não seria o
empreendedor aquele que assume as funções, os papéis e as atividades do administrador
de forma complementar a ponto de saber utilizá-los no momento adequado para atingir
seus objetivos? Nesse caso, o empreendedor estaria sendo um administrador completo,
que incorpora as várias abordagens existentes sem se restringir a apenas uma delas, e
interage com seu ambiente para tomar as melhores decisões.
Bernard Shaw disse: “O homem racional adapta-se ao mundo, o irracional tenta
adaptar o mundo a si mesmo. Portanto, todo progresso depende do homem irracional”.
Ser empreendedor significa ter a necessidade de realizar coisas, implementar idéias
próprias, enfrentar riscos e desafios confiante que conseguirá superá-los.
Uma análise comportamental dos empreendedores identificou comportamentos
que se manifestam e combinam de diferentes maneiras nessas pessoas realizadoras:
 Criatividade e capacidade de implementação
 Disposição para assumir riscos
 Perseverança e otimismo
 Senso de independência

3.1. O QUE PRECISA FAZER O EMPREENDEDOR

É muito comum o empreendedor reunir várias características de pessoas


vencedoras e se lançar numa atividade empresarial. Contudo, sem entender de negócios,
ele poderá ter muitas dificuldades. O amadorismo e a falta de conhecimento de
Administração muitas vezes são os fatores que determinam o fracasso do
empreendimento.
Conhecer do que faz
Em uma lanchonete alguém tem que saber como fazer um delicioso sanduíche.
Em uma loja de roupas alguém deve entender de moda e estilismo. O empreendedor
poderá ser esse expert do assunto. Saber e gostar do que faz é algo fundamental para
que o empreendimento dê certo.
Cuidar do capital investido x capital de giro
Subestimar a quantidade de dinheiro para tocar o negócio ou não cuidar da saúde
financeira (capital de giro) também são fatores que determinam o fracasso do
empreendimento. Uma empresa tem que ser lucrativa, ou seja, sua receita tem que ser
maior que suas despesas e esse valor (o lucro) deverá ser muito bem empregado. Além
de remunerar o capital investido (pagar o empreendedor pelo capital que ele investiu na
empresa) é importantíssimo que esse lucro sirva também para a ampliação do negócio,
como investimentos, melhorias e campanhas de marketing. Sem uma boa aplicação dos
lucros, o empreendimento poderá fracassar.
Gerenciar o negócio
Se o empreendedor não tem noções de Administração deverá ele buscar esse
conhecimento ou ter na sua equipe bons gerentes que possam executar as idéias do
empreendedor. Sem conhecer de negócios, a chance de o empreendimento dar certo são
pequenas. Pode até ter uma vantagem de mercado, ou de tempo, mas assim que começar
a sofrer pressão da concorrência ou problemas de mercado ou problemas financeiros, a
gestão profissional será requisitada.
Inovar no negócio
O empreendedor, por natureza, é uma pessoa criativa, inovadora e realizadora. A
inovação em produtos, forma de comercializar ou forma de produzir é essencial para a
empresa que é a melhor do mercado, aquela que lança moda e sai na frente. Criar
condições na empresa e destinar recursos para pesquisa e inovação, farão diferença para
se conseguir vantagem de mercado.

3.2. ESPÍRITO EMPREENDEDOR


Um indivíduo poderá ser considerado um empreendedor quando vender um
produto ou serviço utilizando novos sistemas e/ou meios de comercialização,
distribuição ou de produção como base para uma empresa, ou para um novo negócio.
Segundo Chiavenato (2005) e Lyrio (2008), o empreendedor é também um
agente transformador do meio através do uso das suas ideias. Ele geralmente consegue
identificar oportunidade para os negócios, tem habilidade financeira, além de ser
criativo e perseverante. Aspectos que, combinados adequadamente, o habilitam a
transformar uma ideia simples e mal-estruturada em algo concreto e bem-sucedido.
E como saber se a pessoa tem um espírito empreendedor?
Através de três características básicas: necessidade de realização, disposição
para assumir riscos e autoconfiança.
3.2.1. Necessidade de realização
As pessoas apresentam diferenças individuais quanto à necessidade de
realização. Algumas têm grande necessidade, outras têm pouca, e ainda existem aquelas
que se satisfazem com o status que adquirem. As pessoas com maiores necessidades de
realização, geralmente, gostam de competir com certo padrão de excelência e preferem
ser pessoalmente responsáveis por tarefas e objetivos que atribuíram a si próprias. É
possível observar essa característica em pessoas que iniciam novas empresas; elas são
ambiciosas e esses traços as acompanham desde a infância.
3.2.2 Disposição para assumir riscos
De acordo com McClelland (1987), as pessoas com alta necessidade de
realização também têm moderadas propensões para assumir riscos, isto é, elas preferem
situações arriscadas até o ponto em que podem exercer determinado controle pessoal
sobre o resultado; em contraste com situações de jogo em que o resultado depende
apenas de sorte. A preferência pelo risco moderado reflete a autoconfiança do
empreendedor.
3.2.3 Autoconfiança
Autoconfiança é um termo usado para descrever como uma pessoa está segura
em suas próprias decisões e ações, o que geralmente pode ser aplicado em situações ou
atividades específicas. Os empreendedores com autoconfiança enfrentam os desafios
que os rodeiam com total domínio sobre as situações que enfrentam. Os
empreendedores de sucesso enxergam os problemas relacionados a um novo negócio,
mas acreditam em suas habilidades pessoais para superá-los.
Figura 3.1: Elo das necessidades
Fonte: CTISM, adaptado dos autores

3.3. COMPETÊNCIAS E COMPORTAMENTOS DOS EMPREENDEDORES


Mesmo sem uma conotação determinística para a identificação de
comportamentos que podem levar o empreendedor ao sucesso, pesquisas em
empreendedorismo consistem no estudo dos comportamentos do ser humano.
Segundo Dolabela (1999), o indivíduo portador das condições para empreender
saberá aprender o que for necessário para criar, desenvolver e realizar sua visão. No
empreendedorismo, o ser é mais importante do que o saber: este será consequência das
características pessoais que determinam a metodologia de aprendizagem do candidato a
empreendedor.

3.3.1. Competências
Prahalad e Hamel (1995) explicam que, nas décadas de 1970 e 1980, a
qualidade, medida pelo número de defeitos, era indubitavelmente uma competência
essencial para os fabricantes de automóveis japoneses. A confiabilidade superior era um
elemento de valor importante para os clientes e um verdadeiro diferencial para os
fabricantes de automóveis japoneses.
Em muitos setores, qualidade, velocidade de chegada ao mercado e respostas
rápidas no atendimento aos clientes, antes verdadeiros diferenciais - estão se tornando
vantagens rotineiras.

3.3.2. Para valorizar sua competência o empreendedor deve:


 Aprender a negociar, realizar acordos comerciais com equilíbrio e
entender que uma boa negociação é aquela em que os dois lados ganham.
Dessa maneira, terá maior oportunidade de voltar a fazer negócios.
 Aprender a se comunicar. A comunicação é simples, porém é preciso
adquirir técnicas fáceis de trabalhar, entendendo e sendo entendido. A
boa articulação ao comunicar ideias por escrito ou verbalmente é
fundamental.
 Aprender técnicas de compras, procurar conhecer perfeitamente seu
produto e o do concorrente, dominar a arte de abastecer, girar produtos e
comprar certo.
 Aprender a ter autocontrole, pois vivemos e trabalhamos sob pressão o
dia todo e, portanto, devemos treinar o equilíbrio emocional.
 Entender que, finalmente, as organizações estão focando os clientes, pois
temos que fazer deles parceiros, uma vez que eles irão comunicar se
nosso produto está de acordo com suas necessidades. Se estiver, eles
ficam satisfeitos e voltam a comprar. Caso contrário, esquecem e irão
procurar o produto do concorrente. Temos que atender aos seus anseios,
seus sonhos.
 Aprender a usar ferramentas ECR (Efficient Consumer Response –
resposta eficiente ao consumidor).
De acordo com Prahalad e Hamel (1995), o desenvolvimento e o acesso às
habilidades e tecnologias é que irão determinar essa competência essencial. O
empreendedor, para se manter no mercado, deve saber lidar com os parceiros, fazendo
associações estratégicas. Uma competência fundamental é uma trama, tecida com fios
de habilidades e tecnologias distintas. O indispensável é a habilidade de harmonizar
uma ampla variedade de habilidades e tecnologias diferentes.

3.3.3. O valor da competência


Você já deve ter lido várias vezes essa mensagem muito simples, porém bastante
significativa para entendermos o valor da competência:

Um especialista foi chamado para solucionar um problema em um computador


de grande porte e altamente complexo, que vale 12 milhões de reais. Sentado
em frente ao monitor, pressionou algumas teclas, balançou a cabeça,
murmurou algo para si mesmo e desligou o computador.
Tirou uma chave de fenda de seu bolso e deu volta e meia em um minúsculo
parafuso. Então, ligou o computador e verificou que tudo estava funcionando
perfeitamente.
O presidente da empresa se mostrou surpreendido e ofereceu pagar a conta no
mesmo instante.
– Quanto lhe devo? – perguntou.
– São mil reais, por favor.
– Mil reais? Mil reais por alguns minutos de trabalho? Mil reais por apertar um
parafuso? Eu sei que meu computador vale 12 milhões de reais, mas mil reais
é um valor absurdo! Pagarei somente se receber uma nota fiscal com todos os
detalhes que justifiquem tal valor.
O especialista balançou a cabeça e saiu. Na manhã seguinte, o presidente
recebeu a nota fiscal, leu com cuidado, balançou a cabeça e saiu para pagá-la
no mesmo instante, sem reclamar

Nota fiscal:
Serviços prestados:
Apertar um parafuso..................................R$1,00
Saber qual parafuso apertar......................R$999,00

Fonte: <www.lacen.saude.pr.gov.br/arquivos/File/.../competencia.pps->. Acesso em: 07 jul. 2012.

3.4. CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR


Há quem confunda um bom administrador com um empreendedor, pois ambos
possuem similaridades e diferenças. Segundo Dornelas (2011), para ser empreendedor é
necessário ser um bom administrador. No entanto, ser um bom administrador não é
garantia de ser empreendedor, pois para isso é necessário, além de possuir habilidades
gerenciais, ousar, criar, ter paixão pelo que faz, assumir riscos e transformar seu
ambiente social e econômico.
A cada dia é crescente o número de pessoas que se arriscam em empreender
novos negócios e os motivos são variados: o fato de estar desempregado, ter
flexibilidade no horário de trabalho, ficar rico ou mesmo o fato de ter uma ideia. Porém
ter uma ideia e desenvolver um negócio não garante o sucesso do mesmo. É necessário
mais do que isso. É imprescindível conhecer bem o que se vai fazer e estar disposto a
correr riscos, a inovar, pesquisar e adquirir conhecimentos constantemente.
Um empreendedor apresenta um conjunto de características próprias de uma
pessoa diferenciada; a partir da identificação de uma oportunidade para empreender, ou
seja, para alterar, inovar ou criar algo, esta pessoa dá início a um processo de tomada de
decisão a fim de tornar algo já existente em algo não comum.
Algumas pessoas já nascem com maior qualificação para o empreendedorismo.
Outras, para Ragonezi (2004), não possuem tantos talentos inatos, mas isso não quer
dizer que não possam aprender e desenvolver essas capacidades. Esse desenvolvimento
é fundamental para toda pessoa que almeja implantar e gerir um pequeno negócio.
Estudiosos do assunto reconhecem que os empreendedores têm algumas características
básicas:
 Iniciativa - são pessoas que não ficam esperando que os outros (o
governo, o empregador, o parente, o padrinho) venham resolver seus
problemas. A iniciativa, enfim, é a capacidade daquele que, tendo uma
adversidade qualquer, age: arregaça as mangas e parte para a solução.
 Persistência - por estar motivado, convicto, entusiasmado e crente nas
possibilidades, o empreendedor é capaz de persistir até que as coisas
comecem a funcionar adequadamente.
 Autoconfiança - o empreendedor tem autoconfiança, isto é, acredita em
si mesmo. Se não acreditasse, seria difícil ele tomar a iniciativa. A crença
em si mesmo faz o indivíduo arriscar mais, ousar, oferecer-se para
realizar tarefas desafiadoras, enfim, torna-o mais empreendedor.
 Aceitação do risco - ainda que muitas vezes seja cauteloso e precavido, a
verdade é que o empreendedor os aceita em alguma medida.
 Sem temor do fracasso e da rejeição - o empreendedor fará tudo o que
for necessário para não fracassar, mas não é atormentado pelo medo
paralisante da derrota. Pessoas com grande amor próprio e receio do
fracasso preferem não tentar correr o risco de não acertar - ficam, então,
paralisadas.
 Decisão e responsabilidade - o empreendedor não fica esperando que os
outros decidam por ele. Ele toma decisões e aceita a responsabilidade
que elas acarretam.
 Energia - é necessária uma dose de energia para se lançar em novas
realizações, que usualmente exigem intensos esforços iniciais. O
empreendedor dispõe dessa reserva de energia, vinda provavelmente de
seu entusiasmo e motivação.
 Automotivação e entusiasmo - pessoas empreendedoras são capazes de
automotivação relacionada a desafios e tarefas em que acreditam. Não
necessitam de prêmios externos, como compensação financeira.
Igualmente, por sua motivação, são capazes de se entusiasmarem com
suas ideias e projetos.
 Controle - o empreendedor acredita que sua realização depende de si
mesmo e não de forças externas sobre as quais não tem controle. Ele se
vê capaz de controlar a si mesmo e de influenciar o meio de tal modo que
possa atingir seus objetivos.
 Voltado para equipe - o empreendedor em geral não é um fazedor, no
sentido obreiro da palavra. Ele cria equipe, delega, acredita nos outros e
obtém resultados por meio desses.
 Otimismo - o empreendedor é otimista, o que não quer dizer sonhador ou
iludido. Acredita nas possibilidades que o mundo oferece, na chance de
solução dos problemas e no potencial de desenvolvimento.
 Capacidade empreendedora - se uma pessoa tem capacidade
empreendedora, ela tem boa probabilidade de acertar no mundo do
pequeno negócio. Mas, a verdade é que os negócios exigem um pouco
mais do que pura e simplesmente o talento empreendedor.
O empreendedor de sucesso possui características extras que, de acordo com
Dornellas (2005), além dos atributos do administrador e algumas características
pessoais somados a características sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de
uma nova empresa. De uma ideia surge uma inovação, e desta, uma empresa.
 São visionários:
 Têm a visão de como será o futuro para o negócio e sua vida, e o
mais importante, possuem a habilidade de implementar seus sonhos.
 Sabem tomar decisões:
 Não se sentem inseguros; sabem tomar as decisões corretas na hora
certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo esse um
fator chave para seu sucesso. E, além de decidirem, implementam
suas ações rapidamente.
 São indivíduos que fazem a diferença:
 Os empreendedores transformam algo de difícil definição, uma ideia
abstrata, em algo concreto, que funciona na realidade. Sabem agregar
valor aos serviços e produtos que colocam no mercado.
 Sabem explorar ao máximo as oportunidades:
 Para a maioria das pessoas, as boas ideias são daqueles que as veem
primeiro, por sorte ou acaso.
 Para os visionários (os empreendedores), as boas ideias são geradas
daquilo que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático
para transformá-las em oportunidade, por meio de dados e
informação.
 O empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo
um indivíduo curioso, criativo, e atento a informações, pois sabe que
suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.
 São determinados e dinâmicos:
 Implementam suas ações com total comprometimento. Atropelam as
adversidades, ultrapassando os obstáculos com uma vontade ímpar de
“fazer acontecer”. Cultivam um
 inconformismo diante da rotina.
 São dedicados:
 Dedicam-se 24 horas por dia, 7 dias por semana ao negócio. São
trabalhadores exemplares, que encontram energia para continuar
mesmo quando há problemas pela frente.
 São otimistas e apaixonados pelo o que fazem:
 Adoram o seu trabalho, sendo esse amor o principal combustível que
os mantêm cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-os
os melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem,
como ninguém, como fazê-lo.
 São independentes e constroem seu próprio destino:
 Querem estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino.
Desejam criar algo novo e determinar seus passos, abrir seus próprios
caminhos.
 São líderes e formadores de equipes:
 Têm um senso de liderança incomum. São respeitados e adorados por
seus pares, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los,
formando um time em torno de si.
 São bem relacionados (networking).
 Sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam nos ambientes
interno e externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e
entidades de classe.
 São organizados:
 Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais,
humanos, tecnológicos e financeiros de forma racional, procurando o
melhor desempenho para o negócio.
 Planejam:
 Os empreendedores de sucesso planejam cada passo, desde o
primeiro rascunho do plano de negócios, até sua apresentação a
investidores e superiores, sempre tendo como base a forte visão de
negócio que possuem.
 Possuem conhecimento.
 São sedentos pelo conhecimento e aprendem continuamente, pois
sabem que, quanto maior o domínio sobre um ramo de negócio,
maior é a chance de êxito.
 Assumem riscos calculados:
 Talvez essa seja a característica mais conhecida dos empreendedores,
pois eles são aqueles que assumem riscos calculados e sabem
gerenciar o risco, avaliando as reais chances de sucesso.
 Assumir riscos tem relação com desafios. E, para o empreendedor,
quanto maior o desafio, mais estimulante será a jornada
empreendedora.
 Criam valor para a sociedade:
 Os empreendedores utilizam seu capital intelectual para criarem valor
para a sociedade por meio da geração de emprego, dinamizando a
economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de
soluções para melhorar a vida das pessoas.
Pode-se verificar que tais características podem ser identificadas e desenvolvidas
pelas pessoas. O talento pode se definir como aptidão natural ou habilidade adquirida.
Talento todo mundo tem, o importante é descobrir qual é, e saber usá-lo.

QUADRO 3.1. : CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES DE SUCESSO


Visionários Além de programarem sonhos, prevêem o futuro para o seu negócio e sua vida.
Tomam decisões Sentem-se seguros e tomam decisões certas, principalmente em momentos de crise,
além de programarem ações com muita destreza.
Exploram Identificam oportunidades e são indivíduos curiosos, atentos a informações como
oportunidades arma para ampliação de suas chances.
Determinados e Programam ações com comprometimento.
dinâmicos Mantêm-se sempre dinâmicos e não se acomodam com a rotina.
Dedicados Dedicam-se em tempo integral ao seu negócio. Não desanimam mesmo quando os
problemas surgem
Otimistas e Realizam o seu trabalho com paixão, por isso são os melhores vendedores de seus
apaixonados produtos ou serviços. Enxergam sempre o sucesso, nunca o fracasso.
Independentes Ambicionam ser donos do próprio negócio, modificar a realidade e gerar
empregos.
Enriquecem Acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios, no entanto,
esse não é seu principal objetivo.
Líderes e Têm capacidade de liderança. Respeitam, valorizam, estimulam e recompensam
formadores de seus funcionários, pois sabem que depende de sua equipe para obter sucesso. Além
equipes disso, captam os melhores profissionais para dar auxílio em áreas que não domina.
Realizam Possuem contatos externos que o auxiliam junto a clientes e fornecedores.
networking
Organizados Captam e alocam os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros de
forma racional, procurando o melhor desempenho para o negócio.
Planejam Planejam desde o plano de negócios até a definição de estratégias de marketing do
negócio e o seu desenvolvimento.
Conhecem Pesquisam, buscam informações em experiências práticas ou publicações sobre o
negócio em que atuam, pois quanto maior o conhecimento, maiores as chances de
êxito.
Assumem riscos Assumem riscos fazendo seu gerenciamento, de modo a não comprometer sua
calculados segurança.
Criam valor para Fazem uso de seu conhecimento para criar valor para a sociedade, com geração de
a sociedade empregos, dinamizando a economia e inovando a fim de facilitar a vida das
pessoas.
Fonte: Adaptado de Dornelas, 2011

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM EMPREENDEDOR?

FIGURA 3.2. – Características do Empreendedor

3.5. HABILIDADES EMPREENDEDORAS


Até alguns anos atrás, acreditava-se que o empreendedor era inato, que nascia
com um diferencial e era predestinado ao sucesso nos negócios. Pessoas sem essas
características eram desencorajadas a empreender. Como Dornellas (2005) já mostrou,
isso é um mito. Atualmente, esse discurso mudou e, cada vez mais, acredita-se que o
processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o
sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, do perfil
do empreendedor e de como ele administra as adversidades que encontra no dia a dia de
seu empreendimento.
Os empreendedores inatos, para Dornellas (2005), continuam existindo, e
permanecem sendo referências de sucesso, mas muitos outros podem ser capacitados
para a criação de empresas duradouras. Isso não garante que apenas pelo ensino do
empreendedorismo serão gerados novos mitos como Bill Gates, Silvio Santos, Olavo
Setúbal e Antônio Ermírio de Moraes. Porém, pode-se afirmar que todas essas pessoas
do mundo dos negócios só ocupam, ou ocuparam, tal posto devido ao esforço,
determinação e paixão pelas suas atividades. Toda atividade que é desenvolvida visando
pura e simplesmente o lucro, tende a fracassar. O dinheiro é uma consequência do
sucesso. No entanto, com certeza, o ensino de empreendedorismo ajudará na formação
de melhores empresários, melhores empresas e na maior geração de riqueza ao país.
Para ser um empreendedor de sucesso, além de apresentar características
importantes, algumas habilidades são também essenciais para aquele que empreende.
São elas: habilidades técnicas, habilidades administrativas e habilidades
empreendedoras, sobre as quais trataremos no próximo tópico.
Assim como foram abordadas características de empreendedores de sucesso, há
habilidades que são desenvolvidas de acordo com o passar do tempo. Essas são as
chamadas habilidades empreendedoras.
As habilidades requeridas de um empreendedor podem ser classificadas, de
acordo com Dornellas (2005), em três áreas: técnicas, gerenciais e características
pessoais.
As habilidades técnicas envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e saber
captar informações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e trabalhar em
equipe, além de possuir know-how técnico na sua área de atuação.
As habilidades gerenciais incluem as áreas de criação, de desenvolvimento e de
gerenciamento de uma nova empresa: marketing, administração, finanças, operacional,
produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa e ser um bom negociador.
Algumas características pessoais incluem: assumir riscos, ser disciplinado, ser
inovador, orientado a mudanças, ser persistente, além de ser um líder visionário.
HABILIDADES DO EMPREENDEDOR
TÉCNICAS relacionadas à redação, atenção, oralidade, organização,
treinamento, trabalho em equipe e know-how técnico.
ADMINISTRATIVAS referem-se à criação, ao desenvolvimento e à administração de
empresas.
PESSOAIS diz respeito ao controle interno (disciplina), risco, capacidade
de inovar, persistência, liderança visionária e orientação para
mudanças.
QUADRO 3.2.: Habilidades do Empreendedor

Podemos visualizar cada um desses itens de forma mais clara na Figura 3.3:

Figura 3.3: Tipos de habilidades empreendedoras


Fonte: CTISM, adaptado de Hisrich e Peters, 2009

A Escola de Empreendedorismo Zeltzer classifica as habilidades


empreendedoras de acordo com o que segue:
a) Pessoais – habilidades muito particulares.
b) Interpessoais – são oriundas da interação.
c) Sistematizadas – podem ser adquiridas através de treinamento.
d) Profundas – desenvolvidas apenas quando são vivenciadas.

QUADRO 3.3.: HABILIDADES EMPREENDEDORAS PESSOAIS


SISTEMATIZADAS PROFUNDAS
Planejamento – trabalho de preparação para Autoconhecimento – ciência dos seus potenciais, motivações
qualquer atividade no qual se estabelecem os e pontos de aprendizagem.
objetivos, as etapas, os prazos e os meios para
a sua concretização.
Determinação – disposição para Autoavaliação – capacidade de enumerar as próprias
realização/conclusão de atividades e superação características e realizações, com a avaliação crítica dos
de obstáculos. aspectos positivos e negativos.
Visão crítica – capacidade de identificar e Autoconfiança – conforto em relação ao autoconhecimento e
avaliar problemas e situações, através de autoavaliação. Resumido por: “EU POSSO”.
representação, categorização, análise e síntese.
Decisão – capacidade de avaliar várias Automotivação – alimentada pela causa pessoal, que dá
possibilidades, relacionar os prós e contras de sentido à vida e projetos de cada um.
cada uma, e decidir pela que melhor atende ao
contexto apresentado.
Busca do conhecimento – capacidade de Iniciativa – capacidade de iniciar uma atividade ou colocar em
buscar a informação e conhecimento prática uma ideia, por conta própria, sem depender da
necessários para realização de cada atividade. orientação de terceiros.
Criatividade – capacidade de ter fluência de ideias diferentes
do padrão, elaboradas, complexas e originais.
Visão de futuro – visão abstrata de algo que ainda não existe,
formulada de forma concreta, desenhando o caminho para que
ela possa existir.
Assunção de risco – capacidade de caminhar em relação ao
desconhecido, formulando hipóteses, tomando decisões e se
precavendo em relação às possibilidades de resposta. Quanto
mais clara é a visão de futuro, maior é a assunção de risco.
Persistência – um nível superior à determinação, onde a
automotivação permite resistir às frustrações e superar os
obstáculos mais difíceis.
Fonte: http://www.zeltzer.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&catid=1:habilidades-
empreendedoras--e-projetos&id=4:saiba-mais-sobre-as-habilidades-empreendedoras&Itemid=8

QUADRO 3.4.: HABILIDADES EMPREENDEDORAS INTERPESSOAIS


SISTEMATIZADAS PROFUNDAS
Trabalho em equipe – capacidade de realizar Cooperação – capacidade de se unir a pessoas em torno
atividades com grupos de pessoas que possuem de um propósito.
características, opiniões e interesses diferentes.
Comunicação – capacidade de expressar as próprias Sinergia – capacidade de gerar empatia, colaboração e
ideias (se fazer entender) e de compreender as ideias resultados significativos no trabalho em equipe.
dos outros.
Negociação – capacidade de discutir problemas e Flexibilidade – capacidade de elaborar várias
impasses, enumerando os aspectos positivos e alternativas para uma atividade ou problema,
negativos, e decidindo em conjunto a solução que receptividade para compreender e avaliar alternativas dos
será adotada, de forma que todos os participantes se outros, e capacidade de aceitar alternativas que sejam de
sintam atendidos. consenso do grupo, mesmo que não sejam suas
preferidas.
Persuasão – capacidade de expressar suas ideias,
detalhando os pontos positivos, e
avaliando/mitigando os problemas referentes aos
pontos negativos, desta forma convencendo os
outros da sua aplicabilidade.
Fonte: http://www.zeltzer.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&catid=1:habilidades-
empreendedoras-e-projetos&id=4:saiba-mais-sobre-as-habilidades-empreendedoras&Itemid=8

3.6. TIPOS DE EMPREENDEDOR


Não existe um único tipo de empreendedor ou modelo-padrão, é difícil rotulá-lo.
Esse fato mostra que tornar-se empreendedor é algo que pode acontecer a qualquer um.
A seguir são apresentados os tipos de empreendedores (DORNELAS, 2005).
Os empreendedores são classificados em sete tipos: O Empreendedor Nato, O
Empreendedor que Aprende, O Empreendedor Serial, O Empreendedor Corporativo, O
Empreendedor Social, O Empreendedor por Necessidade e O Empreendedor Herdeiro.

Tipo 01 – Empreendedor Nato


Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são brilhantes e,
muitas vezes, começam do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar muito
jovens e adquirem habilidade de negociação e de vendas. Em países ocidentais, esses
empreendedores natos são, em sua maioria, imigrante ou seus pais e avós o foram. São
visionários, otimistas, estão à frente do seu tempo e comprometem-se 100% para
realizar seus sonhos. Suas referências e exemplos a seguir são os valores familiares e
religiosos, e eles mesmos acabam por se tornar uma grande referência. Se você
perguntar a um empreendedor nato quem ele admira será comum lembrar-se da figura
paterno-materna ou algum familiar mais próximo. Ex. Assis Gurgacz, Pedro Mufatto,
Bill Gates.

Tipo 02 – O Empreendedor que aprende (inesperado)


Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma pessoa
que, quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a
decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio. É uma pessoa
que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se tornar uma via alternativa de
carreira em grandes empresas como a única possível. O momento de disparo ou de
tomada de decisão ocorre quando alguém o convida para fazer parte de uma sociedade
ou ainda quando ele próprio percebe que pode criar um negócio próprio. Geralmente
demora um pouco para tomar a decisão de mudar de carreira, a não ser que esteja em
situação de perder o emprego ou já tenha sido demitido. Antes de se tornar
empreendedor, acreditava que não gostava de assumir riscos. Tem de aprender a lidar
com as novas situações e se envolver em todas as atividades de um negócio próprio.

Tipo 03 – O empreendedor Serial (Cria Novos Negócios)


O Empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que
cria, mas principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se contenta em
criar um negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação. Como
geralmente é uma pessoa dinâmica, prefere os desafios e a adrenalina envolvidos na
criação de algo novo a assumir uma postura de executivo que lidera grandes equipes.
Normalmente está atento a tudo o que ocorre ao seu redor e adora conversar com as
pessoas, participar de eventos, associações, fazer networking. Geralmente tem uma
habilidade incrível de montar equipes, motivar o time, captar recursos para o início do
negócio e colocar a empresa em funcionamento. Sua habilidade maior é acreditar nas
oportunidades e não descansar enquanto não as vir implementadas. Ao concluir um
desafio, precisa de outros para se manter motivado. As vezes se envolve em vários
negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias histórias de fracasso. Mas estas
servem de estímulo para a superação do próximo desafio.

Tipo 04 – O empreendedor Corporativo


O Empreendedor Corporativo tem ficado mais em evidencia nos últimos anos,
devido à necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos
negócios. São geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e
conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos resultados para
crescer no mundo corporativo. Assumem riscos e tem o desafio de lidar com a falta de
autonomia, já que nunca terão o caminho 100% livre para agir. São hábeis
comunicadores e vendedores de suas ideias. Desenvolvem seu networking dentro e fora
da organização. Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time, mas sabem
reconhecer o empenho da equipe. Sabem se autopromover e são ambiciosos. Não se
contentam em ganhar o que ganham e adoram planos com metas ousadas e
recompensas variáveis. Se saírem da corporação para criar o próprio negócio pode ter
problemas no início, já que estão acostumados com as regalias e o acesso a recursos do
mundo corporativo.

Tipo 05 – Empreendedor Social


O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor
para as pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento singular.
Tem um desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não
têm acesso a elas. Suas características são similares às dos demais empreendedores,
mas a diferença é que se realizam vendo seus projetos trazerem resultados para os
outros e não para si próprios. De todo os tipos de empreendedores é o único que não
busca desenvolver um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus
objetivos ganhar dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o
desenvolvimento das pessoas.

Tipo 06 – O Empreendedor por Necessidade


O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem
alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não
resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em
negócio informal, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo
como resultado pouco retorno financeiro. É um grande problema social para os países
em desenvolvimento, pois apesar de ter iniciativa, trabalhar arduamente e buscar de
todas as formas a sua sobrevivência e a dos seus familiares, não contribui para o
desenvolvimento econômico. Na verdade, os empreendedores por necessidade são
vítimas do modelo capitalista atual, pois não tem acesso a recursos, à educação e às
mínimas condições para empreender de maneira estruturada. Suas iniciativas
empreendedoras são simples, pouco inovadoras, geralmente não contribuem com
impostos e outras taxas, e acaba por inflar as estatísticas empreendedoras de países em
desenvolvimento, como o Brasil. Sua existência em grande quantidade é um problema
social que, no caso brasileiro, ainda está longe de ser resolvido.

Tipo 07 – O empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar)


O empreendedor herdeiro recebe logo cedo à missão de levar à frente o legado
de sua família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de todos os
países, e muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias
empreendedoras, que mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova geração.
Mais recentemente, porém, tem ocorrido a chamada profissionalização da gestão de
empresas familiares, através da contratação de executivos de mercado para a
administração da empresa e da criação de uma estrutura de governança corporativa,
com os herdeiros opinando no conselho de administração e não necessariamente
assumindo cargos executivos na empresa. O desafio do empreendedor herdeiro é
multiplicar o patrimônio recebido. Isso tem sido cada vez mais difícil. O empreendedor
herdeiro aprende a arte de empreender com exemplos da família, e geralmente segue
seus passos. Muitos começam bem cedo a entender como o negócio funciona e a
assumir responsabilidade na organização, e acabam por assumir cargos de direção
ainda jovens. Alguns têm senso de independência e desejo de inovar, de mudar as
regras do jogo. Outros são conservadores e preferem não mexer no que tem dado certo.
Esses extremos, na verdade, mostram que existem variações no perfil do empreendedor
herdeiro. Mais recentemente, os próprios herdeiros e suas famílias, preocupados com o
futuro de seus negócios, têm optado por buscar mais apoio externo, através de cursos
de especialização, MBA, programas especiais voltados para empresas familiares.

Tipo 08 – O Empreendedor Normal (Planejado)


Toda teoria sobre empreendedorismo de sucesso sempre apresenta o
planejamento como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos
empreendedores. E isso tem sido comprovado nos últimos anos, já que o planejamento
aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-sucedido e, em consequência, levar
mais empreendedores a usarem essa técnica para garantir melhores resultados. O
empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca minimizar riscos, que se preocupa
com os próximos passos do negócio, que tem uma visão de futuro clara e que trabalha
em função de metas é o empreendedor aqui definido como o “normal” ou planejado.
Então o empreendedor normal seria o mais completo do ponto de vista da definição de
empreendedor e o que a teria como referência a ser seguida, mas que na prática ainda
não representa uma quantidade considerável de empreendedores. No entanto, ao se
analisar apenas empreendedores bem-sucedidos, o planejamento aparece como uma
atividade bem comum nesse universo específico, apesar de muitos dos bem-sucedidos
também não se encaixarem nessa categoria.

3.7. O MITO DO EMPREENDEDOR


Existem vários mitos sobre empreendedorismo, mas Dornelas (2005) destaca
três em especial:

Mito 1: empreendedores são natos, nascem para o sucesso.


Realidade:
• Enquanto a maioria dos empreendedores nasce com certo nível de inteligência,
empreendedores de sucesso acumulam relevantes habilidades, experiências e contatos
com o passar dos anos.
• A capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o tempo.

Mito 2: empreendedores são “jogadores” que assumem riscos altíssimos.


Realidade:
• Tomam riscos calculados.
• Evitam riscos desnecessários.
• Compartilham o risco com outros.
• Dividem o risco em “partes menores”.

Mito 3: empreendedores são “lobos solitários” e não conseguem trabalhar em


equipe.
Realidade:
• São ótimos líderes.
• Criam times.
• Desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas, parceiros,
clientes, fornecedores e muitos outros.

A essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e


oportunidades e a preocupação sempre presente com a melhoria do produto. Enquanto a
maior parte das pessoas tende a enxergar apenas dificuldades e insucessos, o
empreendedor deve ser otimista e buscar o sucesso, a despeito das dificuldades.
De acordo com Revista Exame (2002), existem algumas falsas verdades (mitos)
sobre os empreendedores e o empreendedorismo. Conheça-as através desta entrevista:

MITOS DO EMPREENDEDOR

Mito 1 – Não é possível desenvolver o empreendedorismo, você deve nascer


empreendedor

Nos Estados Unidos, os maiores responsáveis pelo surgimento de novos negócios são os
profissionais que foram demitidos de seus empregos e precisaram encontrar uma forma de
sobreviver. São gestores que viraram empreendedores por necessidade.

Mito 2 – Todo empreendedor inventou algo na garagem de casa quando jovem e tem uma
personalidade esquisita

O empreendedor americano médio tem entre 35 e 45 anos, dez anos de experiência numa
grande empresa e um perfil psicológico rico. Empreendedores são pessoas normais, como eu e
você.

Mito 3 – O objetivo de todo empreendedor é ser milionário

Todos os empreendedores que entrevistei, mesmo os que ficaram ricos, afirmam que isso não é
verdade. O que os motivou foi a vontade de criar algo novo e não a pergunta: bom, o que eu
posso fazer para ficar rico?

Mito 4 – Empreendedores não são muito confiáveis

Essa visão era muito comum quando eu era jovem. Agora responda: onde estão acontecendo os
maiores crimes do mundo dos negócios? Nas grandes empresas. Não faz sentido dizer que um
empreendedor deve ser menos respeitado do que um Chief Executive Officer (CEO).

Mito 5 – Um empreendedor precisa tomar riscos enormes


Como investem o próprio dinheiro, empreendedores tendem a ser muito conservadores. Os
maiores riscos são tomados pelos principais executivos das grandes empresas. Vários já me
disseram que apostariam um milhão de dólares numa nova ideia. Nenhum empreendedor faria
isso.

Mito 6 – Fazer um curso de Especialização em Administração de Negócio (MBA) é a


melhor forma de se transformar num empreendedor

Minha recomendação aqui é: economize seu dinheiro. O conhecimento sobre gestão vai fazer
falta depois que sua empresa atingir certo tamanho. Nessa hora pode ser uma boa ideia
contratar alguém com um MBA.

Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/gestao/noticias/falsas-verdades-sobre-empreendedores-m0042859
Atividade de aprendizagem
1. Faça uma entrevista com alguém que você conhece e considera como alguém
empreendedor. Nesta tarefa você deverá abordar questões como:
2. Há quanto tempo atua em seu negócio?
3. Qual foi sua principal motivação para iniciar o negócio?
4. É apaixonado pelo que faz?
5. Que tipo de riscos já correu para atingir seus objetivos?
6. Quais características possui que considera específicas de um empreendedor?
7. Em algum momento pensou em desistir do empreendimento?

Material de Apoio
Link de artigo científico para estudo:

http://www.pg.utfpr.edu.br/ppgep/Ebook/ARTIGOS/14.pdf

Filme
Assista ao filme “Quem mexeu no meu queijo” e comente sobre as características
empreendedoras dos personagens, promovendo um debate entre você e os seus colegas.

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=WzG_QOCEQJc

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