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INFÂNCIA 1
Estudo aborda abandono
Desemprego e drogas levam pais à Justiça
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Estudo feito com 396 famílias
em conflito com a lei no Rio de Janeiro, divulgado ontem, na abertura do Fórum da Sociedade Brasileira de Pediatria, revela que o
desemprego, o uso de drogas e a
falta de formação escolar marcam
os núcleos familiares que foram
parar na Justiça.
Segundo a pesquisa, 30% dos
que tiveram de dar explicações ao
Juizado da Infância viviam nas
ruas; 40% dos pais e 30% das
mães usavam algum tipo de droga. A falta de trabalho atingia 35%
deles e 30% delas.
Em 74% dos casos, o desemprego dos responsáveis durava mais
de um ano.
As famílias pesquisadas nos últimos quatro anos responderam
por situações de abandono dos filhos e corriam o risco de perder o
pátrio poder.
"Os pais estão sendo, historicamente, despotencializados. Não
têm oportunidades decentes de
educação e trabalho que dêem
condições de inserção social digna e, consequentemente, de criar
seus filhos", afirmou a pesquisadora Irene Rizzini, diretora do
Centro Internacional de Estudos e
Pesquisas sobre a Infância.
Desavenças e brigas entre pai e
mãe, maus-tratos psicológicos e
físicos contra as crianças, negligência aos filhos e insuficiência de
renda [ou falta dela] lideram a lista dos motivos que levaram os
pais a se explicar na Justiça.
A pesquisa também mostrou
que, em 54% dos casos, era só a
mãe quem comandava a família,
em geral (67%) composta por três
ou mais filhos.
"Os indicadores ajudam a traçar estratégias de combate ao
abandono familiar à criança. A
falta de programas de apoio à família, de atividades de lazer para a
criança, de habitação e trabalho
acaba em problemas na Justiça",
disse o juiz Siro Darlan, da 1� Vara
da Infância e da Juventude e coordenador do estudo.
O ECA (Estatuto da Criança e
do Adolescente) determina que é
dever do Estado assistir a família.
Livro
Os reflexos das transformações
sociais e da família e seus impactos na infância e na juventude são
o tema central dos debates do Fórum da Sociedade Brasileira de
Pediatria.
A intenção dos organizadores
do evento é tentar traçar estratégias para que médicos, com a ajuda de pesquisadores e entidades
sociais, entendam com maior
exatidão como são formados,
quais problemas enfrentam e
quais as características dos núcleos familiares da atualidade.
Os debates e palestras, com a
presença de pediatras de todo o
país, vão ser publicados em livro.
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