� senador pelo DEM-GO.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Ajuste fiscal do governo Temer tornou-se encena��o
Alan Marques/Folhapress | ||
O presidente interino Michel Temer passa em frente a slogan 'Ordem e Progresso', usado por seu governo |
A sa�da da presidente Dilma Rousseff n�o pode ser vista apenas como a queda de um governo e a ascens�o de outro. Precisa simbolizar algo bem mais amplo e significativo: o fim efetivo de um projeto criminoso de poder (nas palavras do ministro Celso de Melo, do STF), de teor populista-bolivariano, que arruinou o Brasil.
Al�m da ru�na econ�mica, imp�s uma queda de padr�o moral sem precedentes � vida p�blica. Suced�-lo implica redirecionar o pa�s n�o apenas em termos pol�ticos, econ�micos e administrativos mas, sobretudo, quanto a valores e princ�pios.
As multid�es, que em quatro manifesta��es sucessivas ocuparam as ruas, condensavam nos protestos contra a corrup��o os anseios por uma nova e diametralmente oposta maneira de governar.
Nela, n�o h� espa�o para a demagogia, que leva o governante a jogar para a arquibancada, em detrimento do bom senso e do genu�no interesse p�blico.
N�o h� mais condi��es de governar sob o jugo corporativo, de minorias organizadas, subsidiadas com dinheiro p�blico, que pretendem se sobrepor � sociedade. E n�o h� espa�o para a pol�tica fisiol�gica, em que a m�quina do Estado � moeda de troca. Imp�e-se algo maior: a refunda��o da Rep�blica.
A sa�da da presidente � um grande passo, mas insuficiente para lidar com o seu tr�gico legado. O pa�s quer mais, embora entenda as limita��es de um presidente que assume em tais condi��es. Mas essas limita��es n�o impedem que se deem os primeiros passos.
Mais que uma reforma pol�tica, � preciso reformar os pol�ticos, a mentalidade vigente, trazendo-os a essa nova realidade que se descortina a partir do impeachment. Ele n�o ocorre por quest�es pontuais, embora esteja juridicamente limitado a elas.
Sabe-se, por�m –e isso evidentemente influir� na vota��o–, do que de fato estamos tratando, do tamanho do estrago, que n�o se limita aos crimes de responsabilidade, embora sejam graves o suficiente para depor um presidente. Mas � bem mais.
Trata-se de remover um projeto revolucion�rio e criminoso, que vigeu por 13 anos, dilapidando e aparelhando o Estado e a pr�pria sociedade civil, contaminando com a propaganda ideol�gica desde o ensino fundamental at� a pol�tica externa.
A simples troca de comando n�o ser� suficiente para bani-lo. � preciso que sinais claros sejam emitidos pelos que o sucedem. E n�o est�o sendo. O ajuste fiscal do governo Temer tornou-se uma encena��o, que come�ou com a aprova��o de reajustes para 14 categorias de servidores, e prossegue com mais uma leva de aumentos. O dos sal�rios do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, repercute em cascata sobre outras remunera��es, como a dos deputados e senadores. Como se n�o bastasse, fala-se na recria��o de minist�rios rec�m-extintos para acomodar aliados.
Diante disso, o ministro da Fazenda admite que, fracassando o ajuste –e, nos termos expostos, h� chance de �xito?–, n�o hesitar� em aumentar tributos. E o povo que pague.
N�o posso apoiar, nem pol�tica, nem moralmente, esse procedimento, sob pena de cumplicidade com uma pr�tica que a popula��o quer ver banida e a cujo clamor atendi ao votar pelo impeachment e pelo fim do bolivarianismo no Brasil.
O que vejo, at� aqui –e s� posso falar do que vejo–, s�o projetos populistas, a poucos dias das elei��es municipais. N�s, que clamamos pelo ajuste –e pelo in�cio do saneamento da economia–, passamos por vil�es, pois n�o nos curvamos ao lobby corporativo, enquanto os que se curvam, os verdadeiros vil�es, passam por benfeitores. Desse teatro, definitivamente, n�o participo.
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