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Por Andrea Vialli — Para o Valor, de São Paulo


Fórum Ambição 2030, realizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil em parceria com a coalizão Aya Earth Partners no último dia 7, em São Paulo, reuniu mais de 1.000 participantes, sendo 200 lideranças de grandes empresas — Foto: Carol Carquejeiro/Valor
Fórum Ambição 2030, realizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil em parceria com a coalizão Aya Earth Partners no último dia 7, em São Paulo, reuniu mais de 1.000 participantes, sendo 200 lideranças de grandes empresas — Foto: Carol Carquejeiro/Valor

A Agenda 2030, conjunto de metas e ações das Nações Unidas para enfrentar as principais questões sociais e ambientais do mundo até o fim da década, caiu no gosto dos CEOs e ganhou dimensão mais estratégica nas empresas.

Um termômetro desse movimento foi dado pelo Fórum Ambição 2030, realizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil em parceria com a coalizão Aya Earth Partners, no dia 7, em São Paulo, que reuniu mais de 1.000 participantes, sendo 200 lideranças de grandes empresas. O evento, que teve a Editora Globo como midia partner, por meio das marcas “O Globo”, Valor e “Época Negócios”, debateu os principais temas dessa agenda no Brasil e o andamento do cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), nas áreas de erradicação da pobreza e da fome, mudanças climáticas, trabalho digno, saúde e direitos humanos, entre outras.

A adesão das empresas brasileiras ao Pacto Global da ONU vem crescendo - hoje são 1.900 membros, quase o dobro em relação ao registrado em 2020, o que colocou a rede local entre as três maiores do mundo, ao lado de Espanha e França.

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Além de palestras com especialistas e mesas-redondas com CEOs de empresas, o Fórum Ambição 2030 avaliou o andamento da estratégia Ambição 2030, que consiste na adesão das empresas a oito movimentos com metas mais específicas, cujo propósito é acelerar o cumprimento dos ODS.

Entre elas, está alcançar 1,5 mil empresas com 15 mil pessoas negras (ou de origem indígena e quilombola) e 11 mil mulheres em postos de liderança até 2030; reduzir as emissões de carbono das companhias em 2 gigatoneladas - o equivalente às emissões brutas do Brasil durante todo o ano de 2020 - e também impactar 10 milhões de trabalhadores em políticas de saúde mental, entre outros objetivos.

“O formato do evento permitiu discutir pragmaticamente o avanço das agendas e de cada um dos compromissos assumidos, quais são as debilidades e como enfrentá-las por meio de parcerias e monitoramento constante”, afirma Carlo Pereira, CEO do Pacto Global na ONU no Brasil.

Embora o Pacto Global tenha chegado ao Brasil em 2004 - a iniciativa nasceu do chamado do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para que o setor privado se engajasse em dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e práticas anticorrupção - foi só recentemente que ganhou atenção das lideranças empresariais, que passaram a assumir metas públicas nesses temas. A agenda ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês) ganhou impulso graças a pressões regulatórias e também de mercado. A adesão ao Pacto Global é um espelho desse movimento, sendo considerada a mais abragente iniciativa de sustentabilidade corporativa, reunindo mais de 20 mil empresas em todo o mundo.

“É grande a transformação que vimos nos últimos três anos. A percepção dos gestores é de que o ESG e os ODS fazem parte do negócio, seja pela geração de valor e prosperidade, ou pela destruição do valor quando a empresa está fora da agenda”, diz Rodolfo Sirol, presidente do conselho de administração do Pacto Global da ONU no Brasil. Como o papel aceita tudo, o desafio do Pacto Global é monitorar o cumprimento das metas - embora não tenha o papel de fiscalizar, a iniciativa procura induzir as empresas a adotar uma abordagem mais arrojada ao buscar as melhorias, chegando a realizar mentorias e preparações para eventos importantes, como a Assembleia Geral das Nações Unidas e a cúpulas de clima (COPs).

Embora a adesão das empresas seja importante, ela não é suficiente para que o mundo alcance os objetivos da Agenda 2030, já que eles estão atrelados a um modelo de desenvolvimento que precisa ser revisto em um mundo que está em transformação, mas ainda sujeito às pressões de curto prazo. A guerra entre Rússia e Ucrânia, por exemplo, colocou diversos países em situação de insegurança energética, o que fez com que metas de descarbonização assumidas no âmbito do Acordo de Paris fossem postergadas.

No Brasil, os avanços na agenda social foram ofuscados pelos reflexos da pandemia de covid-19, que acentuou as desigualdades, pelas pressões inflacionárias que elevaram o preço dos alimentos e fizeram com que o país regressasse ao mapa da fome, quando mais de 2,5% da população sofre com a falta crônica de alimentos. Nos últimos quatro anos, o país enfrentou alta do desmatamento, o que o torna mais distante do cumprimento das metas climáticas, e retrocessos no acesso à educação de qualidade, afirma Patricia Ellen, ex-secretária do governo do Estado de São Paulo e co-fundadora da Aya Earth Partners.

“Andamos 20 anos para trás em áreas como educação e redução do desmatamento, mas ainda somos a única nação do mundo que tem condições de se tornar carbono neutro até 2030 e acrescentar US$ 150 bilhões anuais ao PIB com um modelo de desenvolvimento que não seja linear e extrativista” diz Ellen, mencionando dados de um estudo realizado pela Aya em parceria com a Systemiq Latam e lançado na COP27, em novembro de 2022, no Egito.

Segundo o estudo, isso seria possível com um plano de desenvolvimento voltado à mitigação das emissões de carbono, conservação da biodiversidade e infraestrutura verde. Para acelerar o passo nessa direção, a Aya lançou, durante o Fórum Ambição 2030, o primeiro hub de negócios de baixo carbono, composto por 30 membros, entre CEOs, organizações do terceiro setor e especialistas da academia. Mais do que ser neutro em carbono até 2030, a expectativa do hub é fomentar um ecossistema de empresas com soluções para que o país se torne carbono positivo em 2050 - ou seja, capture mais carbono do que emite.

Para avançar em um modelo de desenvolvimento que agregue o potencial da economia de baixo carbono e da revolução tecnológica, será preciso uma nova mentalidade e construção de relações entre sociedade, empresas e governos, na visão de Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente (2010 a 2016). “O Acordo de Paris mostrou que os atores não governamentais são importantes nesse novo cenário geopolítico, por isso precisamos de uma grande repactuação política envolvendo nossas ambições de desenvolvimento e interesses estratégicos”, diz.

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