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Por Andrea Vialli — De São Paulo


Antes mesmo que os efeitos das mudanças climáticas se tornassem conhecidos pela ciência, as comunidades vulneráveis já sentiam de perto seus impactos. Tragédias como a ocorrida no litoral norte de São Paulo em fevereiro, que deixou um triste rastro de mais de 80 mortos e milhares de desabrigados, se repetem a cada temporada de fortes chuvas. A adaptação a um cenário de eventos climáticos extremos e a mitigação dos gases de efeito-estufa com vistas à neutralidade de carbono até 2050 - o chamado net zero - vão demandar soluções coletivas e inovadoras que passam justamente pela experiência de quem sofre os efeitos da crise climática na pele.

“Vivemos esse caos climático e construímos soluções a partir da ausência e da desigualdade. Se a periferia, a favela, a aldeia e o quilombo compartilham expertises, as empresas podem fazer o mesmo, unindo saberes para dar encaminhamento mais rápido à crise do clima”, diz Raull Santiago, que faz parte do conselho jovem do Pacto Global da ONU no Brasil e é ativista, empreendedor social e gestor de projetos no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Entre eles, cocriou a Iniciativa Pipa, que faz a ponte entre investidores filantrópicos e os coletivos, movimentos e organizações sociais das favelas, além de produzir conhecimento sobre essas realidades. Segundo Santiago, só recentemente as discussões sobre justiça climática e racismo ambiental chegaram às COPs, as conferências do clima da ONU, mas não é preciso esperar até 2030 para a tomada de ação. “A solução para a crise climática passa por furar a bolha e encontrar o novo”, diz.

A geração de impacto social positivo também vem se tornando um imperativo no mercado de compensações ambientais por meio de créditos de carbono, os chamados “offsets”. O segmento deve ganhar impulso à medida em que as empresas assumem metas de neutralidade climática para 2030 ou 2050, e nem sempre é possível mitigar a totalidade das emissões, de modo que as empresas que quiserem atingir suas metas de neutralidade terão de compensar parte do carbono que emitem.

Segundo Marina Cançado, cofundadora e CEO da Future Carbon, startup que atua na estruturação de projetos e venda de créditos de carbono, há uma forte demanda por projetos com viés social, que beneficiem comunidades indígenas e extrativistas, além de evitar o desmatamento.

“Buscamos territórios estratégicos da Amazônia para construir soluções conjuntas com os povos que são os verdadeiros guardiões da floresta. O crédito de carbono é o primeiro ativo ambiental que virou financeiro, mas vai ter outros, como créditos ligados à conservação da biodiversidade e da água”, diz Cançado. Segundo a executiva, o Brasil tem potencial para suprir 50% da demanda global por compensações ambientais, um mercado que movimentou US$ 2 bilhões em 2021 e pode chegar a US$ 50 bilhões, de acordo com a McKinsey.

Na Ambev, as emissões do chamado escopo 3, que inclui a cadeia de clientes e fornecedores, representam 83% da pegada de carbono, o que levou a multinacional a adotar estratégia de mitigação das mudanças climáticas levando em conta a cadeia de valor, com metas de médio e longo prazo.

A companhia busca reduzir as emissões do escopo 3 em 25% até 2025, e globalmente a ambição é atingir zero emissões líquidas de carbono na cadeia de valor até 2040. Para isso, tem trabalhado no mapeamento das emissões das empresas parceiras, com foco nos grandes fornecedores, e estabelecido planos que envolvem dar escala a soluções de eficiência energética e uso de fontes renováveis, acelerar o desenvolvimento de embalagens com baixa pegada de carbono, expandir práticas de agricultura regenerativa nos cultivos de matérias-primas como lúpulo e cevada e aumentar a sustentabilidade das operações logísticas.

“Há pressões, mas isso gera eficiência para o negócio e nos prepara para o futuro que está vindo”, diz Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de sustentabilidade da Ambev.

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