Criptomoedas
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Por Ricardo Bomfim, Valor — São Paulo

Referência para tudo o que veio depois, o bitcoin (BTC) é a primeira criptomoeda do mundo. Concebida em 2009 durante a crise econômica do subprime, a moeda digital foi inventada pela misteriosa figura de Satoshi Nakamoto diante da perda de confiança no sistema financeiro tradicional.

No White Paper da moeda, Nakamoto escreve que: "um sistema eletrônico de pagamentos é necessário, que seja baseado em prova criptográfica, em vez de confiança, permitindo que quaisquer duas partes interessadas transacionem diretamente entre si sem a necessidade de um intermediário".

A ideia do bitcoin, portanto, é permitir a validação de transações por meio de computadores com acesso a blocos. Uma transação, para ser validada, precisa ser validada por diversas máquinas ao mesmo tempo. Ou seja, é o consenso da rede, e não um intermediário como um banco ou bandeira de cartão que certifica a validade daquela transação.

Para incentivar que pessoas que não se conhecem nem fazem parte de qualquer organização fizessem este papel de validadores foi criado o sistema de Prova de Trabalho (Proof of Work, ou PoW), no qual os validadores, chamados pelo jargão do setor de mineradores, recebem uma recompensa no próprio bitcoin por fazerem este trabalho, garantindo a segurança da rede. Tudo o que eles precisam fazer é manter computadores potentes resolvendo as equações criptográficas do bitcoin até descobrirem um novo bloco pelo qual passarão as transações. O primeiro a descobrir este bloco ganha um número de bitcoins – que cai a cada quatro anos mais ou menos desde que a moeda foi criada – como pagamento pela descoberta. Atualmente, o valor está em 6,25 bitcoins por bloco.

O mecanismo pelo qual a recompensa aos mineradores cai é o chamado halving, um evento programado na rede do bitcoin pelo qual o número de bitcoins recompensados pela descoberta de um bloco cai pela metade em períodos quadrienais.

Como comprar bitcoin?

Existem duas maneiras de responder essa pergunta a depender do que se quer fazer com a criptomoeda. Se o investidor apenas quiser se beneficiar da oscilação esperando por uma valorização do criptoativo, então basta abrir uma conta em uma corretora que ofereça bitcoins como Binance, BityBank, Digitra.com, Foxbit, MB, Mynt, NovaDax etc., para ficar apenas nas que estão disponíveis no Brasil. Até mesmo fintechs como Nubank e Mercado Pago hoje em dia permitem a compra de bitcoins dentro de suas plataformas.

O processo é o mesmo de abrir conta em uma corretora de ativos tradicional. Haverá um onboarding do cliente no qual será necessário fazer um cadastro com dados como nome, data de nascimento, RG e CPF, a tradicional foto segurando um documento e logo o consumidor terá uma conta em seu nome naquela exchange. A partir daí é só transferir dinheiro para essa conta e começar a trocar por BTC dentro da plataforma seguindo as instruções da corretora.

A outra maneira de se comprar bitcoin é por meio de uma carteira digital (digital wallet). Ela é considerada mais complexa por quem está acostumado ao mercado tradicional e não é muito familiarizado com o mundo da descentralização.

Neste caso, um usuário transfere uma quantidade de dinheiro pré-estabelecida para outro que possui o bitcoin, e em troca recebe a chave da criptomoeda dentro da sua wallet. Esta é considerada a maneira original de se transacionar a moeda digital, visto que dispensa totalmente intermediários. A responsabilidade pela custódia fica totalmente a cargo do usuário, que precisa memorizar uma chave de 12 palavras irrecuperável para poder continuar acessando a sua wallet.

Apesar de envolver confiança na pessoa que está transferindo o bitcoin para você e na sua própria capacidade de manter a chave de 12 palavras para sempre em um lugar seguro, há muitos que defendem ser este método o mais confiável. Isso porque não há uma corretora que possa quebrar e “desaparecer” com o dinheiro do cliente. Principalmente quando se está falando em cold wallets, as carteiras frias, sem acesso à internet, que normalmente estão em dispositivos como pen drives, o usuário depende apenas dele mesmo para manter seus bitcoins. Quando houve a quebra da FTX, por exemplo, os clientes da corretora foram lesados porque confiavam na capacidade dela em custodiar seus recursos.

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