Batalha do rio Ebro
Batalha do Rio Ebro | |||
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Segunda Guerra Púnica | |||
Campanha romana na Ibéria. A batalha do rio Ebro está marcada com o número 2. | |||
Data | Primavera de 217 a.C. | ||
Local | Foz do rio Ebro, na moderna Espanha | ||
Coordenadas | |||
Desfecho | Vitória romana | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Localização da foz do Rio Ebro no que é hoje a Espanha | |||
A Batalha do rio Ebro foi um batalha naval travada perto da foz do rio Ebro na primavera de 217 a.C. entre uma marinha cartaginesa de aproximadamente 40 quinquerremes, sob o comando de Himilcão, e uma romana de 55 navios, liderada por Cneu Cornélio Cipião Calvo. Asdrúbal Barca, o comandante cartaginês na Ibéria, lançou uma expedição conjunta para destruir a base romana ao norte do Ebro. O contingente naval cartaginês foi completamente derrotado depois de um ataque surpresa pelos navios romanos, perdendo 29 navios e o controle dos mares na região. A reputação dos romanos aumentou ainda mais entre os iberos, provocando revoltas em algumas tribos sob controle cartaginês.
Contexto
[editar | editar código-fonte]Depois da derrota de Hanão na Batalha de Cissa, no outono de 218 a.C., Cipião Calvo passou a maior parte do tempo consolidando o controle romano nas regiões ibéricas ao norte do Ebro e atacando o território cartaginês ao sul a partir de sua base principal, Tarraco. Ele não recebeu reforços vindos de Roma. Enquanto isto, Asdrúbal Barca, o comandante supremo da Ibéria, alistou um exército ibero para aumentar suas próprias forças de maneira substancial. A frota cartaginesa na Ibéria era composta por 32 quinquerremes e 5 trirremes em 218 a.C., quando Aníbal partiu para invadir a Itália. Durante o inverno de 218 a.C., Asdrúbal acrescentou mais 10 quinquerremes à sua frota e treinou novas tripulações para eles. Na primavera de 217 a.C., ele deu início à expedição conjunta, por terra e por mar, em direção ao território romano. O próprio Asdrúbal comandou o exército, cujo tamanho exato é desconhecido[1] enquanto seu segundo-em-comando, Himilcão, liderou a frota.[2] A expedição seguiu a costa, com os navios aportando todas as noites junto do exército.
Cipião Calvo, temendo uma superioridade numérica do exército cartaginês, resolveu travar uma batalha naval. Embora tivesse apenas 35 quinquerremes[3] (25 navios foram enviados de volta à Itália depois que um raide cartaginês provocou duras perdas entre as tripulações e algumas delas foram utilizadas para guarnecer cidades romanas), a cidade grega de Massília, aliada de Roma, forneceu mais 20 navios.[4]
Batalha
[editar | editar código-fonte]Depois de alcançar o rio Ebro, a frota cartaginesa ancorou perto do estuário. Os marinheiros e a tripulação deixaram os navios em busca de suprimentos, pois a frota não tinha navios de carga para levar provisões. Embora Asdrúbal tenha postado vigias para detectar a movimentação dos romanos, Himilcão não tinha navios no mar procurando pela frota romana. Um par de navios massílios avistou a tropa cartaginesa ancorada e conseguiu escapar sem serem detectados para alertarem Cipião Calvo sobre a presença cartaginesa. A frota romana havia partido de Tarraco e estava a apenas 15 quilômetros ao norte da posição cartaginesa quando os alertas chegara a Cipião. Ele imediatamente embarcou seus melhores legionários e navegou costa abaixo para atacar a frota cartaginesa de surpresa.
Os vigias do exército de Asdrúbal avistaram a frota romana se aproximando antes da própria frota e avisaram sobre o perigo iminente acendendo piras de fogo. A maior parte das tripulações estava em missões de busca e os navios acabaram sendo apressadamente tripulados, zarpando em grande desordem. Houve pouca coordenação e alguns navios estavam com tripulação insuficiente. Depois que Himilcão partiu com a frota, Asdrúbal levou seu exército para a costa para encorajar a marinha cartaginesa.
Os romanos não apenas tinham a vantagem da surpresa total e a superioridade numérica (40 contra 55 navios), mas a efetividade de combate dos cartagineses estava muito reduzida, não só pela falta de tripulantes mas também por que 25% deles era recém-alistado.[5] Os romanos formaram 2 linhas de combate, com 35 navios na frente e os 20 navios massílios atrás, com a formação e a habilidade dos massílios anulando a manobrabilidade superior da frota cartaginesa.[6] Os romanos foram atacando os navios cartagineses conforme eles saiam do rio, abalroando e afundando quatro e abordando e capturando mais dois. Neste ponto, as tripulações cartaginesas perderam a coragem e jogaram os navios na praia para buscarem a segurança do exército. Os romanos conseguiram ainda lançar ganchos nestes navios, rebocando mais 23 deles.
Consequências
[editar | editar código-fonte]A derrota se revelou decisiva no longo prazo. Asdrúbal foi obrigado a marchar de volta para Cartago Nova, temendo ataques vindos por mar aos territórios cartagineses. Com o contingente ibero da marinha cartaginesa destruído, Asdrúbal foi forçado a ou pedir reforços a Cartago ou construir novos navios, mas ele não fez nem uma coisa e nem a outra. O desempenho das tripulações ibéricas havia sido muito ruim na batalha e sua dispensa provocaria uma revolta entre os turdetanos,[7] o que forçou Cartago a enviar 4 000 soldados e 500 cavaleiros para Asdrúbal, que passou o ano de 216 a.C. pacificando os rebeldes.
Em 217 a.C., a frota principal cartaginesa capturou uma frota de ressuprimento que seguia para a Ibéria em frente a Cosa. Públio Cornélio Cipião chegou na Ibéria com 8 000 soldados no outono daquele ano com instruções do Senado Romano de evitar que qualquer ajuda chegasse a Aníbal, na Itália, vinda da Ibéria. Este foi o único reforço que a República Romana enviaria para a região até 211 a.C.. Os dois irmãos Cipiões atacaram a Ibéria cartaginesa durante todo o período[8] e lutariam contra o próprio Asdrúbal na Batalha de Dertosa (215 a.C.).
Cipião Calvo assegurou que os suprimentos vindos pelo mar não seriam interceptados pelos navios cartaginesas na Ibéria e que a frota romana na Ibéria tinha condições de atacar qualquer dos domínios cartagineses na região à vontade. A única grande expedição naval contra os romanos na região seria a campanha de Magão Barca, que seguiu para a Itália em 204 a.C. conhecida como Raide do vale do Pó.
Referências
- ↑ Goldsworthy, Adrian, The Fall of Carthage, p 248, ISBN 0-304-36642-0
- ↑ Peddie, John, Hannibal's War, p 179, ISBN 0-7509-3797-1
- ↑ Lazenby, John Francis, Hannibal's War, p 126, ISBN 0-304-36642-0
- ↑ Bath, Tony, Hannibal's Campaigns, p98 ISBN 978-0-85059-492-8
- ↑ Goldsworthy, Adrian, The Fall of Carthage, p 249, ISBN 0-304-36642-0
- ↑ Lazenby, John Francis, Hannibal's War, p 127, ISBN 0-8061-3004-0
- ↑ Peddie, John, Hannibal's War, p. 182, ISBN 0-7509-3797-1
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita XXII 20.4-10
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bagnall, Nigel (1990). The Punic Wars (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 0-312-34214-4
- Baker, G. P. (1999). Hannibal (em inglês). [S.l.]: Cooper Square Press. ISBN 0-8154-1005-0
- Cottrell, Leonard (1992). Hannibal: Enemy of Rome (em inglês). [S.l.]: Da Capo Press. ISBN 0-306-80498-0
- Delbruck, Hans (1990). Warfare in Antiquity, Volume 1 (em inglês). [S.l.]: University of Nebraska Press. ISBN 0-8032-9199-X
- Dodge, Theodore A. (1891). Hannibal (em inglês). [S.l.]: Da Capo Press. ISBN 0-306-81362-9
- Goldsworthy, Adrian (2003). The Fall of Carthage (em inglês). [S.l.]: Cassel Military Paperbacks. ISBN 0-304-36642-0
- Lancel, Serge (1997). Carthage: A History (em inglês). [S.l.]: Blackwell Publishers. ISBN 1-57718-103-4
- Lancel, Serge (1999). Hannibal (em inglês). [S.l.]: Blackwell Publishers. ISBN 0-631-21848-3
- Lazenby, John Francis (1978). Hannibal's War (em inglês). [S.l.]: Aris & Phillips. ISBN 0-85668-080-X
- Livius, Titus (1972). The War with Hannibal (em inglês). [S.l.]: Penguin Books. ISBN 0-14-044145-X
- Peddie, John (2005). Hannibal's War (em inglês). [S.l.]: Sutton Publishing Limited. ISBN 0-7509-3797-1
- Warry, John (1993). Warfare in the Classical World (em inglês). [S.l.]: Salamander Books Ltd. ISBN 1-56619-463-6