Monogamia Terminável Ou Interminável

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Passages de Paris, n° 24 (2022.1)

MONOGAMIA: TERMINÁVEL OU INTERMINÁVEL?

Patrícia MAFRA DE AMORIM1


Luiz Eduardo DE VASCONCELOS MOREIRA2

Resumo: Propõe-se uma análise ensaística sobre a dissolução do padrão hegemônico de monogamia, considerando o
recaimento deste discurso nas subjetividades contemporâneas, inclusive dos psicanalistas. Partiremos das
contribuições de Karen Horney e Heinz Lichtenstein para demonstrar como pode a psicanálise contribuir para a
compreensão de um fenômeno social que se manifesta na clínica como escolha de arranjo amoroso. As noções de
identidade e fidelidade ajudam-nos a refletir sobre o que está em jogo nessas escolhas e como os analistas, dadas as
características de sua formação e inserção histórica, podem ouvir do mal-estar presente nas modalidades de
relacionamento, como o poliamor, o amor livre e a monogamia. Conclui-se considerando a necessidade de uma
disposição ao questionamento das identidades desses profissionais, sem perder de vista a dimensão criativa.
Palavras-chave: Monogamia; Poliamor; Identidade; Fidelidade; Metamorfose.

Abstract : An essay analysis is proposed on the dissolution of the hegemonic pattern of monogamy, considering the
influence of this discourse on contemporary subjectivities, including that of psychoanalysts. Departing from the
contributions of Karen Horney and Heinz Lichtenstein we demonstrate how psychoanalysis can contribute to the
understanding of a social phenomenon that manifests itself in the clinic as a choice of love arrangement. The notions
of identity and fidelity help us to reflect on what is at stake in these choices and how analysts, given the characteristics
of their background and historical insertion, can listen the discontent present in relationship modalities, such as
polyamory, free love and monogamy. We conclude considering the need for a disposition to question the identities of
these professionals, without losing sight of the creative dimension.
Keywords: Monogamy; Polyamory; Identity; Fidelity; Metamorphosis.

I. APRESENTAÇÃO DA QUESTÃO

Tratar da instituição monogâmica – ou de qualquer outra instituição – sob um viés psicanalítico


implica em reconhecer que sua hegemonia não deve se confundir com uma suposta
homogeneidade ou ausência de conflitos em sua materialização ou performatividade. Poderíamos
dizer que as instituições se tornam objeto da psicanálise na medida em que são os lugares de
produção discursiva e, consequentemente, de sintomas, cabendo aos e às psicanalistas “elucidar o
discurso e as práticas sociais – a fim de problematizar os modos como esses discursos afetam a
subjetividade – e escutar o sujeito, elucidando os modos pelos quais é afetado” (Rosa, 2004,
online).

1
Psicanalista, doutora em Psicologia Clínica pela USP, coordenadora do Serviço Escola de Psicologia do Centro
Universitário Anhanguera de SP – Pirituba. Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi e do Núcleo
Brasileiro de Psicanálise e Psicoterapia Relacional.
2 Psicanalista, doutor em Psicologia Clínica pela USP e membro fundador do Instituto Vox de Pesquisa e Formação

em Psicanálise.
MAFRA DE AMORIM, DE VASCONCELOS MOREIRA / Passages de Paris, n° 24 (2022.1)

Sendo assim, pensamos ser interessante interrogar a monogamia não apenas a partir de sua
historicidade enquanto forma de organização social, mas especialmente a partir das consequências
de sua incidência nos modos de subjetivação contemporâneos. Afinal, para além (ou aquém) de
uma organização social, a monogamia e os outros arranjos emergentes buscam organizar a
sexualidade socialmente.

A referência a um dos últimos artigos de Freud sobre técnica que fazemos no título deste trabalho,
"Análise terminável e interminável", de 1937, orientará nosso questionamento no sentido de
aprofundarmos o debate acerca das resistências que emergem frente à variabilidade dos arranjos
amorosos que vemos surgir em nossa sociedade. Nesse texto de referência, Freud discutirá quais
são os fatores que resistem à mudança no processo analítico, tendo em conta tanto os aspectos
constitutivos do paciente, quanto a extensão da análise do próprio analista. Para o autor, de forma
simplificada, a análise pode e deve chegar a um fim quando “garantir as melhores condições
psicológicas possíveis para as funções do ego” (Freud, 1937, p. 27). No entanto, com seu
costumeiro ceticismo, Freud não deixa de considerar os inúmeros obstáculos que se interpõem a
essa conclusão, como as origens do adoecimento, as alterações egóicas sofridas pelos pacientes no
curso da doença e as limitações do analista e das técnicas de que dispõe para mobilizar as forças
em questão. A psicanálise, assim como as artes de educar e de governar, seriam práticas sociais
impossíveis, uma vez que as pulsões não podem ser disciplinadas (Freud, 1937).

Assim, buscaremos ao longo das próximas seções demonstrar como – e se – pode a psicanálise
contribuir para a compreensão de um fenômeno social que se manifesta na clínica na forma de
escolha de arranjo amoroso, considerando o recaimento do discurso monogâmico nas
subjetividades contemporâneas, inclusive dos analistas. Afinal, quais são as bases psíquicas que
sustentam o discurso monogâmico? Seriam elas eternas e imutáveis?

Nesse sentido, gostaríamos de propor uma análise ensaística psicanalítica sobre o que percebemos
hoje como a dissolução do padrão hegemônico de monogamia compulsória, que já vem se
desenhando há algumas décadas. Partiremos das contribuições de Karen Horney e Heinz
Lichtenstein, psicanalistas alemães da segunda geração, radicados nos EUA em 1932 e 1939,
respectivamente. Horney aborda a questão das implicações psíquicas da monogamia como tema
central em ao menos quatro artigos (Horney, 1928, 1932, 1934, 1936). Já Lichtenstein (1963) traz
importantes contribuições no que se refere à compreensão da constituição da identidade humana
numa perspectiva alteritária, o que nos ajudará a considerar a influência da cultura nos processos
intra e intersubjetivos.

Portanto, começaremos explicitando quais discursos a monogamia compulsória constitui e


reproduz através de suas práticas, buscando compreender como eles afetam as subjetividades e o
que produzem a partir desta afetação.

II. INSTITUIÇÃO, IDENTIDADE E MONOGAMIA

Um de nós, tendo apresentado projeto de pesquisa sobre a instituição monogâmica a partir de uma
leitura psicanalítica, ouvia a banca fazer alguns questionamentos de ordem prática quando um dos

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docentes perguntou, de forma jocosa: você acha que as pessoas que cresceram com babás tenderão
à não-monogamia?

Se levarmos essa pergunta a sério, teremos ao menos duas interpretações: a primeira implica em
estabelecer uma relação mais ou menos direta entre quantidade de cuidadores e a escolha por
múltiplos objetos de amor simultâneos; já num segundo nível de análise, poderíamos nos perguntar
sobre a qualidade do afeto que essas crianças receberiam, sendo cuidadas por pessoas num regime
de trabalho. Definitivamente não estamos dizendo que babás não poderiam oferecer um cuidado
terno e suficientemente bom, mas há de se considerar o que o atravessamento da relação trabalhista
do(s) patrão(ões) com a funcionária e deles com a criança causaria na subjetivação da criança.

Em outro trabalho (Amorim & Reis, 2020), tivemos a oportunidade de refletir sobre como a
monogamia parece repetir um estado primitivo de relação interpessoal que remete à díade
cuidador-bebê, podendo haver nesta situação algo que se implanta transgeracionalmente e que nos
leva, enquanto sujeitos em uma sociedade, a reproduzir arranjos amorosos baseados nos preceitos
da exclusividade e da adaptabilidade dos afetos às funções sociais que tais arranjos buscam
cumprir. A monogamia, enquanto instituição – assim como outras instituições – adquiriria,
portanto, a função de tornar mais estáveis e previsíveis as escolhas do sujeito, na medida em que,
sendo compulsória, impõe-se enquanto norma a ser seguida compulsivamente e vice-versa, ou
seja, sendo seguida compulsivamente, reafirma a norma compulsória, garantindo a continuidade
das identidades.

Não é o intuito deste trabalho apresentar de maneira detalhada a teoria lichtensteiniana acerca do
desenvolvimento da identidade humana, mas recorreremos a ela para ponderar sobre as influências
das relações com os primeiros cuidadores sobre escolhas futuras de relacionamento. Essa teoria
nos parece especialmente interessante para a compreensão da repetição compulsiva de certos
dispositivos sociais, como a monogamia. Isso porque, em linhas gerais, traz a ideia de que a quase
ausência de automatismos instintivos pré-formados no ser humano, em comparação com outros
animais, o coloca numa situação existencial muito particular: “[p]or sua adaptabilidade, porém, [o
ser humano] está sempre ameaçado de perda ou quebra de sua identidade, perigo desconhecido ao
animal em condições naturais” (Lichtenstein, 1963, pág. 184-5).

Noutras palavras, a polimorfia da pulsão, grande função que poderíamos derivar do descolamento
entre sexualidade e reprodução humanas, torna virtualmente infinitas as possibilidades de escolha;
no entanto, por sermos o “brinquedo sexual” de nossos adultos durante tanto tempo, algo deles se
implantaria em nós, enquanto tema de identidade (identity theme) que, apesar de imutável, é
passível a inúmeras variações (Lichtenstein, 1963). O autor propõe ainda que a constituição e
manutenção de uma identidade, erigida a partir deste tema, seria garantida através da compulsão à
repetição, introduzindo uma outra perspectiva para esta noção freudiana e para a ideia de pulsão
de morte.

A compulsão à repetição é uma manifestação da necessidade de


manutenção do “tema da identidade”. A identidade, nos seres humanos,
requer uma “ação repetitiva” para proteger o “imutável dentro da
mudança” que acredito ser o aspecto fundamental da identidade humana.
[...] A manutenção do tema da identidade parece ter prioridade sobre outros

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princípios, inclusive o princípio do prazer. Eu acredito que Freud, em Além


do princípio do prazer, estava consciente de que lidava com problemas de
identidade (Lichtenstein, 1963, p. 103, tradução nossa).

Assim, teríamos que a construção de uma identidade começaria antes mesmo do processo de
individuação do sujeito durante a infância, momento crítico da constituição psíquica, dadas as
inúmeras adaptações que as fases do desenvolvimento psicossexual implicam. O autor argumenta
que o universo simbiótico em que se encontram cuidador e bebê não pode ser descrito em termos
de sujeito-objeto, que existe uma organização dentro dele, como a organização dos órgãos de um
corpo (Lichtenstein, 1963). Este então seria o sentido do narcisismo primário infantil, a
manutenção de uma identidade que a mãe reflete para o bebê, através de suas próprias necessidades
inconscientes (Holland, 1990).

Levantamos a hipótese que as instituições refletem, em certa medida, essa tentativa de manutenção
de uma estabilidade para que possamos reconhecê-las também como internas, na medida em que
limitam, por sua normatividade, nossos investimentos libidinais. Não seria nosso arranjo amoroso
hegemônico e legalmente compulsório digno de uma análise que considere não apenas as
consequências de sua incidência nos modos de subjetivação, mas também o que buscamos com
sua reprodução/repetição?

No que concerne às funções sociais, ou seja, ao que nossa organização social eurocentrada e
capitalista busca com a instituição da escolha monogâmica de parceiros, parece estar evidente que
matrimônio e patrimônio são entidades quase inseparáveis (Engels, 1997[1884]).
Etimologicamente, se consideramos que as palavras trazem atributos daquilo que vêm nomear, o
prefixo “mater”, que significa “mãe”, indicaria a suposta finalidade de procriação deste tipo de
união civil para as mulheres3, enquanto “pater”, de “pai”, apontaria para a ideia de herança, da
transmissão de bens de pais para filhos que a noção de propriedade privada pressupõe. Como
sugere o professor e consultor jurídico Marcos Catalán (2012):

O casamento – um dos ninhos para o amor verdadeiro –, quando visto a


partir de sua historicidade, exsurge como reflexo do aprimoramento bem
elaborado de construções pretorianas que visavam a facilitar a sujeição da
mulher aos desejos do marido e a garantir – por meio de mais uma ficção
– que cada filho dela fosse, também, um filho dele. (p. 635)

Percebe-se que, além de propor uma forma de arranjo amoroso que seria tomada como a mais
desejável, a monogamia também desenha uma hierarquia em seu interior. Como Freud (1908) já
sinalizou em “Moral sexual civilizada e doença nervosa moderna”, haveria uma dupla moral,
diferente para homens e mulheres, uma vez que a liberdade de exploração sexual seria exclusiva
aos primeiros.

3
O argumento etimológico, mesmo que pareça representacionista, tem desdobramentos bastante concretos, na medida
em que orienta, por exemplo, legisladores e juristas. Para uma discussão mais aprofundada deste debate, ver Bimbi
(2010).

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Assim, teríamos de um lado uma justificativa existencial, individual, se quiserem, para a escolha
monogâmica de parceiro, na medida em que a percebemos como uma via facilitada para o acordo
sexual entre sujeitos, dada sua normatividade, suposto precipitado da relação primária com os
cuidadores. De outro, a função social de garantir a transmissão patrilinear da herança, através do
controle da sexualidade, especialmente da sexualidade feminina.

III. FANTASIAS MONOGÂMICAS

A partir dessas considerações, voltamo-nos à análise do que a instituição monogâmica oferece em


termos de satisfação libidinal versus perda de liberdade de investimento. Adam Phillips (1996) faz
uma consideração interessante, que nos parece aproximar - como estamos tentando fazer aqui -
monogamia e identidade:

Sentimos que houve uma deturpação cada vez que simplesmente nos
confrontamos com uma versão de nós mesmos —uma invenção — com a
qual não somos capazes de concordar. Mas na verdade o fato de os outros
nos inventarem nos causa medo, em razão da pluralidade de pessoas que
de repente parecemos ser. [...] Isso, talvez mais do que qualquer outra
coisa, é o que nos atira nos braços de um único parceiro especial. A
monogamia é uma forma de reduzirmos ao mínimo as versões de nós
mesmos. E, claro, uma forma de nos convencermos de que certas versões
são mais verdadeiras do que outras — de que são de fato especiais
(Phillipis, A., 1996, P. 7, tradução nossa).

Acreditamos que este insight trazido pelo psicanalista britânico pode nos indicar um caminho para
compreendermos o significado da monogamia, do ponto de vista da economia psíquica. O
desconforto que o estranho causa em nós, quando os outros nos refletem imagens de nós mesmos
nas quais não nos reconhecemos, é fruto da busca compulsiva de reduzir ao mínimo, idealmente,
de estabelecer apenas uma única versão de si próprio.

A monogamia, nesse sentido, oferece-nos a possibilidade de estabilidade identitária na medida em


que reduz a um único parceiro-espelho o legítimo reflexo de quem somos. Há nessa afirmação
uma relação direta com o aspecto quantitativo das vinculações e suas consequências na
subjetivação, uma vez que, na medida em que se elege um único objeto de investimento, esperar-
se-ia que este objeto oferecesse uma retribuição narcísica à altura do que esta eleição implica em
termos de perdas.

Do ponto de vista qualitativo, poderíamos questionar como e quais afetos circulam nessas
condições, visando a redução de angústia e o aumento do prazer. Karen Horney, psicanalista da
segunda geração reconhecida por pautar temas das lutas feministas sob um viés psicanalítico4,
sugere que a grande motivação por trás do casamento seria a expectativa de realização das fantasias
edípicas (Horney, 1928). Essa relação, portanto, facilitaria a revivescência da situação edipiana,
com o agravante, no entanto, de ser vivida com outros atores, substitutos da primeira encenação.
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Numa época, inclusive, em que pertencer a esses movimentos sociais era tido pela maioria dos analistas como casos
de inveja do pênis mal solucionada.

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Desta feita, quaisquer frustrações que o ou a parceira venha a causar facilmente remetem às
primeiras frustrações com o(s) objeto(s) de amor. A autora sugere ainda que a demanda por
exclusividade sobre a qual a monogamia exsurge teria suas bases na exigência de monopólio sobre
o cuidador primário vinda da infância (Horney, 1928).

Este desejo de monopólio, que Horney associa a aspectos orais e anal-sádicos da libido, assumiria
a forma de desejos de incorporação e de retenção/posse do objeto de amor (Horney, 1928). Tais
desejos justificam-se diante da ansiedade sentida pelo bebê frente à ausência do seio - ou o que
quer que o valha - e são os protótipos das experiências de voracidade, inveja e, posteriormente,
ciúme (Klein, 1957). Assim, temos que a exigência de exclusividade da monogamia serviria para
controlar a ansiedade advinda da ameaça de perda do objeto, ao mesmo tempo em que busca
satisfazer os ímpetos vorazes e de controle em relação a ele.

A partir dessas considerações, acreditamos que a instituição monogâmica oferece amparo a esses
anseios primitivos, o que é reforçado e de alguma forma garantido por sua compulsoriedade. No
entanto, percebe-se que ela o faz a partir de uma crença, ou melhor, de uma fantasia de onipotência,
segundo a qual a renúncia a outros relacionamentos funcionaria como gesto mágico que levaria o
parceiro a fazer o mesmo (Horney, 1928). Ora, que tenhamos fantasias de completude no encontro
com o outro parece quase inevitável, quiçá necessário. Porém, que tais fantasias baseiem-se na
ilusão de posse e controle talvez seja um tanto perigoso, podendo, como tantas vezes vemos
acontecer, desvirtuarem em possessividade violenta e ideias persecutórias. Sabemos também que,
dado nosso contexto sócio-histórico, o alvo dessa violência possui um importantíssimo marcador
de gênero.

IV. POLIAMOR E RELAÇÕES LIVRES - ENTRE METAMORFOSE E IDENTIDADE

Assim, temos que a abertura promovida pelo reposicionamento das mulheres em nossa sociedade
– precipitado das lutas feministas, associadas às mudanças econômicas e tecnológicas – implica
também no questionamento de instituições e repetições tidas como demasiadamente
comprometidas com o controle coercivo de seus corpos e subjetividades. Consequentemente,
vemos profundas transformações nas relações afetivas e nas modalidades de arranjos que buscam
organizá-las, numa tentativa de inventar novas ficções não tão opressivas.

Segundo Barbosa (2015), o surgimento de movimentos sociais organizados em torno da


sexualidade nos países ocidentais é uma marca da década de 1960, organização que sofre um forte
abalo com o aparecimento da AIDS na década de 1980, quando campanhas preventivas apelam à
monogamia e ao medo da morte como forma de controle do vírus. Diante do aumento do estigma
sobre as pessoas com comportamentos não-convencionais, classificadas como “grupo de risco”,
há um recrudescimento das lutas por uma política sexual mais equitativa. Este seria o caso do
movimento Poliamor, surgido nesta mesma década, nos EUA (Barbosa, 2015).

Nesta seção, examinaremos quais são as novas possibilidades de arranjos amorosos e suas
possíveis implicações em termos de subjetivação e identidade. A opção pelas duas formas de
organização que constam no título desta seção, poliamor e relações livres, se dá pela compreensão
de que elas, em especial, colocam-se como alternativas, por vezes mais desejáveis, à monogamia.

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Estudiosos desses movimentos são consensuais ao afirmar que existem vários tipos de relações
poliamorosas, assim como definições para o termo “poliamor”, indicando “a difícil conciliação
entre a valorização das singularidades e a busca por unidade” (Pilão, 2012, p. 23). Poderíamos
dizer, no entanto, que todas elas têm em sua base a compreensão de que a monogamia compulsória
deve ser combatida, assim como o ciúme possessivo deve ser substituído pelo sentimento de
“compersão”5.

Elas divergiriam, no entanto, quanto às exigências ou posicionamentos em relação à polifidelidade


e à conjugalidade, na medida em que há vertentes poliamoristas que acreditam ser necessário o
estabelecimento de hierarquias entre as relações e autorização ou consentimento explícito do(a)
parceiro(a) a cada novo envolvimento afetivo (Barbosa, 2015). Na relação ou amor livre, tais
exigências são descartadas em favor da afirmação da autonomia dos sujeitos para a livre escolha
da combinação de relacionamentos estáveis e casuais, simultaneamente.

Mesmo assim, o que as pesquisas indicam é que:

A passagem da monogamia para o Poliamor não tem rituais precisos, não


sendo abandonada a identidade monogâmica por completo. Há, portanto,
uma espécie de “Eu” monogâmico residual a ser combatido
permanentemente, em especial, associado aos ciúmes. O Poliamor
representa nesse sentido mais um ideal do que uma identidade, ou ainda,
uma identidade a ser alcançada, estando cada sujeito em um estágio desse
processo evolutivo. Os problemas dos relacionamentos poliamoristas
são, em geral, apontados como causados pela manutenção de
comportamentos e sentimentos “monogâmicos” (Pilão, 2012, p. 41).

A passagem acima estaria de acordo com nossa suposição de que a monogamia possui uma
dimensão identitária compulsiva que não pode ser facilmente abandonada, mas que tampouco é
natural ou imutável. Há, no entanto, também a dimensão paradoxal, difícil de ser superada,
explicitada nas divergências internas dos movimentos poliamoristas, que implica na desejabilidade
de instituir-se uma “identidade poliamorista”, na medida em que isso significaria a perda da
liberdade de amar de diferentes formas.

Vemos nesse paradoxo tanto aquilo que Lichtenstein chamou de dilema da identidade quanto
expressões da crítica ao identitarismo que recai sobre os movimentos sociais. Da mesma forma,
poderíamos questionar: como impulsos poliamoristas podem surgir em uma sociedade onde a
monogamia é compulsória e compulsiva? Ou como qualquer mudança histórica, seja ela em termos
econômicos ou culturais, poderia acontecer se nossas identidades fossem estabelecidas de maneira
irrevogável desde a infância?

O próprio Lichtenstein (1963) nos oferece uma explicação em sua teoria sobre o tema de
identidade. Segundo o autor, a emergência de padrões culturais e sociais só é possível porque o ser
humano deve definir sua própria identidade, uma vez que não possui os automatismos inatos a que

5
Tradução do neologismo de língua inglesa, compersion, cuja origem atribui-se à comunidade poliamorista Kerista,
de São Francisco (EUA), que teve início na década de 1970, para designar “A emoção positiva que surge ao ver os
parceiros se divertindo juntos, a antítese do ciúme”. Disponível em: https://kerista.com/kerdocs/glossary.html

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outros animais podem recorrer para estabelecê-la. Isso acontece porque nós somos capazes de,
antes de recorrer ao caminho que oferece menor resistência, escolher aquele que nos parece mais
vantajoso (Lichtenstein, 1961). Essa escolha, por sua vez é determinada pela implantação de um
tema de identidade – o qual corresponde aos usos que a criança pode assumir para o ambiente
(cuidador), o que só seria compreensível a partir da característica humana de responder
somaticamente à “intenção sedutora de outra pessoa” (Lichtenstein, 1961, p. 250).

O psicanalista alemão tenta, assim, superar a lógica binária e reduzir a distância, que considera
artificial, entre as abordagens genéticas ou biológicas e as culturalistas, que buscam explicar a
relação da identidade individual com a sociedade. Uma das diferenças irreconciliáveis entre tais
abordagens é a forma de responderem ao conceito de pulsão de morte, estabelecido por Freud em
Além do princípio do prazer (1920).

A partir desta visão complementar entre indivíduo e cultura, sujeito e objeto, o autor irá propor
que o que está para além do princípio do prazer e que é, inclusive, anterior a este e condição para
que opere6, é o princípio de identidade. Longe de igualá-lo às funções egóicas, Lichtenstein sugere
que este princípio arcaico, que visa a continuidade em meio a um mundo que está constantemente
em transformação, funciona como a base biológica adaptativa, a partir da qual seria possível
derivar a emergência evolutiva da mente humana (Lichtenstein, 1961). O próprio princípio da
homeostase estaria subordinado a esta base biológica, na medida em que entraria em ação apenas
enquanto fosse compatível com o princípio de identidade.

Torna-se evidente, portanto, que a compulsão à repetição – a qual Freud havia atribuído à pulsão
de morte, ou seja, um impulso também biológico que tende ao inanimado, à descarga de toda e
qualquer energia do psiquismo – seria uma forma de manter a identidade do organismo, fazendo-
o regredir a estágios passados do desenvolvimento. Isto aconteceria diante de situações que
ameaçam sua identidade, em momentos que o autor nomeou de metamorfoses (Lichtenstein, 1961).

Poderíamos pensar que mudanças como a que estamos presenciando no âmbito dos arranjos
amorosos seriam um desses momentos, em que, na busca de um horizonte mais amplo de formas
de existir e amar, a ideologia e a instituição monogâmica apresentam-se para os poliamoristas “na
melhor das hipóteses, como existindo num estado de alienação da condição humana ideal e, na
pior das hipóteses, como desafio intencional e malévolo à sua identidade ideal: o desafiante deve
ser destruído e ‘enterrado’ pelo discípulos da nova ideologia” (Lichtenstein, 1963, p. 201). Ambas
as situações parecem estar presentes nos movimentos de poliamor e de relações livres, mas há
ainda uma terceira: a tolerância às diferentes modalidades (Pilão, 2012).

Cabe-nos, então, refletir sobre o que essas mudanças implicam para a escuta e a formação em
psicanálise, uma vez que se colocam como variações do mal-estar na cultura, ao mesmo tempo em
que emergem como novas formas de obtenção de prazer.

V. PSICANÁLISE E FIDELIDADE

6
Isso porque considera que o princípio do prazer só pode existir em seres vivos e para que a vida exista enquanto tal
é necessária uma continuidade na ordenação do indivíduo.

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Ao abordar o tema da monogamia e da não-monogamia a partir da psicanálise, pode soar


excêntrico propor uma breve retomada da história do movimento psicanalítico (e, por tabela, de
suas instituições). No entanto, essa breve retomada serve para ilustrar como a noção de fidelidade
é central para as instituições psicanalíticas. Como as instituições constituem parte inalienável da
formação dos e das analistas, parece razoável supor que os ideais que nelas circulam, velada ou
explicitamente, comparecerão na escuta dos e das analistas - Jacques Lacan já anunciava isto em
seu texto "Situação da psicanálise e formação do analista em 1956", por exemplo, a partir da crítica
da análise didática como dispositivo de formação de analistas (Lacan, 1956).

A história da institucionalização da psicanálise7 é a história de como um grupo que se reunia


informalmente na casa do próprio Freud, o grupo das quartas-feiras, dará lugar a um organismo
burocrático responsável por organizar internacionalmente as diferentes sociedades psicanalíticas
locais e nacionais, garantindo um standard de formação e atuação do psicanalista - e, não menos
importante, a fidelidade a esse standard, a evitação de desvios na formação e na doutrina
psicanalíticas.

Desde seu início, o movimento psicanalítico (e, em seu início, esse movimento era composto por
não mais do que algumas sociedades psicanalíticas) precisou se haver com acusações de
charlatanismo, em função da atuação como psicanalistas de não médicos - Otto Rank, por exemplo.
Já aí temos presente a necessidade de caracterizar a psicanálise como um ramo do saber com teoria
e formação próprias, que não poderiam ser confundidas com a da medicina, por exemplo. Como
consequência, tem-se que a formação em psicanálise passará a ser monopólio dos próprios
analistas, no bojo do movimento psicanalítico. Como foi acontecer em situações desse tipo, muito
rapidamente a questão se torna "a formação da psicanálise verdadeira": basta um dissidente para
que essa questão se imponha.

Relembremos, então, como Carl Gustav Jung e Alfred Adler foram excluídos do movimento
psicanalítico em função do que foi considerado por Freud como um desvio, uma infidelidade
teórica aos preceitos psicanalíticos tal como Freud os preconizava. Este artigo não é a ocasião para
retomar a justeza de tais expulsões e as discussões teóricas subjacentes a elas, mas essa lembrança
serve como ilustração do modo como a autoridade de Freud como definidor de quem é ou não
psicanalista (cf. Freud, 1914, "A história do movimento psicanalítico"), problemática em si
mesma, rapidamente se transforma em fidelidade - não só teórica, mas também institucional, como
o episódio da formação do chamado "Comitê Secreto" composto por Jones, Ferenczi, Rank,
Fenichel, Eitington e Sachs, como instância para-institucional encarregada de garantir a fidelidade
à doutrina de Freud.

Essa organização institucional do movimento psicanalítico em uma burocracia encontra sua


contraface na formação dos analistas. Se, como dissemos, a formação em psicanálise deveria ser
distinguida daquela em medicina, parece óbvio que os próprios analistas seriam aqueles que a
garantiriam. Os primeiros analistas, por sua vez, teriam sua formação garantida pelo simples fato
de terem sido analisados por... Freud, já que de início não havia nem sociedade nem programa de
estudos organizados para a garantia da formação psicanalítica. Notemos, de passagem, como um
dispositivo terapêutico é tomado como um dispositivo de formação e, nesse sentido, como signo

7
Uma análise aprofundada deste tema pode ser encontrada em Kupperman (2020).

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de garantia, sem maiores problematizações dos efeitos transferenciais. A fidelidade à Freud é


garantida, assim, por uma análise que, numa verdadeira árvore genealógica da psicanálise, remonta
a Freud ele mesmo, direta ou indiretamente.

A análise didática é o dispositivo onde a ilusão de fidelidade à causa psicanalítica pôde ter lugar
transferencial. Os problemas que tal dispositivo encontra não são estranhos aos psicanalistas, no
entanto, a ideia de que se fala aquilo que o analista que garantirá o lugar do futuro analista quer
ouvir, em detrimento da regra da associação livre, ilustra bem o impasse. Sabemos como as noções
de genitalidade e de neurose terem sido tomadas como ideal de normalidade teve relação com a
proscrição, mais ou menos implícita, de analistas psicóticos e homossexuais8, além dos efeitos
nocivos de interpretações normalizadoras9. Não é de se estranhar, assim, que a comunidade
analítica, formada a partir do ideal de fidelidade, encontre impasses ao escutar aqueles e aquelas
que, em nosso consultório, falam sobre monogamia e não-monogamia.

VI. QUE TIPO DE FIM BUSCA A PSICANÁLISE?

A partir da obra Análise com fim e análise sem fim, Freud (1937/1989d) reverte sua teoria e passa
a considerar a feminilidade como o ponto de partida para a elaboração psíquica tanto do masculino
quanto do feminino. Conforme essa nova teoria, a feminilidade, entendida como terreno da
angústia e mesmo do horror, seria o solo por meio do qual cada pessoa teria que se haver para
elaborar seu psiquismo a partir da lógica do falo. Porém, podemos entender que apesar dessa
mudança ainda permanece em cena a lógica do binarismo, ainda que sem a primazia do fálico
como fundante e da diferença sexual apoiada exclusivamente no corpo masculino.

Supomos que com as novas condições da mulher, forjadas pelo movimento feminista desde os
anos 1960 e 1970 – em que as mulheres saíram definitivamente do espartilho da maternidade e
buscaram novas formas sociais de ser além da restrita condição materna –, o segundo discurso
freudiano sobre a feminilidade é mais adequado aos novos ares do tempo. Podemos dizer ainda
que o discurso freudiano, na sua segunda versão teórica sobre a relação entre os gêneros, foi um
prenúncio do esgotamento ético, político e teórico do paradigma moderno, assim como uma
formulação incisiva em direção de outra leitura pós-moderna sobre a relação entre os gêneros.
Enfim, essa reviravolta teórica apenas se deu quando Freud foi tomado inteiramente pela
perplexidade diante da formulação: o que querem as mulheres, afinal das contas?

Acreditamos que tal perplexidade deva ser fruto não apenas das mudanças sociais que Freud
testemunhou, mas talvez principalmente por ter se deparado com a descontinuidade de certos
lugares identitários que compunham sua própria compreensão de si mesmo. No entanto, Freud
nem sempre foi capaz de dar os devidos remédios às insuficiências que a teoria revelava diante da
prática.

8
Para uma análise mais aprofundada, ver Bulamah, L.C. (2014).
9
Lattanzio, F. F., & Ribeiro, P. de C. (2017).

29
MAFRA DE AMORIM, DE VASCONCELOS MOREIRA / Passages de Paris, n° 24 (2022.1)

Ainda neste texto de 1937, Freud cita Ferenczi – tanto no papel de interlocutor, ao discutir suas
contribuições com o artigo “O problema do fim da análise” (Ferenczi, 1927), quanto no de
paciente, apesar de não o revelar nominalmente nesta última condição, relata o caso de um

homem que fora analisado [e] tornou-se antagonista do analista e


censurou-o por ter falhado em lhe proporcionar uma análise completa. O
analista, dizia ele, devia ter sabido e levado em consideração o fato de
uma relação transferencial nunca poder ser puramente positiva; deveria
ter concedido atenção à possibilidade de uma transferência negativa. O
analista defendeu-se dizendo que, à época da análise, não havia sinal de
transferência negativa. (Freud, 1937, p. 253).

Entrevê-se uma divergência entre propensões e perspectivas éticas para o futuro da psicanálise nos
posicionamentos dos autores que podem nos auxiliar a refletir sobre nossa prática clínica e sua
construção. No texto de Ferenczi citado por Freud, o autor húngaro é categórico ao afirmar que a
análise pode chegar a um fim “natural”, desde que o analista tenha “os conhecimentos e a paciência
suficientes” (1927, p. 23). Por mais simples que pareça a proposta, ele também destaca que sabia
de poucas análises que de fato poderiam ser consideradas como finalizadas. Nem a dele próprio,
provavelmente. É também neste texto que o enfant terrible sugere que a análise didática não deve
ser diferente de qualquer outra análise10.

Ferenczi é de fato uma figura notável na história da psicanálise, como o são tantos e tantas outras.
Mas havendo ele ocupado posições dúbias e às vezes contraditórias na relação com Freud e o
“movimento” - ora parte do “comitê secreto”, ora crítico e experimentador contumaz - ele
certamente provoca a reflexão sobre o valor e as consequências da fidelidade a certos ideais, ao
mesmo tempo em que nos convida, analistas, a questioná-los continuamente, sem, contudo,
duvidar do horizonte de liberdade que a psicanálise pode ajudar a construir com suas inúmeras
metamorfoses.

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ENGELS, F. «A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884) ». São Paulo:
Escala, 1997.

10
O que será bem ao gosto dos lacanianos.

30
MAFRA DE AMORIM, DE VASCONCELOS MOREIRA / Passages de Paris, n° 24 (2022.1)

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