O Dinamismo Civilizacional Da Europa Medieval

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O DINAMISMO CIVILIZACIONAL DA EUROPA

OCIDENTAL NOS SÉCULOS XII A XIV –


ESPAÇOS, PODERES E VIVÊNCIAS
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
Na Idade Média a religião cristã estava muito presente na vida quotidiana.

As crenças que uniam a cristandade ocidental baseavam-se na


doutrina fixada pela Igreja de Roma.

Os diversos concílios uniformizaram a doutrina, as práticas e a


liturgia, que eram baseadas em crenças fundamentais:
• a crença no Deus único (em três pessoas ou Santíssima Trindade);
• a crença na Virgem Maria e nos santos;
• a crença de que as escrituras sagradas são os Evangelhos (a Bíblia
é dividida em Antigo e Novo Testamento);
• a crença na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo e na
vida eterna depois da morte.
• a crença nos sete sacramentos (a partir do século XII).

Os sacramentos marcam os principais momentos da vida do cristão,


desde o nascimento até à morte. O sacramento do batismo.
Iluminura de Grandes Chroniques de France
A religião cristã romana manifesta também as suas crenças através (séc. XV). British Library, Londres.
do culto das relíquias e das peregrinações.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
O Papa, bispo de Roma, é considerado a autoridade espiritual única e suprema.

O Papa assegura, com toda a hierarquia da Igreja, o papel


da Igreja na vida espiritual, na sociedade, na cultura e
também na vida política do ocidente europeu.

A Igreja Cristã Romana, e a sua hierarquia, desde os


cardeais aos crentes laicos, obedece à autoridade do Papa
que é o chefe da Igreja.

O Papa detinha:
• o poder religioso sobre toda a cristandade ocidental;
• o poder temporal (político) sobre os territórios do
papado e sobre os reinos cristãos.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
O Papa, bispo de Roma, é considerado a autoridade espiritual única e suprema.

Os crentes que se dedicavam totalmente à vida


religiosa eram os clérigos que constituíam um grupo
social privilegiado na sociedade medieval.

No clero distinguia-se:
• o clero secular, que vivia numa paróquia ou bispado
(curas ou vigários dirigidos por um bispo na diocese);
• o clero regular, que vivia num mosteiro, geralmente
separado do mundo, e que seguia uma regra.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
A função da Igreja foi fundamental num tempo marcado por muita instabilidade
política, social e económica.

• Assegurou o apoio espiritual.


• Apoiou e garantiu a assistência.
• Controlou o ensino.
• Incentivou a prática da paz cristã (“Paz
de Deus”).

Para assegurar estas e outras funções,


o clero recebia a décima parte dos
rendimentos ou das colheitas (dízima)
e beneficiava de privilégios especiais.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
No século XII e XIII, a Igreja inicia uma reforma interna e uma ação externa com vista a
uma maior disciplina e controlo dos abusos e ameaças externas à sua influência.

• Tomou medidas para controlar os abusos do clero.


• Assumiu uma posição agressiva face aos heréticos (apoiantes de heresias ou de
desvios à doutrina da Igreja).
• Incentivou a luta contra os infiéis do Islão, através das cruzadas.
• As cruzadas foram expedições militares:
• contra os muçulmanos (Islão), tendo em vista
a conquista da Terra Santa;
• para apoiar Constantinopla (Igreja Ortodoxa Grega)
face ao avanço e ameaça do Islão;
• em apoio à Reconquista Cristã contra o domínio
muçulmano na Península Ibérica.
• Também para cristianizar os povos pagãos (não crentes),
no norte e no oriente da Europa, a Igreja tomou várias
iniciativas de expansão e de evangelização.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
Apesar do papel e do poder da Igreja, acentuou-se a rivalidade entre o poder espiritual
da Igreja (autoridade do Papado) e o poder temporal (dos reis e imperadores).

O Papa (poder espiritual) e os reis e imperadores


(poder temporal) procuravam exercer influência ou
evitar a predominância de um sobre o outro nos
diversos territórios cristãos do ocidente.
O Papa afirmou-se como o representante de Deus
na Terra, exercendo o poder de excomungar qualquer
cristão, incluindo reis e imperadores.
O Papa Gregório VII reforçou a ideia de que o poder
temporal tinha de estar subordinado à autoridade papal.
O Papa Inocêncio III reclamou para o Papado a autoridade plena do poder:
• decretou a subordinação dos bispos à sua autoridade;
• convocou e presidiu ao Concílio de Latrão, em 1215, para definir a
doutrina e a autoridade.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
A organização das crenças: o poder do Bispo de Roma na Igreja ocidental
Apesar do papel e do poder da Igreja, acentuou-se a rivalidade entre o poder espiritual
da Igreja (autoridade do Papado) e o poder temporal (dos reis e imperadores).

O Papa Bonifácio VIII (1235-1303) viu a sua autoridade ser desafiada pelas
monarquias da Europa ocidental, numa época em que reforçavam o poder régio.
O rei de França, Filipe IV, o Belo, provocou um conflito com a Santa Sé:
• A Bula Clerisis Laicos (1296) proibia a cobrança de impostos ao clero; Filipe IV
rejeitou a Bula, contrariando a autoridade papal.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

ATIVIDADES
VER QUADRO ↘
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
ATIVIDADE 1

O Papa
Redija um texto explicativo do
bispo de Roma
organigrama ao lado, referente à
hierarquia e composição da Igreja Os cardeais
Romana, tendo em conta os seguintes
elegem o papa e participam
aspetos: nos concílios

O clero regular
a) a tipologia da hierarquia do clero;
b) os privilégios que detinham; vive em contacto com a pertence a uma ordem
população religiosa e seguem uma regra
c) os cargos ou funções
desempenhados; O bispo 0 abade
d) a influência na sociedade, na dirige um convento ou
dirige uma diocese abadia
economia e na vida política.
O cura ou Os monges ou
vigário frades
vivem num convento ou mosteiro
dirige uma de uma ordem religiosa
paróquia
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
ATIVIDADE 2
1. Leia, atentamente, os documentos seguintes (Docs. 1, 2 e 3).
A Documento 1 – A representação dos cruzados e das A representação dos cruzados e das cruzadas: B
cruzadas: Luís IX (1214-1270), rei de França, liderando os
Frederico II (1194-1250), Imperador do Sacro Império cruzados, num ataque a uma cidade no Egipto,
Romano-Germano como cruzado (organizou e durante a sétima cruzada (1248-1250)
participou na sexta cruzada em 1228-1229)

Fonte da imagem
Wikipédia
http://commons.wikime
dia.org;
http://crusades.boisestat
e.edu/pics/Age%20of%2
0Charles%20V/siege%20
VER QUADRO ↘ of%20damietta.jpg
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

ATIVIDADE 2

Documento 2 – Ilustração do século XV que Documento 3 – Carta do cavaleiro Guy a B. de


representa uma cena da sétima cruzada (1248-1254). Chartres durante a sétima cruzada (c.1249).

[Segundo o relato do cavaleiro, perante o ataque iminente do


inimigo, liderado pelo sultão do Cairo, o rei Luís IX dirige-se
aos seus homens incitando-os]:
“Meus amigos e fiéis soldados,” afirmou o rei, “nós
deveremos ser invencíveis se formos inseparáveis no amor
que temos uns aos outros. Não é sem a permissão divina que
viemos até aqui tão rapidamente. Não sou nem o rei de
França nem a Santa Igreja; vocês são ambos. Sou apenas um
homem cuja vida terminará como a de qualquer outro
quando Deus me chamar. Tudo está a nosso favor,
independentemente do que possa acontecer. Se formos
vencidos, seremos mártires; se triunfarmos, a glória de Deus
será exaltada de tal modo que toda a França, e mesmo a
Cristandade, será por esse meio glorificada. Certamente que
seria insensato acreditar que Deus, que tudo vê, me incitou
em vão. Esta é a Sua causa, devemos conquistar para Cristo,
Ele triunfará em nós, Ele trará a glória, a honra e dar-nos á a
sua bênção […].”
1.1.
1.2.Com
Destaque
base em
os ideais
dadosreligiosos
recolhidose políticos
nos documentos
que estão
1, explícitos
2 e 3, e nos
e implícitos
seus conhecimentos,
no discurso demonstre
do rei aos que as
cruzadas,
cruzados,no
comprovando
séc. XIII, nãoatinham
sua interpretação
apenas motivos
com expressões
de naturezado religiosa.
mesmo (Doc. 3).
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA
2. Leia, atentamente, os documentos 4 e 5.

Documento 4 – A tomada de Constantinopla Documento 5 – Inocêncio III condena a conduta


(1204)* dos cruzados (1205)
*(Durante a quarta cruzada 1202-1204)

Passou a noite e chegou o dia que foi terça-feira de manhã. Então armaram- […] Soubemos e descobrimos pelas vossas cartas que havíeis absolvido dos
-se todos para a hoste, cavaleiros e escudeiros, preparando-se cada um para seus votos de peregrinação e das suas obrigações de cruzada de todos os
a sua batalha; e saíram das suas tendas julgando encontrar maiores lutas do cruzados que tinham permanecido a defender Constantinopla […]. É
que as do dia anterior, pois não sabiam que os imperadores tinham fugido impossível não me manifestar contra vós, pois nunca haveríeis devido nem
durante a noite. Com efeito, não encontraram ninguém que viessem contra podido dar tal absolvição […]. Como poderá na verdade a igreja grega ser
eles. O marquês Bonifácio de Monferrat cavalgou ao longo da marinha em trazida à união eclesiástica e à devoção pela Sé Apostólica, quando tem sido
direção ao Palácio Boca-de-Leão; e, quando aí chegou, o palácio rendeu-se- assediada por tantas aflições e perseguições, de tal maneira que não vê nos
-lhe, salvando-se as vidas dos que estavam no seu interior […]. Do tesouro Latinos senão um exemplo de perdição […] e que agora, […], os detesta mais
que havia no palácio nem convém falar, pois era em tal quantidade que não do que a cães? Porque aqueles que deveriam prosseguir os objetivos de
tinha conta nem medida. E assim como este palácio se rendeu ao marquês Jesus Cristo e não os próprios, aqueles cujas espadas deveriam ser usadas
de Monferrat, rendeu-se o de Blacherne a Henrique, o irmão do conde contra pagãos e estão agora ensopadas em sangue cristão, não pouparam
Balduíno da Flandres […]. Os tesouros nele encontrados foram tais que não idade nem sexo. […] Não satisfeitos em saquear o tesouro imperial e roubar
eram inferiores aos do da Boca-de-Leão. Cada um ocupou com a sua gente os bens dos príncipes e homens de menor importância, puseram também as
o castelo que lhe foi dado e mandou guardar o tesouro. As outras pessoas suas mãos nos tesouros das igrejas […]. Arrancaram mesmo frontais de
que se espalharam pela cidade ganharam bastante, e os ganhos foram tão prata dos altares e fizeram-nos em pedaços entre eles. Violaram os lugares
grandes que ninguém vos saberá dizer o montante, […], em ouro, prata, sagrados e deles tiraram cruzes e relíquias. Também, sob que pretexto
baixelas, pedras preciosas, [,,,], tecidos de seda, […] e arminhos, […] E bem poderemos apelar para os outros povos ocidentais a fim de ajudarem a
testemunha Godofredo de Vile-Hardoin, […], que desde que o mundo existe Terra Santa e assistirem ao Império de Constantinopla? Quando os
nunca tanto se ganhou numa cidade. Cada um arranjou alojamento como cruzados, tendo abandonado a peregrinação proposta, voltam absolvidos
melhor lhe agradou, pois havia-os em quantidade suficiente. Assim foram para suas casas; quando aqueles que saquearam o citado Império se vêm
albergadas as hostes dos peregrinos e dos Venezianos e foi grande a alegria embora e voltam para casa com o seu saque, livres de culpas.
da honra e da vitória que Deus lhes tinha dado, porque aqueles que eram Innocenttii III, «Romani Pontificis, Opera Omnia, epist. 136», in Fernanda
pobres e até aí o tinham sido mergulharam na riqueza e no luxo. Espinosa, Antologia de Textos Históricos Medievais, Livraria Sá da Costa
Geoffroy de Villehardouin, «La conquête de Constantinople» in Fernanda Editora, Lisboa, 1972, pp. 303-304
Espinosa, Antologia de Textos Históricos Medievais, Livraria Sá da Costa
Editora, Lisboa, 1972, pp. 301-302

2.1. Compare as perspetivas presentes nos documentos 4 e 5 acerca da conduta dos cruzados.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

PROPOSTAS DE RESOLUÇÕES
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 1


A composição do texto deve desenvolver-se em torno da abordagem dos itens indicados,
com referência aos seguintes aspetos:
A Igreja era uma estrutura organizada e hierarquizada conforme a importância das funções
desempenhadas e dos cargos ocupados. O clero era, na definição da sociedade medieval,
“os que oram”, mas não formavam um grupo homogéneo na sua riqueza, funções ou até
grau de preparação ou prestígio (por exemplo: diferença entre o alto clero e o baixo clero).

a) A tipologia da hierarquia do clero:


• hierarquia constituída pelo clero secular e regular;
• clero secular: bispos; cónegos; curas ou vigários; párocos;
• clero regular: abades; monges e frades;
• no clero regular e secular distinguiam-se diversos estratos conforme a sua importância
e título que detinha;
• quer no clero secular quer no clero regular existia o alto clero formado pelos abades,
bispos, arcebispos, que tinham acesso ao poder e à posse de grandes propriedades.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 1


b) Os privilégios que detinham:
• estavam isentos de impostos;
• dispensados de obrigações militares;
• beneficiavam do direito de asilo;
• eram regidos pelo Direito canónico.
c) Os cargos ou funções desempenhados:
• os bispos e abades desempenhavam importantes cargos na hierarquia da Igreja;
dedicavam-se ao ensino: escolas monásticas e universidades;
• tinham acesso ao desempenho de cargos na corte.
d) A influência na sociedade, na economia e na vida política:
• na sociedade: ocupavam o primeiro lugar na hierarquia social; a vida social e
quotidiana era marcada pelo calendário religioso; tinham prestígio e influência devido
à função religiosa pois dedicavam-se à pregação, influência moral, assistência na
doença, a peregrinos; a pobres e órfãos, por exemplo; era o grupo mais culto; tinha
acesso mais privilegiado ao ensino e à actividade intelectual;
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 1


• na economia: possuíam muitas propriedades; promoviam a ocupação e povoamento
de terras; cobravam impostos; recebiam muitas doações dos fiéis; tinham grandes
rendimentos dos cargos desempenhados (alto clero secular e regular); o baixo clero,
ligado a paróquias pequenas e pobres, não tinha muitos rendimentos e vivia por vezes
com dificuldades;
• na vida política: desempenhavam cargos na corte; aconselhavam os reis nas cúrias
régias; podiam exercer cargos na hierarquia administrativa do reino; eram confessores
dos mais poderosos da sociedade (alto clero).
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 2


1. Dados dos documentos e mobilização de outros conhecimentos:

A luta revela um ambiente de violência; em fundo está representada uma cidade com
sinais de grandeza e prosperidade tendo em conta os edifícios, e que seria conquistada e
objeto de saque (DOC. 1).

• Procuravam afirmar o poder régio, daí o empenho e a participação direta de reis e


imperadores (DOC. 1).
Os reis apoiaram e promoveram a sua realização por devoção mas também como
forma de reforçarem o seu poder político e militar.
• Procuravam controlar pontos estratégicos e rotas comerciais (DOC. 2).
• Eram uma forma de alcançar fortuna para aqueles que nelas participavam (DOC. 2 e 3);
• Revelaram-se um meio para conquistar novas terras para a cristandade ocidental.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 2


2. Destaque de três dos seguintes tópicos relacionando-os com as expressões citadas:

• Apela aos sentimentos dos cruzados, e coloca-se como um seu igual, mas ao mesmo
tempo como seu líder;
– “Meus amigos e fiéis soldados”
– “[…] invencíveis se formos inseparáveis no amor que temos uns aos outros.”
– “Sou apenas um homem […].“
• A cruzada é vontade de Deus pois serve como luta contra o infiel;
– “Não é sem a permissão divina que viemos até aqui […]”
• Permite alcançar a glória e a honra independentemente do resultado obtido;
– “Se formos vencidos, seremos mártires”;
– “Ele trará a glória, a honra e dar-nos-á a sua bênção”
• Destina-se ao alargamento da fé cristã
– “Esta é a Sua causa, devemos conquistar para Cristo […].”
• O rei assume-se como líder da cruzada:
– “[…] se triunfarmos, a glória de Deus será exaltada de tal modo que toda a França
e mesmo a Cristandade, será por esse meio glorificada”.
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Proposta de resolução da atividade 2


3. Comparação de três dos seguintes aspetos de entre as seguintes evidências:

– Geoffroy de Villehardouin:
• relata o sentimento vitorioso dos cruzados;
• relata o saque a vários castelos;
• relata a ocupação dos castelos por parte dos cruzados;
• relata o enriquecimento dos cruzados;
• relata o luxo a que acederam;
– Papa Inocêncio III
• condena a absolvição dos cruzados que saquearam Constantinopla;
• considera que o saque de Constantinopla põe em causa a procura da unidade da
Cristandade ocidental e oriental;
• recusa a morte e o saque de cristãos;
• condena o saque de igrejas e os roubos de objetos eclesiásticos.
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 2


A análise ou interpretação linear do documento de Geoffroy de Villehardouin permite
destacar as seguintes informações:
Os cruzados não encontraram resistência.
• “Com efeito, não encontraram ninguém que viesse contra eles.”
A rendição dos palácios foi fácil e pouparam a vida dos que lá estavam; os tesouros eram
incalculáveis.
• “ […]o palácio rendeu-se-lhe, salvando-se as vidas dos que estavam no seu interior.
[…] Do tesouro que havia no palácio nem convém falar, pois era em tal quantidade
que não tinha conta nem medida.
Apesar de dar a ideia de moderação, revela a ocupação das casas pelos conquistadores e
o facto de que se espalharam pela cidade ganhando bastante com todos os tesouros que
foram encontrando.
• “Cada um ocupou com a sua gente o castelo que lhe foi dado e mandou guardar o
tesouro. As outras pessoas que se espalharam pela cidade ganharam bastante, e os
ganhos foram tão grandes que ninguém vos saberá dizer o montante, […], em ouro,
prata, baixelas, pedras […]”
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 2


Constata que nunca os cavaleiros [supõe-se que se referia aos cruzados] tinham ganho
tanto na conquista de uma cidade dando o exemplo de um deles.
• “E bem testemunha Godofredo de Vile-Hardoin, […], que desde que o mundo existe
nunca tanto se ganhou numa cidade.”

Os que estiveram na conquista ocuparam as casas; todos os que participaram


manifestavam alegria em nome de Deus; revela que essa glória permitiu que os que
eram pobres tivessem ficado ricos e com luxo.
• “Cada um arranjou alojamento como melhor lhe agradou, pois havia-os em
quantidade suficiente. Assim foram albergadas as hostes dos peregrinos e dos
Venezianos e foi grande a alegria da honra e da vitória que Deus lhes tinha dado,
porque aqueles que eram pobres e até aí o tinham sido mergulharam na riqueza e
no luxo.”
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 2


A análise e interpretação linear do documento papal permite destacar as
seguintes informações:

• Manifesta a sua indignação “É impossível não me manifestar contra vós.”


• Chama a atenção para o facto de que o ataque significa o afastamento entre a
Cristandade oriental [Igreja grega ou Igreja ortodoxa] da Igreja de Roma -
“Como poderá na verdade a igreja grega ser trazida à união eclesiástica e à
devoção pela Sé Apostólica, quando tem sido assediada por tantas aflições e
perseguições, de tal maneira que não vê nos Latinos senão um exemplo de
perdição […].”
• Critica o desvio em relação aos ideias de Cruzada “[…] aqueles que deveriam
prosseguir os objetivos de Jesus Cristo e não os próprios, […]”
• Acusa os cruzados de terem atacado não os pagãos mas os próprios cristãos de
Constantinopla “[…] aqueles cujas espadas deveriam ser usadas contra pagãos e
estão agora ensopadas em sangue cristão, não pouparam idade nem sexo.”
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

Proposta de resolução da atividade 2


• Acusa os cruzados de terem saqueado não só os tesouros dos homens mas
também os das igrejas “[…] saquear o tesouro imperial e roubar os bens dos
príncipes e homens de menor importância, puseram também as suas mãos nos
tesouros das igrejas”; “Arrancaram mesmo frontais de prata dos altares […];
“Violaram os lugares sagrados e deles tiraram cruzes e relíquias […]”.
• Considera que foi posto em causa o ideal de cruzada de libertar a Terra Santa e
de apoiar o Império de Constantinopla contra a ameaça da expansão dos
muçulmanos e que a Igreja já não teria justificação para pedir o apoio dos reinos
cristãos ocidentais; “ […] que pretexto poderemos apelar para os outros povos
ocidentais a fim de ajudarem a Terra Santa e assistirem ao Império de
Constantinopla […]”.
• Critica a absolvição dos pecados dos cruzados que participaram no saque “ […]
os cruzados, tendo abandonado a peregrinação proposta, voltam absolvidos
para suas casas; quando aqueles que saquearam o citado Império se vêm
embora e voltam para casa com o seu saque, livres de culpas [...].
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OCIDENTAL NOS SÉCULOS XII A XIV –
ESPAÇOS, PODERES E VIVÊNCIAS
A IDENTIDADE CIVILIZACIONAL DA EUROPA

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