Mecanismos Da Arte Moderna e Contemporânea
Mecanismos Da Arte Moderna e Contemporânea
Mecanismos Da Arte Moderna e Contemporânea
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NOSSA HISTÓRIA
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de co-
nhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que cons-
tituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publica-
ção ou outras normas de comunicação.
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Sumário
MECANISMOS DA ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA ................................... 1
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4
2. O ENSINO DA ARTE E A ARTE CONTEMPORÂNEA ................................................ 5
2.1. MODERNISMO NO BRASIL ........................................................................................ 8
2.1.1. MODERNO OU CONTEMPORÂNEO? ................................................................ 10
3. ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA .................................................................. 14
3.1. SER PROFESSOR DE ARTE CONTEMPORÂNEA .................................................. 20
3.1.1. O ALUNO DE ARTE E A ARTE CONTEMPORÂNEA ....................................... 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .................................................................................... 27
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1. INTRODUÇÃO
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pesquisa das principais fontes bibliográficas procurando relatar de forma simples o
surgimento da arte contemporânea e seu desenvolvimento no Brasil, com o título Arte
Contemporânea Brasileira.
A preocupação com a postura do professor de arte em sala de aula foi abordada con-
sultando fontes de Chiovatto no item Ser professor de Arte Contemporânea. Finali-
zando O Aluno de Arte e a Arte Contemporânea foi relatado a experiência da aplicação
do material pedagógico elaborado pelo professor PDE, Art. Contemporânea: o novo
que assusta.
O ensino da arte contemporânea dentro das escolas tem sido um problema entre mui-
tos professores, que encontram dificuldades em abordar este assunto, talvez por falta
de um olhar mais preparado para a tarefa. Sendo a escola um espaço crítico que deve
ajudar o aluno a compreender a realidade e nela atuar, faz-se necessário um estudo
5
mais aprofundado das manifestações artísticas e seus modos de ver, perceber e in-
terpretar.
Antes de 1950 o Brasil tinha uma arte moderna com critérios bem definidos quanto à
sua análise, o que levou os professores a ter certa dificuldade em relação aos critérios
que envolvem a arte contemporânea. O modo de ver a arte dos professores brasileiros
permaneceu fundamentada nos critérios da arte moderna, que não são os mesmos
que determinam a arte contemporânea. Assim, a partir desse período o professor en-
contra certo receio em analisá-la e tem a tendência de vê-la como algo desconhecido
por ter uma educação deficiente em relação a este período.
Buoro coloca que:
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No Brasil, estas novas ideias sobre ensino da arte a princípio ficaram restritas a pou-
cos círculos acadêmicos. No ensino formal, o lançamento dos Parâmetros Curricula-
res Nacionais, em 1997 e 1998, contribuiu para divulgar a proposta contemporânea.
O ensino de arte contemporânea deve considerar a visão da arte em uma perspectiva
cultural, a valorização da bagagem cultural do educando, a ênfase no respeito e no
interesse por diferentes culturas, a proposta de desenvolver a capacidade de leitura
crítica e atenta de obras de arte e do mundo no qual está inserida, a ampliação do
conceito de criatividade.
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experiência visual está vinculada a experiências subjetivas incorporadas às práticas
culturais.
A sociedade de hoje requer um ser reflexivo, e a arte contemporânea favorece isso,
pois pede uma interpretação ativa, pode unir diversos meios de pensamento, relacio-
nar-se a vários contextos e é suscetível a múltiplas interpretações, promovendo o tipo
de entendimento exigido por uma sociedade pluralista, na qual grupos podem coexistir
com diferentes histórias, valores e pontos de vista.
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aconteceu entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São
Paulo.
Assim, surge a Semana de Arte Moderna, liderada pelo chamado “Grupo dos cinco”:
Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do
Amaral.
Esse evento, que reuniu diversas apresentações e exposições, colaborou com o sur-
gimento de revistas, manifestos, movimentos artísticos e grupos com experimenta-
ções estéticas inovadoras. Tudo isso permitiu consolidar as ideias modernistas e inau-
gurar o movimento no país.
O modernismo no Brasil surge logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que
levou a morte de milhares de pessoas, a destruição de diversas cidades e a instabili-
dade política e social. Assim, numa tentativa de reestruturar o país politicamente, e
também o campo das artes - estimulado pelas vanguardas europeias -, encontra-se a
motivação para romper com o tradicionalismo.
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Algumas revoltas que aconteceram nesse momento pelos tenentistas foram: a revolta
do forte de Copacabana, em julho de 1922, no Rio de Janeiro; a revolta paulista de
1924, que ocorreu na cidade de São Paulo; e a Coluna Prestes (1925-1927). Todos
elas reivindicavam o fim da República Velha e do sistema oligárquico.
A crise econômica gerada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929,
acelerou esse processo e essa mudança foi alcançada com a Revolução de 30. As-
sim, um golpe de estado depôs o presidente Washington Luís e marcou o fim da Re-
pública velha. Começa, então, a Era Vargas que durou até 1945, ano que termina da
Segunda Guerra Mundial
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Para apreender a arte como contemporânea, precisamos estabelecer
certos critérios, distinções que isolarão o conjunto dito “contemporâ-
neo” da totalidade das produções artísticas. Contudo, esses critérios
não podem ser buscados apenas nos conteúdos das obras, em suas
formas, suas composições, no emprego deste ou daquele material,
também não no fato de pertencerem a este ou aquele movimento dito
ou não de vanguarda. (CAUQUELIN, 2005, p. 11, 12).
Estabelecer uma estrutura que opere a separação entre o que é e o que não é arte
contemporânea se faz necessário, reunindo suas manifestações esparsas segundo
determinada ordem. Para o senso comum “moderno” é algo novo, atual. Já no que se
refere à arte, “moderno” é o nome de um período da história da arte, que se inicia na
Europa no século XIX, com a crise do academicismo, podendo ser marcado pelas
obras de Manet, Olympia e Almoço na Relva, ou com o realismo de Gustavo Courbet
e o impressionismo que se seguiu. No Brasil, a arte moderna inicia-se com Anita Mal-
fatti e Lasar Segall que antecedem a Semana de Arte Moderna em 1922. Cauquelin
define moderno como:
“Nós nos servimos então do termo moderno para qualificar certa forma
de arte que conquista seu lugar (ao mesmo tempo em que adota o
nome) por volta de 1860 e se prolonga até a intervenção do que cha-
mamos de arte contemporânea. Esse posicionamento histórico, ligado
à denominação ‘moderno’, bastará por enquanto para sugerir os con-
teúdos nacionais (...): o gosto pela novidade, a recusa do passado
qualificado de acadêmico, a posição ambivalente de uma arte ao
mesmo tempo ‘da moda’ (efêmera) e substancial (a eternidade). Assim
situada, a arte moderna é característica de um período econômico
bem definido, o da era industrial, de seu desenvolvimento, de seu re-
sultado extremo em sociedade de consumo.” (CAUQUELIN, 2005. p.
27)
Portanto, definida a arte moderna como própria da era industrial, leva-nos a pensar
em arte contemporânea como parte da era tecnológica, da comunicação. Este pode
ser um argumento para situar a arte contemporânea. Mas se observar a arte ao nosso
redor vemos que há uma mistura de diversos elementos, de valores que estão sempre
se fazendo presente na arte que nos deixa uma interrogação.
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A origem da arte contemporânea esta na obra de Marcel Duchamp, considerado por
muitos como o pai da arte contemporânea, acreditava que a arte não deve ser feita
pelo artista e sim pensada intelectualmente por ele. Duchamp cria os ready-mades
dos mais variados objetos, interessando para ele o conceito da obra, e não mais a
obra em si.
Desprezando ironicamente a estética clássica, pintou bigodes na Mona Lisa, tentando
abolir a obra de arte e o artista, que era visto como excepcional, gênio, anulando a
ideia de uma carreira artística. As obras acadêmicas mudam de assunto, de tema,
mas possuem a mesma “imagem” grega, obedecem a um mesmo formato.
Para Duchamp, não é mais necessário executar uma obra, basta selecionar objetos
já existentes e elevá-lo à categoria de arte. Lança a ideia que arte não é mais um
fazer, mas apenas um conceito. Isso leva à negação de toda tradição. O princípio de
sua obra é a negação do sentido na própria obra. Ao escolher um urinol, A Fonte, para
expor no Salon des Independents de Paris em 1917, assinando como Mutt (nome de
uma empresa que fabricava artigos sanitários), anula os princípios estéticos na arte.
Isso gerou um grande problema, pois se tudo é arte, nada é arte. A obra de arte em si
mesma não existe neste contexto. Fator que abrirá o caminho para a arte participativa,
como a performance e a instalação, incluindo outros espaços, além dos museus e
galerias. Ideia que busca romper com o espectador passivo.
O ready-made coloca a arte em questão: o que é arte e o que não é arte? A rejeição
de sua obra A Fonte não impediu Duchamp de criar outros readymades escolhendo
os objetos mais insignificantes e transformando-os, dando-lhes um novo nome. Du-
champ exerceu, dessa maneira, grande influência na evolução de vanguarda artística
no século XX.
Sua obra está assim, na origem dos movimentos conceituais e das instalações que
marcariam a década de 1970, e também no trabalho de artistas experimentais e os de
meios não convencionais, influenciando também o conceito da própria arte. Na dé-
cada de 1960, em substituição ao conceito de “obra-prima”, passam a chamar de
“objeto” o que os artistas propõem, pois o termo obra já não suportava mais as trans-
formações da arte do século XX. Analisando a história da tradição do Cristianismo e
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do Capitalismo percebemos que esse desejo de desconstrução ou negação da própria
arte, emplementado por Duchamp, vem refletir as ideias de alguns opositores que
denunciam a opressão desse sistema, propondo novos valores.
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3. ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Por volta dos anos 50, o ambiente artístico brasileiro era dominado pela arte figurativa,
com Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Segall e Pancetti. Vicente do Rego Monteiro e
Cícero Dias foram os pioneiros brasileiros da abstração, mas, no entanto, viviam em
Paris.
No Brasil, os introdutores da arte abstrata geométrica foram Arpard Szenes e Axl
Leskoschek, na década de 1940. A partir daí, algumas exposições como do norte-
americano Alexander Calder no Masp, e do suíço Max Bill dão impulso a uma nova
fase da arte brasileira.
A primeira Bienal realizada no Brasil ocorreu em 1951. Max Bill foi premiado com a
sua obra Unidade Tripartida, o que foi um grande incentivo para a arte construtivista
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no Brasil. Após a Bienal, surgem dois grupos incentivados por essa arte: em São
Paulo, o Grupo Ruptura (1951), e no Rio de Janeiro, o Grupo Frente (1954).
O Grupo Ruptura reuniu artistas como Waldemar Cordeiro, Hermelindo Fiaminghi, Ju-
dith Lausad, Luiz Sacilotto, Mauricio Nogueira Lima, Lothar Charoux e Kasimir Fejer.
Waldemar Cordeiro é quem vai assumir a liderança desse grupo, que em 1952 lançam
seu manifesto, no qual se posicionam contra a pintura naturalista e ao não-figurati-
vismo hedonista.
Buscam a renovação dos valores essenciais da arte visual, com uma obra de caráter
geométrico, negavam a intuição, proclamando ser a arte um tipo especial de conheci-
mento.
No Rio de Janeiro, a arte concreta não foi tão radical, após a exposição realizada em
Petrópolis, em 1953, forma-se o Grupo Frente, que apesar de ser formado por artistas
abstrato-geométricos, valorizam a liberdade de expressão e permitem o ingresso de
artista de todas as linguagens, desde que não tivessem compromisso com as gera-
ções passadas. Em 1959, passam a constituir o núcleo Grupo Neoconcreto. A I Expo-
sição de Arte Neoconcreta aconteceu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
em 1959. Participaram desta Amílcar de Castro, Ferreira Gular, Franz Weissman,
Lygia Clark, Ligia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis, os mesmo que assina-
ram o Manifesto Neoconcreto.
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cria em 1960, onde materializa a pintura fora da tela. Os Bichos são sensoriais que
devem ser manipulados pelo espectador, introduzindo assim a participação deste na
obra de arte.
Um outro projeto, Caminhando Lygia ofe-
rece um papel e uma tesoura para ao es-
pectador, e leva-o ao ato de cortar o papel.
Assim o espectador não mais só interage
com a obra, mas cria a própria obra. É o tra-
balho de criar que se torna obra, trabalho
em processo, como a vida. Lygia torna pú-
blica sua obra agora não mais em galerias e
museus, mas nas universidades, nas ruas e
em seu próprio apartamento, onde realiza
as seções com os Objetos relacionais, tra-
balho que escolhe o corpo do espectador
para realização. Estimula o espectador buscando experiências estéticas e estésicas
com materiais banais, religando arte e vida. Este é sua última forma de trabalho.
Helio Oiticica conservou-se fiel aos veículos e suportes tradicionais da pintura até o
ano de 1959. Mas já nesses primeiros quadros via-se a tendência a superar o plano
bidimensional, pela utilização da cor com evidentes intenções espaciais. Abando-
nando o quadro, adota o relevo, criando seus Núcleos e Penetráveis, placas tridimen-
sionais suspensas por fios manipuláveis pelo participador.
Os Bólides (1963), pequenas caixas ou peças de vidro, contem pigmentos que podem
ser manipulados, exigindo a mão, o gesto, o corpo, o toque, os sentidos, as sensações
do participante. Os Parangolés, manifestações ambientais e coletivas, envolvendo ca-
pas, barracas, estandartes e passistas da Mangueira. Obra feita para dançar, interca-
lando corpo, dança e som. O participador penetra nas obras e experimenta, em cada
uma delas, “o dentro” – sente-se nelas.
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(1967) é um ambiente, jardim com pássaros vivos entre plantas e poemas-objetos,
onde o espectador interage, sendo monitorado por um olho televisivo.
Essa forma de compreender a arte abala toda a estrutura do sistema de arte, que
caminha para além de formas, materiais ou técnicas. A arte conceitual no Brasil dá
seus primeiro passos, no ano de 1967, com a exposição “Nova Objetividade” realizada
no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, quando Hélio Oiticica divulga o catálogo
da exposição, estabelecendo alguns pontos que desenvolve dentro de um programa
próprio, como:
1. – Vontade construtiva geral;
2. – Tendência para o objeto ser negado e superado do quadro de cavalete;
3. – Participações do espectador (corporal, tátil, visual, semântica etc.);
4. – Abordagem e tomada de posição em relação a problemas políticos, sociais,
éticos;
5. – Tendência para proposições coletivas e consequente abolição dos “ismos”
característicos da primeira metade do século XX na arte de hoje (tendência que
pode ser englobada no conceito de “arte pós-moderna” de Mário Pedrosa);
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6. – Ressurgimento e novas formulações do conceito de antiarte. Com estes itens
são lançados alguns princípios que vão nortear a arte conceitual.
A participação do público diante da obra cria um espectador que assume uma posição
crítica e atuante em relação à obra e por isso foi estratégico o revigoramento do binô-
mio arte-política. A arte estava preocupada em efetuar a crítica a um país tomado pela
ditadura militar, instituída por meio do golpe militar em 1964.
Nos fins dos anos 1970, surge na Itália um movimento de volta aos suportes tradicio-
nais, chamado na primeira hora de pintura, mas consagrado com o nome de Trans-
vanguarda, cunhado pelo crítico Achille Bonito Oliva. O retorno do prazer da pintura
rompe com os limites de recursos que caracterizava a década anterior. A pintura passa
a ser concebida a partir de novos pressupostos: uso abusivo das cores, grandes for-
matos, uso de objetos do cotidiano adotados como suporte pictórico da obra, gestua-
lidade, figurativismo e expressionismo.
A retomada a pintura foi à tendência dominante nos cinco primeiros anos da década
de 1980 e teve o impulso inicial de Luiz Áquila e dos professores da Escola de Artes
Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, vários de seus principais
expoentes, como Leda Catunda, Mônica Nador, Ana Maria Tavares, Leonilson e Sér-
gio Romangnolo, formaram-se na Fundação Armando Álvares Penteado, onde foram
alunos de Regina Silveira, Julio Plaza e Nelson Leirner, herdando desses mestres
uma inegável carga conceitual e inserindo apropriações e texto em sua pinturas.
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Os anos 1980 forma também o momento em que a prática curatorial se estabeleceu
no Brasil, quando Walter Zanini pela primeira vez formalizou, na XVII Bienal de São
Paulo, de 1983, o termo e a atuação do curador. A história dessa década é, em parte,
a história de suas exposições. A mostra Da mancha à figura (MAM-RJ, 1982), reuniu
trabalhos de Luiz Áquila, Dudi Maia Rosa, Jorge Guinle, Ivald Granato e Charles Wat-
son. Em 1984, foi realizada no Parque Lage a coletiva Como vai você, geração 80?,
com 123 artistas, entre eles, Leda Catunda, Leonilson e Daniel Senise. A exposição,
organizada por Márcio Doctors, tornou-se um marco desse movimento, uma ocasião
em que foram lançados muitos novos artistas. (COSTA, 2006. p. 34).
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3.1. SER PROFESSOR DE ARTE CONTEMPORÂNEA
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Assim, o professor mediador é responsável por dosar as informações dos alunos a fim
de construir através da interação, um todo compreensível e imparcial. A ação do pro-
fessor é ativa na construção de tramas que articulem conteúdos, mundo, vida, expe-
riências (suas e dos alunos) num todo significante, considerando as necessidades,
respostas, explorando e aprofundando cada descoberta, articulando todos os aspec-
tos da situação.
É ser ponte que interliga os extremos, interagindo, participando, dando construindo
um todo significativo. Nas aulas de arte, um ponto essencial é a interpretação dos
objetos artísticos. Essa interpretação do objeto depende do ponto de vista do interpre-
tador, das relações por ele traçadas considerando suas vivências, a interpretação é
pessoal, cada aluno fará a sua.
O professor mediador deve assim tornar o encontro com o objeto (obra, técnica, co-
nhecimento, consigo mesmo) potencial e articular os conhecimentos derivados desse
encontro, interligando-os numa construção coletiva. Um aspecto importante na figura
do professor mediador é o de dominar o conhecimento, que se sinta seguro frente ao
conteúdo a ser trabalhado, para assim subsidiar o desenvolvimento das percepções,
interpretações e reflexões sobre o objeto artístico.
Segundo Chiovatto:
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ções percebidos e, a partir disso, oferecer dados sobre a vida do ar-
tista, seu momento histórico e sua relação com os materiais artísticos,
bem como sua filosofia em arte que trarão à obra mais sentido, e não
justificativa.” (CHIOVATTO, 2000).
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3.1.1. O ALUNO DE ARTE E A ARTE CONTEMPORÂNEA
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quais nasceram e que mitificam, por desconhecê-las. O ensino de Arte Contemporâ-
nea é mais uma das diversas possibilidades de desmistificar que a arte só tem valor
se tiver um ideal de beleza baseado nas artes de estilo clássico.
Prosseguindo foi realizado um breve relato sobre as mudanças ocorridas com o con-
ceito da arte: arte como obra-prima – acadêmica – obra como objeto – moderna –
onde foi abordado o artista Marcel Duchamp como pai da arte contemporânea e sua
obra e também alguns opositores da tradição e do Cristianismo como Marx, Nietzsche,
Freud e Darwin. Os alunos perceberam bem as causas e as transformações ocorridas
com a arte. Foi trabalhado o Concretismo no Brasil, auge da Arte Moderna Brasileira,
e em seguida apresentado o Neoconcretismo, com os trabalhos de Lygia Clark e Helio
Oiticica.
Houve certa resistência em relação à obra de Oiticica, principalmente em Parangolés.
Os alunos tinham dificuldade em ver aquilo como arte (foi apresentado um filme do
Arte na Escola: H.O supra-sensorial). Houve grandes questionamentos e debates so-
bre essa obra e os alunos aos poucos foram compreendendo, aceitando, passando a
obra a ter significado para eles.
Foi muito importante essa etapa do trabalho, pois os alunos passaram a compreender
mais o papel do artista, do espectador, e o espaço da obra de arte passando a com-
preender melhor as transformações ocorridas na arte. No contato com a obra, a me-
diação é extremamente relevante, mas esta deve ser provocativa, "abrir caminhos"
para a interpretação frente à obra, só assim a obra se revela.
O objeto estético não se revela no primeiro momento, ele exige um olhar atento do
espectador. O professor, com seus métodos, deve iniciar o aluno nesse processo,
para que então consiga fruir a obra de arte contemporânea e encontrar o prazer diante
dela. Ao abordar a arte conceitual no Brasil, que coincide com a ditadura militar e a
contingência lhe deu um sentido diferente revigorando o binômio arte-politica, houve
maior compreensão e aceitação por parte dos alunos.
O momento histórico que o Brasil vivia, grandes tensões e perseguições, exigia uma
arte diferente, que não opera mais com objetos ou formas, mas com ideias e concei-
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tos, derrubando os princípios que nortearam a obra de arte moderna. Foram aborda-
das obras de artistas como Cildo Meireles e Arthur Barrio. Artistas que arriscaram
tudo, até a própria vida para criticar e denunciar esse momento da história brasileira.
Finalizando a aplicação com a Geração 80, período em que o Brasil vive um momento
de grande importância para a arte brasileira, pode-se perceber pela sua arte, reflexo
do momento político que estava sendo vivido ou superado, já que se trata da pós-
ditadura.
Seus artistas liberam toda suas energias expressando esse desejo de liberdade por
tanto tempo reprimida. Essa liberdade está refletida na produção cultural, não só nas
artes plásticas, mas em outras linguagens. Na música, com o surgimento das bandas
brasileiras de rock, cantando em português, formadas por jovens que buscam a iden-
tidade brasileira. A Geração 80 traz de volta para a arte à prática da pintura e a valo-
rização de experimentação de novos materiais para a criação. Foram abordados ar-
tistas como Nuno Ramos e Leda Catunda.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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