Carros elétricos com autonomia grande já custam menos do que o carro novo médio nos EUA

Ao menos três fabricantes oferecem opções com autonomia superior a 480 km e custo inferior ao de um carro novo no país

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Tom Randall
Bloomberg

A indústria automotiva entrou em uma fase de competição acirrada na transição para veículos elétricos, e está produzindo um resultado intrigante para os compradores de carros nos Estados Unidos: os primeiros carros elétricos de longo alcance que são mais baratos do que os movidos a gasolina.

Pelo menos três fabricantes —Tesla, Hyundai-Kia e General Motors— agora oferecem carros elétricos com mais de 480 km de autonomia por um preço inferior ao de um carro novo médio vendido nos EUA, de acordo com uma análise da Bloomberg Green.

O mais acessível é o Hyundai Ioniq 6 de 2024, que vem com 580 km de autonomia e um preço 25% abaixo da média nacional de cerca de US$ 47 mil (cerca de R$ 251 mil).

Indústria automotiva entrou em uma fase de competição acirrada nos EUA, com os primeiros carros elétricos de longo alcance mais baratos do que os movidos a gasolina. - Carlos Barria/Reuters

Nos últimos seis meses, a competição entre as marcas de automóveis dos EUA adquiriu uma vibe de "Round 6", à medida que a pressão aumenta para tornar os carros elétricos acessíveis e atrair uma nova onda de compradores.

Os clientes tornaram-se mais experientes sobre autonomia da bateria, velocidades de carregamento e acessibilidade dos carregadores, e estão rejeitando veículos que não justificam o preço de etiqueta—algo que as montadoras começaram a reconhecer.

ACESSIBILIDADE É A CHAVE

A indústria iniciou "um período desafiador, muito caótico, muito darwiniano", disse Carlos Tavares, CEO da Stellantis NV, a investidores em uma conferência da Bernstein na semana passada.

A Stellantis, que tem sido lenta em oferecer modelos elétricos nos EUA, lançará em breve um Jeep elétrico de US$ 25 mil (R$ 133 mil) como parte de uma ofensiva de grande escala de veículos elétricos, disse Tavares.

"A acessibilidade é o fator-chave de sucesso agora. Se você quer que a escala se materialize, precisa vender carros elétricos para classe média."

Tavares disse que a única estratégia vencedora é oferecer veículos do tipo a preços comparáveis desde o início, mesmo que isso exija sacrificar as margens de lucro durante a fase de transição. Ele alertou que as montadoras e fornecedores terão que reduzir drasticamente os custos.

"Não é 'Cuidado, tem uma tempestade chegando'", disse Tavares. "Estamos na tempestade, e ela vai durar alguns anos. Vai colocar várias empresas em apuros."

VEÍCULOS ELÉTRICOS PARA COTIDIANO

Os veículos elétricos como um todo ainda são caros de comprar, com preços em média cerca de 15% mais altos do que um carro típico nos EUA, de acordo com dados da Cox Automotive. Isso se deve em parte ao fato que os primeiros deste tipo de veículo eram desproporcionalmente direcionados ao segmento de luxo do mercado estadunidense.

Até recentemente, os poucos modelos acessíveis disponíveis eram prejudicados por autonomia de bateria insuficiente e velocidades de carregamento lentas. Isso começou a mudar à medida que a tecnologia de bateria amadureceu e a urgência aumentou para alcançar economias de escala.

Alguns novos modelos estão começando a romper a barreira da acessibilidade, disse Stephanie Valdez-Streaty, diretora de insights da indústria na Cox Automotive. "O preço continuará sendo uma das principais barreiras para a adoção, mas o valor dos veículos elétricos está diminuindo, isso é algo bom", disse ela.

O "garoto propaganda" dos carros elétricos de longo alcance com custo acessível pode muito bem ser a nova versão elétrica do Chevy Equinox. O SUV vem com 513 km de autonomia por cerca de US$ 42 mil (R$ 224 mil), antes dos créditos fiscais federais que podem reduzir US$ 7.500 (R$ 40 mil) do preço. Esses incentivos reduzirão o custo de um modelo básico, disponível ainda este ano, para menos de US$ 28 mil (R$ 149 mil).

A Chevy seguirá o Equinox com um novo Bolt que a GM diz que será "o veículo mais acessível do mercado até 2025."

Os preços dos novos carros elétricos e a gasolina são semelhantes o suficiente para que incentivos federais possam compensar a diferença. No entanto, regras complexas sobre quais carros e clientes se qualificam tornam difícil para os compradores avaliar suas opções.

Isso não é o caso dos carros de aluguel, no entanto, já que concessionárias recebem o crédito fiscal para veículos elétricos. Alguns estão repassando isso automaticamente, incluindo a economia no pagamento mensal da locação. Como resultado, o custo do aluguel de veículos elétricos de longo alcance da Hyundai e Tesla é até 37% menor do que modelos a gasolina similares aos da Toyota e BMW.

A paridade de preços dos carros elétricos é difícil de medir. Determinar como calcular a equivalência com carros a gasolina varia de motorista para motorista. A mudança para um veículo elétrico de carregamento mais lento com autonomia de 320 km seria um fardo significativo para alguém que viaja longas distâncias, mas poderia ser uma melhoria de conveniência para um trabalhador que viaja distâncias mais curtas e carrega em casa enquanto dorme. Nos EUA, 480 km de autonomia se tornou um ponto de referência onde as vantagens superam as desvantagens para a maioria dos motoristas.

Uma definição mais rigorosa de paridade é quando o carro elétrico médio custa o mesmo que o motor de combustão interna médio, excluindo economias de combustível e subsídios governamentais. Essa acessibilidade inicial é fundamental para as fases posteriores de adoção generalizada, especialmente em países de baixa renda, de acordo com a AIE (Agência Internacional de Energia).

Os compradores de carros americanos exigem mais autonomia dos veículos elétricos do que os motoristas de qualquer outro país. O veículo elétrico médio agora vem com cerca de 480 km de autonomia, com alguns desses modelos sendo vendidos por menos que um carro à combustão médio, outros irão seguir. AIE diz que a paridade de preços será a norma até 2030.

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