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CONDOMÍNIO PETISTA
A notícia de que um grupo
composto por empresários e
membros do governo petista mantém há quatro anos um pesqueiro irregular no Estado de Mato Grosso
do Sul traz novamente à cena um recorrente tema da política brasileira: a
promiscuidade entre as esferas pública e privada. Situada às margens
do rio Paraguai, a propriedade em
questão foi batizada de Condomínio
Estrela Vermelha, significativa referência ao símbolo do PT.
O problema é que o Estrela Vermelha está situado em terras pertencentes à União e que, além disso, as benfeitorias realizadas para receber os
barcos de seus freqüentadores violam normas de preservação ambiental. É deplorável que o próprio governador de Mato Grosso do Sul, José
Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, seja
um dos responsáveis pelo condomínio, juntamente com os deputados
federais Sigmaringa Seixas (DF) e
Vander Loubet (MS), também do PT.
A importância do caso, contudo,
não se restringe apenas a esses fatos.
Nos últimos tempos, não faltaram
episódios a demonstrar que o Partido dos Trabalhadores tem problemas em distinguir o público do privado. O exemplo mais emblemático
desse desvio foi fornecido por uma
outra estrela vermelha, aquela desenhada num canteiro de sálvias que
adornou os jardins do Palácio do Planalto durante certo tempo.
É inadmissível que autoridades e
membros do poder público infrinjam a legislação ambiental e se apropriem do patrimônio da União. E é
especialmente constrangedor verificar que o PT, partido cuja atuação foi
marcada no passado pela rigorosa
defesa de posturas éticas no exercício
da política, esteja adotando práticas
desse quilate.
É decepcionante que políticos petistas no poder não venham fazendo
jus ao papel de fiscais da conduta republicana que desempenharam em
outros tempos e que lhes garantiu
considerável capital político.
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