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MAIS E MELHORES DEBATES
Não faz sentido, do ponto de
vista do interesse do público,
que os debates entre Luiz Inácio Lula
da Silva e José Serra sejam reduzidos
neste segundo turno, como pleiteia a
assessoria petista. A recusa a cotejar
diretamente questões programáticas
e políticas, se confirmada, será um
revés numa campanha eleitoral marcada, até aqui, pela ampliação dos
espaços e das arenas de debate.
Neste momento, as assessorias dos
candidatos e as empresas de mídia
dispostas a realizar debates deveriam
estar negociando não se haverá ou
não os tais encontros, mas o que fazer para melhorar o seu formato e
permitir programas mais esclarecedores para o público.
Mesmo tendo contado apenas com
quatro candidatos à Presidência, os
debates do primeiro turno ficaram
manietados. O apego a um formato
que obrigava que o tempo disponível
fosse equânime e milimetricamente
distribuído entre os candidatos e que
reduzia as intervenções externas (de
jornalistas, especialistas, eleitores
etc.) em nada contribuiu para que os
embates pudessem ser conclusivos.
A forma prevaleceu sobre o conteúdo, e perderam-se oportunidades de
imprimir aos programas um tratamento mais esclarecedor.
Agora, com apenas dois presidenciáveis na disputa final, as discussões
para avançar também nesse terreno
ficaram em segundo plano. Assessores de Lula propõem que seja realizado apenas um debate na TV, por um
"pool" de emissoras, o que soa a estratagema diversionista para furtar-se ao confronto mais livre de idéias.
Estejam os petistas cientes dos riscos que correm ao desprestigiar debates. Parte do eleitorado certamente
tomará a atitude como uma fuga de
quem teme o confronto de idéias e
passará a levar esse elemento em
conta na hora de decidir o voto. Além
disso, o próprio Lula, num cenário
em que Serra suba rapidamente nas
pesquisas, poderá vir a precisar dos
debates mais à frente.
A despeito dos cálculos eleitorais, o
aspecto mais lamentável da recusa
petista é que o grande prejudicado
com a ausência de mais e melhores
debates será o público eleitor e, consequentemente, o país.
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