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Caso revela crescente subcultura
dos atiradores de elite nos EUA
FOX BUTTERFIELD
DO "THE NEW YORK TIMES"
A série de ataques mortais lançados por um atirador na região
de Washington vem chamando a
atenção para o que, segundo muitos especialistas, é uma subcultura crescente de atiradores de elite
-grupo de civis que praticam tiro de precisão como hobby. Eles
têm seus clubes próprios, seus sites e um arsenal crescente de armas avançadas.
É o tipo de atenção que os entusiastas do tiro prefeririam dispensar. "Esse sujeito não é um atirador de elite", disse Rodney Ryan,
que dirige um centro de treinamento de atiradores em Elk Garden, Virgínia Ocidental. O termo
"atirador de elite", disse ele, se refere a uma especialidade militar e
policial. "Ele não passa de um pistoleiro maluco. Está dando má fama aos atiradores."
Para Ryan, ex-atirador de elite
do Exército e ex-membro da
SWAT de Washington, o interesse crescente por treinamento e
equipamento de atiradores é subproduto legítimo da necessidade
de atiradores de elite de longa distância na área policial e militar,
associada ao surgimento de tecnologia de armas mais avançada.
O centro de treinamento Storm
Mountain, de Ryan, aberto em
1996 e que já teve mais de 5.000
alunos, exige do candidato a aluno um atestado de antecedentes
criminais emitido pela polícia local, além de uma carta de recomendação de alguém, como um
pastor de igreja. "Não queremos
criminosos malucos vindo aprender aqui", disse ele.
Robert Barrkman, presidente
da Robar Companies, de Phoenix,
disse que o mercado principal para seus rifles caríssimos para atiradores de elite é formado pelos
órgãos policiais e militares, mas
que sua empresa também vende
algumas armas a "cidadãos muito
abastados" que os utilizam para
praticar tiro ao alvo.
Nos anos 90, o mercado dos rifles para atiradores cresceu, disse
Barrkman, mas sua participação
no mercado caiu nos últimos
anos porque a maioria dos grandes fabricantes de armas também
entrou para o ramo, passando a
produzir versões menos caras.
Há cerca de quatro anos a Robar
parou de descrever suas armas
como rifles para atiradores e passou a vendê-los como "rifles de
precisão" ou "rifles contra atiradores", contou Barrkman. O termo "rifle para atiradores" não era
bom para os negócios.
Barrkman disse que não tem
peso na consciência por vender
uma arma tão potente e precisa a
civis. "Por que os civis não deveriam poder comprar essas armas?", indagou. "Como cidadã
americana, a pessoa não precisa
ter uma razão para querer comprar uma arma."
Os defensores do controle de armas vêem a situação sob outra
ótica e dizem que o aumento da
atividade de atiradores como
hobby inevitavelmente levará a
mortes violentas. "Em vista do
desenvolvimento de toda uma
cultura de atiradores de elite ao
longo dos últimos dez anos, é praticamente inevitável que alguma
pessoa desvairada ou algum terrorista acabe colocando em prática a mentalidade do atirador",
disse Tom Diaz, analista sênior de
política no Centro de Política da
Violência, um grupo que luta pelo
controle sobre as armas de fogo.
"O slogan do atirador é "um tiro,
uma morte"", disse Diaz. "É exatamente isso o que esse sujeito vem
fazendo aqui mesmo, em volta da
capital de nosso país."
Não existem estatísticas precisas quanto ao número de rifles
para atiradores que são fabricados ou vendidos nos EUA. Além
disso, algumas armas usadas pelos atiradores de elite são versões
modificadas de rifles militares ou
de caça padronizados.
Segundo as autoridades responsáveis pelo controle de armas, o
rifle do atirador de Washington, a
julgar pelos fragmentos de balas e
cartuchos que foram encontrados, é provavelmente uma versão
do rifle militar americano padrão
M-16 ou de um rifle de caça Remington ou Bushmaster.
Tradução de Clara Allain
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