|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Oposição a Aristide é heterogênea
YVES EUDES
DO "LE MONDE", EM PORTO PRÍNCIPE
A Plataforma Democrática, a
coalizão dos opositores reconhecidos pela comunidade internacional como interlocutores legítimos, é uma assembléia heterogênea e talvez frágil. Seus dois pólos
são os partidos políticos e as organizações da sociedade civil.
Os cerca de 20 partidos, alguns
dos quais grupúsculos, se dividem em três tendências principais: a Convergência Democrática, que reúne sete partidos de inspiração socialista ou social-democrata, os partidos de centro e os
não-alinhados, quatro ou cinco
legendas de variadas tendências
políticas.
Paralelamente, as organizações
da sociedade civil criaram uma
estrutura comum batizada de
Grupo dos 184, que conta com
quase três centenas de membros.
Ele agrupa associações de profissionais liberais, organizações femininas, de estudantes e de defesa
dos direitos do homem, federações de empresários, comerciantes, industriais e agricultores,
além de sindicatos, associações de
desempregados e instituições culturais e artísticas.
A Plataforma Democrática não
tem chefes, mas numerosos porta-vozes. Ela é dirigida por uma
convenção nacional de nove
membros e secundada por uma
assembléia formada por 30 pessoas.
Direção colegiada
Por enquanto, os líderes não
têm intenção de eleger um chefe
supremo. Eles se dizem hostis a
toda forma de poder personalista
e carismático. Afirmam preferir,
por ora, uma direção colegiada.
Apesar disso, assiste-se à emergência de alguns porta-vozes especialmente ativos e presentes na
mídia ao longo da crise.
Do lado dos políticos, três personalidades se destacam: Evans
Paul, líder de um partido de centro-esquerda, ex-prefeito de Porto Príncipe e ex-aliado de Jean-Bertrand Aristide, antes de sua
guinada ditatorial; Micha Gaillard, de um partido socialista,
que também foi próximo a Aristide; e Marie-Denise Claude, do
Partido Democrata-Cristão, filha
do pastor Sylvio Claude, assassinado em 1991 por partidários de
Aristide.
Do lado da sociedade civil, André Apaid vai se impondo como
coordenador do Grupo dos 184.
Industrial e homem de negócios
nascido em Nova York, Apaid repete com freqüência que não tem
a intenção de tornar-se um político.
Texto Anterior: Rebeldes têm ligação com tráfico e chacinas Próximo Texto: País marcado por golpes se rebelou contra escravidão Índice
|