São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2004

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Oposição a Aristide é heterogênea

YVES EUDES
DO "LE MONDE", EM PORTO PRÍNCIPE

A Plataforma Democrática, a coalizão dos opositores reconhecidos pela comunidade internacional como interlocutores legítimos, é uma assembléia heterogênea e talvez frágil. Seus dois pólos são os partidos políticos e as organizações da sociedade civil.
Os cerca de 20 partidos, alguns dos quais grupúsculos, se dividem em três tendências principais: a Convergência Democrática, que reúne sete partidos de inspiração socialista ou social-democrata, os partidos de centro e os não-alinhados, quatro ou cinco legendas de variadas tendências políticas.
Paralelamente, as organizações da sociedade civil criaram uma estrutura comum batizada de Grupo dos 184, que conta com quase três centenas de membros. Ele agrupa associações de profissionais liberais, organizações femininas, de estudantes e de defesa dos direitos do homem, federações de empresários, comerciantes, industriais e agricultores, além de sindicatos, associações de desempregados e instituições culturais e artísticas.
A Plataforma Democrática não tem chefes, mas numerosos porta-vozes. Ela é dirigida por uma convenção nacional de nove membros e secundada por uma assembléia formada por 30 pessoas.

Direção colegiada
Por enquanto, os líderes não têm intenção de eleger um chefe supremo. Eles se dizem hostis a toda forma de poder personalista e carismático. Afirmam preferir, por ora, uma direção colegiada. Apesar disso, assiste-se à emergência de alguns porta-vozes especialmente ativos e presentes na mídia ao longo da crise.
Do lado dos políticos, três personalidades se destacam: Evans Paul, líder de um partido de centro-esquerda, ex-prefeito de Porto Príncipe e ex-aliado de Jean-Bertrand Aristide, antes de sua guinada ditatorial; Micha Gaillard, de um partido socialista, que também foi próximo a Aristide; e Marie-Denise Claude, do Partido Democrata-Cristão, filha do pastor Sylvio Claude, assassinado em 1991 por partidários de Aristide.
Do lado da sociedade civil, André Apaid vai se impondo como coordenador do Grupo dos 184. Industrial e homem de negócios nascido em Nova York, Apaid repete com freqüência que não tem a intenção de tornar-se um político.



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