São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OSCAR 2004

Brasil perde em todas as categorias; última parte da trilogia de Peter Jackson sai invicta

"Senhor dos Anéis" domina prêmio com 11 estatuetas

Robyn Beck/France Presse
O ator Tim Robbins recebe o Oscar de melhor ator coadjuvante por "Sobre Meninos e Lobos"


SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

O Brasil perdeu a chance de vencer pela primeira vez um Oscar, tendo sido derrotado nas cinco categorias em que concorreu. "Cidade de Deus" foi vencido por "Senhor dos Anéis" nas disputas de melhor direção, montagem e roteiro adaptado e por "Mestre dos Mares" em melhor fotografia.
O brasileiro Carlos Saldanha, 35, que concorria com o curta de animação "Gone Nutty", perdeu para "Harvie Krumpet", do australiano Adam Elliot.
"Senhor dos Anéis -O Retorno do Rei" foi invencível. Além de receber os Oscar de melhor filme e diretor (Peter Jackson), ganhou nas outras nove categorias a que foi indicado -montagem, roteiro adaptado, direção de arte, figurino, efeitos visuais, mixagem de som, maquiagem, canção e trilha.
Com esse resultado, igualou-se a "Titanic" (1997) e "Ben-Hur" (1959) no recorde de concentração de prêmios num único filme -11. Os títulos da trilogia baseada nos livros do britânico J.R.R. Tolkien (1892-1973) faturaram US$ 2,8 bilhões no mundo inteiro até agora, emplacaram duas entre as cinco maiores bilheterias da história, receberam 30 indicações ao Oscar e ganharam só seis estatuetas nos dois anos anteriores.

Estrangeiros
Neste ano, não houve concorrente brasileiro a melhor filme estrangeiro, para o qual o país apresentou "Carandiru", de Hector Babenco, que não emplacou entre os cinco. O canadense "As Invasões Bárbaras", de Denys Arcand, confirmou seu favoritismo. Ao receber a estatueta, Arcand fez humor: "Ainda bem que "Senhor dos Anéis" não concorre nesta categoria".
Antes da cerimônia, um incidente acirrou os ânimos dos brasileiros. Daniel Rezende entrou por engano pelo portão errado e foi barrado por um segurança, que ameaçou confiscar seu ingresso. "Acho que este país está um pouco paranóico", disse Meirelles, que comparou a entrada do Kodak Theatre com um circo ou o Carnaval.
Sofia Coppola, filha de Francis Ford, ganhou o Oscar de melhor roteiro original, por "Encontros e Desencontros". No discurso de agradecimento, citou seu pai em primeiro lugar, atribuindo a ele tudo o que aprendeu sobre cinema.
Sean Penn foi eleito melhor ator, por sua atuação em "Sobre Meninos e Lobos". A sulafricana Charlize Theron venceu o Oscar de melhor atriz, pelo desempenho em "Monster", em que interpreta uma prostituta psicopata. Recebeu a estatueta das mãos do ator Adrien Brody, vencedor no ano passado, que repetiu a cena do beijo na boca da atriz. Em 2003, beijou Halle Berry.
Nas categorias coadjuvantes, deu o óbvio. Tim Robbins levou a estatueta de ator coadjuvante por seu tocante desempenho no filme "Sobre Meninos e Lobos", de Clint Eastwood. Gago de emoção, o ator exortou que todos os que tenham sido vítimas de abuso sexual na infância, como seu personagem, venham a público entregar seus agressores às autoridades. Militante liberal como sua mulher, Susan Sarandon, usava um broche com o símbolo da paz. Já Renée Zellweger levou pelo papel de caipira decidida e involuntariamente engraçada em "Cold Mountain", a única indicação importante do filme de Anthony Minghella ("O Paciente Inglês", nove Oscar em 1997).
A noite de prêmios teve início às 17h30 locais (22h30 de Brasília) com um monólogo de Sean Connery introduzindo o já tradicional clipe inicial cômico com paródias dos principais filmes em competição, todos com os personagens-chave protagonizados pelo mestre-de-cerimônias, Billy Cristal, pela oitava vez, de volta depois de três anos.
Sobraram farpas para todo o mundo, do documentarista Michael Moore, que ao receber o prêmio no ano passado por seu documentário "Tiros em Columbine" fez um criticado (pela ala conservadora de Hollywood) libelo pacifista e no clipe de ontem foi esmagado por uma das árvores de "Senhor dos Anéis", à nudez de terceira idade que Diane Keaton e Jack Nicholson oferecem na hilariante comédia "Alguém Tem que Ceder", inédita no Brasil.
Em entrevista à rede CNN, Meirelles declarou que precisaria de "um valium" e "desmaiaria" se seu nome fosse anunciado como vencedor.
Neste ano, o Oscar se destacou pelo número recorde de não-americanos indicados. Entre os diretores, além do brasileiro Meirelles e do neozelandês Jackson, havia o australiano Weir.
Entre as atrizes, a maori-australiana Keisha Castle-Hughes, as britânicas Samantha Morton e Naomi Watts e a sul-africana Charlize Theron. Entre os atores, os britânicos Ben Kingsley e Jude Law. Nos coadjuvantes, o beninense Djimon Hounsou, o japonês Ken Watanabe e a iraniana Shohreh Aghdashloo.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: "Cidade de Deus" vai à badalação pré-cerimônia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.