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Homem evolui mais devagar que macaco

Mecanismo capaz de alterar genoma � mais ativo em chimpanz� do que em humano, diz pesquisa de brasileira

Estudo ajuda a explicar por que um �nico bando de s�mios possui mais diversidade gen�tica do que toda a humanidade

RAFAEL GARCIA DE S�O PAULO

A compara��o da atividade gen�tica de humanos com a de chimpanz�s sugere que o Homo sapiens est� evoluindo de forma mais lenta que os macacos. A descoberta foi feita por cientistas que investigam por que o homem e seu primo mais pr�ximo s�o t�o diferentes, apesar de terem 98% do DNA id�ntico.

O segredo das diferen�as f�sicas e comportamentais est� em quais genes s�o de fato ativos em cada esp�cie. Analisando c�lulas embrion�rias, a brasileira Carolina Marchetto, do Instituto Salk, de San Diego (EUA), descobriu mecanismos que freiam a taxa de transforma��o gen�tica da esp�cie humana.

A descoberta favorece a hip�tese de que o advento da cultura desacelerou a evolu��o biol�gica: uma vez que humanos se adaptam a distintos ambientes usando o conhecimento, nossa esp�cie n�o depende mais tanto de varia��o gen�tica para evoluir e sobreviver a mudan�as.

J� os macacos, mam�feros de cogni��o mais limitada, precisam que seu DNA evolua de forma r�pida para sobreviver a mudan�as: eles n�o t�m como compensar a falta de caracter�sticas inatas necess�rias usando apenas conhecimento e tecnologia.

Mas o DNA humano tamb�m n�o carece de evoluir? "N�o sabemos o que estamos pagando por isso em termos de adapta��o, mas por enquanto funciona de forma eficiente", diz Marchetto.

O trabalho da cientista, descrito hoje na revista "Nature", ajuda a explicar o mist�rio da maior diversidade do DNA s�mio. Um leigo pode achar que todos os chimpanz�s s�o iguais, mas uma s� col�nia selvagem desses macacos na �frica tem mais variabilidade gen�tica do que toda a humanidade.

O PULO DO GENE

Segundo o estudo de Marcheto, a maior variabilidade gen�tica dos macacos tem a ver com os chamados transp�sons, genes que saltam de um lugar para outro dos cromossomos. Nesse processo, os transp�sons reorganizam o genoma, ativando alguns genes e desativando outros.

Esses "genes saltadores" s�o bastante ativos em chimpanz�s e bonobos (macacos igualmente pr�ximos da linhagem humana). Em humanos, o transp�son � suprimido por dois outros genes que s�o ativados em abund�ncia e inibem o "pulo" gen�tico.

Chimpanz�s, de certa forma, precisam de transp�sons. Com ferramentas rudimentares e sem linguagem para transmitir conhecimento, eles t�m de oferecer maior variabilidade gen�tica � sele��o natural para que ela os torne mais bem adaptados, caso o ambiente se altere.

A pesquisa de Marchetto s� foi poss�vel porque seu o laborat�rio no Salk, liderado pelo bi�logo Fred Gage, domina a t�cnica de reverter c�lulas ao est�gio embrion�rio.

O material usado na pesquisa foi extra�do da pele de macacos e pessoas, pois h� uma s�rie de limita��es para o uso de embri�es em experimentos cient�ficos.

Revertido ao est�gio de "c�lulas pluripotentes induzidas", o tecido cut�neo se comporta como embri�o, e � poss�vel investigar a biologia molecular dos est�gios iniciais do desenvolvimento, quando o surgimento de diversidade gen�tica tem consequ�ncias futuras.

"Uma das coisas especiais do nosso estudo � que a reprograma��o de c�lulas de chimpanz�s e bonobos nos d� um modelo para come�ar a estudar quest�es evolutivas que antes n�o t�nhamos como abordar", diz Marchetto.

RUMO AO C�REBRO

As diferen�as de ativa��o de genes entre humanos e chimpanz�s, explica, n�o se restringem a c�lulas embrion�rias. A ideia de Marcheto e de seus colegas agora � transformar essas c�lulas em neur�nios, por exemplo, para entender como a biologia molecular de ambos se altera durante a forma��o do c�rebro.


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