São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2004

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Garotinho nega o envolvimento de seu governo no Rio no caso Waldomiro

HENRI CARRIÈRES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) criticou ontem o antropólogo Luiz Eduardo Soares, que, em entrevista ao site AOL, declarou ter recebido, em 2002, informações de que haveria um esquema de corrupção na Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) na gestão de Waldomiro Diniz.
Waldomiro foi presidente da Loterj de fevereiro de 2001 até 1� de janeiro de 2003, nos governos de Garotinho e da petista Benedita da Silva. "Eu, que lidei com o Luiz Eduardo, [o] conheço. Ele é uma pessoa que costuma falar muito, mas apresentar poucas provas", disse Garotinho.
Soares ocupou a Subsecretaria de Segurança no governo Garotinho. Em março de 1999, foi demitido por afirmar a existência de uma "banda podre" na cúpula da polícia. Garotinho abriu mão de seu mandato em abril de 2002 para concorrer à Presidência da República. Benedita assumiu.
Soares, ligado ao PT, coordenou a transição. Foi nessa época que ele disse ter sido informado de que o então presidente da Loterj, Waldomiro, receberia R$ 300 mil mensais dos bingos.
"Eu não tive conhecimento de nenhum ato irregular praticado pelo Waldomiro à época [de meu governo]", disse Garotinho.
Ex-assessor do Planalto, Waldomiro aparece em gravação de vídeo de 2002 pedindo propina de um empresário do jogo.
Soares relatou ao site que ficou "deprimido e perplexo" ao saber que Waldomiro continuaria na Loterj mesmo depois de ele ter levado a Benedita as suspeitas contra o presidente da autarquia.
Garotinho, que chefia a Secretaria de Segurança do Estado, nega o risco de politização das investigações. "Se tiver que dar algum depoimento para esclarecer qualquer fato, eu darei." Ele determinou à Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado) que abrisse um inquérito. O delegado Milton Olivier disse que não chamaria Garotinho a depor.
Desde que o caso Waldomiro veio a público, há duas semanas, Garotinho e sua mulher, a governadora Rosinha Matheus (PMDB), tentam se preservar politicamente passando a idéia de que o caso diz respeito apenas ao PT. Ontem, Garotinho voltou a defender uma investigação do caso pelo Congresso, com uma CPI.


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