Falta
de verbas deixa
meio ambiente "mal educado"
Divulgação
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Estudantes
do Col�gio Santa Maria recolhem amostra de �gua da represa do
Guarapiranga, em S�o Paulo (SP); eles fazem parte da Eco-Estudantil,
organiza��o formada por estudantes, que discute problemas como
a ocupa��o do solo nas regi�es dos mananciais e a polui��o |
JORGE
BLAT
da Folha Online
A tarefa
do educação ambiental pode ser definida como hercúlea
diante da eterna falta de recursos alardeada pelos governantes brasileiros.
Sua
função é fazer com que as pessoas tomem consciência
de seu meio ambiente e assimilem conhecimentos, valores, habilidades
e experiência que as tornem aptas a resolver problemas ambientais.
A educação ambiental pode ser desenvolvida
com vários grupos e em espaços diversificados, porém
ela é aplicada principalmente em escolas e comunidades. As
dificuldades estão justamente em alcançar os objetivos.
Há
um projeto do governo federal que pretende instituir a educação
ambiental nas escolas de primeiro e segundo graus da rede pública.
Mas as dificuldades já começam antes de sua aprovação
devido à complexidade do tema. Professores e coordenadores
pedagógicos carecem de capacitação específica
na área, além de a escola não ter estrutura
apropriada para o planejamento e exercício das atividades,
de acordo com a proposta da educação ambiental.
Nas
empresas, o interesse é tímido: a iniciativa, válida,
resume-se em obter a certificação do ISO 14001, que
exige a fabricação de produtos de acordo com normas
ambientais, sem preocupação, por exemplo, de implantar
um programa permanente de educação ambiental para
seus funcionários.
No
governo, projetos ambientais de cunho educativo são financiados,
mas abandonados no meio do caminho por falta de recursos ou mudança
de dirigentes.
Apesar
dessas dificuldades, nada está perdido. Projetos construtivos
e iniciativas criativas pipocam em vários setores da sociedade.
A reciclagem de lixo, programas de educação ambiental
em escolas, produção de vídeos sobre o meio
ambiente, projetos que ensinam comunidades a extrair o sustento
sem extinguir espécies animais ou vegetais são bons
exemplos.
De acordo com especialistas brasileiros, o Brasil e alguns países
da África estão entre as nações de "vanguarda"
em projetos ambientais que dão certo. No Primeiro Mundo,
apesar de no papel bons programas serem idealizados, o consumismo
exacerbado nestas nações aparece como uma das barreiras
que levam projetos a serem abandonados no meio do caminho.
Nas
estatísticas nacionais, o governo é o maior financiador
de projetos ambientais. Segundo o "Relatório Nacional
de Educação Ambiental, elaborado em 1997, 48%
dos projetos ambientais foram financiados pelo governo, 19,7% por
entidades privadas nacionais, 9,5% por governos estrangeiros, 8,7%
por instituições não-governamentais estrangeiras
e 13,8% por outras formas de financiamento.
Na
mídia, questões sobre o meio ambiente, embora venham
venham ocupando maior espaço ao longo dos anos, restringem-se
na maioria das vezes a assuntos ligados à natureza, às
catástrofes ecológicas ou às ousadas ações
de protesto de ONGs (organizações não-governamentais)
contra governos e empresas do mundo que agridem a natureza.
Outros setores, pouco citados, ainda continuam relegados a segundo
plano. No meio ambiente urbano, apenas o problema do lixo tem tido
destaque. A gravidade da falta d'água e a qualidade de vida
na cidade, por exemplo, são temas pouco abordados. E algumas
iniciativas na produção de documentários, veiculadas
nas redes educativas, ainda são insuficientes para atingir
o público.
Fonte:
Andréa Pelicioni, educadora ambiental e doutoranda na Faculdade
de Saúde Pública da USP (Universidade de São
Paulo); Ana Flávia Borges Badue, consultora da área
ambiental e diretora-executiva da ONG (organização
não-governamental) Comam (Comunicação para
o Meio Ambiente).
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