A Eletrobras contratou a consultoria BCG para definir o enxugamento de cargos pós-privatização, mas, às vésperas da implantação do plano, descobriu que precisava de aval da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A legislação setorial exige análise prévia do regulador para reestruturação de cargos operacionais em geração, distribuição e transmissão de energia que preveem compartilhamento de recursos humanos —algo que não foi apontado pela consultoria.
O plano entregue pelo BCG definiu sinergias entre as quatro subsidiárias da Eletrobras (Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul), fazendo com que um mesmo funcionário de uma das filiais possa desempenhar funções para todo o grupo —processo que levará ao enxugamento.
O plano era aproveitar essa reorganização interna para estimular ainda mais o PDV (Plano de Demissão Voluntária), que pretende cortar até quatro mil funcionários.
Técnicos que acompanham o processo afirmam que a Eletrobras enviou o pedido para a Aneel no fim de julho, mas, para que leve adiante o plano como pretendia inicialmente, a anuência teria de ser dada até a sexta (15).
Isso foi considerado impraticável, especialmente após o apagão que envolveu uma dessas subsidiárias da Eletrobras. Os técnicos da agência querem olhar atentamente se o enxugamento não traz riscos ao sistema elétrico.
Rodrigo Limpp, vice-presidente da Eletrobras e ex-presidente da Aneel, entrou em campo para tentar reverter a situação.
Isso porque, ainda que a Aneel se posicione até o fim deste ano, a Eletrobras teria de esperar até o segundo trimestre de 2024 para colocar a reestruturação em campo por força de regras de controle definidas pela Lei SoX (Sarbannes Oxley), dos EUA, onde os papéis da companhia brasileira também são negociados.
A consultoria BCG terminou seu trabalho e deve ser substituída pela AT Kearney.
A expectativa agora é que, na melhor das hipóteses, a reforma administrativa da Eletrobras seja concluída em abril de 2024.
Outro lado
A Eletrobras informa que a anuência à Aneel foi solicitada no momento em que houve a definição da proposta da reforma administrativa e a necessária validação dos órgãos de governança.
A empresa afirma ainda que o processo não impacta seu Plano de Demissão Voluntária.
A BCG não quis comentar.
Com Diego Felix
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