Pela 11ª vez o Corinthians ganhou a Copa São Paulo de futebol júnior, o remédio dos que sofrem de abstinência durante o período de férias dos mais velhos.
Observador da cena alvinegra em Londres, Washington Olivetto tem explicação para a hegemonia corintiana no torneio: "As Copinhas envolvem as equipes de meninos, dos times onde eles começaram a jogar por amor. O fanatismo corintiano conduz a essas vitórias. Quando eles se profissionalizam, surgem os empresários, os pais de Neymar etc., e, aí, a coisa vai pro brejo".
Como a supremacia vem desde a primeira Copinha, em 1969, é bem provável que a tese faça sentido mesmo. Então, o envolvimento dos empresários de jogadores era bem menor do que se vê hoje em dia.
O antídoto contra a atuação deletéria dessa praga ainda está por ser descoberto, porque, desde o fim da escravagista Lei do Passe, eles tomaram conta até da meninada.
Por quê? Porque, "para tratar com a bandidagem dos cartolas, eu preciso ter o meu", disse um dia jogador da seleção brasileira nascido em berço de ouro.
O que leva a outra tese, sobre o pobre aproveitamento do papão de Copinhas de suas promessas reveladas nas categorias de base.
Daí ser preciso acreditar em Papai Noel para esperar que Kayke, o herói da conquista diante do bom time do Cruzeiro, assim como seus companheiros, tenha bom aproveitamento também pela recém-eleita direção do Corinthians.
Basta dizer que o mitômano presidente Augusto Melo, empresário de atletas, diz ser velho amigo de Olivetto que simplesmente não o conhece.
Apesar de em sua primeira entrevista coletiva como presidente ele ter dito que o time da Copinha era resultado da gestão anterior, não se constrangeu em tentar roubar a cena na festa da garotada ao se postar à frente dela na hora de levantar a taça, sem dispensar o ridículo boné da nebulosa casa de apostas com que assinou contrato de patrocínio da camisa pelos próximos três anos.
Que Leila Pereira apareça invariavelmente com a camisa do Palmeiras, por ela presidido, para ostentar a marca de suas empresas, que patrocinam o clube, vá lá.
Apontem a rara leitora e o raro leitor outro presidente de clube que não tire o nome do patrocinador da cabeça. Direitos de imagem? Gratidão? Submissão da gloriosa marca centenária da agremiação bicampeã mundial perante esquisita casa de apostas?
O que esperar de quem disse ter sido procurado por ex-governadores corintianos de São Paulo se eles estão todos mortos? De quem prometeu Gabigol, Lucas Veríssimo, ou não sabia que o patrocinador anterior havia adiantado 20 milhões de reais que terá de devolver?
Quantos vexames mais suportará o corintiano, depois da sogra de Vítor Pereira, do patrocínio da Taunsa, que submeteu Paulinho a chegar de caminhão no Parque São Jorge, da misteriosa arapongagem na sala do tristemente inesquecível Duilio Monteiro Alves, apeado do poder pelo voto de protesto?
Provavelmente o fiel torcedor terá títulos das Brabas para comemorar em 2024 e deverá se contentar com o dos meninos nesta temporada.
Porque o Corinthians é a prova escarrada de que o fundo do poço não tem fundo, de que o péssimo pode piorar.
"Mas vocês vão se surpreender, na semana que vem, se Deus quiser, só faltam detalhes, trabalhamos com profissionais, o Corinthians é o maior do mundo", garganteia o novo Andrés Sanchez.
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