O Fluminense atravessou o Rubicão: agora, é tudo ou quase nada, porque, no Brasil, ser vice-campeão, às vezes, é até pior que não disputar a finalíssima, tamanha a decepção.
Cabe ao tricolor repetir o Inter, em 2006, e o Corinthians, em 2012, que, depois de derrotar o mesmo Al Ahly nas semifinais, ganharam o título mundial diante do Barcelona e do Chelsea.
O Palmeiras também derrotou o clube egípcio, em 2022, mas sucumbiu ao Chelsea.
Se o torcedor das Laranjeiras já pode comemorar não ter caído nas semifinais como caíram o Inter, em 2010, o Atlético Mineiro, em 2013, o Palmeiras, em 2020, e o Flamengo, em 2022, o risco de uma sapecada na decisão, como sofreu o Santos do Barcelona, em 2011, é enorme.
Não ter derrota para o congolês Mazembe, o marroquino Raja Casablanca, o mexicano Tigres ou o saudita Al Hilal, como têm os colorados gaúchos, os atleticanos mineiros, os alviverdes paulistas e os rubro-negros cariocas em suas histórias, permite inegável alívio.
Mas a repetição daquela goleada por 4 a 0 imposta pelos catalães aos santistas fará tudo ir por água abaixo.
E a justa vitória do Flu sobre o Al Ahly por 2 a 0 não deve esconder os sustos, ou a sorte de o time egípcio finalizar mal, invariavelmente em cima de Fábio, além de ter desperdiçado dois contra-ataques mortais —porque quem estava com a bola tomou a decisão errada ao não dá-la para o companheiro ao lado.
Permitir ao Manchester City os espaços dados aos fortes, bem organizados e velozes egípcios, será catastrófico.
Não se iludam a rara leitora e o raro leitor com os últimos resultados do City no Campeonato Inglês.
Empatou com o Liverpool e com o Tottenham, dois clássicos, ao jogar melhor que os rivais; perdeu para o Aston Villa, a sensação da Premier League; ganhou do pequeno Luton; e empatou, jogando para golear, com o Crystal Palace, porque bobeou no fim e se desconcentrou ao se poupar.
De fato, resultados abaixo do comum para os comandados de Pep Guardiola, embora com desempenhos bem aceitáveis.
E sem o genial Kevin De Bruyne em todos eles, sem quem ocupa o lugar do belga, o espanhol Rodri, em três desses jogos, e sem o goleador Haaland em dois.
Nada que tenha abalado a posse de bola, a intensidade, o domínio dos jogos, com exceção da derrota para o Aston Villa, quando esteve em jornada ruim.
Guardiola saiu da Inglaterra esbravejando com o time e fez questão de deixar claro o descontentamento.
Ao chegar à Arábia Saudita, porém, deu entrevistas sorridente e, politicamente correto, disse ser privilegiado em poder disputar a última taça que falta ao City.
Os japoneses do Urawa Reds, derrotados por 3 a 0, sentiram na pele o poderio inglês depois do atrevimento que os levou a eliminar os mexicanos do León.
É óbvio que o treinador catalão, que estava à frente do Barça no massacre sobre o Santos, olha com gosto especial o enfrentamento com times brasileiros, por tudo o que nosso futebol já significou.
Se cabe a Fernando Diniz ressignificá-lo, o que não conseguiu na seleção brasileira, ao contrário, para Guardiola mais uma imposição sobre os ex-reis do futebol certamente tem sabor diferente.
A possibilidade de vitória tricolor não passa de 10%, e olhe lá.
Menos mau que Felipe Melo não terá de correr atrás do machucado Haaland.
Ah, sim, no futebol tudo é possível. Até o impossível.
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