A Anfavea (associação das montadoras) acredita que as vendas de veículos no Brasil devem voltar ao patamar de 3 milhões de unidades em três ou quatro anos. A expectativa –revelada na quarta (10) pelo presidente da entidade, Márcio de Lima Leite– é alimentada pelos lançamentos de carros compactos que ocorrerão neste período.
O diferencial desses modelos, que serão hatches sedãs e SUVs, será a junção de motores flex a sistemas híbridos. O uso da eletricidade vai gerar redução de consumo e levar as montadoras a se enquadrar nas regras do programa Mover (Mobilidade Verde).
Com o anúncio das novas normas e incentivos para o setor, as empresas já têm uma visão de investimento e retorno, podendo definir a estratégia de preços de produtos. As tecnologias estarão presentes em carros compactos já conhecidos, que ganharão atualizações e novas versões entre 2024 e 2028.
Haverá, por exemplo, opções de Volkswagen Polo, Peugeot 208 e Hyundai Creta, além do já anunciado SUV compacto híbrido da Toyota.
Espera-se que os valores praticados não se distanciem dos atuais, com opções cujos preços iniciais ficarão entre R$ 90 mil e R$ 120 mil.
Mas não se deve esperar por uma enxurrada de carros compactos com sistemas híbridos plenos, como o do sedã médio Toyota Corolla Hybrid Flex (a partir de R$ 188,8 mil). Nas faixas de preço mais baixas, o que deve predominar são os conjuntos considerados leves, em que um alternador mais potente auxilia o motor a combustão.
Nesse caso, a eletricidade ajuda a reduzir a queima de combustível nas partidas e fornece torque extra nas arrancadas, entre outros recursos. É a solução adotada pelo Kia Stonic (R$ 140 mil).
O modelo de origem sul-coreana tem motor 1.0 turbo a gasolina. Com o sistema híbrido leve, seu consumo na cidade ficou em 14,5 km/l, o melhor entre os SUVs compactos no Ranking Folha-Mauá 2022. Na estrada, a média ficou em 20,3 km/l.
Equipado com motor semelhante, mas sem o auxílio do "superalternador", o Hyundai HB20 Platinum (R$ 111 mil) registrou as médias de 13,5 km/l no uso urbano e de 19,2 km/l no rodoviário quando abastecido com gasolina. Vale dizer que esse hatch pesa 1.110 kg, enquanto o Kia Stonic tem 1.256 kg.
Conciliado à queda nas taxas de juros do financiamento, o apelo de mercado dessas novidades deve aquecer as vendas no varejo. Em 2023, foram as locadoras que puxaram os emplacamentos, em um movimento contínuo de atualização de suas frotas.
O presidente da Anfavea diz que esse processo de renovação tende a continuar em 2024, já que a idade média dos veículos disponíveis para locação segue acima do registrado em 2019.
"Saímos em 2019 de uma frota de 990 mil unidades [nas locadoras] e chegamos a 1,55 milhão em 2023. A idade média, porém, ainda é maior que no período pré-pandemia, e o mercado tem crescido com os carros por assinatura, por exemplo, além dos aplicativos", afirma Leite.
Em dezembro, segundo o executivo, cerca de 75 mil carros de passeio e comerciais leves foram vendidos para locadoras. Esse número representa 32% do total de veículos emplacados no período.
No geral, o ano de 2023 terminou com 2,31 milhões de emplacamentos, número que inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. A última vez em que os licenciamentos ultrapassaram 3 milhões de unidades foi em 2014, quando 3,5 milhões de veículos leves e pesados foram comercializados. Os dados são da Anfavea e da Fenabrave (associação dos distribuidores).
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