A revolução digital está criando uma sociedade hiperconectada numa ambiência urbana sujeita a influências econômicas e sociais. Dentro desse contexto, as Pequenas e Médias Cidades (PMC) enfrentam os maiores desafios para transformar seus padrões de desenvolvimento e romper com os modelos tradicionais, criando formas de viver e se desenvolver na era digital.
Relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial com base em pesquisas realizadas na China, Japão, Brasil e Cingapura propõe um modelo de referência para a transformação digital nas PMC.
Segundo o relatório, os principais desafios para a transformação digital estão centrados na falta de talentos; nos fundos e recursos insuficientes; na falta de compreensão da aplicação da tecnologia digital; e nos mecanismos incipientes na cooperação e interação intermunicipal.
A transformação digital exige a correta percepção desses desafios e das diferenças entres as PMC e as grandes metrópoles.
Para facilitar esse entendimento, é proposta a divisão das PMC em sete áreas funcionais: setor público e serviços sociais; indústria e economia; governança; meio ambiente e emissões de carbono; eficácia governamental; infraestrutura; e garantia de desenvolvimento.
Em cada uma dessas áreas, uma proposta específica de transformação digital deve ser concebida e implementada. Contudo, ela deve estar estruturada em um modelo que integre todas as áreas funcionais no campo digital.
Na avaliação das diferenças entre as PMC e as grandes metrópoles, é importante considerar que a partida de jovens em busca de oportunidades em outras regiões causa o envelhecimento geral da população nas áreas deixadas para trás e, assim, a aceitação dos serviços digitais é mais difícil.
Nas grandes cidades, as viagens são mais caras e mais demoradas. Logo, os moradores são mais inclinados a usar serviços on-line, enquanto os residentes de PMC estão mais inclinados a visitar um banco pessoalmente, por exemplo. Além disso, uma vez que os jovens tendem a ter um domínio mais natural das tecnologias digitais, modelos de negócios baseados em tecnologia prosperam nas grandes cidades.
Por outro lado, é necessário observar que a transformação digital das PMC difere em relação às grandes cidades em termos da infraestrutura digital existente, da complexidade de governança urbana, do foco dos serviços públicos e das maneiras pelas quais a infraestrutura de informação é construída e implementada. Esses fatores são extremamente importantes no planejamento das ações a serem desenvolvidas.
Portanto, as PMC devem adotar tecnologias digitais urbanas flexíveis e modelos de transformação digital resilientes, porque as cidades variam muito em suas dotações de recursos, caminhos de desenvolvimento e objetivos.
Devem, também, explorar as parcerias público-privadas nos modelos de negócios, sendo aconselhável iniciar o processo de transformação digital em pontos de entrada específicos e avançar de forma paulatina.
Em especial nas PMC, a transformação digital deve ser centrada nas necessidades das pessoas. A construção de uma estrutura digital inclusiva é imperativa para garantir as necessidades atuais e futuras das pessoas em todos os cenários, de forma responsiva e sustentável.
Os cidadãos podem e devem participar da transformação digital dos serviços públicos e sociais, fornecendo feedback sobre suas necessidades em relação a esses serviços, participando dos projetos e avaliando sua qualidade.
Além disso, a população pode acompanhar o trabalho do governo e o status das operações da cidade por meio de plataformas unificadas de serviço público, e de ferramentas interativas de análise de dados. Também é possível usar ferramentas e serviços digitais para ajudá-los a adotar estilos de vida diferenciados em uma variedade de áreas, como mobilidade, lazer, emprego, educação e saúde.
A transformação digital nas PMC é tão importante quanto nas grandes cidades.
Os caminhos são diferentes, e essa percepção deve estar bastante clara, não só para os governantes das PMC, mas também para os organismos estaduais e federais, que devem se estruturar para fornecer os subsídios necessários ao engajamento definitivo das PMC em uma era virtuosa de transformações digitais.
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