Por que Rússia usa mercenários do grupo Wagner em guerra; resumo

Yevgeny Prigozhin

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Yevgeny Prigozhin liderava o Wagner, grupo usado por Putin na guerra na Ucrânia

Por que a Rússia usa mercenários na guerra com a Ucrânia? A BBC News Brasil resume aqui a resposta com links se você quiser saber mais.

Segundo especialistas, a principal razão é que o uso de mercenários permite que Moscou negue participação e se distancie de operações controversas ao redor do mundo. É a chamada "negação plausível", que sempre representou um trunfo no arsenal de relações internacionais da Rússia.

Essa estratégia está hoje em xeque. As suspeitas de financiamento russo a combatentes terceirizados em regiões como África, Ásia e também na Ucrânia foram negadas por anos até que o presidente russo, Vladimir Putin, admitiu pela primeira vez no fim de junho deste ano que Moscou usou os serviços de mercenários no território ucraniano.

Essa suspeita já havia sido levantada, porém, não confirmada, em 2014, quando mercenários foram acusados de participar da invasão da Crimeia, parte da Ucrânia posteriormente anexada pela Rússia e que dá ao país acesso ao Mar Negro.

Segundo Putin, até maio de 2023, 86 bilhões de rublos do orçamento do Estado, ou mais de R$ 5 bilhões, foram pagos ao grupo militar privado.

O futuro da relação entre o governo russo e mercenários do grupo Wagner também passa por um momento de incerteza com a notícia da morte do líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, confirmada pelo Kremlin posteriormente.

Pule WhatsApp e continue lendo
No WhatsApp

Agora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celular

Entre no canal!

Fim do WhatsApp

Todos os ocupantes da aeronave morreram, segundo a agência de notícias russa Interfax. A morte do líder dos mercenários foi vista por muitos como a resposta do governo russo a uma rebelião fracassada liderada por Prigozhin contra Moscou.

Insatisfeito com a tentativa de incorporar seus combatentes às forças armadas russas, Prigozhin coordenou uma ação, que chamou de "marcha pela Justiça", que chegou a derrubar dois helicópteros militares, um avião, antes de ser interrompida.

Ainda não está claro como os cerca de 25 mil combatentes do Wagner em diferentes países continuarão atuando no novo cenário.

O intenso uso de mercenários na guerra contra a Ucrânia se fez necessário com as dificuldades encontradas pelos russos. Nos primeiros dias da guerra, quando a liderança do Kremlin ainda parecia confiante em uma vitória rápida, a Rússia planejava contar apenas com as forças do Exército regular, a Guarda Nacional (Rosgvardiya), e as formações militares da autoproclamada República Popular de Donetsk (DNR) e República Popular de Lugansk (LNR).

No entanto, após pesadas perdas nos primeiros meses do conflito, a estratégia mudou.

"Isso incluiu ampla promoção de serviço terceirizado, o envolvimento de batalhões voluntários regionais e, é claro, mercenários que estiveram envolvidos em operações de combate em vários países ao redor do mundo, como Síria, Líbia e outras nações africanas, ao longo dos últimos anos. Alguns mercenários até operavam na Venezuela, cumprindo ordens para as elites locais", explica Ilya Barabanov, repórter do serviço russo da BBC.

Segundo autoridades britânicas, o número de mercenários do grupo Wagner atuando na Ucrânia passou de 1 mil para 20 mil, cerca de 10% do contingente militar russo atuando em território ucraniano.

A Rússia acusa o governo ucraniano de também usar mercenários na guerra, iniciada em 2022 com a invasão da Ucrânia por tropas russas, mas, segundo Oleg Chernysh, repórter do serviço ucraniano da BBC, "ao contrário da Rússia, a Ucrânia não usa mercenários". Há registros porém de oportunidades de trabalho para ex-soldados de outras nacionalidades sendo oferecidas para operação em solo ucraniano para remoção de civis do país.

"As autoridades ucranianas convidam oficialmente os estrangeiros a ingressar na Legião Internacional. Esta formação opera oficialmente como parte das Forças Armadas e por isso não são considerados mercenários", acrescenta.

No início da guerra, o governo ucraniano informou que 20 mil estrangeiros, de mais de 50 países, se alistaram, incluindo brasileiros.

Leia mais: