Web Summit
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Mônica Magnavita — Para o Valor, do Rio


Ashleigh Ainsley, da Colorintech: incômodo de ser um dos poucos negros trabalhando no universo tecnológico — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Ashleigh Ainsley, da Colorintech: incômodo de ser um dos poucos negros trabalhando no universo tecnológico — Foto: Leo Pinheiro/Valor

Inteligência artificial, cidades inteligentes, carros voadores, startups disruptivas e criptomoedas foram temas protagonistas em painéis e debates durante os três dias de duração do maior evento de inovação mundial, o Web Summit Rio. Permeando todos eles, entretanto, uma questão ficou clara nessa 13ª edição que terminou na semana passada, reunindo mais de 21 mil participantes de 91 países: a inovação deve ser inclusiva.

A nova onda tecnológica precisa retirar dos quartos dos fundos grande parcela da população negra, atualmente à margem de um mercado que deve movimentar só este ano US$ 4,6 trilhões, e trazê-la para a porta da frente dos negócios. Em resumo, a tecnologia deve estar a serviço das pessoas, incluindo aquelas de cores e gêneros diversos. Sem isso, ameaça gerar mais custos que soluções.

Iniciativas como Colorintech, Black Innovation Aliance (BIA), Inventivos e Black People Matters aportaram no universo tecnológico para mudar o cenário atual. O exemplo da realidade no Brasil não é muito diferente do observado em outros países. Aqui, 53,8% dos trabalhadores são pretos e pardos, mas ocupam apenas 29,5% dos cargos gerenciais, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2021 e divulgada no ano passado. Os brancos detêm 69% deles. O rendimento médio dos trabalhadores brancos era quase o dobro recebido por pretos e pardos e a proporção de pessoas pobres era de 18,6% entre os brancos e quase o dobro entre pretos e pardos.

Leia mais:

Tal fotografia levou os debates para discussões sobre a necessidade de inclusão tecnológica e de atenção de empresas ao vasto universo de consumidores pretos e LGBTQIA+. Pesquisa apresentada no evento pela B3 mostrou que dois em cada três consumidores preferem marcas e empresas que tenham valores com os quais se identifiquem. São reais, dólares e euros que estão em jogo. Só nas favelas brasileiras, o consumo é estimado em R$ 162 bilhões.

CEOs das organizações voltadas para inclusão racial tiveram história pessoal para contar e inspirar. Daí nasceram suas empresas, tendo como foco a tecnologia. Todas atuam para reduzir a assimetria de oportunidades entre brancos e negros no chamado ecossistema tecnológico de seus países, criando redes, fomentando investimentos em startups lideradas por pessoas negras, em empreendedorismo e capacitação. Kelly Burton, cientista política à frente da BIA, coalizão de 90 organizações, que já apoiou 400 mil empreendedores e inovadores negros nos Estados Unidos para desenvolverem seus negócios, ressaltou a importância de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento de empreendedores.

Segundo ela, a questão é estrutural, a ponto de o Vale do Silício, referência global de inovação e tecnologia, ter sido concebido sem diversidade de gênero, sexual e racial. “Isso se reflete nos demais ecossistemas do mundo”, diz. Já a BIA foi concebida como uma rede de redes para que grupos sub-representados se sintam parte de algo maior. A proposta é unir profissionais negros da área de tecnologia em plataforma de conexão entre todos. Estes, a seu ver, formam o grupo com menos acesso a capital de risco, a financiamentos e passam longe das redes de relacionamento capazes de da acesso à alavancagem profissional. Hoje, à frente da BIA, já conseguiu US$ 8 milhões em parcerias com marcas globais.

A questão leva a outro tópico diretamente ligado à inclusão racial, que é o do consumo. Segundo a CEO do Box1824, Paula Englert, é preciso dimensionar o gap ligado à inclusão para mudar a realidade e atuar para atrair, reter e desenvolver pessoas.

Ashleigh Ainsley, ex-googler, também sentiu o incômodo de ser um dos poucos negros trabalhando no universo tecnológico. Com base nessa constatação, o empresário inglês fundou a Colorintech, organização sem fins lucrativos voltada para aumentar o número de negros em tecnologia - já deu oportunidade profissional para mais de duas mil pessoas desde 2016, quando foi criada - e visando tornar a Europa o centro tecnológico mais inclusivo do mundo.

Segundo ele, quanto maior a inclusão étnica, melhor para inovação de produtos, qualidade de trabalho e geração de riqueza. A atuação inclui grupos sub-representados, por meio de programas que permitem a seus fundadores acelerar seus negócios e obter primeiros clientes.

Todas as organizações que se apresentaram tinham cerca de quatro anos de vida. A continuar assim, nos próximos Web Summits, possivelmente, a plateia poderá ser mais diversa, já que nesta edição, segundo os organizadores, os palestrantes falaram para uma audiência quase integralmente branca.

Mais recente Próxima Algoritmos enfraquecem vozes negras nas redes

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

O presidente eleito indicou lunáticos para cargos-chave que estão dispostos a virar as instituições americanas ponta-cabeça em busca de vingança

FT/ANÁLISE: Ao mirar o inimigo interno, Trump fortalece Rússia e China, os verdadeiros inimigos dos EUA

"Devemos defender o sistema internacional centrado na ONU, a ordem internacional sustentada pelo direito internacional e as normas básicas das relações internacionais baseadas nos propósitos e princípios da Carta da ONU”, destaca Xi Jinping

Presidente da China defende 'menos quintais com cercas altas' e mais cooperação entre países

Segmento é considerado um dos mais opacos nos mercados financeiros

Bancos dos EUA fazem parceria com BlackRock por dados de títulos

Será a primeira visita de um premiê indiano à Guiana desde a passagem de Indira Gandhi, em 1968

Premiê da Índia vai visitar a Guiana em busca de acordo de energia

Após sequência frenética de superação de recordes de preço, maior criptomoeda em valor de mercado inicia a semana 'acomodado' no patamar dos US$ 91 mil

Cripto Solana registra maior valor em três anos

Keir Starmer afirmou que a última década foi perdida na luta contra a pobreza por causa da pandemia, das mudanças climáticas e dos níveis crescentes de conflito

Premiê britânico elogia Aliança contra Fome, mas diz que maior passo viria da resolução de conflitos mundiais

Otávio Damaso reforçou que todas as empresas do segmento de criptoativos só poderão atuar no país com autorização do BC e serão supervisionadas

Nem todas as plataformas de cripto vão querer ser reguladas pelo BC, alerta diretor

O megacampo de Vaca Muerta é uma grande área com gás de xisto (“shale gas”) e petróleo na província de Neuquén, na Patagônia argentina

Demanda da indústria no Brasil pode impulsionar importação de gás da Argentina, aposta mercado

Em discurso aos demais chefes de Estado presentes na cúpula do G20, no Rio, o presidente da Argentina fez críticas indiretas ao projeto da Aliança Global contra a Fome, lançado oficialmente governo brasileiro

Exclusivo: No G20, Milei diz que só o capitalismo tira as pessoas da pobreza

Segundo dados de 221 cidades brasileiras reunidos pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), os lançamentos de imóveis subiram 20,1% no período

Lançamentos imobiliários sobem e vendas anotam recorde no 3º trimestre, aponta Cbic