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Por — De São Paulo


SannamaariaVanamo: “Um dos princípios fundamentais é que todos devem ter oportunidades iguais” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
SannamaariaVanamo: “Um dos princípios fundamentais é que todos devem ter oportunidades iguais” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Na Finlândia, alunos, independente da classe social, têm acesso gratuito a escolas renomadas, materiais escolares, alimentação diária e transporte. Professores têm liberdade para definir metodologia e não há necessidade de testes ou notas. Como resultado, além de terem o país mais feliz do mundo pela sétima vez consecutiva, segundo o Relatório Mundial da Felicidade da Organização das Nações Unidas (ONU), os finlandeses possuem a segunda melhor educação e a mais inclusiva do mundo, de acordo com o Índice de Prosperidade Legatum 2023. Afinal, qual o segredo do sucesso?

Em entrevista ao Valor, a embaixadora de Educação do Ministério das Relações Exteriores da Finlândia, Sannamaaria Vanamo, conta que os resultados só foram possíveis porque o país desenvolveu a educação de forma sistemática, em ampla cooperação com as partes interessadas.

“O sistema educacional finlandês é baseado no trabalho e no investimento que abrange gerações. Um dos princípios fundamentais da educação finlandesa é que todos devem ter oportunidades iguais de aprendizagem e acesso à educação de alta qualidade. Os ambientes de aprendizagem devem incentivar a inovação, dar espaço à criatividade e permitir que cada indivíduo floresça”, destaca.

O país enfrenta escassez de mão de obra e, para contornar o quadro, a Finlândia quer atrair trabalhadores de todo o mundo, principalmente do Brasil. A embaixadora conta quais os pontos fortes da educação finlandesa e a importância da cooperação para o desenvolvimento da educação brasileira. Confira os principais pontos da entrevista:

Valor: Na sua opinião, o que faz com que a educação da Finlândia seja destaque?

Sannamaaria Vanamo: Nada é mais importante que o acesso à educação de forma igualitária. Esse é um dos pontos fortes na Finlândia: independentemente de sua origem e onde mora, você pode ter acesso a uma boa educação desde a primeira infância. Além disso, nosso objetivo é estarmos o mais próximo possível da casa dos alunos, criando uma espécie de comunidade. Queremos garantir uma educação de qualidade em todos os lugares e em cada escola. A educação de qualidade é um direito e também um dos objetivos do desenvolvimento sustentável. A Finlândia tem florestas e recursos naturais, claro, mas o maior recurso é nosso pessoal, nosso capital humano. Por isso investimos nele com uma educação de qualidade. Isso contribui para um desenvolvimento sustentável da nossa economia e da nossa sociedade. A educação de qualidade dá oportunidades iguais a todos para buscarem felicidade e bem-estar. Isso também é uma garantia para os empregadores.

As pessoas vêm para a Finlândia e percebem que nós apreciamos o equilíbrio na vida”

Valor: Como a Finlândia apoia os professores?

Vanamo: Em geral, em nosso modo de viver, é muito importante que tenhamos um equilíbrio entre a vida profissional e privada. E é algo que tentamos manter em relação aos professores. Nós confiamos muito neles pois temos objetivos comuns, que visam à qualificação na formação profissional. Todos os professores têm uma dissertação de mestrado, por exemplo. Eles têm liberdade para planejar como e onde ensinar. Nosso número de horas é limitado, e os dias de trabalho não são tão longos, com muita carga administrativa. Os professores também consideram importante ter o apoio dentro da comunidade. Esperamos que eles continuem estudando o tempo todo porque a sociedade está sempre mudando.

Valor: Há uma forma de medir os resultados dos professores?

Vanamo: Nosso sistema é baseado na autoavaliação contínua nas salas de aula, nas escolas, nos municípios, então é muito descentralizado. Não há nenhum tipo anual de controles ou exames. Pode haver alguns estudos ocasionais, como o Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes] e, no ensino médio, existe um tipo de exame de matrícula que de certa forma serve para acompanhar o aprendizado. Quando se trata de ensino de qualidade, nós buscamos sempre o diálogo. Claro, é importante que haja recursos suficientes e apoio suficiente também para os professores e, se for necessário avaliar mais, temos mecanismos para isso. Mas tudo sempre resolvemos com diálogo - com os pais, as escolas e os professores. Isso é o mais importante.

Valor: O ensino na Finlândia é bem diferente do Brasil. Como os países podem cooperar entre si?

Vanamo: Infelizmente ainda não sei tanto sobre o sistema brasileiro. O que temos são informações básicas e de conversas que tive com colegas. Entendo que o Brasil, nos últimos anos, fez algumas reformas que, na verdade, eu diria, correspondem muito bem aos objetivos que temos e podemos cooperar com isso. Por isso, estamos aqui hoje com delegações da Finlândia representando nossas instituições de pesquisa e ensino. Talvez possamos cooperar com a formação de professores e ajudar em outros fatores em relação ao desenvolvimento sustentável. Na Finlândia, temos universidades e empresas privadas que estão prontas para trabalhar internacionalmente na formação de professores. Portanto, há um potencial nisso. Podemos cooperar também no ensino profissional pois fizemos uma reforma em 2018 com o objetivo de aumentar o diálogo e a formação prática, unindo instituições de ensino profissional, a indústria e a vida profissional. E isso tem sido uma experiência interessante e pode ser uma cooperação e aprendizagem mútua entre a Finlândia e o Brasil, formando as futuras habilidades necessárias para a vida profissional.

Valor: Em quais áreas a Finlândia precisa de profissionais?

Vanamo: Precisamos de muitos profissionais em todas as áreas. O nosso maior desafio não é só a escassez de mão de obra, mas temos uma população envelhecida. Portanto, também precisamos mais dos jovens para trabalhar na área da saúde, por exemplo. Há uma necessidade de trabalhadores em todas as áreas, mas principalmente na pesquisa, inovação e no conhecimento. Temos várias oportunidades e caminhos.

Valor: Quais dicas a senhora daria para brasileiros que pretendem ir para Finlândia?

Vanamo: Tenha mente aberta. Somos muito calorosos e amigáveis e, na Finlândia, as pessoas têm mais tempo para conhecer os outros. O clima é diferente, mas tenho certeza de que muitos gostarão de viver na Finlândia.

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