Virginia Luque
Virginia Luque | |
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Virginia Luque em 1957. | |
Informações gerais | |
Nome completo | Violeta Mabel Domínguez |
Também conhecido(a) como | A Estrela de Buenos Aires |
Nascimento | 4 de outubro de 1927 Buenos Aires, Argentina |
Morte | 3 de junho de 2014 (86 anos) Buenos Aires, Argentina |
Género(s) | Tango |
Ocupação | Actriz, cantora |
Filho(a)(s) | María Virginia Godoy (conhecida nos meios por seu nome artístico Señorita Bimbo)[1] |
Instrumento(s) | Voz |
Violeta Mabel Domínguez mais conhecida por seu nome artístico Virginia Luque (Buenos Aires, 4 de outubro de 1927 - 3 de junho de 2014)[2] foi uma actriz e cantora argentina de tango. Conheceu-lha como «A estrela de Buenos Aires» pela sua grande trajectória como actriz em rádio, cinema, teatro e televisão e também por ter realizado numerosas gravações.
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Os seus pais viviam na rua Laprida (actualmente chamada Agüero) 742 do bairro de Abasto. Seu pai trabalhava na sestaria Casa Muñoz e ela nasceu na maternidade do Hospital Rivadavia de Buenos Aires. No colégio era a típica garota que recitava os poemas e já dizia que queria ser artista. Atendeu a escola primária 25 até ao ano 1940 no bairro de Liniers[3] Um dos irmãos Muñoz (os proprietários da setaria) lhe comentou ao pai sobre um amigo que precisava uma atriz para actuar numa obra no Teatro Liceu, e ali a futura Virginia Luque começou a sua carreira artística.
A sua carreira artística
[editar | editar código-fonte]Trabalhou muito jovem em teatro com Francisco Canaro (A canção dos bairros, 1946) e estreia em cinema em 1943 dirigida por Francisco Mugica em La guerra la gano yo [A guerra ganho-a eu], onde actuava Pepe Arias à que seguiriam Se arrematam ilusões (1944), Lá no setenta e tantos... (1945), O terceiro hóspede (1946), O homem do sábado (1947), Un tropezón cualquiera da en la vida (1949), com Alberto Castillo, Dom Juan Tenorio (1949) e A história do tango (1949) na qual dirigida por Manuel Romero teve seu primeiro papel protagónico. Com o mesmo director actuou em "Arriba el telón" (1951), junto a Juan Carlos Mareco "Pinocho" e as cancionistas Sofía Bozán e Jovita Lua. Em 1950 foi vice-presidente da primeira comissão directiva do Ateneo Cultural Eva Perón mas renunciou aos poucos dias.
A sua filmografia inclui uns trinta filmes, muitas delas no exterior. As últimas foram uma participação especial em Os garotos crescem (1974), com Luis Sandrini e outra no Café dos maestros (2008).
Estudou canto com Julián Vinhas, que fez da sua voz pequena, uma voz bem timbrada. Inicialmente Virginia Luque cantava peças de diversos géneros: tango, bolero, espanhol e inclusive protagonizou o filme Do cuplé ao tango na que interpretava esses dois géneros. Ela mesma conta como mudou:
“ | "Mas numa audição conheci-a a Azucena Maizani. Eu estava ensaiando essa melange que gostava de fazer. Até que Azucena me perguntou: Rapariga... por que cantas de tudo? Eu era bastante atrevida e lhe disse: Se o maestro de todos nós, Gardel, canta de tudo!. Nada, ela me ordenou: Canta tango! Também me apoiou para que me vestisse de compadrito."[3] | ” |
Luzia em filmes como uma jovem marota simpática e vivaz, longe de toda a concorrência com as sofisticadas estrelas daquele momento e da imagem mais madura e sedutora que depois mostrou à televisão. A este último meio chegou nos anos sessenta, na época do auge dos programas musicais, e actuou no Show de Antonio Prieto, em Tropicana Clube, em A família Gesa e durante várias temporadas em Grandes Valores do Tango, entre outros programas.
Em 1985 actuou para televisão na série Libertad condicionada. Em 1987 fez uma volta pelo Japão com grande sucesso e nesse mesmo ano actuou em Tango no Bauen com Jorge Sobral e Amelita Baltar. Em 1988 fez em Argentina o espectáculo Tomodachi (Amigos), no que estreou o tango Fujiyama, escrito por Cátulo Castillo sobre música de Aníbal Troilo.
Apresentou-se assiduamente em festivais e teatros bem como nas tanguerías mais prestigiosas de Buenos Aires, como Casablanca, Michelangelo ou O Velho Armazém.
Em 2004 tomou parte do projecto de Café dos maestros participando no filme e no álbum. Serve para apreciar a qualidade artística que conservava aos 77 anos em que fez sua gravação para este álbum o episódio que conta o director artístico da obra Gustavo Santaolalla: Citação: "Virginia veio durante a gravação de ‘A canção de Buenos Aires’, e pôs uma voz de referência. É um tema que está cheio do que em termos musicais se chama calderão, que significa que está tudo no ar, não tem uma rítmica fixa, há espaços totalmente abertos. A orquestra para, entra a voz (canta: “Buenos Aires, quando longe te vi”), e na cada uma dessas paradas, a orquestra a vai seguindo a ela para voltar a entrar. Eu pensei: ‘Quando vinga a pôr a voz definitiva, não a vai poder gravar nunca, como sabe quando tem que entrar?’. Ao outro dia vem a pôr a voz definitiva, e eu lhe digo: ‘Olhe, Virginia, não se preocupe que hoje em dia com a tecnologia que temos, o Pró Tools e todo isso, se se chega a equivocar, a voz se pode correr e mover’. Ela me olhou com uma cara como dizendo não me ofendas, e disse: ‘Vou fazê-lo numa tomada’. E é a tomada que há no disco. Ou seja, entrou e fincou-a. Quando terminou de cantar, estava a chorar."[4]
O poeta Julian Centeya publicou-lhe -em forma pessoal- uns versos titulados Virginia de Buenos Aires
Em outubro de 2011 actuou no Teatro Enrique Carreiras de Mar del Prata, no marco do ciclo "Milongueando no 40".[5]
Virginia Luque "foi a única estrela feminina durante a apresentação de Café dos maestros no Colón. Ela -literalmente- se “roubou” o palco com seu histrionismo e personalidade, numa interpretação inolvidável de A canção de Buenos Aires.”[4]
Em 2012 sofreu uma queda que lhe provocou uma infecção na pele chamada erisipela, doença que custou a tratar devido à sua alergia à Penicilina. Seu médico pessoal era o famoso Dr. Cahe.
Em 2013 presenciou a publicação de seu livro biográfico chamado Virginia Luque, a estrela de Buenos Aires.
O seu último aparecimento no ecrã foi em 17 de abril de 2013 em Factos e protagonistas, um programa conduzido por Anabela Ascar em Crónica TV.
Virgina Luque faleceu por causas naturais na quarta-feira, 3 de junho de 2014. Seus restos descansam no Panteão da Associação Argentina de Atores do Cemitério da Chacarita. Tinha 86 anos.[6]
Filmografia
[editar | editar código-fonte]- Café dos maestros (2008) Miguel Kohan
- Los chicos crecen (1976) dir. Enrique Carreras
- Viver é formidável (1966) dir. Leo Fleider
- Boas noites, Buenos Aires (1964) Hugo del Carril
- Del cuplé al tango (1959) dir. Julio Saraceni
- La despedida - Que me toquen las golondrinas (1957) dir. Miguel Morayta Martínez
- Sangue e aço (1956) dir. Lucas Demare
- O pátio da morocha - ¡Arriba el telón! (1951) dir. Manuel Romero
- A vida cor de rosa (1951) dir. León Klimovsky
- La balandra Isabel llegó esta tarde - Mariposas negras (1950) dir. Carlos Hugo Christensen
- A historia do tango (1949) dir. Manuel Romero
- Don Juan Tenorio (1949) dir. Luis César Amadori
- Un tropezón cualquiera da en la vida (1949) dir. Manuel Romero
- O homem de sábado (1947) dir. Leopoldo Torres Ríos
- O terceiro hospéde (1946) dir. Eduardo Boneo
- Allá en el setenta y tantos (1945) dir. Francisco Mugica
- Mi novia es un fantasma (1944) dir. Francisco Mugica
- Se rematan ilusiones 1944) dir. Mario C. Lugones
- La guerra la gano yo (1943) dir. Francisco Mugica
Em Café dos Maestros e em Minha noiva é um fantasma actuou como ela mesma.
Teatro
[editar | editar código-fonte]- Boas noites Buenos Aires (1963), no Teatro Astral, com Hugo do Carril, Mariano Mores, Alberto Marcou, Susy Leiva e Juan Verdaguer.
Discografia
[editar | editar código-fonte]- ????: "Del Cuplé al tango" - RCA
- ????: "Virginia Luque" (EP) - DIMSA
- ????: "Virginia Luque" (EP) - ALANICKY
- 1972: "Virginia de Buenos Aires" - MICROFON
- 1973: "Virginia Luque canta a Alfonsina" - MICROFON
- 1977: "Con todo" - EMBASSY
- 1978: "Hoy" - RCA
- 1981: "Virginia de Buenos Aires - Homenagem a Francisco Canaro" - RCA
- ????: "La estrella de Buenos Aires" - MICROFON
- ????: "Tango" - MICROFON
- ????: "Lo mejor de Virginia Luque" - MICROFON
- 1990: "Interpreta a Discepolo" - MICROFON
- 1991: "Canta a Gardel" - MICROFON
- 1993: "Rumores de España"
- 1994: "Virginia Luque" - EPSA MUSIC
- 1996: "Los clásicos argentinos - Virginia Luque: A voz dramática - Volume 20" - EMI ODEON
- 2003: "Balada para un loco" - MAGENTA
Prêmios obtidos
[editar | editar código-fonte]- Prêmio Côndor de Prata 1995 à trajectória
- Prêmio Konex 1995: Cantora Feminina de Tango
- Prêmio Konex 1985: Cantora Feminina de Tango
Referências
- ↑ «Srta Bimbo: Ela é Ricky Martin.». www.sentidog.com
- ↑ «Morreu aos 86 anos a actriz e cantora de tangos Virginia Luque». Diário Um. 3 de junho de 2014. Consultado em 4 de junho de 2014. Arquivado do original em 6 de junho de 2014
- ↑ a b do Mazo, Mariano. «Todas as glórias do tango juntas». diário Clarín de Buenos Aires do 25-6-2008 (em espanhol). Consultado em 10 de fevereiro de 2009
- ↑ a b «Virginia Luque: A voz de Buenos Aires». diário Página/12 de Buenos Aires do 24-9-2006 (em espanhol). Consultado em 10 de fevereiro de 2009
- ↑ «Virginia Luque regressa aos palcos em Mar do Prata». www.lacapitalmdp.com. Consultado em 15 de novembro de 2011
- ↑ «Inhumaran los restos de Virginia Luque» (em espanhol). www.telam.com.ar