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Otto Kandler | |
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Nascimento | 23 de outubro de 1920 Deggendorf, Baviera |
Morte | 29 de agosto de 2017 (96 anos) Munique, Baviera |
Nacionalidade | Alemão |
Alma mater | Universidade Luís Maximiliano de Munique |
Instituições | Universidade Luís Maximiliano de Munique |
Campo(s) | Botânica e microbiologia |
Otto Kandler (Deggendorf, Baviera, 23 de outubro de 1920 – Munique, Baviera, 29 de agosto de 2017[1][2]) foi um botânico e microbiologista alemão. Durante sua carreira, Kandler investigou principalmente tópicos relacionados a fotossíntese, metabolismos de carboidratos em plantas, analises da estrutura de paredes celulares bacterianas, a sistemática do gênero bacteriano Lactobacillus e a quimiotaxonomia de plantas e microrganismos.[3]
Seus estudos apresentarão a primeira evidência experimental da existência de fotofosforilação in vivo.[4] Ao descobrir diferenças básicas entre as paredes celulares de bactérias e arqueias, Kandler ficou convencido de que as arqueias representavam um grupo de organismos distintos das bactérias, sendo um dos primeiro pesquisadores a estudar sobre Archea na Alemanha.[5][6] Esta descoberta também foi a base para o inicio de sua colaboração com Carl Woese. Em 1990, os dois propuseram a separação dos organismos em três domínios taxonômicos: Bacteria, Archaea e Eukaryota.[7] Com base em seu interesse na diversificação e evolução inicial da vida no planeta, Kandler formulou a teoria pré-celular, sugerindo que os três domínios da vida nao emergiram de último ancestral comum universal mas de uma população de pré-células.[6][8][9]
Vida pessoal e educação
[editar | editar código-fonte]Kandler nasceu em 23 de outubro de 1920 em Deggendorf, Baviera. Seu interesse pela natureza e por plantas foi despertado durante sua infância, enquanto ajudava seu pai, que era horticultor, com seu trabalho. Frequentou a educação básica por oito anos. Aos 12 anos de idade leu sobre Charles Darwin pela primeira vez e mencionou isso a um sacerdote católico. O sacerdote o puniu com dois golpes em suas mãos com uma vara. No entanto, permaneceu interessado na origem e evolução dos organismos pelo resto de sua vida.[3]
Na adolescência, seus pais não tinham dinheiro para pagar as taxas dos melhores colégios para educação secundaria, e ele deveria se tornar um jardineiro ou aprender outro ofício. No entanto, seus professores convenceram seus pais de que Kandler era talentoso e deveria continuar seus estudos. Assim, ele frequentou a "Deutsche Aufbauschule" em Straubing, uma escola para a formação de professores. No entanto, seus estudos foram interrompidos pela Segunda Guerra Mundial. Em 1939, Kandler e seus colegas tiveram que se juntar ao Reichsarbeitsdienst, mais tarde ele teve que servir no exército alemão como repórter de rádio na Frente Oriental. Próximo ao final da guerra, seu grupo foi transferido para a Áustria. Ele escapou de bicicleta para a Frente Ocidental para evitar a captura pelos russos. Depois de passar alguns meses como prisioneiro do exército americano, foi autorizado a voltar para casa. Entre 1945 e 1946, reconstruiu a horta de seu pai e ganhou algum dinheiro cultivando e vendendo legumes, especialmente repolho, e flores para financiar sua vida e seus futuros estudos.[1][3][10]
Kandler era muito interessado em ciência, mas só em 1946 conseguiu se matricular na Universidade Luís Maximiliano de Munique para estudar botânica, zoologia, geologia, química e física. Ele também assistia a palestras de filosofia. Como grande parte da universidade de Munique havia sido bombardeada, os edifícios do instituto estavam gravemente danificados e ainda em ruínas. Para ser admitido, ele e todos os outros estudantes tiveram que remover escombros e ajudar na reconstrução dos edifícios. Após três semestres, ele encontrou um tema de pesquisa para sua dissertação em botânica. Sendo o primeiro na Alemanha, começou a cultivar tecidos vegetais isolados in vitro. Usou essas culturas celulares para estudar, por exemplo, o metabolismo e a influência de auxinas sob condições definidas in vitro. Obteve seu doutorado com honras em 1949 e tornou-se professor assistente de botânica na Universidade de Munique. Após sua habilitação em 1953, permaneceu na universidade até 1957.[1][3] Em 1953, casou-se com Gertraud Schäfer, uma estudante de pós-graduação em microbiologia. Juntos tiveram três filhas e quatro netos. Por suas primeiras publicações sobre fotofosforilação,[11] recebeu uma generosa bolsa de pesquisa da Fundação Rockefeller e, entre 1956 e 1957, pôde trabalhar por um ano nos Estados Unidos em questões básicas da fotossíntese.[3][4]
Após seu retorno a Alemanha, Kandler estava insatisfeito com as precárias condições laboratoriais da Universidade de Munique. Então, em 1957, aceitou a proposta do Centro de Pesquisa em Laticínios do Sul da Alemanha, em Freising-Weihenstephan, para se tornar o diretor do Instituto Bacteriológico, onde as condições eram muito melhores. Em 1960, foi nomeado professor titular de Botânica Aplicada da Universidade Técnica de Munique. Na época, as condições de pesquisa nas universidades ainda eram ruins, logo manteve em paralelo seu cargo em Weihenstephan até 1965. Em 1968, foi nomeado professor titular e chefe do Departamento de Botânica da Universidade Luís Maximiliano de Munique, onde ensinou e conduziu pesquisas até sua aposentadoria em 1986.[3][12] Seus amplos interesses científicos são evidenciados pelos títulos de suas mais de 400 publicações.[3][13]
Kandler teria celebrado seu 100º aniversário em 23 de outubro de 2020. Para este centenário, sua família doou sua coleção cronológica de livros de botânica histórica, entre eles herbais dos séculos XVI e XVII, como presente para a biblioteca da "Regensburgische Botanische Gesellschaft" (fundada por David Heinrich Hoppe em 1790), que foi incluída na biblioteca da Universidade de Regensburg. Através da digitalização, essas fontes históricas em breve estarão acessíveis ao público em geral.[14]
Fisiologia de plantas
[editar | editar código-fonte]Kandler estava muito interessado nos processos de crescimento das plantas, na fotossíntese e no metabolismo, especialmente de carboidratos. Foi o primeiro pesquisador na Alemanha a fazer culturas in vitro de tecidos vegetais isolados, como caules, raízes e brotos, para estudar o metabolismo e o efeito das auxinas. Este trabalho constituiu o tema da sua dissertação (summa cum laude) em 1949.[15]
Em sua publicação “Perspectivas históricas sobre questões relativas à fotofosforilação”,[16] Kandler descreve os primórdios da investigação sobre a fotofosforilação e como se interessou pelo tema. Em 1948, foi inspirado por uma palestra de Feodor Lynen sobre o metabolismo do fosfato em leveduras. Neste momento, logo apos o fim da Segunda Guerra Mundial, o Instituto de Química da Universidade de Munique ainda estava em ruínas. Lynen e o seu assistente Helmut Holzer estavam trabalhando temporariamente no Instituto Botânico, mesmo local onde Kandler estava desenvolvendo sua tese em botânica. Kandler ficou impressionado com as metodologias experimentais do laboratório de Lynen.[17] Nessa época, Holzer apresentou a primeira evidencia da formação de ATP em leveduras que oxidavam o butanol em ácido butírico.[18] Kandler decidiu então utilizar estas técnicas de medição das taxas de fosforilação in vivo para estudos de fotossíntese em Chlorella.
Com estas novas técnicas, Kandler demonstrou as primeiras evidencias in vivo da formação de ATP dependente da luz em células intactas de Chlorella.[1][4][11] Em 1954, Daniel I. Arnon demonstrou a ocorrencia de fotofosforilação in vitro utilizando apenas cloroplastos isolados e mencionou o trabalho pioneiro de Kandler.[19][20] As primeiras publicações de Kandler sobre a fotofosforilação levaram a Fundação Rockefeller a oferecer-lhe uma posição nos EUA por um ano. Assim, entre 1956-1957, trabalhou durante 6 meses com Martin Gibbs no Laboratório Nacional de Brookhaven e depois durante outros 6 meses com Melvin Calvin na Universidade da Califórnia, estudando questões centrais da fotossíntese como o Ciclo de Calvin.[21][4] Com sua estadia nos EUA, Kandler pode levar o método de marcação radioativa para acompanhar o percurso do carbono ao longo da fotossíntese para realizar estudos na Alemanha.
Junto a seus colaboradores, Kandler demonstrou pela primeira vez a ocorrência de ADP-glicose em plantas, molécula doadora de glicose para a biossíntese de amido. Realizou também contribuições essências para esclarecer a complicada biossíntese dos monossacáridos de cadeia ramificada, como hamamelose e apiose. Por fim, elucidou a biossíntese dos açúcares da família da rafinose, os oligossacáridos mais frequentes em plantas.[22] A partir destas descobertas, foi possível elucidar a função do galactinol, um galactosídeo do inositol, como dador de galactosilo e, por tanto, o papel do inositol como co-fator das reacções de transferência de açúcares nas plantas.[1][3][4][23]
Microbiologia aplicada
[editar | editar código-fonte]Louis Pasteur foi um dos heróis científicos de Kandle, que gostava de citar a opinião de Pasteur de que não existe "ciência aplicada", mas sim "aplicações da ciência". Quando foi diretor do Instituto Bacteriológico do Centro de Pesquisa de Laticínios do Sul da Alemanha em Freising-Weihenstephan, concentrou-se na microbiologia do leite e produtos lácteos, por exemplo, desenvolvendo métodos para prolongar a vida útil do leite e testando a utilização de Lactobacillus acidophilus em cultivos iniciais para iogurte. Também testou vários procedimentos para a fermentação de leite e produtos vegetais ou propôs métodos para combater com sucesso microorganismos em sistemas de água de resfriamento.[3] Mais tarde, conduziu pesquisas sobre bactérias termofílicas metanogênicas e sua capacidade de produzir biogás a partir de esgoto ou outros resíduos.[3]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]O papel de Kandler como um dos primeiros representantes da ecologia é menos conhecido. Ele foi um cofundador da "comissão de ecologia" na Academia Bávara de Ciências (agora "Forum für Ökologie" – um painel para ecologia[24]), da qual foi membro até 2006.[25] Seu interesse em ecologia era amplo; por exemplo, lidou com interações bacterianas, condições das florestas e o retorno de líquens à cidade de Munique.[25][26]
Desde o início da década de 1980, a pesquisa sobre a "Waldsterben" (morte das florestas) na Alemanha foi substancialmente patrocinada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia Alemão. Com base em suas próprias investigações,[27] Kandler se tornou um crítico decidido.[1][3][25][28]
Referências
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Notas
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Otto Kandler», especificamente desta versão.