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Tito Livio Zambeccari

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Tito Livio Zambeccari
Tito Livio Zambeccari
Nascimento 30 de junho de 1802
Bolonha
Morte 2 de dezembro de 1862 (60 anos)
Bolonha
Sepultamento Basilica of Saint Francis
Cidadania Reino de Itália
Progenitores
  • Francesco Zambeccari
Ocupação naturalista

Tito Livio Zambeccari (Bolonha, 3 de junho de 1802 — Bolonha, 2 de dezembro de 1862[1]) foi um revolucionário italiano que lutou no Brasil.

Filho do conde Francesco Zambeccari [2], como o pai, demonstrou interesse por estudos científicos e naturalistas. Aos dezenove anos filiou-se às “lojas conspiradoras”, de cunho liberal, possivelmente aos carbonários, que pretendiam libertar a Itália. Logo em seguida foi sentenciado com pena de morte e obrigado a fugir para a Espanha, em 1821.

Em 1826, Zambeccari comprou passagem para a América do Sul e desembarcou em Montevidéu, região conflagrada pela Guerra da Cisplatina. Ali, apresentou-se aos uruguaios, que lutavam pela independência e contra o Império do Brasil. Em 1829, em Buenos Aires, Zambeccari aliou-se aos unitaristas portenhos (contrários a Juan Manuel de Rosas) e, junto com os italianos que ali residiam, formou uma legião, da qual fora escolhido para ser o comandante, convite que declinou.

Após a derrota de sua facção e ascensão do ditador Rosas ao poder, Zambeccari embarcou para o Rio Grande do Sul, onde tinha amigos que conhecera no período da Guerra da Cisplatina. Chegou ao Rio Grande do Sul em 1831, e no mesmo ano, estava prestando seus serviços científicos à Província de São Pedro do Rio Grande, onde esboçou o mapa mais antigo de Porto Alegre, possivelmente datado de 1833. Trabalhou com a medição de lotes urbanos e ruas da colônia de São Leopoldo e relacionou mais de 1.500 espécies botânicas[2] no seu herbário, provenientes das Missões. Também participou das reuniões do Gabinete de Literatura da Sociedade Continentino e escreveu em vários jornais de cunho liberal na Província. Teria sido o redator dos jornais O Continentino e O Republicano, além de colaborar com O Recopilador Liberal.[2]

Tornou-se amigo e assessor daqueles que viriam a ser os líderes da Revolução Farroupilha: Bento Gonçalves, Onofre Pires e Domingos José de Almeida. Segundo relato de seus contemporâneos, “Zambeccari, Bento Gonçalves, Onofre Pires e José Calvet é que tratavam dos negócios da República Rio-Grandense, sendo Zambeccari a primeira cabeça que planejara a marcha que se deveria seguir mais tarde”. Sua proximidade com Bento Gonçalves era tanta que o chamavam de seu secretário particular ou um secretário sem pasta.[2]

Para o historiador Alfredo Varela, o italiano influenciara os manifestos assinados por Bento Gonçalves, sendo o de 24 de março de 1836 de sua autoria. Assim, também, a bandeira da República Rio-Grandense teria sido idealizada por Zambeccari,[3][4] antes mesmo do início da revolução. Ao rebentar o conflito, tornou-se secretário e chefe do estado-maior do general Bento Gonçalves. Com ele foi preso na batalha do Fanfa, em 4 de outubro de 1836, e enviado à Presiganga, navio-prisão ancorado no Lago Guaíba, para depois ser transferido para a Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Nunca mais voltou ao Rio Grande.[2]

Na Itália com Garibaldi

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Na prisão, teve sua saúde debilitada; entretanto, manteve seus estudos. Acabou deportado, em 1839, após três anos encarcerado. Partiu para a Europa e tentou chegar ao seu país, mas se viu barrado pela nova ordem de prisão. Dois anos depois, conseguiu autorização para retornar a Bolonha, sendo no entanto vigiado pelo governo papal.

Participou dos movimentos de 1848, libertando Módena, tendo sob sua liderança 1500 homens. Também tomou parte na expedição de Giuseppe Garibaldi e de seus camisas vermelhas, que conquistaram o reino das Duas Sicílias. Foi sua última participação na vida política.

Faleceu em 2 de dezembro de 1862.

Referências

  1. Emílio Fernandes de Sousa Docca, História do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro : Edição da Organização Simões, 1954. Página 337.
  2. a b c d e «DORNELES, Laura de Leão. Risorgimento e Revolução: Luigi Rossetti e os ideais de Giuseppe Mazzini no movimento farroupilha. PUCRS, Porto Alegre, janeiro de 2010.190pp.». Consultado em 16 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 15 de outubro de 2013 
  3. Olynto, Paulo (1941). «Lenço comemorativo da República Riograndense». Rio de Janeiro. Anais do Museu Histórico Nacional - 1940. 1: 113. Consultado em 1 de abril de 2021 
  4. Staudt, Leandro (7 de novembro de 2024). «O que pintura de museu italiano revela sobre a bandeira do RS». GZH. Consultado em 7 de novembro de 2024 
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