Teofilantropia
A Teofilantropia foi um culto cívico surgido durante os anos finais da Revolução Francesa que pretendia encontrar uma alternativa à descristianização da França, propondo o culto de uma religião "natural". Seus adeptos se organizavam sob o título de "Amigos de Deus e do Homem".
Contexto
[editar | editar código-fonte]Seus fundadores foram o seminarista Jean-Baptiste Chemin-Dupontes e o pedagogo Valentin Haüy, partidários moderados da Revolução. Em setembro de 1796, inauguraram um culto familiar, deísta e humanitário, que chamaram de "Teofilantropia".
O novo culto cívico encontrou rápido apoio em alguns políticos e empresários, como o pintor Jacques-Louis David e o intelectual Thomas Paine. Contudo, foi o apoio dado por um dos membros do Diretório, La Révellière-Lépeaux, que deu notoriedade de fato a nova religião. O político pretendia fortalecer a República, substituindo o catolicismo por outra crença, embora a Constituição de 1795 (Ano III) já tivesse estabelecido a liberdade de cultos no país.
O culto assumiu uma conotação cada vez mais anticatólica e conseguiu muitos adeptos, principalmente em Paris. O crescimento da Teofilantropia, porém, foi travado pelo desejo de François de Neufchâteau, outro membro do Diretório, em fortalecer o Culto Decadário, uma religião cívica baseada no Calendário Republicano Francês. Perdendo apoio, por fim, as reuniões teofilantrópicas foram proibidas por decreto de 12 de Vendemiário do Ano X (1801), sendo o culto totalmente proibido em Ventoso do Ano XII (1803).[1]
Princípios
[editar | editar código-fonte]A Teofilantropia foi definida por seus criadores como uma religião “razoável”, tendo as vantagens das religiões antigas sem seus inconvenientes, sendo uma religião inata ao homem. O culto permitiria a reconciliação entre homens e igrejas, já que toda discussão metafísica ou teológica era proibida. Apenas dois dogmas “socialmente úteis” foram adotados: a existência de Deus e a imortalidade da alma. A moralidade deste novo culto baseava-se nas leis naturais, na consciência que julgava o Bem e o Mal, bem como nos deveres do homem para com os seus semelhantes e o seu país.[2]
A religião era praticada sob a forma de culto familiar e cerimônias públicas, festas religiosas, em templos decorados com inscrições morais e altares, exames de consciência, hinos, leituras, etc.[3]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- LOPES, Marcos Felipe de Brum. “A árvore proibida do sacerdócio”: razão e religião segundo Tom Paine. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense (UFF), 2009.
- SABORIT, Ignasi. Religiosidade na Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009.
- SOARES, José Miguel Nanni. Joseph de Maistre: intérprete da Revolução Francesa e da Modernidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014.