Romance policial
Romance policial é um gênero literário que se caracteriza, em termos de sua estrutura narrativa, pela presença do crime, da investigação e da revelação do malfeitor. Neste tipo do gênero literário, o foco remete para o processo de elucidação do mistério, empreitada geralmente a cargo de um detetive, seja ele profissional ou amador. A essência da narrativa policial é a busca pela identidade desconhecida, pela totalidade dos índices.
O romance policial também demonstra que não pode haver crime perfeito, logo, não há lugar para a impunidade, para o crime sem punição. A principal função ideológica na literatura policial é a demonstração da estranheza do crime, já que o criminoso é apresentado como um ser estranho à razão natural da ordem social.
O universo do romance policial é caracterizado por vários elementos, como medo, mistério, investigação, curiosidade, espanto e inquietação, que são dosados de acordo com os autores e as épocas.
O romance policial clássico busca a mais completa verossimilhança. Muitos detetives, como por exemplo, Sherlock Holmes, adotam métodos científicos em busca da verdade.
Origem
[editar | editar código-fonte]Acredita-se que o gênero literário conhecido como romance policial começou em abril de 1841, nas colunas de um periódico da Filadélfia, o Graham's Magazine, com a publicação de The Murders in the Rue Morgue (Assassinatos na Rua Morgue), de Edgar Allan Poe.[1] Nos anos seguintes, mais duas histórias policiais do mesmo autor foram publicadas, The Mystery of Marie Rogêt (O Mistério de Mary Roget) (1842-1843) e The Purloined Letter (A Carta Roubada) (1845).
Esse processo continuou até o século XIX, quando os romances policiais eram publicados em jornais e revistas semanais como folhetins e pulps, posteriormente eram editados em livros populares, como os de bolso.[2] Um dos fatores que propiciaram o início dos romances policiais nos jornais foi a temática próxima aos Faits divers e à cobertura policial.
Aspetos folhetinescos
[editar | editar código-fonte]O romance policial apresenta alguns aspectos da estrutura folhetinesca típica de sua origem:
- O herói, típico Romantismo, com certo espírito aventureiro e avesso às regras sociais
- Oposições míticas entre o bem e o mal, como o detetive e o criminoso
- Preservação da retórica consagrada: realismo que pretende apenas ter “efeitos de real”, sem se preocupar com críticas sociais
- Atualidade informativo-jornalística: dados – um laudo de perícia, uma decisão judicial, avanços científicos – que são divulgados pela mídia, ou pelo menos expostos em textos de teor jornalístico.
Características do romance policial
[editar | editar código-fonte]- A solução do mistério deve estar evidente desde o início, para que uma releitura da obra possa mostrar ao leitor o quanto ele foi desatento.
- As pistas devem estar todas presentes no livro, de forma a surpreender o leitor no momento da revelação da identidade secreta do assassino.
Os estilos de romances policiais
[editar | editar código-fonte]Whodunnit
[editar | editar código-fonte]Whodunnit? abreviação de Who Done It?, Quem Fez Isso? em inglês, é o tipo de romance policial em que há vários suspeitos para um crime, seja ele roubo, assassinato, sequestro, e a identidade do culpado só é revelada nas últimas páginas do livro.
Neste gênero destacam-se Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e Edgar Allan Poe
Noir
[editar | editar código-fonte]Os romances Noir, Preto em francês é o tipo de romance policial onde os personagens são mais humanizados, os detetives nesse tipo de história, costumam beber, brigar, se envolver em romances e sexo. Também existem outras tramas paralelas, a história portanto não gira em torno de apenas um fato, mas vários.
Um dos mais conhecidos autores deste tipo de romance policial é Raymond Chandler, além também de A.A. Fair com o detetive Donald Lam
Thriller Jurídico
[editar | editar código-fonte]Thrillers Jurídicos são romances policiais protagonizados por advogados, promotores, policiais entre outros envolvidos não só em investigar, como também em provar a inocência ou a culpa de algum personagem que contrata seus serviços, esses livros também mantém mistério em todo o seu enredo e a solução do mistério só é revelada perante o juiz.[3]
Erle Stanley Gardner criador do advogado Perry Mason e do delegado Doug Selby é um dos mais conhecidos autores da categoria, também tendo grande influência o autor John Grisham.
Thriller Médico
[editar | editar código-fonte]Thrillers Médicos são romances policiais protagonizados por médicos, que usam seus conhecimentos para combater doenças e epidemias, erros médicos, etc. além de descobrirem circunstâncias e causas de morte através de análises médicas.
Patricia Cornwell criadora da médica-legista Kay Scarpetta é uma das mais conhecidas autoras dessa categoria.
Principais autores e seus personagens
[editar | editar código-fonte]- Agatha Christie – detetives Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e Mr. Quin.
- Arthur Conan Doyle – detetive Sherlock Holmes
- Dashiell Hammett – detetive Sam Spade
- E. W. Hornung – detetive Arthur J. Raffles, o ladrão cavalheiro
- Edgar Allan Poe – detetive C. Auguste Dupin
- Erle Stanley Gardner - detetive Donald Lam e advogado Perry Mason
- Fernando Pessoa - detetive Abílio Quaresma
- Gaston Leroux – Joseph Rouletabille
- G. K. Chesterton - padre Brown
- Georges Simenon – detetive comissário Jules Maigret
- Jeffery Deaver- detetive Lincoln Rhyme
- Maurice Leblanc – detetive Arsène Lupin, ladrão-cavalheiro
- Patricia Cornwell - médica-legista Kay Scarpetta
- Raymond Chandler – detetive Philip Marlowe
- Rex Stout – detetive Nero Wolfe
- Tess Gerritsen - detetive Jane Rizzoli e Médica-Legista Maura Isles
Autores brasileiros e personagens
[editar | editar código-fonte]- Álvaro Cardoso Gomes – investigador Medeios
- Jô Soares – delegado Mello Pimenta e detetive Machado
- Joaquim Nogueira – investigador Venício
- Luís Fernando Verissimo – detetive particular Ed Mort
- Luiz Alfredo Garcia-Roza – delegado Espinosa
- Luiz Lopes Coelho - Dr. Leite
- Mário Prata - agentes federais Ugo Fioravanti Neto e Darwin Matarazzo
- Pedro Bandeira - Os Karas
- Rubem Fonseca – advogado Mandrake
- Tony Bellotto – investigador Bellini
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ POE, Edgar Allan. Dois Inquéritos de Dupin (1968), C/C
- ↑ Roberto de Sousa Causo. «Mundo Pulp»
- ↑ Thriller Jurídico Arquivado em 18 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. Página visitada em 27 de Janeiro de 2011
- Web
- Entrevista do jornal O Globo com Michael Connelly. Disponível no site
- Bibliografia
- POE, Edgar Allan (1968). Dois Inquéritos de Dupin. São Paulo: Edições Paulinas. [S.l.: s.n.] pp. C/C, Coleção Fio de Erva, n.6, 158 p.
- SODRÉ, Muniz. A Narração do Fato: notas para uma teoria do acontecimento. Ed. Vozes, 2009.