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Pica-pau-de-coleira

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaPica-pau-de-coleira
Macho avistado em Linhares, Espírito Santo, Brasil
Macho avistado em Linhares, Espírito Santo, Brasil
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Piciformes
Família: Picidae
Gênero: Celeus
Espécie: C. torquatus
Nome binomial
Celeus torquatus
(Boddaert, 1783)
Distribuição geográfica
Distribuição do pica-pau-de-coleira
Distribuição do pica-pau-de-coleira
Sinónimos
Picus torquatus (Boddaert, 1783)

O pica-pau-de-coleira[2] (nome científico: Celeus torquatus) é uma espécie de ave piciforme da família dos pica-paus. Pode ser encontrada no Brasil, Guiana Francesa, Guiana, Suriname e oeste da Venezuela. Seus habitats naturais são florestas subtropicais e tropicais úmidas baixas e pântanos tropicais ou subtropicais.[1]

O pica-pau-de-coleira foi descrito pela primeira vez na obra História Natural das Aves (Histoire Naturelle des Oiseaux; 1780), do polímata francês Georges-Louis Leclerc, o conde de Buffon. Este o descreveu a partir de um espécime coletado em Caiena, na Guiana Francesa.[3] O pássaro também foi ilustrado em uma placa colorida à mão gravada por François-Nicolas Martinet em Planches Enluminées D'Histoire Naturelle, uma outra obra que foi produzida sob a supervisão de Edme-Louis Daubenton para acompanhar o texto de Buffon.[4] Contudo, nenhuma das obras incluíram um nome científico à espécie. Em 1783, o naturalista neerlandês Pieter Boddaert cunhou a nomenclatura binomial Picus torquatus em seu catálogo denominado Planches Enluminées.[5] O pica-pau-de-coleira é classificado atualmente no gênero Celeus, que foi introduzido pelo zoólogo alemão Friedrich Boie em 1831.[6][7] O nome genérico vem da palavra grega antiga keleos, que significa "pica-pau verde". O epíteto específico torquatus é o latim para "coleira".[8]

Três subespécies são reconhecidas:[7]

  • C. t. torquatus (Boddaert, 1783) – leste da Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e nordeste do Brasil.
  • C. t. occidentalis (Hargitt, 1889) – sudeste da Colômbia, Brasil (Amazônia) e norte da Bolívia.
  • C. t. tinnunculus (Wagler, 1829) – leste do Brasil.

A edição on-line do Manual dos Pássaros do Mundo dividiu o pica-pau-de-coleira e criou o pica-pau-de-peito-preto-da-amazônia (Celeus occidentalis) e o pica-pau-de-peito-preto-do-atlântico (Celeus tinnunculus), mas nenhuma das divisões foi apoiada pelos resultados dos estudos de genética molecular.[9][10]

O Pica-pau-de-coleira adulto tem cerca de 27 centímetros de comprimento. A cabeça é coroada por um tufo castanho e desgrenhado. O macho tem bochechas vermelhas brilhantes, que faltam à fêmea, mas fora isso os sexos são semelhantes. A cabeça, o pescoço e a garganta são castanho-canela e as partes superiores do corpo e as asas são castanho-acastanhadas, com listras ou barras pretas. Tanto a cauda quanto a parte superior do peito são pretas, enquanto a parte inferior do peito e o ventre são barrados em preto e branco, ou são canela, dependendo da subespécie. Os olhos são castanhos, o bico cinzento ou amarelado e as patas cinzentas.[11]

Conservação

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Embora não haja estudos quanto ao número total de indivíduos, é assumido que a população de pica-pau-amarelo esteja decrescendo devido à perda de habitat, porém como tem ampla distribuição geográfica, foi avaliada como pouco preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN).[1] No Brasil, em 2005, foi classificado como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[12] em 2010, como criticamente em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais de 2010;[13] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[14][15]

Referências

  1. a b c «Celeus torquatus» (em inglês). BirdLife International. 2012. Consultado em 26 de novembro de 2013. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2014 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 177. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. Buffon, Georges-Louis Leclerc de (1780). «Le pic a cravate noire». Histoire Naturelle des Oiseaux (em francês). Volume 13. Paris: De L'Imprimerie Royale. pp. 53–54 
  4. Buffon, Georges-Louis Leclerc de; Martinet, François-Nicolas; Daubenton, Edme-Louis; Daubenton, Louis-Jean-Marie (1765–1783). «Pic à cravate noire, de Cayenne». Planches Enluminées D'Histoire Naturelle. Volume 9. Paris: De L'Imprimerie Royale. Plate 863 
  5. Boddaert, Pieter (1783). Table des planches enluminéez d'histoire naturelle de M. D'Aubenton : avec les denominations de M.M. de Buffon, Brisson, Edwards, Linnaeus et Latham, precedé d'une notice des principaux ouvrages zoologiques enluminés (em francês). Utreque. p. 52, Number 863 
  6. Boie, Friedrich (1831). «Bemerkungen über Species und einige ornithologische Familien und Sippen». Isis von Oken (em alemão). Cols 538–548 [542] 
  7. a b Gill, Frank; Donsker, David, eds. (2019). «Woodpeckers». World Bird List Version 9.2. International Ornithologists' Union. Consultado em 10 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 26 de março de 2021 
  8. Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. pp. 96, 388. ISBN 978-1-4081-2501-4 
  9. del Hoyo, J.; Collar, N.; Sharpe, C.J.; Christie, D.A. (2019). del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J.; Christie, D.A.; de Juana, E., eds. «Amazonian Black-breasted Woodpecker (Celeus occidentalis. Handbook of the Birds of the World Alive. Barcelona: Lynx Edicions. Consultado em 10 de agosto de 2019 
  10. del Hoyo, J.; Collar, N.; Sharpe, C.J.; Christie, D.A. (2019). del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J.; Christie, D.A.; de Juana, E., eds. «Atlantic Black-breasted Woodpecker (Celeus tinnunculus. Handbook of the Birds of the World Alive. Barcelona: Lynx Edicions. Consultado em 10 de agosto de 2019 
  11. Gorman, Gerard (2014). Woodpeckers of the World: A Photographic Guide. Richmond Hill, Ontário: Firefly Books. pp. 382–383. ISBN 978-1770853096 
  12. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  13. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  14. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  15. «Celeus torquatus Vieillot». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 26 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022