Phytolacca americana
uva-de-rato Phytolacca americana | |||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Phytolacca americana L. | |||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||
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Phytolacca americana L.[2], comummente conhecida como fitolaca[3][4] ou baga-moira[4][5], é uma planta herbácea vivaz da família Phytolaccaceae, nativa do leste da América do Norte, mas atualmente encontrada na generalidade das regiões de clima temperado, onde por vezes é uma invasora[6]
Nomes comuns
[editar | editar código-fonte]Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: erva-dos-cachos-da-índia[4][5][7], erva-dos-cântaros (também grafada erva-dos-cancros[4][5] e erva-dos-cancaros[8]), erva-tintureira[4][5][9], tintureira[10][4][5] (não confundir com a Phytolacca dioica, que consigo partilha este nome), uva-da-américa[4][5][11], uva-do-canadá[5], uva-tintureira[4][5], uva-dos-passarinhos[5], uva-de-cão[9], uva-de-rato[9], vermelhão[5][9], gaia-moça[5][9] e vinagreira[5][12] (não confundir com as espécies Rumex acetosa e Hibiscus sabdariffa[13], que consigo partilham este nome comum).
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Do que toca ao nome genérico, Phytolacca, deriva da aglutinação do étimo grego antigo: φυτόν (phyton), que significa «planta», com o substantivo latino lacca[14], que significa "vermelho tinto".[15]
Quanto ao epíteto específico, americana, trata-se de uma simples alusão à proveniência geográfica da planta.[15]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Trata-se de um subarbusto perene, com caule, quadrangular, grosso e suculento, que pode chegar a medir entre 1 e 3 metros de altura.[8] Na base pode, por vezes, ser lenhoso, ao passo que na parte superior tende a ser subdicotómo.[8]
No que toca à coloração, o caule é estriado, variando entre tonalidades esverdeadas e avermelhadas.[4]
Quanto às folhas, são grandes e inteiras, exibem um formato ovado-elíptico[8] ou ovado-lanceoladas[4], de ponta aguda, margem inteira ou ondulada, arredondadas junto à base e por vezes assimétricas. Têm um posicionamento alternado entre si, o pecíolo que as liga ao caule é curto.[4]
Os racimos são erectos, têm eixo glabro, podem chegar aos 30 centímetros de comprimento, ficam posicionados em oposição às folhas.[8]
As flores são hermafroditas, têm em geral 10 estames e 10 carpelos[8] e estão dispostas em inflorescências racemosas lineares, inicialmente erectas, caindo gradualmente à medida que os frutos amadurecem.[4] A floração dá-se de Maio a Agosto.[5]
São compostas por 4 a 5 segmentos no perianto e assumem uma coloração que alterna entre o branco-esverdeado e o cor-de-rosa-arroxeado, consoante o estado de maturidade.[8]
Os frutos são bagas carnudas, pretas a azuladas, com epicarpo enrugado quando maduros, resultantes da coalescência dos carpelos na maturação.[4]
A plântula desenvolve rapidamente uma forte raiz napiforme. No inverno, a parte aérea da planta seca completamente, para reaparecer em torno de abril-maio a partir de um forte turião. A planta cresce em áreas de florestas húmidas, em particular em matas ripícolas, e nas margens dos campos cultivados e nas bermas das estradas, preferindo solos ricos pouco mobilizados e áreas de ruderetum ricas em nitratos. Somente as urtigas e silvas parecem resistir à forte competição que resulta do adensar das populações desta planta.
Distribuição
[editar | editar código-fonte]A espécie é originária da região temperada do leste da América do Norte, com particular destaque para a costa Leste do México e para o estado norte-americano da Virgínia.[8], sendo inicialmente considerada como pertencente à família das Solanaceae[16][17]
Foi introduzida como planta cultivada, ou como acidental, na generalidade das regiões temperadas, onde ganhou carácter ruderal[5], sendo particularmente agressiva nas regiões de clima mediterrânico, onde por vezes é considerada planta invasora e praga agrícola.
Nas últimas décadas tem invadido áreas florestais na França e no resto da Europa, merecendo a classificação de praga vegetal por parte da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).[6]
Portugal
[editar | editar código-fonte]Trata-se de uma espécie naturalizada em Portugal[9], marcando presença em Portugal Continental, com incidência em todas as zonas, salvo as alentejanas[6], no arquipélago dos Açores e no arquipélago da Madeira.[4]
É considerada uma planta invasora.[6]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]Trata-se de uma espécie ruderal, medrando na orla de caminhos, muros, ruínas, em locais úmbrios e frescos.[8] Medra, ainda, em ermos sáfaros e em espaços arborizados e húmidos.[4]
Usos
[editar | editar código-fonte]Historicamente chegou a ser cultivada para servir como planta tintureira, esmagando as bagas sumarentas, para obter o pigmento.[9]
Culinária
[editar | editar código-fonte]Apesar das variedades com folhas listradas ou manchadas amarelo-rosa serem utilizadas como ornamentais e das folhas jovens serem comestíveis quando sujeitas a branqueamento e cozidas[18], a introdução e cultivo da planta na Europa e em outras regiões temperadas e subtropicais deve-se essencialmente aos usos medicinais e tintureiros das suas bagas. As bagas maduras fornecem por maceração um corante roxo ou carmesim em tempos muito valorizado em tinturaria e para realçar a cor de vinhos tintos considerados pálidos. Em medicina, os frutos, aos quais eram retiradas as sementes tóxicas, eram usadas como catártico (no sentido de laxativo).
Medicina
[editar | editar código-fonte]A utilização medicinal era comum entre os ameríndios norte-americanos, sendo rapidamente adotada pelos colonos europeus naquele continente e depois trazida para a Europa, onde a planta foi incluída na Pharmacopeia comum, passando a ser cultivada com esse fim.
Os usos medicinais da planta são variados.[19] O uso interno da raiz, sob a forma de uma tintura, é prescrito em doses baixas para tratar várias infeções respiratórias, anginas, artrite e reumatismos.[19][20] Externamente, na forma de pomada ou emplastro, pode tratar problemas de pele, como certas micoses, acne ou sarna.[20] São-lhe também atribuídas propriedades anti-inflamatórias, antivirais e mitogénicos.[19][20]
No entanto, o seu uso ainda é discutível, podendo ser tóxica em grandes doses, pelo que o uso não é recomendado em crianças e mulheres grávidas.[19]
O Dr. Aklilu Lemma, da Universidade Haile Selassie de Addis-Abeba (atualmente Universidade de Addis-Abeba), descobriu que as bagas fornecem uma substância eficaz na luta contra a bilharziose pois apresentam propriedades detergentes e são tóxicas para os moluscos hospedeiros do Schistosoma mansoni.
Toxicidade
[editar | editar código-fonte]A toxicidade da baga está comprovada, devendo-se ao seu elevado conteúdo em saponina, apesar de ser consumida em grande quantidade pelas aves, sem qualquer efeito tóxico detetável. A toxicidade das folhas é controversa [18], mas existem relatos de serem, por vezes, fatais para os cavalos.
Esta planta contém betanidina[21] e betanina.[4]
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]A Phytolacca americana foi descrita por Carlos Lineu, que a mencionou naSpecies Plantarum 1: 441. 1753.[22]
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Hábito
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Inflorescência
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Inflorescência
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Frutos imaturos
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Frutos maduros
Referências
- ↑ Phytolacca americana na PlantList.
- ↑ «Phytolacca americana - Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ Infopédia. «fitolaca | Definição ou significado de fitolaca no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Phytolacca americana L.». www3.uma.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n «Phytolacca americana». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ a b c d «Phytolacca americana | Plantas Invasoras em Portugal». invasoras.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ Infopédia. «erva-dos-cachos-da-índia | Definição ou significado de erva-dos-cachos-da-índia no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d e f g h i Castroviejo, S. (1986–2012). «Phytolacca americana» (PDF). Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. p. 54. Consultado em 17 de março de 2020
- ↑ a b c d e f g «Phytolacca americana L. - Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ Infopédia. «tintureira | Definição ou significado de tintureira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ Infopédia. «uva-da-américa | Definição ou significado de tintureira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ Infopédia. «vinagreira | Definição ou significado de vinagreira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ «Caracterização e estudo da vida útil de vinagreira cultivada em Seropédica-RJ» (PDF). UFRRJ. Consultado em 20 de abril de 2023
- ↑ «Lacca - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ a b Quattrocchi, Umberto (2000). CRC World Dictionary of Plant Names. 3 M-Q. [S.l.]: CRC Press. p. 2065. ISBN 978-0-8493-2677-6
- ↑ Ficou conhecida em França por grande morelle des Indes, sendo que morelle é o nome comum de múltiplas solanáces, com as quais apresenta fortes semelhanças. Foi designada por: Solanum racemosum indicum H.R.P. e por Solanum magnum virginianum rubrum Park., Theat. 347.
- ↑ Dictionnaire raisonné universel d'histoire naturelle. Jacques C. Valmont de Bomare ed., 1800 p. 536 do vol. 9.
- ↑ a b Na obra de J. Montegut, Pérennes et vivaces nuisibles à l'agriculture, afirma-se que as folhas são comestíveis.
- ↑ a b c d Proença da Cunha, A. (2003). Plantas e produtos vegetais em fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 701 páginas. ISBN 972-31-1010-5
- ↑ a b c Guarrera, P. M. (15 de dezembro de 1999). «Traditional antihelmintic, antiparasitic and repellent uses of plants in Central Italy». Elsevier. Journal of Ethnopharmacology (1-3): 183–192. ISSN 0378-8741. PMID 10624877. doi:10.1016/s0378-8741(99)00089-6. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ «Guanidine, 2-benzyl-1,3-dimethyl-». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 17 de janeiro de 2022
- ↑ «Phytolacca americana». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 7 de Janeiro de 2015
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- AFPD. 2008. African Flowering Plants Database - Base de Donnees des Plantes a Fleurs D'Afrique.
- CONABIO. 2009. Catálogo taxonómico de especies de México. 1. In Ca. nat. México. CONABIO, Mexico City.
- Flora of China Editorial Committee. 2003. Flora of China (Ulmaceae through Basellaceae). 5: 1–506. In C. Y. Wu, P. H. Raven & D. Y. Hong Fl. China. Science Press & Missouri Botanical Garden Press, Beijing & St. Louis.
- Flora of North America Editorial Committee, e. 2003. Magnoliophyta: Caryophyllidae, part 1. 4: i–xxiv, 1--559. In Fl. N. Amer.. Oxford University Press, New York.
- Zuloaga, F. O., O. Morrone, M. J. Belgrano, C. Marticorena & E. Marchesi. (eds.) 2008. Catálogo de las Plantas Vasculares del Cono Sur (Argentina, Sur de Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay). Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 107(1): i–xcvi, 1--983 107(2): i--xx, 985–2286; 107(3): i--xxi, 2287–3348.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Phytolacca americana no Belles fleurs de France
- (em inglês) Phytolacca americana em Flora of North America
- (em inglês) Phytolacca americana em Flora of China
- (em inglês) Phytolacca americana em Flora of Missouri
- Phytolacca americana no Catalogue of Life (em inglês)
- «Phytolacca americana L.» (em inglês). ITIS (www.itis.gov)
- «Phytolacca americana» (em inglês). NCBI
- Phytolacca americana L. no Germplasm Resources Information Network (GRIN)[ligação inativa]