Olivette Otele
Olivette Otele | |
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2019
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Conhecido(a) por | primeira mulher negra a ser indicada para a cadeira de História em uma universidade do Reino Unido |
Nascimento | 1970 (54 anos) Camarões |
Residência | Inglaterra |
Nacionalidade | francesa |
Alma mater | Universidade Paris-Sorbonne |
Instituições | Universidade de Paris Bath Spa University |
Campo(s) | História |
Tese | L'histoire de l'esclavage transatlantique britannique: des origines de la traite transatlantique aux prémisses de la colonisation (2008)[1] |
Olivette Otele (Camarões, 1970) é uma historiadora e pesquisadora francesa, nascida nos Camarões. Sua pesquisa foca nas ligações entre história, memória e geopolítica em relação ao passado colonial francês e britânico. Olivette é professora da Universidade Bath Spa, em Bath, Inglaterra, sendo a primeira mulher negra a ser indicada para a cadeira de História em uma universidade do Reino Unido.[2][3][4] É autora do livro Afro-Europeans: A Short History.[5]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Olivette nasceu nos Camarões em 1970, sendo criada em Paris.[6][7] Estudou na Universidade Paris-Sorbonne, trabalhando desde a graduação com a Europa Colonial e a história pós-colonial.[8] Obteve o bacharelado em Literatura em 1998 e o mestrado em 2000. Seu doutorado foi obtido em 2005, com a tese Mémoire et politique: l'enrichissement de Bristol par le commerce triangulaire, objet de polémique, focando no papel da cidade de Bristol no comércio e escravidão negra transatlântica.[1]
A grande influência na pesquisa de Olivette é o historiador congolês Elikia M'Bokolo.[9] Além de falar inglês, francês e alemão fluentemente, Olivette também fala três dialetos camaroneses, euondo, eton e bulu.[9]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Após o doutorado, Olivette se tornou professora associada da Universidade de Paris.[10][11] Nesta época, trabalhou com identidade britânica em Gales e o que significa ser negro, britânico e galês.[12] Em 2018, aos 48 anos, tornou-se a primeira mulher negra a chefiar a cadeira de história de uma universidade britânica.[2][3] Sua promoção e reconhecimento no meio universitário foi atrasada por ser mãe de duas crianças e por ser uma mulher negra.[13] Segundo o relatório Race, Ethnicity & Equality Report da Royal Historical Society, publicado em outubro de 2018, apenas 0.5% dos historiadores que trabalham em universidades do Reino Unido são negros.[14]
Até a promoção catedrática de Olivette, nenhuma mulher negra trabalhava como professora universitária em uma universidade britânica.[15] Ela espera que sua indicação abra as portas para mais mulheres, especialmente as negras, no meio acadêmico.[16] Na época de sua promoção, Olivette comentou que qualquer sucesso que seja usado apenas para melhorar sua própria vida, era um desperdício de possibilidades e que seu sucesso de nada significaria se isso não trouxe oportunidades para outras pessoas.[7] Ela também ressaltou as dificuldades para se tornar professora e pesquisadora:
“ | Trabalhei muito duro e continuei me esforçando e formei uma família... É difícil. Estou cansada. É desolador.[17] | ” |
A vice-reitora da Universidade Bath Spa, professora Susan Rigby, descreve Olivette como uma pesquisadora de primeira linha e mundialmente respeitada.[18]
Olivette participou de vários eventos e simpósios relacionados à Diáspora Africana.[19][20] Seus estudos analisam o modo como as sociedades britânica e francesa definem cidadania, além de ter estudado o tráfico transatlântico de escravos.[21][22]
Olivette é membro da Royal Historical Society e membro da diretoria da associação dos Historias Against Slavery (Historiadores Contra a Escravidão).[23] É membro executivo da Sociedade Britânica para Estudos do Século XVIII, membro da Associação Britânica de Estudos Culturais e membro do Centro Internacional de Pesquisa sobre Escravidão.[24] Publicou artigos em vários meios da mídia, como a BBC e Times Higher Education.[25] Escreveu e contribuiu em diversos livros. Seu livro Afro-Europeans: a Short History foi publicado em 2008.[26][27][28] Seu segundo livro, Post-Conflict Memorialization: Missing Memorials, Absent Bodies, está programado para ser publicado em 2019.[29][30]
Reconhecimento
[editar | editar código-fonte]Olivette foi nomeada pela lista da BBC de 100 grandes mulheres de 2018, que celebra mulheres inspiradoras e influentes ao redor do mundo; ela está na posição de número 69, junto de Abisoye Ajayi-Akinfolarin, Nimco Ali e Uma Devi Badi.[31] Olivette acredita que sua indicação, sua carreira e reconhecimento influenciará outras pessoas e espera que elas busquem carreira acadêmica a partir de seu exemplo.[4]
“ | Quero mostrar às mulheres que se parecem comigo que elas podem fazer o que quiserem. Não sou um super humano.[4] | ” |
Referências
- ↑ a b Système Universitaire de Documentation (ed.). «Mémoire et politi que : l'enrichissement de Bristol par le commerce triangulaire, objet de polémique». Olivette Otele. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ a b Abdur Rahman Alfa Shaban (ed.). «UK's first black female history prof, Olivette Otele, has Cameroon origins». Africa News. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ a b «The Slave's Cause: A History of Abolition, by Manisha Sinha». Times Higher Education (THE). Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ a b c «Como é chegar ao topo acadêmico no Reino Unido, onde negros são menos de 1% dos professores universitários de história». BBC Brasil. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Hurst to publish history on Afro-Europeans from Olivette Otele». The Bookseller. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «On the Spot: Olivette Otele History Today». History Today. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ a b «Interview with Olivette Otele». Times Higher Education (THE). Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Olivette Otele». Bath Spa Univesrity. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ a b «Première femme noire professeure d'histoire au Royaume-Uni». BBC News Afrique. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Dr Olivette Otele». Historians Against Slavery. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Olivette Otele | Université Paris 13 - Academia.edu». univ-paris13.academia.edu. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ Otele, Olivette (1 de fevereiro de 2008). «Multiculturalisme et régionalisme : les apories d'une identité britannique au pays de Galles». Observatoire de la société britannique. 5: 49–64. ISSN 1957-3383. doi:10.4000/osb.619
- ↑ «Meet Britain's First Black Female History Professor: 'Racism Is Alive And Kicking In Academia'». HuffPost UK. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Race, Ethnicity & Equality in UK History: A Report and Resource for Change» (PDF). Royal Historical Society. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Congratulations Professor Otele». The Social History Society. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Première femme noire professeure d'histoire au Royaume-Uni». BBC News Afrique. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «The UK's only black female history professor». BBC News. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ Petherick, Sam. «Bath Spa appoints UK's first black woman history professor». Somerset Live. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Olivette Otele - UKRI». UKRI. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Historicising Afro-European experiences: Heritage and Politics of Memory». Universidade College London. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Dr. Olivette Otele». History On-line. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «International Migration Institute». University of Oxford Podcasts. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Dr Olivette Otele». Historians Against Slavery. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ Sam Petherick (ed.). «Bath Spa appoints UK's first black woman history professor». Somerset Live. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Olivette Otele». The Conversation. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «The big question: Has the European Union been a success?». History Extra. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ Olivette Otele (ed.). «Afro-Europeans: a short history». Research Space Bath Spa University. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Five minutes with… Olivette Otele». The History Vault. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «Telling Their Stories: Celebrating Black History Month». University Church of St Mary the Virgin. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ Olivette Otele (ed.). «Mourning in reluctant sites of memory: from Afrophobia to cultural productivity». researchspace.bathspa.ac.uk. Consultado em 12 de dezembro de 2018
- ↑ «BBC 100 Women 2018: Who is on the list?». BBC News. Consultado em 12 de dezembro de 2018