Madame Satã (filme)
Madame Satã | |
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Brasil · França 2002 • cor • 105 min | |
Género | drama biográfico |
Direção | Karim Aïnouz |
Roteiro |
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Elenco | |
Música | |
Cinematografia | Walter Carvalho |
Direção de arte | Marcos Pedroso |
Figurino | Rita Murtinho |
Edição | Isabela Monteiro de Castro |
Lançamento | 8 de novembro de 2002[1] |
Idioma | português brasileiro |
Madame Satã é um filme franco-brasileiro de 2002, do gênero drama biográfico, dirigido por Karim Aïnouz e escrito por ele, Marcelo Gomes e Sérgio Machado. O filme retrata a vida polêmica do artista e transformista João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã. É protagonizado por Lázaro Ramos no personagem-título e conta ainda com Marcélia Cartaxo, Flávio Bauraqui, Emiliano Queiroz e Renata Sorrah nos demais personagens principais.[2]
O filme teve estreia na mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes em 19 de maio de 2002 e foi lançado no Brasil a partir de 8 de novembro de 2002. Foi bem recebido pela crítica, em especial pela atuação do elenco e as direções de fotografia e arte, e foi indicado a diversos prêmios. Madame Satã teve um desempenho modesto nos cinemas, gerando uma receita de R$ 1.155.180,00.[3] Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[4]
Por suas atuações no filme, Lázaro Ramos e Marcélia Cartaxo foram premiados pela Academia Brasileira de Cinema com o Grande Otelo de melhor ator e melhor atriz, respectivamente. Renata Sorrah também foi indicada ao prêmio na categoria de melhor atriz coadjuvante, enquanto que Flávio Bauraqui e Emiliano Queiroz foram indicados na categoria de melhor ator coadjuvante.[5] Lázaro também foi premiado com o Prêmio APCA de melhor ator de cinema e o Prêmio Guarani de melhor ator.[6]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]O filme retrata a vida da referência na cultura marginal urbana do século XX, o célebre transformista João Francisco dos Santos- malandro, artista, presidiário, pai adotivo de sete filhos, negro, pobre, homossexual - conhecido como "Madame Satã" e frequentador do bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro. Mostra seu círculo de amigos, antes de se transformar no mito Madame Satã, lendária personagem da boêmia carioca.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Lázaro Ramos como João Francisco dos Santos "Madame Satã"
- Marcélia Cartaxo como Laurita
- Flávio Bauraqui como Tabu
- Renata Sorrah como Vitória dos Anjos
- Emiliano Queiroz como Amador
- Giovana Barbosa como Firmina
- Fellipe Marques como Renatinho
- Ricardo Blat como José
- Guilherme Piva como Álvaro
- Floriano Peixoto como Gregório
- Gero Camilo como Agapito
- Gláucio Gomes como Gordo no Danúbio
- Orã Figueiredo como policial
- Karine Teles como ruiva na janela
Produção
[editar | editar código-fonte]Madame Satã foi o primeiro longa-metragem da carreira do cineasta Karim Aïnouz. O filme é coproduzido entre Brasil e França e a produção é assinada por Marc Beauchamps, Donald Ranvaud, Vincent Maraval, Walter Salles e Mauricio Andrade Ramos.[7] O orçamento do filme é estimado em R$ 3.336.214,40.[3] As filmagens ocorreram inteiramente no bairro da Lapa e regiões adjacentes, na cidade do Rio de Janeiro, onde o artista Madame Satã passou grande parte de sua vida e carreira.[6]
Este é também o primeiro grande filme da carreira do ator Lázaro Ramos, o qual o tornou conhecido do grande público.[8] Para desenvolver o roteiro da cinebiografia de João Francisco dos Santos, Karim Aïnouz fez uma pesquisa da vida do artista no Arquivo Nacional, em arquivos jurídicos que relatam os crimes cometidos por ele, assim como também entrevista com pessoas que conviveram com Madame Satã na prisão e no bairro da Lapa. O cineasta também visitou o túmulo da mãe do artista no agreste pernambucano.[8]
Com exceção do protagonista, todos os personagens são fictícios e foram construídos a partir dos depoimentos de pessoas que conviveram pessoalmente com Madame Satã, como cartunista Jaguar, um de seus ex-namorados e também parceiros de malandragens.[8]
Lançamento
[editar | editar código-fonte]O filme teve uma grande repercussão e exibição em festivais por vários países do mundo. Sua première foi no Festival de Cannes de 2002, sendo exibido na mostra Um Certo Olhar. Em 11 de setembro de 2002, foi exibido no Toronto International Film Festival (TIFF) e em outubro esteve no Chicago International Film Festival, nos Estados Unidos. Foi lançado nos Países Baixos a partir de 9 de outubro de 2002. Com distribuição da Miramax, chegou aos cinemas do Brasil de 9 de novembro de 2002.[9]
Ainda participou de diversos festivais de cinema, como: Oslo International Film Festival, na Noruega; Sundance Film Festival, nos Estados Unidos; Buenos Aires International Festival of Independent Cinema, na Argentina; e no Hong Kong International Film Festival. Madame Satã foi lançado comercialmente em diversos países também: Bélgica, Espanha, México, Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, Polônia e Portugal.[9]
Recepção
[editar | editar código-fonte]Resposta da crítica
[editar | editar código-fonte]Madame Satã foi bem recebido pelos críticos. A atuação de Lázaro Ramos foi amplamente elogiada, lhe rendendo diversos prêmios e indicações. No site agregador de resenhas Rotten Tomatoes, o filme mantém um índice de aprovação de 60%, com base em 43 resenhas, e uma classificação média de 6,10/10.[10] No Metacritic, o filme tem uma pontuação média ponderada de 59 em 100, com base em 17 críticos, indicando "críticas mistas e médias".[11]
Do Village Voice, J. Hoberman escreveu: "Pode parecer um pouco leve e, dada a extensão épica da vida de seu tema, um pouco mal traçado. Mas não há como negar o poder incendiário da atuação de Ramos - ele está presente em quase todas as cenas. O filme é tanto a história de sua transformação em Madame Satã quanto a de João Francisco"[11] Curt Fields, em sua crítica ao The Washington Post, disse: "Filmado quase inteiramente no local com uma câmera portátil, o filme do diretor Karim Ainouz atrai você para perto. O carisma e a intensidade de Lázaro Ramos como João seguram você."[11]
Do The New York Times, Stephen Holden escreveu: "Um retrato voluptuoso e de sangue quente de um pária social, um criminoso homossexual negro que, ao encenar seus sonhos mais vistosos de Hollywood, se reinventou transcendentemente."[12] À Variety, David Rooney disse: "Embora seja um pouco sem forma e dramaticamente exagerado, o filme continua divertido graças ao seu assunto fascinante, visuais nítidos e desempenho central ferozmente orgulhoso."[11]
Prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]O filme recebeu inúmeras indicações a prêmios nacionais e internacionais de cinema. A performance de Lázaro Ramos foi bastante elogiada e premiada. A atuação de Marcélia Cartaxo também recebeu destaque e prêmios. No Festival de Cannes, um dos mais tradicionais festivais de cinema do mundo, o filme foi indicado a dois prêmios: na mostra Um Certo Olhar e também na categoria Caméra d'Or para o diretor, então estreante, Karim Aïnouz.[13] Na edição de 2002 do Huelva Latin American Film Festival, o filme se saiu vencedor em três categorias: melhor filme, melhor ator para Lázaro Ramos e melhor fotografia para Walter Carvalho.[14]
O filme ainda foi premiado em vários festivais de cinema, como no Festival de Cinema de Lima, onde venceu nas categoria de melhor ator para Lázaro Ramos e melhor fotografia para Walter Carvalho, e no Festival de Cinema de Havana, onde ganhou como melhor direção de arte e levou um prêmio especial do júri de melhor diretor estreante para Karim Aïnouz. A Associação Paulista de Críticos de Arte concedeu o Prêmio APCA de melhor ator para Lázaro Ramos e melhor diretor para Karim Aïnouz em 2003.[15]
No Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2003, Madame Satã recebeu 15 indicações, incluindo: melhor filme, melhor diretor, melhor ator para Lázaro Ramos, melhor atriz para Marcélia Cartaxo, melhor atriz coadjuvante para Renata Sorrah, melhor ator coadjuvante para Flávio Bauraqui e Emiliano Queiroz, melhor roteiro original, melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor maquiagem e figurino, melhor montagem, melhor trilha sonora e melhor som. Saiu-se vencedor em 5 dessas categorias, incluindo melhor ator e melhor atriz.[16]
Ano | Associações | Categoria | Recipiente(s) | Resultado |
---|---|---|---|---|
2002 | Festival Internacional de Cinema de Cannes | Um Certo Olhar | Madame Satã | Indicado |
Caméra d'Or | Karim Aïnouz | |||
Chicago International Film Festival | Melhor Filme | Madame Satã | Venceu | |
Huelva Latin American Film Festival | Colon de Ouro | Karim Aïnouz | ||
Melhor Ator | Lázaro Ramos | |||
Melhor Fotografia | Walter Carvalho | |||
Festival de Cinema de Havana | Melhor Primeiro Filme | Karim Aïnouz | ||
Melhor Direção de Arte | Marcos Pedroso | |||
Festival Internacional de Cinema de São Paulo | Melhor Filme (Prêmio do Júri Internacional) | Madame Satã | Indicado | |
Prêmio Especial de Melhor Ator | Lázaro Ramos | Venceu | ||
2003 | Prêmio ABC de Cinematografia | Melhor Fotografia de Longa-metragem | Walter Carvalho | Indicado |
Melhor Direção de Arte | Marcos Pedroso | |||
Melhor Som | Aloysio Compasso, Waldir Xavier e Dominique Hennequin | |||
Prêmio APCA | Melhor Diretor | Karim Aïnouz | Venceu | |
Melhor Ator | Lázaro Ramos | |||
Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente | Melhor Filme | Madame Satã | Indicado | |
Melhor Fotografia | Walter Carvalho | Venceu | ||
Grande Prêmio do Cinema Brasileiro | Melhor Filme | Madame Satã | Indicado | |
Melhor Diretor | Karim Aïnouz | |||
Melhor Ator | Lázaro Ramos | Venceu | ||
Melhor Atriz | Marcélia Cartaxo | |||
Melhor Ator Coadjuvante | Emiliano Queiroz | Indicado | ||
Flávio Bauraqui | ||||
Melhor Atriz Coadjuvante | Renata Sorrah | |||
Melhor Roteiro Original | Karim Aïnouz, Marcelo Gomes e Sérgio Machado | |||
Melhor Fotografia | Walter Carvalho | |||
Melhor Montagem | Isabela Monteiro de Castro | |||
Melhor Direção de Arte | Marcos Pedroso | Venceu | ||
Melhor Figurino | Rita Murtinho | |||
Melhor Maquiagem | Sonia Penna | |||
Melhor Trilha Sonora | Marcos Suzano e Sacha Amback | Indicado | ||
Melhor Som | Aloysio Compasso, Waldir Xavier e Dominique Hennequin | |||
Inside Out Toronto LGBT Film Festival | Melhor Filme ou Vídeo | Karim Aïnouz | Venceu | |
Istanbul International Film Festival | Melhor Filme | Madame Satã | Indicado | |
Mons International Festival of Love Films | Prêmio Kodak | Karim Aïnouz | Venceu | |
Melhor Ator | Lázaro Ramos | |||
Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro | Melhor Filme | Madame Satã | Indicado | |
Melhor Diretor | Karim Aïnouz | |||
Melhor Ator | Lázaro Ramos | Venceu | ||
Melhor Atriz Coadjuvante | Marcélia Cartaxo | |||
Melhor Ator Coadjuvante | Flávio Bauraqui | Indicado | ||
Melhor Revelação do Ano | Lázaro Ramos | Venceu | ||
Melhor Roteiro Original | Karim Aïnouz, Marcelo Gomes e Sérgio Machado | Indicado | ||
Melhor Montagem | Isabela Monteiro de Castro | |||
Melhor Figurino | Rita Murtinho | Venceu | ||
Melhor Efeitos Visuais | Sergio Farjalla Jr. | Indicado | ||
Festival de Cinema de Lima | Melhor Ator | Lázaro Ramos | Venceu | |
Melhor Fotografia | Walter Carvalho | |||
Festival SESC Melhores Filmes | Melhor Ator (voto júri) | Lázaro Ramos | ||
Melhor Ator (voto público) | ||||
2004 | Festival Internacional de Cinema de Cartagena | Melhor Filme | Madame Satã | Indicado |
GLAAD Media Awards | Melhor Filme - Lançamento Limitado | |||
Glitter Awards | Melhor Filme Estrageiro | Venceu |
Referências
- ↑ «Filme de estréia de Aïnouz conta a história de Madame Satã». Folha Ilustrada. 8 de novembro de 2002. Consultado em 18 de setembro de 2016
- ↑ AdoroCinema, Madame Satã, consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ a b «Cinema | Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual». oca.ancine.gov.br. Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016
- ↑ «Madame Satã». Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ a b AdoroCinema, Madame Satã: Curiosidades, consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ AdoroCinema, Madame Satã : Elenco, atores, equipe técnica, produção, consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ a b c Cultural, Instituto Itaú. «Madame Satã». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ a b Madame Satã (2002) - IMDb, consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ Madame Satã (em inglês), consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ a b c d Madame Satã, consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ Holden, Stephen (9 de julho de 2003). «FILM REVIEW; An Outcast on Fire in Rio's Underworld». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ «Folha Online - Reuters - "Madame Satã" surpreende platéias de Cannes por ousadia sexual - 21/05/2002». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ reporters2002-11-19T00:00:00+00:00, Staff. «Madame Sata enchants Huelva». Screen (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ «Folha Online - Ilustrada - Veja a lista dos premiados pela APCA em 2002 - 10/12/2002». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ «Folha de S.Paulo - Cinema: Academia brasileira anuncia indicados - 04/11/2003». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 11 de outubro de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Madame Satã (em inglês)n o Metacritic
- Madame Satã (em inglês) no Rotten Tomatoes
- Madame Satã. no IMDb.
- Filmes de drama biográfico do Brasil
- Filmes de drama criminal do Brasil
- Filmes premiados com o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
- Filmes do Brasil de 2002
- Filmes da França de 2002
- Filmes de drama biográfico da França
- Filmes ambientados em 1932
- Filmes ambientados na cidade do Rio de Janeiro
- Filmes de drama biográfico da década de 2000
- Cinebiografias de animadores
- Filmes com temática LGBT de 2002
- Filmes biográficos sobre pessoas LGBT
- Filmes de drama criminal com temática LGBT
- Filmes com temática LGBT do Brasil
- Filmes com temática LGBT da França
- Cinebiografias de criminosos
- Filmes sobre prostituição
- Filmes dirigidos por Karim Aïnouz
- Filmes em língua portuguesa
- Filmes sobre afro-brasileiros
- Filmes sobre afro-brasileiros LGBT