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Jane Bolin

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Jane Bolin

Bolin em 1942.
Nome completo Jane Matilda Bolin
Nascimento 11 de abril de 1908
Poughkeepsie, Estados Unidos
Morte 8 de janeiro de 2007 (98 anos)
Queens, Nova Iorque, Estados Unidos
Alma mater Wellesley College
Yale Law School
Ocupação juíza
Período de atividade 1939–1978
Filiação Partido Republicano

Jane Matilda Bolin (Poughkeepsie, 11 de abril de 1908Nova Iorque, 8 de janeiro de 2007) foi a primeira mulher afro-americana a formar-se em Direito na Yale Law School, a primeira a juntar-se à Ordem dos Advogados da Cidade de Nova Iorque e ao Departamento Jurídico da Cidade de Nova Iorque. Ela também foi a primeira mulher negra a servir como juíza nos Estados Unidos quando foi juramentada no Tribunal de Relações Domésticas da cidade de Nova Iorque em 1939.

Início de vida e educação

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Jane Matilda Bolin nasceu em 11 de abril de 1908 em Poughkeepsie, no estado de Nova Iorque. Ela era a mais nova de quatro filhos. Seu pai, Gaius C. Bolin, era advogado e foi o primeiro negro a graduar-se no Williams College,[1] e sua mãe, Matilda Ingram Emery,[2] era uma imigrante das Ilhas Britânicas que faleceu quando Bolin tinha apenas oito anos de idade. O pai de Bolin exerceu a advocacia no Condado de Dutchess por cinquenta anos e foi o primeiro presidente negro da Ordem dos Advogados do Condado de Dutchess.[1]

Após terminar o ensino médio em Poughkeepsie, Bolin foi impedida de de se matricular no Vassar College, pois este não aceitava alunos negros na época. Aos dezesseis anos de idade ela se matriculou no Wellesley College em Massachusetts, onde ela era uma das duas calouras negras.[1] Tendo sido socialmente rejeitada pelos alunos brancos, ela e a outra estudante negra decidiram morar juntas fora do campus.[3] Um consultor de carreira no Wellesley College tentou desencorajá-la de se inscrever na Yale Law School devido à sua cor e gênero. Ela formou-se em 1928 entre os vinte melhores alunos da sua classe e se matriculou na Yale Law School, onde era a única estudante negra e uma das únicas três mulheres.[4] Ela se tornou a primeira mulher negra a formar-se em Direito em Yale em 1931,[1] e foi aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Estado de Nova Iorque em 1932.

Ela praticou a profissão com seu pai em Poughkeepsie por um curto período antes de aceitar um emprego no escritório do Conselho da Corporação da Cidade de Nova Iorque[1]. Ela se casou com o advogado Ralph E. Mizelle em 1933, com quem exerceu a advocacia em Nova Iorque. [2][5] Mizelle viria a tornar-se um membro do gabinete do presidente Franklin D. Roosevelt[5] antes de morrer em 1943. Posteriormente, Bolin se casou novamente com Walter P. Offutt, Jr., ministro que morreria em 1974.[6] Bolin concorreu sem sucesso para a Assembleia do Estado de Nova Iorque pelo Partido Republicano em 1936. Apesar da derrota, garantir a candidatura republicana impulsionou a sua reputação na política de Nova Iorque.[5]

Em 22 de julho de 1939, na Feira Mundial de Nova Iorque, o prefeito Fiorello La Guardia indicou Bolin, aos 31 anos de idade, à vaga de juíza do Tribunal de Relações Domésticas.[7] Por vinte anos, ela foi a única juíza negra em todo o país.[5] Ela permaneceu como juíza do tribunal – rebatizado de Vara de Família em 1962 – por 40 anos, com sua nomeação sendo renovada três vezes, até sua aposentadoria aos 70 anos[8][9] Ela trabalhou para encorajar serviços infantis racialmente integrados, garantindo que os oficiais de liberdade condicional fossem designados independentemente de raça ou religião, e para que creches com financiamento público aceitassem crianças independentemente de sua origem étnica.[10]

Bolin também era ativista pelos direitos das crianças e educação. Ela foi assessora jurídica do Conselho Nacional de Mulheres Negras.[5] Ela também atuou nos conselhos da NAACP, da National Urban League[11] e da Liga do Bem-Estar Infantil da América.[6]

O espaço da família Bolin no Cemitério Rural de Poughkeepsie.

Após sua aposentadoria em 1979, Bolin trabalhou como instrutora de leitura voluntária em escolas públicas da cidade de Nova Iorque e serviu no Conselho de Regentes do Estado de Nova Iorque.[3] Após uma vida de conquistas inovadoras, Jane Bolin morreu em 8 de janeiro de 2007 aos 98 anos em Long Island City, Queens, Nova Iorque.[12][13]

Bolin e seu pai estão destacados em um mural no Tribunal do Condado de Dutchess em Poughkeepsie e o prédio da administração do distrito escolar da cidade de Poughkeepsie foi renomeado em sua homenagem.[1] Durante a sua vida, juízas como Judith Kaye, primeira mulher a servir como juíza-chefe no estado de Nova Iorque, e Constance Baker Motley, primeira mulher afro-americana nomeada para o judiciário federal, citaram Bolin como fonte de inspiração para suas carreiras.[1][5] Após a sua morte, Charles Rangel fez um discurso em homenagem a Bolin no plenário da Câmara dos Representantes dos EUA.[6] Em 2017, Jeffrion L. Aubry apresentou um projeto de lei na Assembleia do Estado de Nova Iorque para renomear o túnel Queens–Midtown em homenagem a Jane Bolin.[2] Ela foi enterrada no Cemitério Rural de Poughkeepsie.

Referências

  1. a b c d e f g Goodwin, David L. (13 de fevereiro de 2017). «1st African-American female judge 'showed the strength of the subtle'» [A primeira juíza afro-americana 'mostrou a força do sutil']. Poughkeepsie Journal (em inglês). Consultado em 27 de março de 2018. Cópia arquivada em 16 de dezembro de 2019 
  2. a b c ESTADO DE NOVA IORQUE, An act to amend the public authorities law and the highway law, in relation to renaming the Queens Midtown tunnel the Jane Matilda Bolin tunnel de 2017.
  3. a b «Remembering Jane Bolin, First Black Female Judge in US History». Arthur Ashe Learning Center. 23 de julho de 2015. Consultado em 27 de março de 2018. Cópia arquivada em 28 de março de 2018 
  4. Moss, Will. «Jane Bolin Becomes the First Black Biracial Woman to serve as a U.S. judge». BlackHistory.com. Consultado em 23 de maio de 2015. Cópia arquivada em 8 de maio de 2015 
  5. a b c d e f Wolf, Julie (18 de fevereiro de 2016). «Judge Jane Bolin Battled Institutional Racism in NYC Courts for Decades» [A juíza Jane Bolin lutou contra o racismo institucional nos tribunais da cidade de Nova Iorque por décadas]. The Root. Consultado em 28 de março de 2018. Cópia arquivada em 28 de março de 2018 
  6. a b c Congress, U. S. (2010). Congressional Record, V. 153, PT. 2, January 18, 2007 to February 1, 2007 (em inglês). [S.l.]: Government Printing Office. pp. 1775–76. ISBN 9780160868252. Consultado em 28 de março de 2018 
  7. «The Cover». The Crisis. 46 (9): 262. Setembro de 1939 
  8. Goodwin, David L. (27 de fevereiro de 2019). «Remembering Jane Bolin, the first African-American female judge in the U.S.». New Haven Resister. Herst Media Services Connecticut. Consultado em 25 de julho de 2019. Cópia arquivada em 25 de julho de 2019 
  9. «New York's first black women judge retires». American Bar Association Journal. 65: 898–899. 1 de junho de 1979 [ligação inativa]
  10. «Jane Bolin, 98; first black woman judge in America». Los Angeles Times. 13 de janeiro 2007. Consultado em 27 de março 2018. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2018 
  11. Who's who in Colored America (em inglês). 6. [S.l.]: Who's Who in Colored America Corporation. 1942. p. 371. Consultado em 28 de março de 2018 
  12. «Jane Bolin Biography». Biography.com. A&E Television Networks. Consultado em 25 de julho de 2019. Cópia arquivada em 25 de julho de 2019 
  13. Douglas, Martin. «Jane Bolin,the country's first black woman to become a judge, is dead at 98». The New York Times [ligação inativa]