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Igreja de Pamacaristo

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Igreja de Pamacaristo
Fethiye Camii • Mesquita da Conquista
Igreja de Pamacaristo
Informações gerais
Estilo dominante bizantino
Início da construção século XI
Fim da construção século XII
Função inicial igreja
Função atual mesquita e museu
Religião islão[♠]cristã ortodoxa[♣]
Geografia
País Turquia
Cidade Istambul
Distrito Fatih
Bairro Çarşamba
Coordenadas 41° 01′ 45″ N, 28° 56′ 47″ L
Mapa
Localização em mapa dinâmico
[♠] ^ Foi convertida em mesquita no final do século XVI.

[♣] ^ Até ao século XVI foi uma igreja ortodoxa grega.

Mosaico de São Gregório, o Iluminador

A Igreja de Pamacaristo (em grego: Θεοτόκος ἡ Παμμακάριστος; romaniz.: Theotokos é Pammakaristos; lit. "Igreja da Abençoada Mãe de Deus"), atualmente chamada Mesquita da Conquista (em turco: Fethiye Camii) é uma das igrejas bizantinas mais famosas de Istambul, Turquia. O seu pareclésio (capela lateral característica da arquitetura religiosa bizantina) é um dos melhores exemplos da arquitetura do período da dinastia paleóloga e é igreja de Istambul com mais mosaicos a seguir à Basílica de Santa Sofia e à Igreja de São Salvador em Cora. Atualmente é uma mesquita, estando uma parte convertida em museu.

A igreja encontra-se no bairro de Çarşamba, o qual faz parte do distrito de Fatih, na parte interior das Muralhas de Constantinopla, num local elevado com vista sobre o Corno de Ouro.

O edifício foi construído entre os séculos XI e XII. Segundo alguns historiadores, terá sido o imperador Miguel VII Ducas (r. 1067–1078) quem mandou edificar a igreja. Outros defendem que a igreja foi construída durante a dinastia comnena.[1] O académico suíço Ernest Mamboury sugeriu que o edifício original foi construído no século VIII.[2]

No início de período paleólogo, foi adicionado um pareclésio na ala sul, o qual foi dedicado a "Cristo, a Palavra" (Christosho Logos em grego).[a] A capela foi erigida pouco depois de 1310 por Marta Glabas em memória do seu falecido marido, o protoestrator (vice-comandante do exército bizantino), Miguel Ducas Glabas Tarcaniota, general de Andrónico II Paleólogo.[3] Ao longo do interior e do exterior do pareclésio há uma elegante inscrição com uma dedicatória a Cristo, da autoria do poeta Manuel File.

Na mesma altura, a igreja foi renovada, conforme ficou demonstrado durante estudos levados a cabo no templon[b] (separador entre a nave e o altar). Após a Queda de Constantinopla, em 1453, a sede do Patriarcado Ortodoxo Grego começou por ser transladado para a Igreja dos Santos Apóstolos e em 1456 passou a funcionar em Pamacaristo, de onde só saiu em 1587.

Em 1592, o sultão Murade III converteu a igreja numa mesquita e nomeou-a em honra à sua conquista (em turco: fetih) da Geórgia e do Azerbaijão, de onde resultou o nome de Mesquita da Conquista. Foram então removidas as paredes interiores para acomodar os requisitos das orações, criando um espaço aberto mais amplo.

Em 1949 o edifício estava muito negligenciado, tendo então sido restaurado pelo Instituto Bizantino da América e o Centro Dumbarton Oaks. A restauração devolveu ao espaço o seu esplendor do passado.[1] Enquanto que o edifício principal continua a ser uma mesquita, o pareclésio foi convertido num museu.

Arquitetura e decoração

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O edifício do período dos comnenos era uma igreja com uma nave principal, dois deambulatórios, três absides e um nártex a ocidente. A alvenaria era típica da época e usava a técnica de tijolos com reentrâncias.[c] Essa técnica consistia na mistura de peças de tijolo com argamassa e ainda pode ser observada na cisterna que existe debaixo da igreja e no interior desta.[1] A conversão da igreja em mesquita envolveu grandes mudanças no edifício. As arcadas que ligavam a nave central com o deambulatório foram removidas e substituídas por arcos largos largos para abrir a nave. As três absides foram também removidas e no seu lugar foi construída uma grande sala com uma cúpula, colocada a leste e obliquamente em relação à orientação do edifício.

O pareclésio é o mais belo monumento do período bizantino tardio em Constantinopla. A sua planta é a típica cruz inscrita,[d] com cinco cúpulas, mas a proporção entre as dimensões verticais e horizontais é muito maior do que o usual, embora menor que igrejas bizantinas suas contemporâneas construídas nos Balcãs.

Embora grande parte do revestimento de mármore colorido tenha desaparecido, o santuário ainda tem alguns restos de painéis de mosaicos restaurados, os quais, embora não tão variados e tão bem preservados como os da Igreja de São Salvador em Cora, são importantes para o estudo e compreensão da arte bizantina tardia.

Mosaico com o Cristo Pantocrator
Cúpula principal do pareclésio

Debaixo da cúpula principal encontra-se um Cristo Pantocrator rodeado dos profetas do Antigo Testamento Moisés, Jeremias, Sofonias, Miqueias, Joel (profeta),[e] Zacarias, Obadias, Habacuque, Jonas, Malaquias, Ezequiel e Isaías. Na abside, Cristo Hyperagathos (Misericordioso) é representado com a Virgem Maria e João Batista. À direita da cúpula encontra-se uma representação intacta do Batismo de Jesus.

  1. Na teologia ortodoxa grega, Logos é a denominação da segunda Pessoa da Trindade.[3]
  2. Ver «Templon» na Wikipédia em inglês ou «Templon» na Wikipédia em castelhano.
  3. recessed brick no texto original.
  4. As igrejas em cruz inscrita são típicas dos períodos médios e tardios da arquitetura bizantina, mas a sua influência estendeu-se para além do Império Bizantino.
  5. Segundo a tradição, autor do Livro de Joel.

Referências

  1. a b c Mathews, p. 346.
  2. Mamboury 1934.
  3. a b Mathews, p. 347.
  • Belting, Hans; Mango, Cyril; Mouriki, Doula (1978), Mosaics and Frescoes of St Mary Pammakaristos (Fethiye Cami Instanbul), ISBN 0884020754 (em inglês), Dumbarton Oaks Pub Service 
  • Harris, Jonathan (2007), Constantinople: Capital of Byzantium (em inglês), Hambledon/Continuum, ISBN 978 1847251794 
  • Mamboury, Ernest (1934), Byzance - Constantinople - Istanbul (em inglês) 3.ª ed. , Istambul: Milli Neşriyat Yurdu 
  • Mathews, Thomas F. (1976), The Byzantine Churches of Istanbul: A Photographic Survey, ISBN 0-271-01210-2 (em inglês), Pennsylvania State University Press 

Ligações externas

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