Icoaraci
| ||
---|---|---|
Distrito do Brasil | ||
Orla de Icoaraci | ||
Localização | ||
Coordenadas | ||
Estado | Pará | |
Município | Belém | |
História | ||
Criado em | 8 de outubro de 1869[1] | |
Características geográficas | ||
População total (2020) | aprox. 500 000 habitantes[2] hab. |
Icoaraci (do tupi: "sol do rio") é um dos oito distritos que formam o município paraense de Belém (capital do estado brasileiro do Pará), e está situado a uma distancia rodoviária aproximada de 20 km da capital estadual (tempo de viagem de 44 minutos de duração),[3][4] no final da rodovia Augusto Montenegro - o antigo Ramal do Pinheiro da então Ferrovia Belém-Bragança criado em 1906 que ligava o centro de Belém à Icoaraci.[5] O distrito é conhecido pelo apelido de Vila Sorriso,[6] que era chamada Vila de São João de Pinheiro.[7]
O distrito de Icoaraci possui uma população estimada de 167 035 habitantes (IBGE 2010).[8] Localiza-se próximo à ilha de Caratateua (Outeiro), que possui acesso por barco no porto da 7ª rua e por ponte ( ).[9] Também é possível a partir de Icoaraci, pegar balsas diárias para ilha do Marajó e barcos para ilha de Cotijuba (sem ligação terrestre).[10][11]
Seu núcleo original, a partir do qual expandiu-se, guarda popularmente os termos "ruas", que são chamadas cotidianamente pela sua ordem de fundação: 1ª rua, 2ª, e assim até chegar na 7ª rua.[12]
Toponomia
[editar | editar código-fonte]O topônimo "icoaraci" é um termo de origem tupi, que em português representa "sol do rio", ou "águas ensolaradas",[9] “de frente ao sol”,[13] a partir da junção de y (água, rio)[14] e kûarasy (sol).[15] Mas segundo Heliana Brito de Franco (1997) o termo pode representar “mãe de todas as águas”.[16]
História
[editar | editar código-fonte]Icoaraci é um dos oito distritos que formam Belém do Pará, um município inicialmente criado como o povoado colonial Feliz Lusitânia no território tupinambá Mairi (atuais estados brasileiros do Amapá, Pará e, Maranhão), na foz do igarapé do Piry (ou Bixios do Pirizal)[17] com à margem da Baía do Guajará, onde residiam os índios Tupinambás e Pacajás[18][19] (um entreposto comercial do cacicado marajoara).[20] Quando o capitão Francisco Castelo Branco, a mando do rei da União Ibérica (durante a Dinastia Filipina Dom Manuel) foi enviado para defender a Amazônia dos estrangeiros, que disputavam o território das drogas do sertão, e para também colonizar o Império das Amazonas.[19][21][22] Assim, em 12 de janeiro de 1616, este fundou um fortim em madeira então denominado Forte do Presépio (atual Forte do Castelo) iniciando o povoado.[23][24]
Inicialmente o núcleo do atual distrito remonta do início do século XVII, a região localizada entre o Igarapé Paracuri e o furo do Maguari foram doada, por Carta de Sesmaria a Sebastião Gomes de Souza.[25] Assim para povoa-lo, construiu as primeiras casas e a cavaleiro do rio. Mas logo doou a região para a Ordem dos Frades Carmelitas dos Pés Calçados, onde fundaram duas Fazendas: a São João do Pinheiro, na Ponta do Mel, e a Nossa Senhora do Livramento, no Igarapé Paracuri, e fundaram também uma olaria (local com abundancia de argila) e à extração de laterita ("Pedra Pará") para a criação de gado.[25] E em 1750, a vila de casas da fazenda Pinheiro foi chamada de Santa Isabel do Pinheiro.[25] Em seguida, no século XIX as ordens religiosas foram expulsas da Amazônia, e o residente da Província Francisco Soares D'Andréia comprou a região de Pinheiro, transformando-a em lazareto da Santa Casa de Misericórdia.[25]
Foi também chamado de Fazenda Pinheiro, e então em 1869 foi transformado o povoado de Santa Isabel e, foram abertas sete ruas paralelas à baía do Guajará.[7]
No século XIX, foi chamada de Vila de São João de Pinheiro, um local que as famílias procuravam o refugio na natureza. No final deste século, as famílias mais influentes de Belém construiram casas de veraneio no local, mas o fluxo intensificou-se em 1906 com a inauguração da antiga Estação Pinheiro, o ponto final do ramal da Ferrovia Belém-Bragança.[5][7]
Economia
[editar | editar código-fonte]A economia de Icoaraci é baseada em um parque industrial que abriga, principalmente, os ramos de pesca, madeira, marcenaria e palmito. Outro polo econômico do distrito é a feira da Oito de Maio, situada no bairro da Campina, uma feira a céu aberto das mais movimentadas de Belém, sendo a mais frequentada de Icoaraci, além de três grandes armazéns na entrada de Icoaraci vindo pela rodovia Augusto Montenegro, os chamados "atacarejos", uma mistura de venda no atacado e varejo de gêneros alimentícios.[26]
Mas Icoaraci se destaca mesmo é como importante polo de artesanato em cerâmica, instalado precisamente no bairro do Paracuri, onde encontra-se 80 olarias envolvendo cerca de 220 ceramistas que produzem réplicas de vasos típicos de antigas nações indígenas, principalmente marajoara e tapajônica (grafismo marajoara e tapajjoara),[16] a partir de peças catalogadas pelo Museu Emílio Goeldi. O que garante ao lugar imensurável importância, sobretudo cultural, mais até do que econômica, não só para Belém ou para o Pará, mas para a região amazônica, já que também é lar de diversos grupos folclóricos de danças típicas (Asa-Branca, Vaiangá, Balé Folclórico da Amazônia, Grupo de Expressões Culturais Art Marajoara), de músicos (Mestre Verequete, Nazaré Pereira) e do poeta Antônio Tavernard, que lá viveram, entre outros expoentes da arte amazônica que ainda lá vivem, como Mestre Cardoso (ceramista) e professora Etelvina (dança folclórica), ambos pioneiros na arte em que atuam.
Possui boa estrutura elétrica e de telecomunicação, além de estrutura de serviços como bancos, hospitais, fórum, cartório, supermercados, vários colégios, igrejas, além de serviços de taxi, serviços de transporte de passageiros por aplicativos e serviço moto taxi, Icoaraci mantém-se como importante centro para onde convergem pequenos municípios ribeirinhos e bairros próximos.
O turismo é forte na "Vila Sorriso", com a exposição da cerâmica indígena na Praça São Sebastião, bem na orla banhada pela Baia de Guajará, onde o visitante é bem servido por um polo gastronômico composto da típica culinária paraense (tacacá, maniçoba, pato-no-tucupi), com destaque para a caldeirada com frutos dos rios amazônicos, seja nos restaurantes, seja nos quiosques que circundam a Praia do Cruzeiro, ou uma simples água de coco no Pontão ao se apreciar o pôr do sol, sugestionado pelo próprio nome tupi Ico-araci (onde o sol repousa).
Bairros
[editar | editar código-fonte]O distrito compreende aos bairros: Águas Negras, Agulha, Campina de Icoaraci, Cruzeiro, Maracacuera, Paracuri, Parque Guajará, Xiteua, Recanto Verde, COHAB, Ponta Grossa e Tenoné, além de vários residenciais. O acesso ao distrito pela Av. Augusto Montenegro tem como porta de entrada o bairro do Tenoné. A partir do centro de Belém também é possível acessar o distrito pela rodovia Arthur Bernardes, tendo como porta de entrada o bairro do Paracuri.
Pontos turísticos
[editar | editar código-fonte]Orla de Icoaraci: a principal atração turística do distrito. O distrito de Icoaraci transpira a história da capital paraense e, até hoje, é ponto certo de turistas e paraenses que procuram um lugar agradável para relaxar em contato com a natureza, com charme bucólico.
- Orla de Icoaraci
- Praia do Cruzeiro
- Feira de Artesanato do Paracuri
- Museu de Artes Populares
- Biblioteca Municipal Avertano Rocha
- Ilha do Outeiro
- Ilha do Cotijuba
- Cooperativa dos Artesãos - COART
- Estação Cultural de Icoaraci (2019, Antiga Estação Ferroviária de Pinheiro)[27][28]
Acesso
[editar | editar código-fonte]- Rodovia Augusto Montenegro
- Rodovia Artur Bernardes
Ruas
[editar | editar código-fonte]- Avenida Dr. Lopo de Castro (antiga Travessa Cristovão Colombo)
- Travessa Siqueira Mendes (1ª Rua)
- Estrada do Outeiro
- Rua 8 de Maio
- Rua 15 de Agosto (4ª Rua)
- Rua Coronel Juvêncio Sarmento (5ª Rua)
- Rua Manoel Barata (2ª Rua)
- Rua Padre Júlio Maria (3ª Rua)
- Rua Santa Izabel (6ª Rua)
- Rua 2 de Dezembro (7ª Rua)
- Travessa dos Berredos
- Travessa Itaboraí
- Travessa Moura Carvalho
- Travessa São Roque
- Travessa Souza Franco
- Travessa Soledade
- Rua Chico Mendes (Bairro: Paracuri II)
- Rua Tiradentes (Bairro: Paracurí II)
- Rua Castelo Branco (Bairro: Paracurí II)
- Passagem Ferreira (Bairro: Paracurí II)
Cultura
[editar | editar código-fonte]Estão localizados no distrito de Icoaraci os seguintes centros culturais:
- Biblioteca Municipal Avertano Rocha
- Museu de Artes Populares
- Liceu Escola de Artes e Ofícios do Paracuri "Mestre Raimundo Cardoso"
- Estação Cultural de Icoaraci (Antiga Estação Ferroviária de Pinheiro)
Galeria de Fotos
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Aniversário de 140 anos de Icoaraci tem cultura e cidadania». Portal ORM. 14 de julho de 2012. Consultado em 14 de julho de 2012
- ↑ «ESTUDO DAS ÁREAS VERDES E INDICE DE COBERTURA VEGETAL DO DISTRITO ADMINISTRATIVO DE ICOARACI – DAICO, BELÉM-PA» (PDF). Revista Geonorte. 14 de julho de 2012. Consultado em 14 de julho de 2012. Arquivado do original (PDF) em 24 de setembro de 2015
- ↑ «Como Chegar de Belém para Icoaraci». A distancia entre. Consultado em 19 de fevereiro de 2024
- ↑ «Rota de Belém para Icoaraci». Como chegar. Consultado em 19 de fevereiro de 2024
- ↑ a b «Ramal de Pinheiro - E. F. Bragança (1906-1964)». Estações Ferroviárias do Pará. Consultado em 7 de junho de 2024
- ↑ Jornal O Liberal (8 de outubro de 2021). «Com seus encantos naturais, Icoaraci comemora 152 anos nesta sexta-feira (8)»
- ↑ a b c Jornal Diário do Pará (25 de janeiro de 2024). «Rua Manoel Barata conta a história do distrito de Icoaraci»
- ↑ Faria, Gilson (2011). «Icoaraci tem novo Agente Distrital». Agência Belém. Consultado em 3 de julho de 2023
- ↑ a b Pereira, Carlos Simões (28 de outubro de 2020). «Das origens da Belém seiscentista e sua herança Tupinambá». Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento (10): 146–160. Consultado em 7 de junho de 2024
- ↑ «Revisão do Plano Diretor do Município de Belém». Prefeitura Municipal de Belém. 14 de julho de 2012. Consultado em 14 de julho de 2012
- ↑ «DISTRITOS ADMINISTRATIVOS DO MUNICÍPIO DE BELÉM» (PDF). Prefeitura Municipal de Belém. 14 de julho de 2012. Consultado em 14 de julho de 2012
- ↑ «Icoaraci: as primeiras ruas». Icoaraci Online. 14 de julho de 2012. Consultado em 14 de julho de 2012. Arquivado do original em 5 de setembro de 2010
- ↑ Notícias, Agência Belém de. «Distrito de Icoaraci comemora aniversário com ação cultural e avanços em obras e serviços». Agência Belém de Notícias. Consultado em 7 de junho de 2024
- ↑ NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. Segundo historiadores modernos Icoaraci também significa " Mãe de todas as águas".São Paulo. Global. 2005. p. 22.
- ↑ NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. Terceira edição revista e aperfeiçoada. São Paulo. Global. 2005. p. 108.
- ↑ a b Souza, Doracy Moraes de (31 de agosto de 2010). «O trabalho dos artesãos ceramistas em Icoaraci, Belém/PA: contribuições aos estudos sobre a dinâmica da Amazônia brasileira». Universidade Federal do Pará (UFPA). Pós-Graduação em Serviço Social. Consultado em 7 de junho de 2024
- ↑ Coimbra, Oswaldo; Neto, Alfredo Jorge Hesse Garcia (2008). Cidade velha, cidade viva. Col: Oficina Escola de Escritores. Grupo de Memória de Engenharia e Atividades Interdisciplinares da Faculdade de Engenharia Civil - Universidade Federal do Pará (UFPA). [S.l.]: Associação Cidade Velha Cidade Viva (CiVViva). Resumo divulgativo
- ↑ Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2017). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo
- ↑ a b «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ «I DECLARAÇÃO AOS POVOS SOBRE O TERRITÓRIO MURUCUTU TUPINAMBÁ». Idade Mídia. 7 de janeiro de 2022
- ↑ da Costa TAVARES, Maria Goretti (2008). «A Formação Territorial do Espaço Paraense». Universidade Federal do Pará - UFPa. Revista ACTA Geográfica nº 3 - Ano II. ISSN 1980-5772. doi:10.5654/actageo2008.0103.0005. Consultado em 4 de maio de 2016
- ↑ Pará, G1 (9 de janeiro de 2016). «Veja como foi a fundação de Belém em 1616 e conheça sua história». Notícias Estado do Pará. Globo Comunicação S.A. Consultado em 4 de maio de 2016
- ↑ «Brasil, Pará, Belém, História». Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ Cultura e Esportes Ltda, Companhia Brasileira de Arte (2015). «Belém: quatro séculos de história». Sistema de Apoio às Leis de Incentivo a Cultura - SALIC. Ministério da Cultura - Governo Federal do Brasil. Consultado em 4 de maio de 2016
- ↑ a b c d Dias, Mário Benjamin; Silva, Maria de Jesus Benjamin da. O DISTRITO DE ICOARACI E SUA INSERÇÃO NO CONTEXTO URBANO E REGIONAL AMAZÔNICO (PDF). [S.l.]: observatorio geografico da america latina
- ↑ «IPontos Turísticos: Icoaraci». Guia da Semana. 4 de agosto de 2012. Consultado em 14 de julho de 2012
- ↑ «Pinheiro -- Estações Ferroviárias do Pará». Estações Ferroviarias. Consultado em 9 de outubro de 2020
- ↑ «Obras e reformas». Secretaria de Cultura do Pará. Consultado em 21 de março de 2022