Saltar para o conteúdo

Grande Prêmio dos Países Baixos de 1970

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Grande Prêmio dos Países Baixos
de Fórmula 1 de 1970

18º GP dos Países Baixos em Zandvoort
Detalhes da corrida
Categoria Fórmula 1
Data 21 de junho de 1970
Nome oficial XVIII Grote Prijs van Nederland[1]
Local Circuito de Zandvoort, Zandvoort, Holanda do Norte, Países Baixos
Percurso 4.193 km
Total 90 voltas / 377.370 km
Condições do tempo Nublado, seco
Pole
Piloto
Áustria Jochen Rindt Lotus-Ford
Tempo 1:18.5
Volta mais rápida
Piloto
Bélgica Jacky Ickx Ferrari
Tempo 1:19.23 (na volta 22)
Pódio
Primeiro
Áustria Jochen Rindt Lotus-Ford
Segundo
Reino Unido Jackie Stewart March-Ford
Terceiro
Bélgica Jacky Ickx Ferrari

Resultados do Grande Prêmio dos Países Baixos de Fórmula 1 realizado em Zandvoort em 21 de junho de 1970.[2] Quinta etapa do campeonato, teve cmo vencedor o austríaco Jochen Rindt, da Lotus-Ford, com Jackie Stewart em segundo pela March-Ford e Jacky Ickx em terceiro pela Ferrari.[3][nota 1]

McLaren se reorganiza

[editar | editar código-fonte]

Alquebrada pela morte de Bruce McLaren num teste para a Can-Am no circuito britânico de Goodwood, e desfalcada de Denny Hulme após um acidente nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis,[4] a McLaren ausentou-se da etapa belga e retornou à Fórmula 1 no Grande Prêmio dos Países Baixos representada pelo consagrado Dan Gurney, o estreante Peter Gethin e por Andrea de Adamich, os dois primeiros utilizando os motores Cosworth DFV encomendados pela Ford e o último equipado com propulsores da Alfa Romeo.[5]

Outra equipe com três carros no grid neerlandês, a BRM contratou George Eaton para correr ao lado de Jackie Oliver e Pedro Rodríguez. Por falar em carros, Colin Chapman trouxe o Lotus 72 de volta às pistas sob os cuidados de Jochen Rindt e John Miles após estreá-lo no Grande Prêmio da Espanha, embora não o tenha utilizado nas duas provas seguintes.[5]

Estreia de Clay Regazzoni

[editar | editar código-fonte]

Piloto único da Ferrari nas primeiras corridas do ano, Jacky Ickx teve a companhia de Ignazio Giunti no Grande Prêmio da Bélgica, mas em Zandvoort a equipe italiana promoveu a estreia de Clay Regazzoni, o qual deve alternar-se com Giunti como piloto da Casa de Maranello durante o restante do campeonato.[6]

Estreia de François Cevert

[editar | editar código-fonte]

Sem poder contar com Johnny Servoz-Gavin, a direção da Tyrrell Racing Organisation contratou o também francês François Cevert para substituí-lo ao volante do March 701 como companheiro de Jackie Stewart. A escolha de Cevert foi chancelada pelo próprio Stewart, que conhecia o seu novo parceiro de equipe desde uma corrida de Fórmula 2 no circuito de Crystal Palace em 1969. Ladino, Ken Tyrrell firmou um contrato de patrocínio e fornecimento de combustíveis com a Elf Aquitaine aproveitando a nacionalidade de seu novo piloto.[7]

Piers Courage (1942-1970)

[editar | editar código-fonte]

Jochen Rindt colocou o Lotus 72 na pole position à frente da March de Jackie Stewart e da Ferrari de Jacky Ickx compondo assim a primeira fila enquanto a March de Chris Amon e a BRM de Jackie Oliver vinham a seguir. Clay Regazzoni, Pedro Rodriguez e John Miles dividiram a terceira fila e na quarta estavam Piers Courage na De Tomaso pertencente à equipe Frank Williams Racing Cars e Jean-Pierre Beltoise, da Matra.[5]

Parado no grid no momento da largada, Chris Amon viu Jacky Ickx liderar por duas voltas nas quais foi seguido por Rindt, Oliver e Stewart, mas logo o austríaco da Lotus tomou a liderança de Ickx enquanto Stewart superou Oliver entre a terceira e a quarta passagem, fila mantida até a vigésima volta quando nela já estavam agregados Rodriguez e Regazzoni. A prova neerlandesa ganhou ares de tragédia quando Piers Courage quebrou a suspensão ao subir numa zebra na curva Tunnel Oost e perdeu o controle antes de capotar e explodir, sendo que o piloto (usuário de um capacete aberto) também foi atingido na cabeça por um pneu desprendido de sua De Tomaso. O fogaréu era tão intenso que calcinou as árvores próximas ao local do acidente e somente após vinte minutos as chamas foram extintas revelando o corpo inerte do piloto, antes de ser recolhido por uma ambulância.[8] Dezenove dias após Bruce McLaren, a morte fez mais uma vítima na Fórmula 1.[9]

Mesmo diante da tragédia consumada, a prova não foi interrompida e assim Jochen Rindt manteve a liderança com Jackie Stewart em segundo lugar enquanto Jacky Ickx mediu forças com seu novo companheiro de equipe para consolidar o terceiro lugar deixando Clay Regazzoni na quarta posição e Jean-Pierre Beltoise em quinto com sua Matra. Sem nenhuma surpresa, Rindt cruzou a linha de chegada meio minuto adiante de Stewart com os demais competidores confirmando as posições descritas, sendo que John Surtees garantiu o sexto posto ao superar John Miles há cinco voltas do fim com uma McLaren pertencente ao seu time, a Surtees Racing Organization.[5]

Embora tivesse conquistado a primeira vitória do Lotus 72, Jochen Rindt estava pesaroso e triste pela morte do amigo, reafirmando à sua esposa, Nina, a decisão de aposentar-se ao final da temporada enquanto ambos consolavam Sarah Marguerite (Sally) Curzon, a viúva de Courage, bem como os dois filhos do falecido esportista.[8]

Final da Copa do Mundo

[editar | editar código-fonte]

O início do Grande Prêmio dos Países Baixos foi antecipado para evitar um choque de horários com a final da Copa do Mundo FIFA de 1970 onde o Brasil comandado por Pelé goleou a Itália por 4 a 1 e sagrou-se tricampeão mundial quando Carlos Alberto Torres ergeu a Taça Jules Rimet em sinal de triunfo.[5][10]

Classificação da prova

[editar | editar código-fonte]
Acidente fatal de Piers Courage.
Jochen Rindt conquistou a primeira vitória do revolucionário Lotus 72.
Pos. Piloto Construtor Voltas Tempo/Diferença Grid Pontos
1 10 Áustria Jochen Rindt Lotus-Ford 80 1:50:43.41 1 9
2 5 Reino Unido Jackie Stewart March-Ford 80 + 30.00 2 6
3 25 Bélgica Jacky Ickx Ferrari 79 + 1 volta 3 4
4 26 Suíça Clay Regazzoni Ferrari 79 + 1 volta 6 3
5 23 França Jean-Pierre Beltoise Matra 79 + 1 volta 10 2
6 16 Reino Unido John Surtees McLaren-Ford 79 + 1 volta 14 1
7 12 Reino Unido John Miles Lotus-Ford 78 + 2 voltas 8
8 24 França Henri Pescarolo Matra 78 + 2 voltas 13
9 22 Suécia Ronnie Peterson March-Ford 78 + 2 voltas 16
10 1 México Pedro Rodríguez BRM 77 + 3 voltas 7
11 18 Austrália Jack Brabham Brabham-Ford 76 + 4 voltas 12
NC 15 Reino Unido Graham Hill Lotus-Ford 71 Não classificado 20
Ret 6 França François Cevert March-Ford 31 Motor 15
Ret 3 Canadá George Eaton BRM 26 Vazamento de óleo 18
Ret 2 Reino Unido Jackie Oliver BRM 23 Motor 5
FAT 4 Reino Unido Piers Courage De Tomaso-Ford 22 Acidente fatal 9
Ret 9 Suíça Jo Siffert March-Ford 22 Motor 17
Ret 20 Reino Unido Peter Gethin McLaren-Ford 18 Acidente 11
Ret 32 Estados Unidos Dan Gurney McLaren-Ford 2 Motor 19
Ret 8 Nova Zelândia Chris Amon March-Ford 1 Embreagem 4
DNQ 21 Itália Andrea de Adamich McLaren-Alfa Romeo
DNQ 19 Alemanha Ocidental Rolf Stommelen Brabham-Ford
DNQ 31 Estados Unidos Pete Lovely Lotus-Ford
DNQ 29 Suíça Silvio Moser Bellasi-Ford
Fonte:[2]

Tabela do campeonato após a corrida

[editar | editar código-fonte]
  • Nota: Somente as primeiras cinco posições estão listadas. Em 1970 os pilotos computariam seis resultados nas sete primeiras corridas do ano e cinco nas últimas seis. Neste ponto esclarecemos: na tabela dos construtores figurava somente o melhor colocado dentre os carros de um time.

Notas

  1. Voltas na liderança: Jacky Ickx 2 voltas (1-2); Jochen Rindt 78 voltas (3-80).

Referências

  1. a b c «1970 Dutch GP – championships (em inglês) no Chicane F1». Consultado em 30 de julho de 2020 
  2. a b «1970 Dutch Grand Prix - race result». Consultado em 21 de dezembro de 2018 
  3. Fred Sabino (18 de abril de 2018). «Jochen Rindt é até hoje o único campeão póstumo na história da Fórmula 1». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 19 de dezembro de 2018 
  4. Fred Sabino (2 de junho de 2020). «Fundador de uma das maiores equipes da F1, Bruce McLaren morreu num acidente há 50 anos». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 25 de julho de 2020 
  5. a b c d e «Dutch GP, 1970 (em inglês) no grandprix.com». Consultado em 25 de julho de 2020 
  6. Fred Sabino (5 de setembro de 2019). «Os momentos mais importantes da carreira de Clay Regazzoni, que completaria 80 anos hoje». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 21 de junho de 2020 
  7. Fred Sabino (25 de fevereiro de 2021). «François Cevert, o galã francês que era preparado para suceder Jackie Stewart mas encontrou a morte». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  8. a b Fred Sabino (21 de junho de 2020). «Morte brutal de Piers Courage em Zandvoort abalou Frank Williams há 50 anos». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 21 de junho de 2020 
  9. «Jules Bianchi é 33ª vítima fatal de acidente na história da F-1. Veja lista». Consultado em 21 de dezembro de 2018 
  10. Confederação Brasileira de Futebol (21 de junho de 2020). «50 anos do tri». cbf.com.br. CBF. Consultado em 25 de julho de 2020 

Precedido por
Grande Prêmio da Bélgica de 1970
Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA
Ano de 1970
Sucedido por
Grande Prêmio da França de 1970
Precedido por
Grande Prêmio dos Países Baixos de 1969
Grande Prêmio dos Países Baixos
18ª edição
Sucedido por
Grande Prêmio dos Países Baixos de 1971